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quarta-feira, novembro 06, 2024

As dimensões da alma

Imagem por Janine Bolon de Pixabay


Certa vez, um médico resolveu pesar uma pessoa às portas da morte. Repetiu a pesagem logo que a pessoa morreu. O resultado deu uma diferença de 21 gramas. Com isso, passou-se a considerar que o peso (ou a massa) de uma alma seria justamente de 21 gramas.

A suposta experiência carecia porém de rigor científico. Essa ideia da massa da alma, da vida de uma pessoa, perdurou por décadas. Chegaram a fazer um filme disso. Hoje em dia, já foi desconstruída. Se a alma tem uma massa, ainda não foi possível mensurá-la.

O legista faz uma autópsia. Disseca o corpo de alguém. Retira os órgãos um a um e os pesa. Até mesmo o cérebro é pesado. Tudo é anotado meticulosamente. Depois, os órgãos são colocados de volta no lugar e o corpo é novamente costurado. Não foi encontrado vestígio de alma.

Nos rituais de embalsamamento do Egito Antigo, os órgãos também eram retirados, inclusive o cérebro. No lugar deles, eram colocadas flores. Ao invés de serem descartados, os órgãos ficavam guardados em ânforas. Ainda assim, nem mesmo os egípcios foram capazes de mensurar as dimensões da alma.

Talvez ela esteja só escondida no emaranhado de vísceras de nossos corpos. Talvez habite na língua, esse poderoso músculo que nos conecta a outras pessoas. E nos separa também. Ou quem sabe cada um dos nossos órgãos escondam em si um pedaço da alma.

O corpo continua um mistério no que toca à questão da transcendência. A alma permanece inalcançável para os instrumentos científicos, por mais avançados sejam. Estaríamos fadados ao completo esquecimento? Seria a alma um delírio? As religiões afirmam sua existência, apesar do ceticismo cansado de tantos cientistas.

A alma e sua massa continuam a nos despistar. Talvez seja porque não é possível pesar o que é etéreo. As leis da física não se aplicariam ao sobrenatural. Ou talvez tudo não passe de um mero delírio de quem não quer, com sua morte, desaparecer.



 

segunda-feira, janeiro 08, 2024

Sidarta - O longo caminho para a iluminação



Sidarta, de Hermann Hesse, é uma leitura profunda, reflexiva, interessante e repleta de sabedoria. Hesse cria um personagem que faz um percurso acidentado e sinuoso para chegar ao tão buscado Brama, ao aconchego do Om, ao Nirvana.

Sidarta é um jovem bonito e inteligente. Essa inteligência o afasta dos seres humanos comuns a ponto de desprezá-los. Seu talento permite que aprenda com espantosa rapidez e facilidade conceitos complexos e técnicas de meditação desafiadoras. Além disso, ele tem uma beleza ímpar e um físico invejável, de forma a sempre atrair a atenção de todas as pessoas ao redor.

"Infelizmente", esse mesmo talento o lança em uma longa e tortuosa jornada em busca da santidade, da iluminação. O caminho não é fácil, é cheio de percalços e o jovem, inicialmente acompanhado por um fiel amigo de infância, logo descobre que deverá trilhar sozinho essa senda.

Ele irá buscar até mesmo junto ao comércio e à vida material essa tão desejada iluminação. Será iniciado nas artes do amor e aprenderá o valor do corpo físico, além da vida espiritual. E seu caminho não se encerrará nisso. É de fato uma senda muito tortuosa, uma jornada solitária e muitas vezes inglória. 

Hermann Hesse cria com Sidarta uma primorosa obra que funciona como alegoria para nossa própria busca espiritual. Sidarta é um e vários ao mesmo tempo. Afastando-se do caminho religioso e se lançando no mundo, o protagonista é cada um de nós. Assim, Hesse nos convida a vestir a pele de Sidarta e degustar as delícias e dores que ele atravessa.

Muito se poderia dizer desse romance relativamente. Porém, quanto mais eu escrevo, sinto que mais me afasto do enredo em si. Portanto, cabe a você, leitora ou leitor, vocês leitores, trilhar o caminho e tomar Sidarta pela mão.


Ficha Técnica

Sidarta

Hermann Hesse

ISBN-13: 9788501118295

ISBN-10: 850111829X

Ano: 2019 

Páginas: 176

Idioma: português

Editora: Editora Record

Tradutor: Herbert Caro

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/sidarta-1814ed1008204.html