terça-feira, janeiro 31, 2023

Sedento

Observo sua foto.

Meus olhos bebem 

a sua imagem. 

Deleite dessa 

beleza 

selvagem e 

cálida. 

Olhar você não

sacia. Apenas 

aumenta a sede.

Sim te ver mais e mais.

É alento e 

vontade.

sábado, janeiro 28, 2023

Tranças

(Para Lélis)

Em cada fio, uma história,

palavras dando forma a

encantos.

Não há limite para o seu horizonte.

Ela é a voz

É o verbo.

No ar 

tece com os dedos

Mundos.

Tecelã de sonhos

Neles faz a dor

Mais

Doce.

sexta-feira, janeiro 27, 2023

Quadrado infinito

No sótão 

um #homem

espera.

Suas #palavras 

nascem

escorrem

alimentam.

Fechado, o homem

abre #mundos

pela #linguagem.

Um #horizonte 

vasto

em #papel.

Inspirado no livro "um homem no sótão", de Ricardo Azevedo.

quinta-feira, janeiro 26, 2023

Quarta Edição da Feira Urucum

 



Está confirmada minha participação na quarta edição da Feira Urucum, realizada pela Editora Impressões de Minas. A realização será na Funarte (Rua Januária, 68, Centro).


Conto com as presenças de vocês!

Alguma coisa

Para #sonhar 

não tem #segredo. 

Isso também 

é um tipo de #melodia.

Uma #árvore 

pode ser um #poema.

O céu 

vira líquido 

ou #chão.

#Simples.

Basta

com #graça

mudar as coisas de #lugar.

Inspirado no #livro "alguma coisa", de Ricardo Azevedo.

quarta-feira, janeiro 25, 2023

Vestindo

Pela palavra do #sonho

o menino assume

outra #natureza.

As #montanhas 

jamais vistas

forram seu olhar.

Uma #pele que não era sua

agora o ensina o que é 

sentir o

Ser.

Inspirado no livro Trocando gato por lebre ou menino por vaca de Alberto Yáñez

terça-feira, janeiro 24, 2023

Olho o relógio 

nas não vejo a hora 

Não quero ter ciência do tempo

se não for o instante certo

de te ver.

domingo, janeiro 22, 2023

História de livro

Depois de correr com a criançada pela casa, propus alguns minutos de pausa. Minha sobrinha Sofia, filha de Arthur e Soraya, pediu que constasse uma história. Acomodei as crianças no sofá e diante delas comecei a contar. Já quase no fim, meu sobrinho Cadu, filho do Milton e da Alessandra, interrompeu a narrativa e me pediu:

- Tio, só quero história de livro...

9 de julho de 2016

sábado, janeiro 21, 2023

No espelho

Tinha eu os cabelos longos e sedosos.

Embranqueceram e por fim caíram.

Meus dentes eram alvos e perfeitos.

Pois apodreceram todos e caíram também.

Meu olhar era brilhante e astuto.

A melancolia enfim lavou seu brilho.

Minha pele, uma tez suave 

Que o tempo sulcou sua fúria.

Agora que todas as cascas caíram,

poderei ser finalmente

Eu?

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Sabiá

Quando criança

Ouvia ela cantar:

"Sabiá lá na gaiola

Fez um buraquinho

Voou..."

E de repente, 

Numa tarde 

O que voou para longe

Foi o suspiro

Da minha avozinha.

E a gaiola, o corpo

Tão fraquinho e franzino

Que não mais conseguiu

Segurar uma alma

Desejosa em voar.

A menina chorosa

É minha alma 

Que se espreme

E tenta lembrar 

Das tardes 

Quando ela cantava

E contava

De um sabiá

Que prometia voltar.


9 de fevereiro de 2017

terça-feira, janeiro 17, 2023

Urro

O monstro corre solto.

Máquina de dentes e garras

Nada pode parar a

Besta.

A coleira que prendia o 

mostro

não mais o segura.

Ele rosna

Seus olhos lampejam

E esse rosnado

mais parece uma risada

pelo sangue de suas vítimas.

Belo Horizonte, 2019

domingo, janeiro 15, 2023

Rasante

Todo dia

Ao voltar do trabalho

O rapaz em sua motoneta

Topava com uma quase invisível lombada

Na tênue descida antes de um elevado.

A moto dava um leve salto para baixo

E logo em seguida

Um solavanco pra cima

A fazia voar por

0,2 segundos.

Era quase ínfimo

Porém

Ainda que o dia fosse todo 

interditos

Naquele infinito

Instante

Em seu voo sem asas

Ele era feliz.

sábado, janeiro 14, 2023

Memória afetiva

Depois da apresentação que fizemos da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil, o Wander Ferreira fez uma leitura em Braille para as vinte e cinco crianças de 8 a 10 anos. A turma toda ficou bem atenta e, depois, procurou livros em Braille e pediu para que o Wander lesse mais. Deixei a turma por conta dele. Afinal, a garotada estava em boas mãos.

As crianças seguiram para o lanche e eu corri para acompanhar a oficina da Pâmela Machado sobre Lobato para os pequenos leitores de hoje. Já imaginando que a turma tivesse ido embora, topei com todo mundo na escada, quando as crianças desciam para ir embora. Agradeci a todas e fui surpreendido por uma coisa que não acontecia há muito tempo: as crianças me abraçaram em conjunto.

Já quase todas desciam quando um dos meninos se aproximou de mim e disse:

- Eu já vim aqui antes. Você leu a história do urso que procura o chapéu.

Foi uma segunda surpresa, talvez ainda mais graciosa. Afinal, ele se lembrava de mim e da história que eu lera. Para quem não conhece, o livro se chama "Quero meu chapéu de volta", de Jon Klassen. Uma das coisas mais incríveis é fazer parte da memória afetiva de uma criança.

27 de abril de 2017

sexta-feira, janeiro 13, 2023

Reformas

Privatizaram as relações. 

O Amor foi o primeiro. 

Minha nação 

tem qualquer cor 

menos 

o verde e o amarelo. 

A ninguém 

foi dado o direito 

de escolher 

um novo Amanhã. 

A licença para viver 

foi privatizada. 

Enquanto isso 

a fome 

anuncia nas ruas 

sua surda 

voracidade.

Belo Horizonte 19 de janeiro de 2017

quinta-feira, janeiro 12, 2023

Ode ao soldado caído

O sol veio saudar mais um cadáver.

Um pequenino 

soldado

mãos pequeninas

pés pequeninos

tronco e cabeça

pequeninos.

Talhado a golpes de ondas

e areia

lá estava ele.

Não irá presenciar

o amanhecer

dos frutos.

Um pequenino soldado

Abatido em uma guerra

Que não era sua.

https://www.facebook.com/samuel.medina.5496/posts/1109117702432912

quarta-feira, janeiro 11, 2023

terça-feira, janeiro 10, 2023

Proverbial

Bem diziam os

Antigos que 

a Carne é fraca.

Vieram outros

mais recentes que 

Completaram: E 

a Vergonha é pouca.

Eu só respondo

Pouca é a carne

pra saciar 

Tantas

Vergonhosas

Fomes.

segunda-feira, janeiro 09, 2023

A Cadeira de Prata - A jornada e os sinais



Jill está desolada. Ela frequenta uma escola experimental onde as coisas não são fáceis. Seus colegas de escola, muitos deles, são terríveis e a perseguem. Foi por isso que Eustáquio a encontrou chorando em um canto do colégio.

Aquele é o mesmo Eustáquio Mísero, primo de Lúcia e Edmundo, Susana e Pedro. A jornada a Nárnia o transformou e agora ele é um bom sujeito. Ao encontrar a colega chorando, ele propõe que ambos peçam a Aslam que os levem a Nárnia.

O pedido funciona até bem demais e as crianças vão parar em Nárnia, mas em uma época atribulada. O Rei Cáspian X já está muito velho e seu único herdeiro desapareceu há anos. Caberá às duas crianças, com a ajuda do paulama Brejeiro, buscar os sinais de Aslam e encontrar o príncipe desaparecido.

A Cadeira de Prata talvez seja o livro mais maduro e envolvente da saga As Crônicas de Nárnia. Bem, talvez esta seja minha opinião pelo fato de ter sido o primeiro livro de Nárnia que li. O enredo é enxuto e traz uma dinâmica envolvente. O foco na narrativa está em Jill. Diferente dos quatro irmãos Pevensie, a menina é mais como Eustáquio antes de seu primeiro contato com Nárnia. Bem, não quero dizer que ela tenha as características detestáveis do menino. Porém, Jill é mais humana, falha, real. Essa característica nos aproxima da personagem. Nos identificamos com ela. Seu primeiro contato com Aslam é especialmente tocante.

Outra personagem interessante é Brejeiro, o paulama. Com um pessimismo que se mistura a um terrível senso prático, ele nos encanta por sua curiosa personalidade. 

Mais uma vez o elemento alegórico cristão aparece. A imagem da fonte de água em que Jill mata sua sede representa a conversão seguida de um comissionamento, a ordem para uma missão. Apesar disso, o livro não perde seu sabor. Lewis é um exímio contador de histórias e a tradução de Paulo Mendes Campos torna o texto ainda mais saboroso.

Há muitos outros detalhes e mistérios, como os nomes de Aslam citados pelos centauros. Ou o próprio País de Aslam, a terra acima de todas as terras, um lugar situado a uma altitude inconcebível. Ainda assim, não se trata de uma região coberta de neve ou com o ar rarefeito, como seria o caso.

Nárnia continua um local envolvente e cheio de um charme selvagem, agreste. Seus habitantes, a maioria inumanos, nos conquistam com sua simplicidade e comicidade.

A Cadeira de Prata é  um livro que nos envolve do início ao fim. O elemento do perigo real reaparece nesse livro, diferente do que percebi em Príncipe Caspian. Não são crianças brincando de guerra. São pessoas enviadas a uma região inóspita, hostil, com o perigo de gigantes ferozes e o inverno inclemente. Neste livro, os elementos atuam como cruéis inimigos. E nesse ponto, a despeito de seu pessimismo, Brejeiro surge como um aliado inestimável. E não é apenas nessa vez que ele salva o dia. A abnegação do paulama, as decisões que ele toma pelo grupo fazem com que a gente aprecie ainda mais sua presença.

Com elementos romanescos de uma jornada de resgate repleta de perigos, a envolvente narrativa de A Cadeira de Prata nos seduz completamente. Uma aventura empolgante para qualquer idade. Um livro inesquecível, uma jornada a ser lembrada, como os próprios Sinais de Aslam. 


Ficha Técnica

A Cadeira de Prata

As Crônicas de Nárnia # 6

C. S. Lewis

ISBN: 8522616198

Ano: 1997 

Páginas: 208

Idioma: português

Tradução: Paulo Mendes Campos

Editora: Martins Fontes


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-cadeira-de-prata-1104ed1474.html

domingo, janeiro 08, 2023

A alegria que impede a tristeza

Pela manhã, na visita, tivemos uma turma bem participativa. Gostavam de fazer perguntas, todas sempre ligadas ao espaço da Biblioteca e seus serviços. Após a leitura de "a árvore generosa", de Shel Silverstein, uma menina se aproximou e pediu indicações de livros como esse. Falou que tinha amado a história e completou: É uma história muito triste. Eu só não chorei porque tô muito feliz hoje!"

25 de maio de 2017

sexta-feira, janeiro 06, 2023

Sobre amantes de livros e presentes do universo

As pessoas não entendem os amantes de livros. É que elas nunca tiveram a experiência de encontrar um livro que salvasse o dia. Eu posso dizer com toda a sinceridade que isso me aconteceu, e várias vezes.

Fazia tempo, contudo, que eu me deparava com uma sequência de boas histórias. Na semana anterior ao natal tive a felicidade de conhecer "O livro da 1a vez" de Otávio Frias Filho, "A árvore que pensava", de Oswaldo França Júnior, e a "Árvore de tudo", de Mirna Pinsky. Mas as duas maiores dádivas foram: "Flora e Ulisses", de Kate DiCamilo, e o conto "O espelho e a máscara", presente na coletânea "O livro de areia", de Jorge Luis Borges. 

Por essas maravilhas, digo ao Universo: Obrigado!

30 de dezembro de 2017

segunda-feira, janeiro 02, 2023

A Viagem do Peregrino da Alvorada - Sobre jornadas sem retorno



O menino se chama Eustáquio Mísero. E faz por merecer esse nome. Tem comportamentos extremamente práticos e adora debochar de seus dois primos, os irmãos Lúcia e Edmundo Pevensie. E o deboche piorou quando descobriu que os dois compartilham um segredo: as viagens ao país mágico de Nárnia.

É claro que Eustáquio não acredita que os primos tenham viajado para outro mundo. Essa certeza torna o deboche ainda mais saboroso para ele. Fato é que o menino não suporta aqueles dois, e o sentimento é recíproco.

As férias teriam sido uma tortura para os irmãos Pevensie, hospedados na casa de Eustáquio por motivo de força maior, não fosse o quadro pendurado no quarto em que os dois dormem. Trata-se da imagem de um belo navio a remos, com uma cabeça de dragão na proa, navegando em um mar maravilhosamente tranquilo. 

Lúcia e Edmundo acreditam que aquele é um navio de Nárnia. Por isso, investem todo o tempo possível a contemplá-lo, perdidos em nostalgia. Eustáquio, em muitos desses momentos, aparece para debochar deles. Mas então, em um desses episódios, a magia acontece, provando que os irmãos tinham razão.

Aquele é mesmo um navio de Nárnia, levando ninguém menos que o próprio Rei Caspian, o herói do livro que leva seu nome em As crônicas de Nárnia. Caspian está em uma missão de busca pelo paradeiro dos fidalgos amigos do seu pai, os quais foram banidos para o mar por Miraz, o tirânico tio do rei. Acompanhando essa jornada está Ripchip, o Rato, aquele mesmo que operou feitos heroicos no livro anterior.

Assim tem início A Viagem do Peregrino da Alvorada. É talvez um dos mais épicos livros da série, no seu sentido estrito do termo, pois trata de uma jornada grandiosa e que tem a sua cota de perigos. Dragões, monstros marinhos e criaturas invisíveis estão entre esses percalços que os viajantes terão de enfrentar. Sem falar no maior e melhor dos perigos: Aslam, o Grande Leão.

O livro é uma delícia de se ler e acrescenta mais alguns à grande galeria de mistérios do mundo de Nárnia. Estrelas descansando em ilhas, frutos do Vale do Sol, a Faca de Pedra na Mesa de Aslam são alguns desses mistérios. A jornada em si é um grande mistério, podendo ser vista em seu teor figurativo. Ninguém pode negar o tom alegórico dos livros de C.S.Lewis, conhecido pregador cristão. Com isso, podemos pensar na jornada do Peregrino da Alvorada como uma escalada espiritual.

Outra grande alegoria está na metamorfose de Eustáquio. A narrativa tem seu início com foco no menino, mas esse foco se desprende dele e muda para Lúcia. Durante a maior parte do tempo, Eustáquio é insuportáel. Ele não é apenas um péssimo sujeito para os familiares, mas uma compahia odiosa. Há um propósito para que Eustáquio embarcasse nessa jornada e esse propósito é uma das alegorias mais belas de toda a série.

A despeito dessa beleza, gostaria de problematizar a construção da personagem Eustáquio. O livro apresenta o menino de um jeito que me faz pesar que ele e sua família são progressistas "caricaturizados". São descritos como "gente moderna, de ideias abertas". Pelo contexto, dá para perceber que a descrição é negativa e nem um pouco elogiosa.

A despeito desse problema, o livro continua delicioso de ser lido. Com aventuras, mistérios e muita magia, A Viagem do Peregrino da Alvorada é diversão certa, mesmo que seja uma alegoria religiosa.

Ficha Técnica:

A Viagem do Peregrino da Alvorada

As Crônicas de Nárnia # 5

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788533616189

ISBN-10: 853361618X

Ano: 1997 

Páginas: 235

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-viagem-do-peregrino-da-alvorada-1103ed1471.html

domingo, janeiro 01, 2023

Distante

Para Pâmela Bastos Machado.

Nesta manhã

seu silêncio me acordou

Foi o som de sua ausência.

Chamei você pela memória.

Tentei fazer da sua imagem

corpo sólido.

Mas a falta que mais

me doía

Era da sua alma.


Pâmela Bastos

Enquanto eu me despedia, o aperto do coração subia até a garganta. Sei que desaprendi a estar longe de você. E antes de não saber mais lidar com a distância, eu já não queria. Minha rotina é mais alegre quando tem você. Meus sorrisos são mais extravagantes quando te vejo. Minhas pernas caminham com mais ânimo quando estão ao lado seu. Meu coração dança dentro do peito os passos compassados com as pulsações do seu coração. Me sinto mais viva quando estou contigo e se me afasto o tempo caminha lentamente como quem tem dificuldades para caminhar. Não vejo a hora de te reencontrar, meu amor