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sexta-feira, dezembro 29, 2023

Motivador

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Tela em branco. 

Documento sem nome. 

Vazio de ideias, 

vago em busca de sentido. 

Sozinho. 

Abandonado. 

Sou como o arauto 

de uma era morta. 

Mas não precisa ser assim. 

A tela já não está mais 

em branco. 

Nela repousam palavras 

de angústia 

pelo ciclo que termina 

e o que se inicia. 

Essa agonia 

tão minha companheira 

me pega pela mão. 

A ela me entrego 

e assim escrevo.


Oficina de Prosa Poética - 19/12/2023 

quarta-feira, dezembro 27, 2023

Oficina estimula as crianças a encararem seus medos e refletirem sobre empatia



No dia 11 de novembro compareci à Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH para oferecer a oficina "O medo que a gente tem". Na atividade, eu li o livro Lolô, de Gregoire Solotareff. A partir da leitura, eu discorria com as crianças sobre as palavras "medo" e "empatia". Os sentidos dessas palavras eram explorados. Perguntei para as crianças de que elas tinham medo. Algumas disseram ter medo de aranhas. Outras, de baratas. Em seguida, falei sobre se colocar no lugar do outro, sentir o que o outro sente. Convidei as crianças então a desenhar suas imagens de medo, como forma a enfrentá-lo. Um aspecto dessa oficina em especial foi que as crianças foram chegando e eu voltava a ler com elas o livro e as convidava para produzir desenhos.

 











No dia 23 de novembro, foi a vez de ir à Biblioteca do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. Atendi a cerca de 75 crianças. Resolvi mexer um pouco na metodologia. Perguntei primeiramente sobre o que os lobos gostam de fazer. A resposta foi "caçar". Dei início então a uma leitura reflexiva e dialógica, apresentando os personagens Tom e Lolô, contando a história desses dois.

Após a leitura, comecei a explorar alguns aspectos do livro, falando sobre a diferença entre MEDO-DE-LOBO e MEDO-DE-COELHO. Falei do trauma que Tom sentiu ao ser profundamente assustado por Lolô. Além disso, discorri sobre as questões como o significado da palavra "empatia" como contraponto à "antipatia", que todos conhecem e cujo conceito compreendem intuitivamente.

Sendo assim, explorei um pouco a questão da desigualdade desencadear processos nem um pouco empáticos, gerando profundos traumas nas pessoas. Contei do meu medo de aranhas e a brincadeira durante a infância em que meu irmão, Arthur, junto com os amigos Áquila e Samuel, procuraram me assustar com uma enorme aranha fosforescente. E como o resultado foi desastroso, pois estávamos todos de hóspedes na casa desses amigos e os vizinhos comunicaram aos pais deles essa confusão gerada com meus gritos de susto. 

As crianças disseram ter se divertido muito. Aproveitei para contar a história "O caso do bolinho", seguida da Que bicho será que fez a coisa?

Também discorremos um pouco mais sobre medos e a importância de a gente se colocar no lugar do outro. Estava com meus cartões. Aproveitei para separar um cartão e deixei com uma das professoras. 

Por fim, fizemos algumas fotos para marcar a iniciativa.  





O último encontro da oficina "O medo que a gente tem" aconteceu no Centro Cultural Usina de Cultura. As crianças eram bem pequenas e estavam bastante inquietas. Elas faziam parte de uma creche parceira da PBH. Apesar da inquietação, pude observar que prestaram bastante atenção durante a leitura. Quando fui conversar sobre os aspectos "medo" e "empatia", elas começaram a ficar agitadas. 

Por conta do tempo curto e da agitação das crianças, considerei melhor encerrar a atividade. Também deixei meu cartão com uma das professoras, ficando assim a possibilidade de visitar a instituição parceira.


Por fim, considerei essa oficina muito interessante e com um potencial enorme. Uma atividade que apresenta uma obra diversa e de grande sensibilidade. 

Espero poder oferecer essa oficina nos centros culturais novamente. Ou realizá-la em outros espaços, como bibliotecas comunitárias, creches e escolas.

E você, o que achou? Já leu o livro indicado? Realizou alguma oficina de leitura literária? Deixe abaixo seu comentário, compartilhando sua experiência ou reflexão. 


quarta-feira, novembro 22, 2023

Oficina de Prosa Poética encontra a Oficina de Letras


Era terça-feira, 5 de setembro de 2023. Estávamos na escrita, quando chegaram as pessoas do Centro de Convivência Carlos Prates. Sandro, o monitor da Oficina de Letras, veio acompanhado de alguns participantes: Adriene, Leonardo, Ágata, Sulamita, Reuben. 

Sandro falou um pouco sobre a experiência da realização da Oficna de Letras, que acontece no Centro de Convivência Carlos Prates, ligado à Rede SUS de BH. Na oficina, as reuniões acontecem em uma mesa redonda, para realçar o caráter circular e horizontal da atividade. Sandro ressaltou ser uma atividade terapêutica, com a importância da escuta e do uso da Palavra Oral. É escolhido um tema e, sobre ele, são produzidos textos livres. Após o momento de escrita, os participantes compartilham seus textos e muitas vezes são recebidos com palmas.

A oficina produziu um primeiro caderno. Um segundo caderno, como livro-objeto, começou a ser produzido, mas teve sua confecção interrompida pela pandemia.

Com o fim da pandemia de Covid-19, o projeto foi retomado e o Caderno de Letras foi finalizado e lançado. Trata-se de um livro-objeto organizado em 16 livretos individuais, um livreto coletivo e um mapa, todos acondicionados em uma caixa de papel craft.

Depois de apresentado o projeto, passamos a ler os textos dos participantes da Prosa Poética. Os textos foram produzidos a partir da observação, do manuseio e da leitura de trechos dos Cadernos de Letras. Por fim, os nossos visitantes, participantes da Oficina de Letras, compartilharam suas produções, com destaque à Sulamita, que recitou um poema instantâneo, criado no momento, com a belíssima expressão: "Me vesti de lágrimas."



No dia 31 de outubro, foi a nossa vez, a turma da Prosa Poética, de retribuir a visita. Chegamos eu, Kátia e Wander no Centro de Convivência Carlos Prates e encontramos a casa cheia. Uma turma de estudantes do curso de Psicologia da UFMG iniciava seu estágio no local e participaria também da oficina.

Fomos muito bem recebidos pelas pessoas que utilizam o Centro de Convivência, em especial a Adriene, que fez questão de apresentar o espaço para a Kátia e o Wander. Uma bela exposição interativa estava instalada no local e foi apresentada pela Adriene, que fez questão que tocássemos as obras e nos explicou suas características e contextos de feitura. Ela também nos mostrou a sala da Oficina de Letras, onde está também instalada a biblioteca do projeto.


Sandro nos reuniu ao redor de algumas mesas e deu início à sua mediação, apresentando o livro Alinhavos escrito pela Maria Helena Camargos Moreira e publicado pela Mazza Edições. O livro é um apanhado de poemas da autora e trata questões como o corpo, identidade e a existência. Diversos poemas foram escolhidos e lidos pelo grupo. Assim, tornaram-se os motivadores da escrita. Foi realizada uma pausa para o café e logo em seguida retornamos para escrever. Após esse período de escrita, os textos foram compartilhados pelo grupo.

Foram momentos de encontro e descoberta. Sinto-me muito grato pela oportunidade de ter conhecido o Centro de Convivência Carlos Prates e todas as pessoas participantes da Oficina de Letras. Que este projeto continue frutificando e transformando a vida de tanta gente.



quarta-feira, novembro 15, 2023

Como foi o evento DiVera

Não sabemos o que o futuro nos reserva. Por mais que estejamos preparados para os eventos, o acaso, esse traiçoeiro, nos toma pela mão e nos surpreende com seus caprichos. Foi assim nos dias 28 e 29 de outubro, quando estive na DiVera - II Festa da Palavra e da Cultura de Conceição do Mato Dentro. Foram momentos de trabalho, diversão e descoberta pessoal.

Fui convidado pela Fabíola Farias para realizar minha oficina Meu Primeiro Livro. Nessa oficina, eu convido as crianças e suas famílias a criarem pequenos livros a partir de folhas de papel, usando uma dobradura de zine. As crianças são convidadas a escrever e desenhar, mas se não tiverem desenhos e textos, eu forneço uma série de textos da tradição oral para as crianças e suas famílias usarem como editoras, recortando e colando os textos nas folhas de papel dobradas em formato de livreto.

Saímos de Belo Horizonte pouco depois das 7h da manhã em frente ao Palácio das Artes. A viagem foi tranquila, com uma parada rápida para um lanche na estrada. Chegamos para o almoço em Conceição do Mato Dentro. Fizemos o check-in nas nossas respectivas pousadas. Eu fiquei na Pousada da Saudade.

Almoçamos no Solar da Lili. Lá eu encontrei a amiga Lu Flores. No momento, a gente era mais conhecido, mas fomos ficando amigos ao longo do evento. Ela me cumprimentou com carinho e ficamos conversando. Depois do almoço, subimos para a tenda que estava montada diante da Igreja Matriz. Nessa tenda, seriam as atividades das oficinas propostas, que teriam início às 14h.

Quando o horário chegou, estava a postos, com material para receber as crianças e suas famílias. E elas foram chegando aos poucos. Começamos com umas quatro crianças e fomos aos poucos acrescentando mesas para os pequenos que foram chegando com suas mães e seus pais. Quando vi, estava com uma multidão de crianças ao meu redor, todas pedindo para aprender a produzir seus livrinhos. Muitas delas tinham dificuldades de fazer as dobraduras, por conta da espessura do papel e da necessidade de juntarmos as pontas das folhas com precisão. Fui auxiliando na medida do possível.

A oficina produziu muitos livretos fofos. Tinha uma menina chamada Jade e mais outra criança que fizeram corações para mim. Eu me senti muito querido e valorizado. Foi tudo muito lindo.


Depois da oficina, assisti o espetáculo musical maravilhoso do Grupo Serelepe.

Participei do lançamento coletivo com sessão de autógrafos em companhia de outras artistas. Vendi alguns livros e isso me permitiu comprar outros, também. Havia uma banca de livros da editora Aletria e as vendas que fiz propiciaram a compra deles.

Mais tarde, teve início o sarau organizado pelo magnífico Rogério Coelho. Eu fiz questão de participar, declamando meu poema "Caleidoscópio". Os demais textos e poemas lidos ou declamados foram de pessoas incríveis como Adrielle Moreira, Karine Bassi, Vito Julião e Tamara Selva. 

Em seguida, fizemos uma oficina de forró, mediada pelo Vito Julião em parceira com a Brisa Yasmin. Confesso que foi difícil participar, seja pela minha falta de coordenação motora e de consciência corporal, seja pela dificuldade em tomar iniciativa e convidar alguém para dançar. No momento dessa iniciativa, um rapaz se adiantou e me convidou para ser seu par. Ele se chama Camilo. Dançamos como um par e foi importante esse momento de ocupar um lugar inusitado, ser conduzido no forró. Confesso que achei mais confortável ser conduzido que conduzir. Além disso, foi gostoso dançar sem me preocupar com minha masculinidade. 

Deu a hora da oficina e já quase não dava tempo de jantar. Dessa vez, era no Restaurante do Mercado, um lugar um pouquinho longe da tenda da DiVera. Eu saí correndo igual um doido para conseguir chegar a tempo de jantar. Foi um trampo, mas consegui e ainda tive a companhia do pessoal da poesia, que estava jantando e me cedeu um lugar na mesa.

Voltamos então para a tenda, para um show espetacular com Everton Coroné Trio. Eu me diverti demais! E ainda fiquei depois do show conversando com o pessoal.

No dia seguinte, assisti ao espetáculo "O Menino Sabino", da Cia. Canta Contos, formado pelos queridos amigos Bárbara Amaral, Babu Xavier e Tininho Silva. Trata-se de uma apresentação que é também uma homenagem ao grande Fernando Sabino.

Participei da oficina "Qual história seu corpo conta", mediado pela Adrielle Assis. Foi uma experiência marcante, explorar os limites do meu corpo, conhecê-lo um pouco melhor. Mas também foi incômoda e muito difícil. Compartilhei isso com o grupo ao final da oficina. Adirelle comentou que não me achou incomodado ou inibido, não foi a mensagem corporal que eu passei. Mas o fato é que a oficina foi um grande desafio para mim. E eu me senti feliz por ter participado da oficina e aceitado o desafio.

Desci para almoçar no mesmo lugar do dia anterior e depois retornei para a tenda. No processo, conversei muito com o Caetano, filho da Lu Flores. Papeamos bastante sobre nossas paixões por jogos de computador.

No retorno para a tenda, expus meus livros mais um pouco. Apesar do grande movimento de pessoas, dessa vez, vendi apenas um. Porém, para mim, cada venda é uma vitória. Comemorei então essa venda com muita alegria. E fiquei ainda mais feliz porque foi a Thaís Mariano, amiga que fiz lá em Conceição do Mato Dentro, que apoiou meu trabalho.

Pude admirar também o magnífico trabalho da Cecília Castanha, que pintou um mural lindo para o evento. Ao final, não pude deixar de registrar o momento em que o mural foi finalizado. 

Por fim, fui assisti o espetáculo do grupo de balé Petite Ballerine. O espetáculo se chama "Dançando histórias de Bartolomeu Campos de Queirós" e foi simplesmente divino. Um corpo de balé maravilhoso com uma performance primorosa. Assisti também à apresentação musical "Histórias da Arca", com Ana Cê. 

Pegamos um pouquinho do show do Trio Ouvirá. Só que já estava na hora de partirmos e voltarmos para Belo Horizonte. Era por volta de 19h quando partimos.

O saldo foi extremamente positivo. Senti-me valorizado, feliz e bem acolhido. A cidade é muito hospitaleira e um lugar lindo de se ver. Ter participado como artista convidado foi sublime. Além disso, como eu fiquei sábado e domingo, pude aproveitar um pouco mais do evento, fazer amizades e aprender um pouco mais sobre eu mesmo.

Gratidão à Lu Flores que fez registros preciosos da Oficina Meu Primeiro Livro. E também pela simpatia e por não me deixar sozinho e abandonado pelo evento! Gratidão a todas as pessoas que participaram da oficina e também a toda a equipe da DiVera, essa festa especial. E uma gratidão super exclusiva à Fabíola Farias, que sempre apoia meu trabalho.

quarta-feira, outubro 25, 2023

Uma biblioteca para todas as crianças



Falar sobre uma biblioteca que acolha a infância é um grande desafio. E esse desafio foi aceito por Fabíola Farias e Cleide Fernandes na oficina "Uma biblioteca para todas as crianças", acontecida na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH no dia 06 de outubro de 2023, sexta-feira, pela manhã. Fabíola deu início à sua fala nos convidando a pensar na infância e sua relação com a biblioteca. Disse que aborda a infância a partir da perspectiva do recorte etário. Sendo assim, ela fala de experiência de infância, ou seja, os muitos jeitos de ser criança.

Em seguida, ela nos convidou a pensar a biblioteca e lançou a pergunta: Qual o sentido de uma biblioteca hoje, quando tudo está às mãos no toque de um celular? Para que uma biblioteca hoje? Para pessoas com poder de compra? Ela perguntou se com o recurso gasto na biblioteca (água, luz, telefone, funcionários, acervo etc.), seria mais barato dar um tablet para cada leitor. O que ganhamos com a biblioteca? 

Dentre as participantes, algumas pessoas falaram da experiência de usar uma biblioteca. Outras disseram da importância do apoio de um bibliotecário. Uma outra pessoa disse que o livro físico é insubstituível. Fabíola contrapôs que sua filha de 17 anos discorda. Outra pessoa colocou que s questão seria a ação cultural e também da experiência num sentido mais amplo.

Eu aproveitei e coloquei minha opinião. Disse que o tecnológico se perde com muita facilidade. Um livro digital pode desaparecer no volume de informações. O advento de esbarrar com um livro que você nem sabia que queria é algo fabuloso. A IA não sabe o que eu preciso e não sei que preciso. Ela não favorece a descoberta. A preparação para as mediações que não são imediatas. O encontro. 

Voltando à questão da experiência num sentido mais amplo, Fabíola falou sobre as ações de ver, indagar, transformar o mundo e assim ter um contato menos ingênuo e menos imediato com o mundo. Uma possibilidade de formação e acesso ao conhecimento.

Dando continuidade, Fabíola pediu para pensarmos na representação das crianças na literatura. Quem são as crianças que imagino quando abro as portas da biblioteca? A criança "danoninho", idealizada? A criança que reflete os nossos desejos. Isso fala de uma romantização da infância. Estudos "identitários" mostram que a experiência da infância é muito mais ampla do que imaginávamos. Por fim, Fabíola nos convidou a pensar nos livros e como eles retratam as crianças.

Ela lançou então a seguinte pergunta: O que é uma criança? Podemos responder pelo viés da Sociologia, da Pedagogia, da Biologia, da Lei, da Psicologia. A lei é mais universal. Porém, existem características que singularizam a experiência.

Voltando à questão dos livros, de 20 anos para cá, a representação e a representatividade das crianças mudaram nos livros. Não havia antes livros com crianças negras e, quando havia, esta era estereotipada. Com a Lei Federal 10639 de 2003, o cenário começa a mudar. Foram surgindo livros que tratavam do tema ancestralidade, relação com o fogo, uso de tranças no cabelo. Havia uma romantização de pertencimento ao continente africano. A autoria nem sempre era de pessoas negras. O mercado teve que se adequar. Afinal, o dinheiro fala mais alto. Não podemos negar, porém, que essa fase foi importante. Contudo, outras representações foram surgindo, o que mostra um amadurecimento na produção editorial.

Existe o benefício da identificação. Com exemplo, há o livro À sombra da Mangueira. Está disponível sua versão digital para leitura. Ele mostra outro lugar para essa representação. Fabíola então contou a história do livro. Ângelo Abu foi para Moçambique pesquisar para fazer as capas dos livros do Mia Couto. Entrou em contato com uma ONG e ofereceu oficinas de arte em troca de casa e comida. No final, as crianças deram uma oficina para ele. Foi uma viagem transformadora.

Outro exemplo é o livro Brincar de livro que, dentre outras coisas, fala do direito ao tempo da leitura. Esse livro faz um deslocamento muito grande. Ele aborda personagens negras com tempo para brincar e ler. É uma história linda  com uma representação deslocada dos estereótipos. Outros livros foram apresentados com representações diversas. É importante pensar nas crianças com mãe ou pai privados de liberdade, adotadas, com pais gays, indígenas, com deficiência. 

E por falar em pessoas com deficiência, Cleide entrou abordando a questão das exigências que os editais atualmente estão fazendo. Trata-se de um avanço. Na perspectiva das pessoas com deficiência, nós temos que escutá-las. São vários os recursos atuais. Com o aumento de recursos utilizados, mais pessoas serão incluídas.

Um dos recursos mais comuns é o Braille. Mas nem todo cego vai ler em Braille. Se for cegueira de diabetes, não haverá sensibilidade nos dedos. Sendo assim, é importante ter sensibilidade, disposição para aprender e, principalmente, mediar. 

Ao final da oficina, saímos repletos de conhecimentos, com muita coisa para pensar. E principalmente, ficamos muito gratos pela Cleide Fernandes e pela Fabíola Farias pela oficina que nos foi ministrada. Que possamos nos sensibilizar para as diversas experiências de infância e que busquemos uma biblioteca mais plural e acolhedora.






















Registros feitos pela Marly Rezende. 

terça-feira, outubro 24, 2023

Minha participação no DiVera - II Festa da Palavra e da Cultura de Conceição do Mato Dentro


Os eventos literários e culturais são essenciais para qualquer artista, principalmente escritoras e escritores. Sendo assim, é fundamental também divulgar nossas participações nesses eventos tão importantes. No dia 28 de outubro, participarei da programação do DiVera - II Festa da Palavra e da Cultura de Conceição do Mato Dentro. São duas ações que contarão com a minha participação: Os lançamentos dos livros Uma visita inesperada, Aurora e O Viajante Cinzento, bem como a oficina "Meu Primeiro Livro".

Durante o lançamento, dividirei o espaço com importantes nomes da literatura e da ilustração, como Carol Fernandes e Nelson Cruz.

Para conhecer toda a programação, basta acessar o link do Instituto Periférico.

E você, venha também para Conceição do Mato Dentro e aproveite toda a programação do DiVera!




domingo, setembro 10, 2023

A composição do Romance




Como fazemos todas as terças-feiras, tivemos mais um encontro da Prosa Poética: Oficina de Escrita Criativa. Alguns encontros atrás, ficou a meu encargo falar sobre a composição do Romance. Comecei falando do Romance como gênero literário, sua consolidação no século XIX e do porquê de narrativas longas serem chamadas desse termo, Romance. Falei também de minha leitura do livro do Haruki Murakami, Romancista como vocação. Contei que Murakami tinha um bar de jazz e pouquíssimo tempo para escrever. Ele então escrevia na cozinha, de madrugada. Assim ele redigiu seu primeiro livro, mas não gostou nada do resultado. Resolveu escrever um segundo, mas este em inglês, que ele dominava instrumentalmente. Depois de terminar o livro, ele o traduziu para o japonês e gostou do resultado. Inscreveu a obra em um concurso de uma revista literária e ganhou o prêmio de autor revelação.

Murakami também aborda a importância do escritor romancista ter uma rotina de trabalho. Além disso, ele aponta ser fundamental o romancista fazer exercícios, para aguentar horas e horas de trabalho, escrevendo.

Apontei novamente a questão dos equívocos que fazemos ao usar o termo romance. Trata-se de uma narrativa longa, consolidada no século XIX, no auge do Romantismo. Daí histórias românticas serem chamadas de romance, mas nem todo romance é uma narrativa de amor. Dei como exemplo o romance policial e o romance de fantasia.

Como escritor de romances juvenis de fantasia, contei sobre meu processo de escrita. Expliquei que antes de começar a escrever O Medalhão e a Adaga elaborei um questionário sobre um arqueiro que praticava magia. Eu precisava então responder tal questionário: Quem é o Arqueiro? Onde ele nasceu? Quem são seus pais? O que aconteceu com ele? Assim, respondendo a essas perguntas, fui compondo o texto inicial do romance.

Contei sobre o fato desse estilo literário, ser denominado, em inglês, por Novel e que, de certa forma, a novela televisiva é filha dos romances literários, da mesma forma que as atuais séries. 

Comentei sobre o folhetim, que era a forma dos romances apresentados ao público serem inicialmente publicados nos jornais, uma parte do texto a cada dia ou a cada semana. Não se sabe ao certo se o autor tinha o livro pronto e ia  publicando partes nos jornais, ou se o escritor começava um romance de folhetim e publicava num jornal esse início, sem fazer ideia do desfecho. Existia a necessidade de se criar um fato novo a cada publicação no jornal, bem como terminar deixando um assunto em aberto como forma de manter o leitor interessado na continuidade. Quando se fazia sucesso o folhetim era reunido e publicado em livro.

Por fim, convidei todos os presentes a pensarem num trecho de romance e a escreverem cada um o trecho imaginado. A ideia era trabalhar com o fragmento, tendo a noção de romance como objeto provocador. Em seguida, compartilhamos nossos escritos, lendo uns para os outros e comentando as leituras. Foram produzidos textos muito interessantes.

Fica também o convite a leitoras e leitores que pensem nos seus romances e os escrevam. E para quem mora em Belo Horizonte, deixo o convite de frequentar os encontros da Prosa Poética: Oficina de Escrita Criativa.

Atualizado em 14/09/2023, com contribuições do Augusto Borges.