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quarta-feira, agosto 20, 2025

É tudo sobre encontros


Eu tenho uma relação antiga com a poesia. Porém, há pouco tempo tenho assumido o lugar de poeta, com a publicação do meu livro Cicatriz, ocorrida no final de 2024, pela editora Litteralux. Sim, eu sei, posto poemas há anos nas redes e no blog, mas não é a mesma coisa. Ter meus versos transformados em um objeto como o livro tem me levado a outros lugares, para falar de meu fazer poético.

Foi o que aconteceu no dia 12 de agosto, terça, quando compareci como convidado, junto com Isabella Bettoni e Renato Negrão, para o Sarau Poético Vozes da Cidade, na Biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas. O convite partiu do bibliotecário Rafael Mussolini, que realiza há anos um trabalho consistente de promoção literária e formação de leitores. Conheci o Rafael quando ele ainda atuava como coordenador do Projeto Polo de Leitura Sou de Minas, Uai! e já mantinha uma presença forte nos debates para a construção de uma política pública para o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas em Belo Horizonte.

Portanto, ao receber esse convite, eu me senti genuinamente honrado. Afinal, trata-se de uma pessoa que muito admiro, tanto pela atuação como bibliotecário e mediador de leitura, quanto como leitor e crítico, com seu blog pessoal, passando também por sua relação afetiva com a escritora Marina Colasanti, a quem admiro desde criança. Rafael criou o site Marina Manda Lembranças, que logo se tornou o site oficial da escritora ainda quando estava viva.

Ao saber que compartilharia a fala com a Isabella Bettoni e o Renato Negrão, minha sensação de privilégio e responsabilidade cresceu ainda mais. Havia conhecido a Isabella pouco tempo antes e tinha seu livro, emprestado do acervo da BPIJ-BH, comigo. Já Renato eu conheço desde 2019, quando assisti sua fala no Segundo ConVerso de LiteraRua, no Centro Cultural Usina de Cultura. Portanto, minha admiração por essas duas pessoas da poesia já era patente. 

O sarau teve início com o Rafael mencionando a iniciativa da 2ª Noite de Museus e Bibliotecas, que busca promover a ocupação desses espaços, a partir de atividades fora de seus horários de funcionamento. Fez uma leitura sensível de um poema da grande Wisława Szymborska, sobre pessoas que gostam de poesia. Em seguida, acrescentou que a escolha da poeta e dos poetas da noite se pautou pelo perfil de pessoas que transitam e vivem na cidade de Belo Horizonte. Ele muito cuidadosamente leu as bios de cada convidada e convidado. 

A palavra então foi passada para Isabella, que traçou um histórico desde sua infância, revelando seu sonho de ser escritora e que a poesia nasceu nela desde que começou a traçar as primeiras letras. Foi de fato uma criança escritora, pois publicou seu primeiro livro aos 12 anos e essa experiência impactou sua vida profundamente, por ter sido uma criança escrevendo para crianças. Formou-se em Direito e atua como advogada feminista, na área do Direito à Cultura. Em 2020, durante a pandemia, participou de diversas oficinas de escrita ministradas por mulheres. Dos versos criados nasceu seu livro Não tentar domar bicho selvagem.

Renato Negrão assumiu o microfone e contou que passou uma infância cercada pela arte e pela cultura. O pai colocava para tocar discos de muita música boa, de Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Rita Lee. Renato achava que artista era uma espécie de entidade, tipo um extraterrestre, como eles mesmos pareciam admitir. Essa coisa de ver o artista na caixa da televisão, ou a voz saindo do vinil. Fato é que sempre quis ser artista. A mãe o colocou no curso profissionalizante, onde aprendeu a trabalhar com tipografia, e produção de revistas. 

Um dia, foi barrado na entrada do prédio de seus amigos que moravam perto de sua casa. Com isso, escreveu um manifesto poético e pregou na parede do elevador. Essa experiência causou grande efeito nele. Percebeu que poderia se destacar pela intelectualidade. Logo identificou que sua pegada era o trânsito entre palavra e imagem. Busca assim sempre seguir pela via da experimentação. Sua obra poética é numerosa e consistente, indo desde a participação na coleção Poesia Orbital, bem como os livros solo No Calo (1996), Vicente Viciado (2012) e Odisseia Vácuo (2023).

Fui então que chegou a minha vez de falar. Aproveitei para fazer um paralelo entre as falas de Isabella e Renato, relacionando-as com a minha própria trajetória. Meu contato com a poesia foi antes mesmo de saber ler, com minha mãe recitando poemas na família, mas estes eram de versos religiosos, evangélicos. Minha família por parte de mãe é de tradição evangélica e isso me atravessa, mas minha relação com essa herança é pela via do ódio.

Enfim, um dos poemas que minha mãe recitava era de um pastor atropelado que no leito de morte dá boa noite para todos os filhos, menos aquele que não era mais crente. Para ele, o pastor diz “Adeus”. O resultado era um chororô, eu chorava, meus irmãos, minhas tias, uma coisa bem catártica. 

Mas minha mãe também fazia poesia. Lembro-me do poema sobre sua paixão por Teófilo Otoni, MG, sua cidade natal (“Vi Teófilo Otoni florir… /Quis o ipê roxo pra mim”). Ou quando recitava para mim, de repente, o poema que começava mais ou menos assim: “Ao poeta escondido /do poema esquecido /que nunca foi lido /nem nunca será…” (...) E termina: “Está tão escondido /no baú ou na alma /que nunca foi lido /nem nunca será”. Acredito que ela ainda saiba recitá-lo perfeitamente.

Eu, como Isabella, também queria ser escritor ainda quando criança. Publiquei um livro que era uma espécie de fanfic, de forma bem independente, sem editora. O enredo tinha como personagens a Atíria, o Papílio, o Príncipe Grilo (tornado Rei), entre outros presentes na obra de Lúcia Machado de Almeida. Minha mãe enviou um exemplar para a Lúcia, que me ligou lá em casa. Na época, eu morava em Teófilo Otoni. 

Aquilo foi como se “a Divindade” estivesse falando comigo pelo telefone, algo meio como o Renato disse sobre os artistas serem entidades. Tive uma espécie de quebra de relação com a divindade naquele momento. A voz que falava no livro, sagrada, agora estava falando comigo ao telefone. Essa experiência deixou um profundo impacto em mim.

Contei de minha trajetória pela tecnologia, como programador, e também a tentativa em fazer Direito, por conta de uma visão ingênua sobre escritores como José de Alencar, Clarice Lispector, Rubem Fonseca e Lygia Fagundes Telles,  que tiveram essa formação

Minha mãe, mais uma vez, me influenciou nesse processo, ao dizer que Letras tinha tudo a ver comigo. 

Relatei sobre a primeira aula na UFMG, com o professor ouvindo sobre meu sonho de ser escritor e me chamando de ingênuo. Afirmei que leio poesia por obrigação, uma espécie de senso de dever, para expandir meus horizontes sensíveis. Que escrevo para dar vazão ao meu desarranjo interno, sendo também minha forma de fazer política. Para mim, política é se posicionar contra o que você acha que está errado no mundo. Isso independe de partido ou orientação ideológica. Dizer que não gosta de política é um contrassenso gigantesco, em minha opinião. Um verdadeiro absurdo.

Enfim, Rafa perguntou sobre espaços de poesia em Belo Horizonte. Renato apontou o Ateliê de Estratégias Narrativas, da Laura Cohen Rabelo. Nós três falamos dos saraus que ocorrem pela cidade. Destaquei o ColetiVoz e também falei de outros coletivos poéticos. Aproveitei para divulgar a Prosa Poética  Oficina de Escrita Criativa, que acontece todas as terças, às 10h, na BPIJ-BH. E, como não podia faltar, também fiz uma fala sobre o Clube de Escritores de BH, destacando o desafio de escrita. Por fim, apontei a importância da apropriação por parte da sociedade das 22 bibliotecas públicas municipais

Como não podia faltar, fizemos leituras de nossos poemas. De minha parte, li “Édipo ao avesso” e “Preciso trocar os meus óculos”.

Uma das pessoas presentes, um leitor chamado Marcos, perguntou sobre o incentivo para a escrita e publicação de poesia. Quis saber sobre o retorno financeiro. Isabella apontou que o principal motivo são os encontros. As pessoas que conhecemos pelo caminho. Concordamos com ela. Aproveitei para destacar que me considero um ilustre desconhecido. Que formar nossas famílias literárias é fundamental. Nossa matilha. Como que para provar o que eu afirmava, estavam presentes a Pâmela Bastos Machado e a Norma de Souza Lopes, duas pessoas que eu amo demais.

Só posso declarar que foi uma noite ímpar. Mais uma vez destaco que me senti profundamente honrado por estar naquele espaço cultural, cercado por pessoas tão incríveis. E poder falar do que me toca profundamente – a poesia. Estar em espaços como esse é um grande privilégio, pela escuta e, principalmente pelos encontros.

Para finalizar, expresso minha profunda gratidão ao Rafael Mussolini e a toda a equipe do Centro Cultural Unimed-BH Minas. E que outros momentos tão especiais como esse possam sempre acontecer.


Momento de fala.


Um público bem bacana!


Rafael Mussolini, Isabella Bettoni, eu, Norma de Souza Lopes e Renato Negrão na Biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas



Com o Rafa, deixando um exemplar do Cicatriz no acervo da Biblioteca!


Eu e Isabella trocamos nossos livros!


Esse é o Marcos, que adquiriu um exemplar do Cicatriz!


* Registros fotográficos feitos por Pâmela Bastos Machado, Norma de Souza Lopes e equipe do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

segunda-feira, maio 05, 2025

Entre livros e amizades em Poços de Caldas

Um relato sobre minha viagem para curtir o Festival Literário Internacional de Poços de Caldas


Um registro da minha câmera maravilhosa. 


Enquanto escrevo, o ônibus balança um pouco, fazendo trepidar a tela do aparelho celular em minhas mãos. Estou retornando para Belo Horizonte. Saí de Poços de Caldas no início da tarde. Estive na cidade para curtir mais uma edição do Festival Literário Internacional Poços de Caldas - Flipoços. Estive nos dias 1 a 3 de maio assistindo a debates, passeando entre livros e revendo amizades. Além de ter feito novos contatos. 

Quando cheguei já era noite do dia primeiro. Com isso, visitei a feira sem participar da programação. Saí do Lux Hotel, onde estava hospedado, e fui caminhando até o Parque José Affonso Junqueira, onde o evento estava montado.

Já de início fiz contato com a escritora Bianca Pontes, colega no Clube de Escritores BH. Combinamos de nos encontrar já na feira. Também contatei a Mírian Freitas, que estava em companhia do Pedro Gontijo e da Gilberta Kis.

Era uma profusão de acontecimentos. A programação ainda acontecia. Um fluxo intenso de pessoas transitava pelas barracas e também pela chocolateria Lascaux, famosa por seus chocolates artesanais, inspirados em minerais da região. Encontrei a Gil e a Mírian no corredor de acesso do Lascaux Fomos até a entrada da feira e eu avisei que tinha uma outra amiga no evento. Fui em sua busca.

Ao encontrar a Bianca, ela me apresentou a escritora Cibele Laurentino. Tratei de apresentá-las às outras duas amigas. Logo chegou o Pedro Gontijo e nos juntamos como um grupo. Saímos juntos, trocamos ideias, reflexões e opiniões literárias e sobre a vida também. Nessa primeira noite em Poços de Caldas, atravessamos o centro da cidade, saindo do local da vila literária e indo até uma pizzaria chamada Caos, pertinho do meu hotel. 

No segundo dia, vasculhei um pouco a feira. Procurei a tenda do movimento Neomarginal, em especial a pessoa do Wesley Barbosa. Conversei um pouco com ele, explicando que trabalho em biblioteca pública e estou em contato com coletivos literários da periferia da Grande BH. Comprei dois livros dele e o cumprimentei pelo trabalho. Eu havia ficado sabendo do trabalho literário do Wesley a partir de um episódio lamentável ocorrido no evento, sobre o qual prefiro não entrar em detalhes. A mídia nacional cobriu amplamente o acontecido. Por isso, estaria só repetindo o que todo mundo já sabe. Apesar desse episódio execrável, pude por meio dele conhecer o trabalho do Wesley, que tem uma editora chamada Barraco Editorial. Os livros do Wesley que adquiri foram “Viela ensanguentada” e “O diabo na mesa dos fundos”.


Com o escritor Wesley Barbosa. 


Almocei com Bianca e Cibele. Na saída, adquiri o livro “Nobelina”, da Cibele. Depois do almoço, nos separamos para uma passada no hotel. Mais tarde, nos reunimos para assistir à mesa “Gaza: A Tragédia Silenciada – Reflexões sobre o Genocídio e suas Vozes”, que contou com a presença da Mírian Freitas, além da Soraya Misleh, Jornalista palestino-brasileira, Salem H. Nasser, professor da FGV e estudioso do Oriente Médio, do mundo Árabe e Mulçumano e a Laura Di Pietro, co-fundadora da editora Tabla. Quem mediou a mesa foi o Pedro Gontijo, que é escritor e jornalista. 

A mesa foi forte, urgente, com falas contundentes e necessárias, denunciando o genocídio em curso promovido pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Uma atrocidade sem tamanho, em que milhares de crianças foram e continuam sendo assassinadas. A Soraya foi incisiva em sua fala, com uma revolta quase explosiva, conclamando todas as pessoas a lutarem em prol da causa palestina. Ela falou da colonização por ocupação, que visa substituir a população nativa por uma outra, de fora, e que o plano sionista não é novo, assim como os massacres de Israel contra aldeias palestinas.

O professor Nasser teve uma fala reflexiva sobre os disparates do silenciamento das narrativas palestinas e imposição de uma história única, elaborada como propaganda para colocar toda a comunidade mundial contra o povo palestino. 

A Laura abordou a riqueza da literatura produzida por palestinos. Não apenas como relato documental, algo importante para o registro histórico do que está ocorrendo, mas também como resistência e principalmente como sobrevivência da cultura palestina.

Mírian então fez sua fala a partir da experiência de escrita e publicação de seu livro “Damascos Feridos – poemas sobre Gaza”. Uma obra poética que atua como um grito de dor e protesto, nascido da empatia pelo sofrimento das mães, suas crianças e demais pessoas da Palestina.

A mediação do Pedro foi brilhante. Equilibrada, incisiva e reflexiva, procurou explorar o que havia de fundamental nas falas das convidadas e do convidado.

Dessa mesa, dois pontos eu gostaria de destacar: um é a palavra “Sumud”, que é rica em significados, uma palara-semente, que encerra em si a resistência e a esperança do povo palestino. A segunda é a frase da Soraya: “Somos todos palestinos.” Enquanto não percebermos a dimensão dessa frase, continuaremos inertes diante da escalada do terror que ocorre na Palestina.


Mesa sobre o Genocídio em Gaza.


Depois dessa mesa tão potente, precisei retornar ao hotel para descansar um pouco, pois foi uma mesa que mexeu muito com a gente. Retornei mais tarde para encontrar os amigos, que estavam em um bar na companhia da Laura e da Ana, ambas da editora Tabla. Conversamos bastante sobre literatura. 

Mais tarde, depois que Ana e Laura haviam ido embora, saímos do bar e fomos caminhando ao longo das bordas do parque, até encontrarmos um quiosque que vendia pizzas e massas, chamado Picolin. De lá, ainda passamos em uma loja de conveniência, onde compramos picolés e nos despedimos com muita alegria.


A galera reunida.


No dia seguinte, 3 de maio, cheguei a tempo de pegar a mesa “Prêmios Literários: Reconhecimento, Impacto e o Futuro da Literatura Brasileira” com a presença da autora Izabella Cristo e mediação do Henrique Rodrigues, curador do Prêmio Caminhos da Literatura. Izabella venceu o 1º. Prêmio Caminhos da Literatura e estava lançando o livro “Mãezinha”, pela Editora Dublinense. Durante a mesa, ela falou sobre a experiência da escrita do livro, que passa pela vivência da maternidade da UTI e também do exercício da profissão de médica cirurgiã.

Aproveitei para perguntar sobre a importância da cadeia de mediação para o fortalecimento da literatura. Henrique respondeu que é fundamental profissionalizar a mediação, inclusive criando leis que estruturem a mediação como política pública, atrelada à compra de livros, para que não aconteça de o livro acabar parado na estante ou dentro de um armário de uma biblioteca escolar ou pública. 


Com Izabella Cristo. 


Logo em seguida começou a mesa “Literatura e Família – Maternidade, Paternidade e dramas familiares na literatura contemporânea” com Karine Asth, Cibele Laurentino, Guilherme Marchi e Jaqueline Lima. Bianca Pontes foi a mediadora. Com um domínio impecável, ela conduziu tanto o tempo de fala quanto as reflexões, demonstrando um grau enorme de comprometimento com o tema da mesa e com as obras das convidadas e do convidado. Logo de início ela fez uma provocação ao dizer que estava mudando o nome da mesa, trocando “Maternidade” e “Paternidade” por “Parentalidade”, argumentando a partir da fala da Izabella Cristo na mesa anterior, que mãe nem sempre é quem gera e que o ato de criar, educar uma criança, muitas vezes foge do padrão de família convencional. Ela também convidou as pessoas integrantes da mesa a refletirem sobre como essas relações surgem não apenas em suas obras, mas em seus processos de escrita.

Mais uma vez em quis contribuir e, no momento das perguntas do público, perguntei às pessoas da mesa como elas viam a biblioteca pública e se ela ainda é relevante em nossa sociedade atual, em que a informação e a literatura migram cada vez mais para o suporte digital. Todos afirmaram que a biblioteca é fundamental na vida de quem lê e escreve. Karine foi mais longe ao ressaltar que é imprescindível que mães e pais se envolvam no incentivo à leitura, levando suas crianças à biblioteca pública. Ela fez um encantador relato pessoal sobre a visita que fez com seu filho à Biblioteca Pública de Recife. 

Ao final da mesa, aproveitando que tanto a Jaqueline quanto o Guilherme são de Belo Horizonte, falei da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH, convidando-os para conhecerem nosso espaço. Os dois pareceram interessados em visitá-la um dia. Aproveitei para comprar o livro da Cibele “Eu, inútil” e pegar um autógrafo. Em seguida, fui com Bianca, Cibele e Karine a um café que funciona dentro do parque. Porém, logo nos separamos.


Com a Cibele Laurentino. 


Já no início da noite ocorreu a mesa “Territórios da Palavra: A Literatura de Itamar Vieira Junior”. Eu cheguei quando estava começando e ouvi alguém mencionar no alto-falante “O caso da borboleta Atíria”. Meu alarme apitou. Era o Itamar, contando como esse livro foi crucial para que ele se tornasse escritor. Fui conquistado naquele momento, pois me senti conectado ao Itamar. Afinal, esse livro me encantou de tantas maneiras que ele realmente é a razão de eu ter me comprometido com a leitura e a escrita. Comentei isso com o Pedro, que estava do meu lado. Ele riu e disse que com ele foi a mesma coisa. “Foi o primeiro livro da Série Vaga-lume que eu li!” Ele falou. “Somos irmãos de livro!” Declarei, também rindo.

Um pouco mais tarde, ficamos sabendo de uma mesa nascida “de improviso” sobre o Movimento Neomarginal e fomos assistir. No palco estavam o Wesley Barbosa e o Vitor Miranda. Ambos falaram sobre suas trajetórias como escritores. Wesley revelou como encheu o Ferréz de contos e recebeu dele o retorno positivo. Sobre sua escrita refletir sua realidade e sua admiração por contistas clássicos russos.

Autor de “Os ratos vão para o céu?”, Vitor falou sobre a ironia no nome do Movimento Neomarginal, que dialoga com a literatura marginal de 1970. Falou também sobre seu gosto por brincar com leitores e personagens, visando o inusitado. Após a mesa, aconteceu o sarau do Movimento Neomarginal, com participações de autoras e autores com seus textos de prosa e poesia.

Ainda naquela noite, fomos jantar no Ibis. Lá, reencontrei o Henrique Rodrigues. Ele me reconheceu e perguntou se tinha sido eu a fazer a pergunta sobre mediação. Respondi que sim. Conversamos um bocado sobre prêmios literários e políticas públicas para livro e leitura. 

Ainda esticamos um pouco mais a noite, indo parar em uma lanchonete especializada em batatas fritas. Lá, nós falamos sobre experiências com editoras, mercado literário e projetos afins. Dado o avançar da hora, nos despedimos por lá e eu segui a pé para o meu hotel.

Bem, esse foi o fim da aventura na 20ª edição do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas - O Flipoços. Dias de encontros inspiradores, nascimento de novas amizades e fortalecimento de parcerias. Acredito que um evento desse porte é extremamente necessário, dada sua potência. O evento também revelou uma necessidade urgente do engajamento no combate ao racismo e a outras várias formas de violência. 

É o terceiro ano seguido que vou a Poços de Caldas em ocasião do festival. Ano passado, fui para expor um dos meus livros na tenda dos autores independentes. Desta vez, porém, estive lá como parte do público e pude curtir mais o festival. Espero que em 2026 eu compareça novamente, fazendo novas amizades e fortalecendo as atuais. Por isso, termino este texto saudando as pessoas da Bianca Pontes, da Cibele Laurentino, da Gil Kis, da Mírian Freitas e do Pedro Gontijo. Muito obrigado por tornarem esta experiência inesquecível.


Gratidão!

quarta-feira, novembro 20, 2024

Reencontros literários e novas amizades em Carmo da Mata

Autoras e autores em Carmo da Mata

Era uma quinta-feira. O dia estava nublado e a temperatura amena. Um ônibus com destino a Lavras, vindo de Divinópolis, parou diante da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, em Carmo da Mata, Minas Gerais. Dela desceu um escritor esbaforido e entusiasmado. Essa pessoa era eu.

Estávamos no início de novembro. Dia 7, para ser mais preciso. Meus olhos esbanjavam encantamento por estar mais uma vez nessa cidade onde tantas coisas boas aconteceram, um ano atrás. Estava lá para mais uma edição da Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata. Criado e organizado por Júnia Paixão, o evento é uma celebração da Literatura, com diversas atividades propiciando a reunião de autoras e autores com o público leitor. É um momento também de renovar amizades e formar novos laços de companheirismo. 

E foi isso mesmo que aconteceu. Revi muita gente que conheci na última Flicar: Mírian Freitas, Júnia Paixão, Servos Cardoso, Luiz Eduardo de Carvalho, Pedro Gontijo, Thaís Campolina, Hércules Toledo Corrêa e seu marido, Fred. Reencontrei a Gilberta Kis, companheira do Pedro Gontijo, que ele me apresentou no Flipoços, em Poços de Caldas. Tive também o privilégio de encontrar a professora Carla Coscarelli, que me deu aula há mais de vinte anos no curso de Letras da UFMG, e a professora Ana Elisa Ribeiro, premiadíssima, que também me deu aula na UFMG e hoje é professora titular do curso de Letras no CEFET-MG. Reencontrei a escritora e poeta Ana Paula Dacota, com quem pude estreitar os laços de amizade. Esteve lá tamém a Ilma Pereira, que conheço de eventos anteriores e da Liga de Autores Mineiros. Pude rever a Marcela Fassy e a Carla Andrade, que eu já admirava e pude conhecer pessoalmente no lançamento do livro Damascos feridos, da Mírian Freitas, ocorrido em Belo Horizonte. Conheci a escritora Mara Senna e a professora pesquisadora Débora D'ávila Reis. 

Fui apresentado a outras pessoas, como a autora Amanda Ribeiro, que realiza incríveis vídeo-poemas. Além disso, havia uma galera incrível da graduação e da pós-graduação em Letras do CEFET-MG. 

A programação foi rica e diversificada. A abertura, ainda na quinta-feira, contou com um sarau e uma apresentação teatral. Em seguida, foi o lançamento conjunto de várias pessoas, eu entre elas. Lancei meu livro de poesia Cicatriz com muita alegria. Aproveitei para descobrir os livros das pessoas que estavam lançando comigo. Foi maravilhoso.

Na sexta de manhã, realizei na Escola Estadual Joaquim Afonso Rodrigues uma oficina chamada "Meu Primeiro Livro". Os estudantes se envolveram e participaram ativamente, ficando encantados com a proposta. Em seguida, participei da oficina de criação de zine da Carol Vasconcellos. 

Nessa mesma sexta, às 17h, tive o privilégio de participar da mesa "O lugar da Poesia na Contemporaneidade", juntamente com Alex Zani, Mírian Freitas, Mara Senna e Thaís Campolina. A mediação coube a Alícia Teodoro, que fez uma primorosa condução. 

A Festa continuou linda com outras mesas de debate e apresentações literárias. A programação completa pode ser conferida aqui: @filcar_carmodamata. O encerramento aconteceu no sábado, à noite. Porém, eu ainda aproveitei o domingo para curtir Carmo da Mata com algumas pessoas amigas. Foram momentos descontraídos de relaxamento, após as intensas atividades da Festa. Voltei para casa na segunda-feira, com a mente cheia de boas memórias e a mala repleta de livros!

Livros de autoras e autores da Flicar.

Fica registrada aqui minha gratidão à pessoa da Júnia Paixão por mais uma vez acreditar no meu trabalho e ter me permitido participar da programação de um evento tão incrível. E também a Carmo da Mata, pela acolhida sempre tão generosa!


Domingo em Carmo da Mata


Para homenagear a Flicar, fiz um poema, que transcrevo abaixo:

Celebração 


Entre badaladas e anúncios fúnebres, 

a Palavra era celebrada.

Gotas fortes de chuva molhavam 

os caminhos dos livros abertos. 

Os corpos se encantavam 

em meio a tanta água.

Linhas cruzadas, papel e caneta, 

furiosa busca. 

Histórias se derramando, líquidas, 

sobre ouvidos e olhos atentos. 

Na melodia das gotas sobre a lona 

a valsa literária embalava os presentes. 

Não havia tempo. Nem memória. 

Tudo era força e beleza. 

Potência decantada 

e luz.

Carmo da Mata, 11 de novembro de 2024

quinta-feira, outubro 03, 2024

Lançamentos do livro "Achei que você fosse o outro"



Faz tempo que tentava publicar um livro com o Rodrigo Teixeira. Escritor nato, talentoso e genial, Rodrigo mantinha um blog chamado "Bom Dia, Mudo Cruel!" que eu frequentava assiduamente. Esse blog, porém, foi descontinuado, embora permaneça online, com os textos do Rodrigo na nuvem. Recomendo muito o acesso. 

Enfim, desde que eu publiquei a primeira vez, há onze anos, sentia que era uma injustiça não ver os textos do Rodrigo impressos em papel, organizados em livro. Desde que nos conhecemos e nos aproximamos, surgiu a ideia da publicação conjunta. À época, havia uma terceira pessoa nesse projeto, mas a tríade não se sustentou. Ficamos apenas nós dois. E assim, entrava ano, saía ano e nada da gente publicar. 

Os textos foram organizados e reorganizados, revisitados várias vezes. Exigente, Rodrigo confessava que, a cada revisão, retirava um texto. Exasperado, instei que a gente publicasse logo, com medo de no final sobrarem somente os meus textos. Assim, fechamos uma versão final do livro conjunto.

Havia agora um outro desafio: Qual título dar para a obra híbrida? Deveria ser algo que representasse nossa amizade e parceria. Como sempre, Rodrigo teve uma sacada genial, retirando sua ideia de um incidente pitoresco. 

O ano era 2019. O local, o Centro Cultural Usina de Cultura, no bairro Ipiranga, em Belo Horizonte. Eu havia comparecido ao evento pela manhã, cumprimentado todos, curtido a programação. Rodrigo estava escalado para uma roda de conversa às 16h e chegou já no período da tarde. O problema é que ninguém o cumprimentava. As pessoas passavam por ele e o ignoravam. 

Ele começou a ficar preocupado. Já se perguntava o que estaria acontecendo quando o poeta e multiartista Dione Machado passou por ele, parou, voltou e disse: "Ué, achei que você fosse o outro!" Rodrigo então entendeu. As pessoas já haviam me cumprimentado pela manhã e, como é costume nos confundirem, achavam que eu e ele fôssemos a mesma pessoa. 

Isso é mais comum do que as pessoas que não nos conhecem podem pensar. Trabalhamos juntos no mesmo lugar, a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte. Em diversos momentos tem gente trocando nossos nomes ou perguntando se somos irmãos. 

Ao se lembrar do incidente, Rodrigo chegou ao nome do livro: Achei que você fosse o outro. Contratamos o serviço do Selo Editorial Starling para a produção e impressão. Como podem constatar, resultado ficou lindo. 

Fizemos dois lançamentos. O primeiro foi conjunto, na Biblioteca onde trabalhamos. Foi em um sábado, dia 6 de julho de 2024. O segundo foi no Sarau do Coletivoz, numa quarta-feira, dia 10 de julho no The Wall Pub, em Contagem. Tivemos a presença do Coletivo Simples e também de representantes do Movimento Arte Contra a Barbárie. Já  terceiro e "oficial" foi no bar O Boêmio. Um momento de muita alegria e pertencimento. Além de muita cerveja! Pudemos nos três eventos encontrar amigos que nos apoiaram de forma tão presente. 

E por fim, fizemos parte de um lançamento conjunto na Sétima Candeia - Mostra Internacional de Narração Artística. Foi lindo, também!

Agradeço imensamente a todo mundo que participou de algum dos lançamentos. Sou grato também a quem não pode ir mas comprou um exemplar com a gente!

Seguem agora algumas fotos para ilustrar esses momentos marcantes em nossa trajetória literária.















quarta-feira, dezembro 27, 2023

Oficina estimula as crianças a encararem seus medos e refletirem sobre empatia



No dia 11 de novembro compareci à Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH para oferecer a oficina "O medo que a gente tem". Na atividade, eu li o livro Lolô, de Gregoire Solotareff. A partir da leitura, eu discorria com as crianças sobre as palavras "medo" e "empatia". Os sentidos dessas palavras eram explorados. Perguntei para as crianças de que elas tinham medo. Algumas disseram ter medo de aranhas. Outras, de baratas. Em seguida, falei sobre se colocar no lugar do outro, sentir o que o outro sente. Convidei as crianças então a desenhar suas imagens de medo, como forma a enfrentá-lo. Um aspecto dessa oficina em especial foi que as crianças foram chegando e eu voltava a ler com elas o livro e as convidava para produzir desenhos.

 











No dia 23 de novembro, foi a vez de ir à Biblioteca do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. Atendi a cerca de 75 crianças. Resolvi mexer um pouco na metodologia. Perguntei primeiramente sobre o que os lobos gostam de fazer. A resposta foi "caçar". Dei início então a uma leitura reflexiva e dialógica, apresentando os personagens Tom e Lolô, contando a história desses dois.

Após a leitura, comecei a explorar alguns aspectos do livro, falando sobre a diferença entre MEDO-DE-LOBO e MEDO-DE-COELHO. Falei do trauma que Tom sentiu ao ser profundamente assustado por Lolô. Além disso, discorri sobre as questões como o significado da palavra "empatia" como contraponto à "antipatia", que todos conhecem e cujo conceito compreendem intuitivamente.

Sendo assim, explorei um pouco a questão da desigualdade desencadear processos nem um pouco empáticos, gerando profundos traumas nas pessoas. Contei do meu medo de aranhas e a brincadeira durante a infância em que meu irmão, Arthur, junto com os amigos Áquila e Samuel, procuraram me assustar com uma enorme aranha fosforescente. E como o resultado foi desastroso, pois estávamos todos de hóspedes na casa desses amigos e os vizinhos comunicaram aos pais deles essa confusão gerada com meus gritos de susto. 

As crianças disseram ter se divertido muito. Aproveitei para contar a história "O caso do bolinho", seguida da Que bicho será que fez a coisa?

Também discorremos um pouco mais sobre medos e a importância de a gente se colocar no lugar do outro. Estava com meus cartões. Aproveitei para separar um cartão e deixei com uma das professoras. 

Por fim, fizemos algumas fotos para marcar a iniciativa.  





O último encontro da oficina "O medo que a gente tem" aconteceu no Centro Cultural Usina de Cultura. As crianças eram bem pequenas e estavam bastante inquietas. Elas faziam parte de uma creche parceira da PBH. Apesar da inquietação, pude observar que prestaram bastante atenção durante a leitura. Quando fui conversar sobre os aspectos "medo" e "empatia", elas começaram a ficar agitadas. 

Por conta do tempo curto e da agitação das crianças, considerei melhor encerrar a atividade. Também deixei meu cartão com uma das professoras, ficando assim a possibilidade de visitar a instituição parceira.


Por fim, considerei essa oficina muito interessante e com um potencial enorme. Uma atividade que apresenta uma obra diversa e de grande sensibilidade. 

Espero poder oferecer essa oficina nos centros culturais novamente. Ou realizá-la em outros espaços, como bibliotecas comunitárias, creches e escolas.

E você, o que achou? Já leu o livro indicado? Realizou alguma oficina de leitura literária? Deixe abaixo seu comentário, compartilhando sua experiência ou reflexão. 


quarta-feira, novembro 29, 2023

Uma história de amor com Carmo da Mata


Carmo da Mata é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, próxima a Cláudio e Divinópolis. Uma cidade histórica, com casarões de época bem conservados ostentando em suas fachadas as datas de suas construções. Idílica, romântica e quase plana, Carmo da Mata é uma ótima cidade para se conhecer, principalmente na época do seu evento literário, a Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata.

Cheguei à cidade no dia 2 de novembro e já me apaixonei. Era meu aniversário. A cidade se revelava entre morros suaves e se colocava à disposição para ser conhecida, num convite para sua exploração. Foi um enorme presente conhecer Carmo da Mata nesse dia em que eu completava quarenta e dois anos. Quem me apresentou à cidade foi o Professor Doutor Hércules Tolêdo Corrêa, na companhia de seu marido, o Fred, e da professora portuguesa Maria de Lourdes. 

Era perto da hora do almoço. Dei entrada no Hotel Boa Vista e pouco depois fomos ao restaurante Golo e Gula, onde almoçamos. Em seguida, partimos para o local da tenda da Flicar, a Praça da Matriz. A tenda havia acabado de ser montada e lá estava a Júnia Paixão, acertando os últimos detalhes da Flicar. Conversamos algumas amenidades e nos despedimos, quando voltei para o hotel.

No meio da tarde, caiu um grande temporal. Não me surpreendi, pois tenho lembranças de meus aniversários serem sempre  chuvosos. Fiquei curtindo a chuva, enquanto descansava da viagem. O momento da chuva foi especialmente emocionante, pois logo descobri um ninho de passarinhos na janela do banheiro do meu quarto de hotel. Acredito que o ninho era de um João-de-barro.

No cair da noite, Hércules me pegou no hotel e fomos ao Armazém Notini, um charmoso restaurante situado na entrada da cidade. É um lugar com uma rusticidade clássica e um cardápio de dar água na boca. Saboreamos deliciosos pastéis de camarão, dentre outros pratos. Pedi a sobremesa e cantamos parabéns. Ganhei o jantar como presente de aniversário.

Dia seguinte, 3 de novembro, a Flicar teve início. Dentre falas institucionais e apresentações artísticas, conheci o Servos Cardoso, um talentoso professor de música e poeta que estava lançando seu livro, Poético. A gente trocou algumas palavras rapidamente ainda no Hotel Boa Vista e durante o evento fomos estreitando nossos laços. Servos é uma pessoa maravilhosa, além de um filósofo contemporâneo. Outra pessoa que lançava seu livro era a jovem Luna Carvalho, com o título Poesia na alma.

Conheci também a autora Mirian Freitas, que estava ao meu lado nos estandes de vendas de livros de autoras e autores. Sempre simpática e interessada, Mirian foi quebrando o gelo, puxando papo comigo.

Na hora do almoço, as convidadas e convidados se reuniram e partiram em grupo para comer no bar e restaurante Velho Oeste, que apresentou um cardápio típico da culinária mineira, com direito a fogão à lenha.

No período da tarde, às 14h, ocorreu primeira mesa que tinha como título: "Criando mundos: quando a imaginação ganha corpo". A mesa contou com a minha presença, além da participação de Felipe Soares e Luís Mingau. O mediador foi o José Carlos Neto, que nos perguntou questões sobre criatividade e interesses literários.

Ainda no dia 3 de novembro, à noite, tivemos um magnífico sarau, que contou com as presenças das convidadas e convidados, recitando textos autorais, além de poemas de Fernando Pessoa e Gregório de Matos. 

Minha participação na programação da Flicar aconteceu também no dia seguinte, sábado, às 11h, quando participei da mesa 04 - "Histórias, historinhas e historões para crianças de todos os tamanhos", com a presença também de Bruno Rodrigo, Vânia Ordones e Patrícia Oliveira. Conversamos sobre nossas trajetórias como mediadoras e mediadores de leitura, contadoras e contadores de histórias e como esses trajetos influenciam em nossos trabalhos literários. A maravilhosa mediação ficou por conta do Professor Hércules.

Vale destacar que as demais mesas foram potentes e instigantes, contando com as participações de diversas personalidades literárias. Destaco dentre elas além da Mirian Freitas, o Lucas Galvão, o Alan Resende, a Thaís Campolina, o Bruno Magalhães, o Pedro Gontijo e o Luiz Eduardo Carvalho. É possível conferir a maior parte das mesas de debate através do perfil da Flicar no Instagram

Durante as noites de 3 e 4 de novembro, o Armazém Notini foi nosso ponto de encontro, onde trocamos brindes, histórias e impressões, embalados por um ambiente maravilhoso e um cardápio de delícias.

Minha história com Carmo da Mata, porém, não tinha acabado. Ainda fiquei na cidade no domingo e pude conhecer a Garagem do Automóvel, com itens raros, como o automóvel único produzido para a filha do presidente da Fiat ou um dos carros do Palácio de Buckingham. O espaço conta também com um incrível acervo de relógios 

Tivemos também uma tarde extremamente agradável na companhia do Hércules, de seu marido Fred, da Maria de Lourdes e de algumas pessoas da família do professor. Foi um almoço delicioso e especial, orquestrado pelas mãos talentosíssimas do Fred. Com a gente estavam também a Mirian Freitas e o Servos Cardoso.

Deixamos a cidade na segunda-feira, dia 6 de novembro. Estava porém transformado. Já amava Carmo da Mata. Uma cidade gostosa e acolhedora onde passei momentos muito interessantes e ricos, principalmente por conta da Flicar. Fiz contatos importantes e conheci pessoas que impactaram definitivamente a minha vida.

Fica aqui meu agradecimento imenso à Júnia Paixão, curadora e idealizadora do Flicar, pelo convite e acolhida, além de um agradecimento especial ao Hércules Tolêdo Corrêa por nos receber e também por ter me levado a Carmo da Mata e me trazido de volta a Belo Horizonte. E não foi apenas isso. Hércules é um maravilhoso anfitrião, que me deixou sempre muito à vontade. Fred não fica atrás e esbanjava simpatia, bem como a Maria de Lourdes. Sinto que esses encontros forjaram uma amizade que eu quero levar para a vida.