sexta-feira, outubro 31, 2014

Posicionamento sobre as eleições

Pessoal, fiquei muito alegre com o resultado da eleição mas, ao mesmo tempo, muito triste e preocupado. Já declarei publicamente qual minha preferência. Inclusive busquei ler os programas de governo dos dois candidatos. Pesquisei as notícias negativas sobre cada um deles. Isso ajudou a dar mais firmeza à minha decisão.
Porém, acompanhando as pesquisas como um torcedor acompanha o desempenho de seu time, fui ficando cada vez mais preocupado. Afinal, eleição não é igual clássico de futebol, onde o vitorioso geralmente fica feliz com a derrota do rival.
Eleição não pode ser a vitória da maioria, mas de todos. Assisti ao pronunciamento da Presidente Dilma. Foi de fato um momento importante, pois faço questão de não esquecer suas palavras e promessas. Quero um Brasil plural e igualitário e procurei escolher qual candidato representava esses valores.
Como disse o Fabiano Azevedo Barroso, eu igualmente espero não ter ofendido algum de meus amigos por conta de minhas opiniões políticas. Desejo que estas eleições sirvam para que possamos estabelecer metas, firmar parcerias, chegar a objetivos comuns.
E espero sinceramente que esta eleição seja um marco para um Brasil para todos.


Este texto foi originalmente publicado no Facebook dia 26 de outubro de 2014.

quinta-feira, outubro 30, 2014

Sobre nascer

Brincando comigo durante a visita de hoje, uma criança declarou: "você é bobo!" e concordei.
Ainda completei: "Eu nasci bobo."
A criançada caiu na risada. Apenas uma das meninas não riu. Chegou perto de mim, pegou minha mão e disse, bastante preocupada:
"Você não nasceu bobo..." 
Ajoelhei-me para ouvir melhor e ela repetiu:
"Você não nasceu bobo. Você nasceu feliz."
Caramba. A sabedoria infantil me pega de surpresa de vez em quando.

quinta-feira, outubro 23, 2014

Cercado mas não vencido: Max e os felinos

Filho de um peleiro de Berlim, Max se envolve com a esposa de um membro do Partido Nazista. Descoberto o romance, o rapaz é obrigado a fugir para o Brasil. Começa assim uma série de aflições sofridas pelo rapaz em seu exílio.
Max e os felinos está dividido em três capítulos que também poderiam ser chamados de atos. Cada um está ligado a uma espécie de felino. O primeiro é um tigre; o segundo, um jaguar e o terceiro, uma onça.
É interessante observar que o livro demonstra a evolução, o amadurecimento do personagem diante das adversidades. Há, em contraponto, uma gradual diminuição do porte do felino, que assume um papel alegórico. A cada ato a postura de Max muda do medo paralisante ao total enfrentamento. E assim o protagonista se fortalece diante dos desafios, pois reconhece que o medo é uma ameaça interna, maior que qualquer perigo que possa cercá-lo.
Ao mesmo tempo, podemos considerar o segundo ato como a alegoria da sociedade regida por governos totalitários, onde a passividade e o medo que o cidadão comum sente alimenta e fortalece um regime que, quando não oprime o povo, está totalmente alheio a suas necessidades. Dessa forma, o livro não somente se constitui numa bela história de superação, amadurecimento e coragem, mas também um retrato contundente de um processo histórico que nós brasileiros também enfrentamos durante o Estado Novo. A proposta então é a resistência, o enfrentamento. O monstro teme ser enfrentado e é capaz de consumir-se quando tal acontece. 
Não podemos esquecer a deliciosa prosa de Moacyr Scliar, artesão da prosa. Com seu talento, ele faz de Max e os felinos uma experiência de prazer e reflexão.

Ficha Técnica
Editora: L&PM
Ano: 1981
Páginas: 78

Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/12086-max-e-os-felinos