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domingo, maio 03, 2020

Vídeo: Vandalismo - Augusto dos Anjos



Compartilho este vídeo, que foi gravado há bastante tempo, mas continua atual, assim como o poema que ele performa:




Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas,
Cintilações de lâmpadas suspensas,
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais,
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a Imagem dos meus próprios sonhos!


"Eu & outras poesias"
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1772




Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/eu-e-outras-poesias-1328ed206177.html

sexta-feira, fevereiro 28, 2020

Um defeito de cor - a voz e a força de uma mulher negra

Há muitos anos vinha desejando ler Um defeito de cor, obra épica de Ana Maria Gonçalves. Adiei por tempo demais. Até que o destino nos colocou juntos: fui escalado para mediar uma mesa com a Ana Maria e com Marcelino Feire no terceiro FLI-BH. 

Assim, o desafio de ler essa obra de centenas de páginas era algo do qual não poderia mais fugir. Afinal, essa é a obra de referência da autora e o motivo de sua escolha para a mesa com o tema que unia a vivência e a escrita.

Foi com essas questões em mente que dei início à leitura de Um defeito de cor. E o que a princípio seria uma leitura técnica se tornou um percurso selvagem e apaixonado, através da voz de uma africana, chamada Kehinde, que confidencia em uma longa carta sua vida, suas escolhas e lutas.

De fato, Kehinde é, antes de tudo, uma lutadora. Vítima e testemunha de uma abjeta violência ainda em sua terra natal, a ainda menina vai desenhando aos olhos dos leitores suas experiências com uma grande carga de inocência. Mesmo quando, mais tarde, ela e a irmã são sequestradas e levadas como escravas, a menina mantém essa pureza que a faz forte, capaz de superar as violências.

A partir do percurso feito para atravessar o Atlântico, tem início o que eu considerei a parte mais difícil do livro. Ter consciência quase gráfica das violações suportadas pelos africanos escravizados é algo diante do qual é impossível ficar indiferente. O sofrimento é visceral, implacável, repleto de crueza, não poupando idosos ou crianças. Na travessia, todas as dignidades foram estupradas das pessoas e, para mim, é impossível não pensar em reparação. 

O enredo prossegue, assim como as violências, já em solo colonial. A narrativa, porém, assume um pouco mais de leveza, a partir da inteligência e tenacidade de Kehinde, que busca assumir o leme da própria vida, mesmo em condições tão adversas. A resistência e inventividade de Kehinde por vezes lhe garantem consequências desastrosas.

Outro ponto a se destacar na narrativa é a profunda curiosidade espiritual de Kehinde. Ela tem memórias de ritos e cultos realizados em África e na medida que pode, vai expandindo seu conhecimento na tradição de seus antepassados.

É preciso destacar que o livro de Ana Maria Gonçalves busca em fatos históricos ancorar sua narrativa. Sendo assim, somos apresentados a personagens e acontecimentos que marcaram a história da Bahia do século XIX, bem como de outros lugares, como a Costa de Mina, na África. 

É importante destacar também que a vida de Kehinde, nomeada no Brasil como Luísa Gama, se entrelaça à vida de uma pessoa fundamental para o movimento abolicionista. Fazer tal descoberta, enquanto lia o prefácio, trouxe-me lágrimas aos olhos.

Com uma narrativa densa, mas nem um pouco enfadonha, repleta pelo esmero em detalhes históricos e na profundidade de suas personagens, Um defeito de cor é um épico imperdível para quem quer conhecer mais sobre sua história e seu povo.

Ficha Técnica 
ISBN-13: 9788501071750
ISBN-10: 8501071757
Ano: 2006
Páginas: 952
Idioma: português
Editora: Record

sexta-feira, outubro 11, 2019

Bacurau - Uma distopia pernambucana

Acabei de assistir Bacurau. Saí do cinema ainda impactado. Na tela, assisti a saga de um povoado em estado de sítio ser atacado por um grupo de estrangeiros, vestidos como uma unidade de elite norte-americana, num doentio jogo de morte, e se defender com bravura. Uma original distopia pernambucana. 

Logo no início, vemos uma placa avisando que aquele que vier, que venha em paz. O lugarejo de Bacurau é simples e orgânico. Todos se conhecem. E nós espectadores somos apresentados ao lugar justamente em um momento de luto, em que a matriarca, Dona Carmelita, é velada. 

Foi interessante perceber que o norte-americano mais sanguinário se chama Joshua, o que acredito ser uma referência ao bíblico Josué, que dizimou povos inteiros, matando inclusive crianças.

Outra coisa que me chamou à atenção foi o tom de atrevido orgulho que os habitantes de Bacurau ostentavam. Uma forasteira, ao perguntar sobre o que significava Bacurau, uma moradora responde, num ar zombeteiro, que se tratava de um pássaro noturno, muito bravo.

É essa ousadia que mais me encantou no povo de Bacurau. 

terça-feira, julho 23, 2019

Video: Patos Selvagens

Há muito tempo eu precisava compartilhar aqui no blog o vídeo em que eu falo do meu livro Patos Selvagens. Portanto, aproveito este post para isso. Assistam abaixo:


Sinopse:

Há muitos mistérios sobre um lago assombrado pela imagem de uma bela jovem. Quando Nerito, um corajoso aventureiro, passa a se envolver com este enigma, decide lançar-se em busca de respostas. Qual será o seu destino? Acompanhe Nerito nesta emocionante jornada.

Perfil do livro no Skoob; http://www.skoob.com.br/patos-selvagens-396681ed449123

Quem tiver interesse em comprar o livro, pode clicar aqui: http://rhjlivros.com.br/

sexta-feira, dezembro 05, 2014

O Vale de Elah - uma épica viagem à Palestina

Samah é um rapaz normal, como tantos outros que povoam a Palestina no século X A.C. Divide seu dia a dia entre cuidar das ovelhas da família e admirar a jovem Nazaré, por quem está apaixonado. Mas tudo muda em sua vida quando ele se vê diante de um impasse, ao saber que, por causa de uma dívida de sua família, ele terá que se tornar escravo. O rapaz então decide fugir, acompanhado de sua irmã Adaliah e da bela Nazaré, para o Vale de Elah, onde um inusitado exército acaba de nascer.
Começam assim As Crônicas de Adulão, uma saga de amor, violência, fé e fatalidade, tendo como centro a formação do exército chefiado por Davi Ben Jessé, o mais famoso de todos os reis de Israel.
Neste primeiro volume, Samah nos apresenta a um grupo ainda inexperiente, formado principalmente por parentes do jovem Davi, um dos mais competentes comandantes do exército de Israel. Considerado proscrito pelo regime em vigor, o jovem soldado se refugia na caverna de Adulão, para onde se dirigem diversas pessoas em situação crítica: escravos fugidos, famílias endividadas, outras vítimas de perseguição política. Nomeado líder desse improvável grupo, Davi começa a treiná-los como um exército.
É interessante perceber como a autora, Carla Montebeler, constrói uma narrativa leve e equilibrada, que combina perfeitamente com a personalidade de um jovem como Samah, bondoso e cheio de ideais. Contudo, Montebeler faz um contraponto ao apresentar um Samah já velho, experiente, que olha para trás com muita saudade de seus tempos de mocidade.
Assim, O Vale de Elah torna-se uma ótima pedida para os leitores de romances épicos, como os de Bernard Cornwell e Christian Jacq.

Ficha Técnica

ISBN: 9788582731611
Ano: 2013
Páginas: 68
Editora: Multifoco

Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/326182ED365598-o-vale-de-elah