sexta-feira, abril 05, 2013

Cálida Poesia

Todas as flores que já conversaram
comigo não me disseram nada além de mentiras...
(Anne-Marie de Backer)

Sobre Simone Teodoro, no blog Cálida Poesia:
Nasci em Belo Horizonte. Cresci também. Ainda não me casei. Ainda não tive filhos. Nunca fui famosa, nem escrevi vários livros. Ainda não morri. Sou leitora voraz. Dentro de mim há um jardim de delícias....


Conheci a Simone Teodoro ainda no primeiro período do curso de Letras, nos idos 2002. O pessoal tinha recolhido os endereços de e-mail e criado um grupo para nos comunicarmos. Foi quando conheci a Talita, confusa e visceral narradora de muitos dos textos da Simone. De primeira percebi seu vigor com as palavras, sua vontade de demonstrar com imagens poéticas sua perspicácia, sua ironia e seu aturdimento diante da estupidez social. Mas não era Talita a única a personificar o talento da Simone para a escrita. Seus textos por vezes assumiam caráter de.crônica que tornava inconfundível a voz da autora neles.

Em minhas leituras tão abertas e inocentes, tudo no texto da Simone me maravilhava, como se houvesse em cada palavra múltiplos sentidos secretos, que só aqueles no mínimo tão sensíveis quanto ela poderiam apreender.

Fascinado, eu explorava a prosa de Simone e aproveitava os momentos de caminhada após as aulas para fazer um pouco de tietagem. Perguntando sutilmente sobre todos aqueles sentidos secretos. Enquanto ela, sempre modesta, talvez nunca tenha percebido esse fã convicto.
O semestre passou e meio que perdemos contato. Anos depois nos reencontramos e ela me apresentou seu blog, Cálida Poesia. Nele pude ter um outro contato com uma Simone mais madura, irônica e muito mais lírica. Seu domínio da letra permite que num mesmo espaço se encontrem o lirismo sutil e refinado com a ironia pungente.

Em seu blog, Simone se realiza em diversos gêneros textuais, embora seja na poesia, como o próprio nome do blog indica, que ela dá vazão a sua pulsão criativa, ao seu talento para a arte literária. Não seria de se estranhar, portanto que ela seria selecionada pelo IV Prêmio Canon de Poesia, com este maravilhoso poema:

Deserto

A tarde se fratura.
E o outono tem sempre 
esse gosto de fim, que te aniquila.

O vento escuro suga tua alma
(aberta confusamente)
para a solidão das pedras frias: a matéria triste das montanhas.

Melancolias alcoólicas te povoam.

Bolhas de sonhos explodem no ventre
infecundo das estrelas.

Em vão, estendes os braços trágicos
a procura da alavanca que possa
frear o irreversivel.

Estás só, estática esfinge
sem enigma.

                                                      Postado por Simone Teodoro às terça-feira, julho 20, 2010 


A autora também publica contos, relatos  cotidianos, reflexões afiadas sobre questões diversas e até faz um pouco de crítica literária, apresentando-nos alguma excelente autora que seja ignorada pelo mercado editorial brasileiro.

Assim, conhecer o Cálida Poesia é mais do que ler um blog literário. É permitir-se um bom diálogo com uma mente genial e de um refinamento modesto, livre se arrogância academicista. 

Simone é hoje uma grande amiga, irmã no trabalho e nas buscas literárias. É família. E seu espaço virtual de realização poética, o Cálida Poesia, mostra a cada novo texto, seja ele um poema, um conto ou um relato, que ela nunca se encerra em si mesma, que seu universo é amplo, criativo, mutável e poderoso. Uma cálida potência poética.

5 comentários:

  1. nossa gostei daki...
    gostei de tudo..
    bjos

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  2. Oi, tudo bom?
    Que poesia linda, que emoção. Amei!
    Tem post novo lá no blog!
    Beijão
    endless-poem.blogspot.com.br

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  3. Olá, bom dia ^^
    Linda poesia; parabéns a autora, mas um talento desse nosso Brasil :D Vou visitar o blog ^-^
    Beijinhos
    Isabelle - http://attraverso-le-pagine.blogspot.com.br

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  4. Samuel Medina, só agora tive tempo ( tive?) para comentar sua resenha: no dia que li, foi uma surpresa tão doida ( e legal) que quase chorei. Quase, você sabe, porque tenho que " manter a minha fama de mal".... Você é um cara muito fofo e eu agradeço demais por tudo o que foi escrito sobre meu despretensioso blog... Você é irmão tamhém, nem precisa dizer. Mora no meu coração.

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