Observo sua foto.
Meus olhos bebem
a sua imagem.
Deleite dessa
beleza
selvagem e
cálida.
Olhar você não
sacia. Apenas
aumenta a sede.
Sim te ver mais e mais.
É alento e
vontade.
Blog do escritor e contador de histórias Samuel Medina. Aqui você encontrará resenhas de livros, contos, crônicas, relatos de experiência e poemas. Além de informações sobre meus livros.
Observo sua foto.
Meus olhos bebem
a sua imagem.
Deleite dessa
beleza
selvagem e
cálida.
Olhar você não
sacia. Apenas
aumenta a sede.
Sim te ver mais e mais.
É alento e
vontade.
(Para Lélis)
Em cada fio, uma história,
palavras dando forma a
encantos.
Não há limite para o seu horizonte.
Ela é a voz
É o verbo.
No ar
tece com os dedos
Mundos.
Tecelã de sonhos
Neles faz a dor
Mais
Doce.
No sótão
um #homem
espera.
Suas #palavras
nascem
escorrem
alimentam.
Fechado, o homem
abre #mundos
pela #linguagem.
Um #horizonte
vasto
em #papel.
Inspirado no livro "um homem no sótão", de Ricardo Azevedo.
Conto com as presenças de vocês!
Para #sonhar
não tem #segredo.
Isso também
é um tipo de #melodia.
Uma #árvore
pode ser um #poema.
O céu
vira líquido
ou #chão.
#Simples.
Basta
com #graça
mudar as coisas de #lugar.
Inspirado no #livro "alguma coisa", de Ricardo Azevedo.
Pela palavra do #sonho
o menino assume
outra #natureza.
As #montanhas
jamais vistas
forram seu olhar.
Uma #pele que não era sua
agora o ensina o que é
sentir o
Ser.
Inspirado no livro Trocando gato por lebre ou menino por vaca de Alberto Yáñez
Depois de correr com a criançada pela casa, propus alguns minutos de pausa. Minha sobrinha Sofia, filha de Arthur e Soraya, pediu que constasse uma história. Acomodei as crianças no sofá e diante delas comecei a contar. Já quase no fim, meu sobrinho Cadu, filho do Milton e da Alessandra, interrompeu a narrativa e me pediu:
- Tio, só quero história de livro...
9 de julho de 2016
Tinha eu os cabelos longos e sedosos.
Embranqueceram e por fim caíram.
Meus dentes eram alvos e perfeitos.
Pois apodreceram todos e caíram também.
Meu olhar era brilhante e astuto.
A melancolia enfim lavou seu brilho.
Minha pele, uma tez suave
Que o tempo sulcou sua fúria.
Agora que todas as cascas caíram,
poderei ser finalmente
Eu?
Quando criança
Ouvia ela cantar:
"Sabiá lá na gaiola
Fez um buraquinho
Voou..."
E de repente,
Numa tarde
O que voou para longe
Foi o suspiro
Da minha avozinha.
E a gaiola, o corpo
Tão fraquinho e franzino
Que não mais conseguiu
Segurar uma alma
Desejosa em voar.
A menina chorosa
É minha alma
Que se espreme
E tenta lembrar
Das tardes
Quando ela cantava
E contava
De um sabiá
Que prometia voltar.
9 de fevereiro de 2017
O monstro corre solto.
Máquina de dentes e garras
Nada pode parar a
Besta.
A coleira que prendia o
mostro
não mais o segura.
Ele rosna
Seus olhos lampejam
E esse rosnado
mais parece uma risada
pelo sangue de suas vítimas.
Belo Horizonte, 2019
Todo dia
Ao voltar do trabalho
O rapaz em sua motoneta
Topava com uma quase invisível lombada
Na tênue descida antes de um elevado.
A moto dava um leve salto para baixo
E logo em seguida
Um solavanco pra cima
A fazia voar por
0,2 segundos.
Era quase ínfimo
Porém
Ainda que o dia fosse todo
interditos
Naquele infinito
Instante
Em seu voo sem asas
Ele era feliz.
Depois da apresentação que fizemos da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil, o Wander Ferreira fez uma leitura em Braille para as vinte e cinco crianças de 8 a 10 anos. A turma toda ficou bem atenta e, depois, procurou livros em Braille e pediu para que o Wander lesse mais. Deixei a turma por conta dele. Afinal, a garotada estava em boas mãos.
As crianças seguiram para o lanche e eu corri para acompanhar a oficina da Pâmela Machado sobre Lobato para os pequenos leitores de hoje. Já imaginando que a turma tivesse ido embora, topei com todo mundo na escada, quando as crianças desciam para ir embora. Agradeci a todas e fui surpreendido por uma coisa que não acontecia há muito tempo: as crianças me abraçaram em conjunto.
Já quase todas desciam quando um dos meninos se aproximou de mim e disse:
- Eu já vim aqui antes. Você leu a história do urso que procura o chapéu.
Foi uma segunda surpresa, talvez ainda mais graciosa. Afinal, ele se lembrava de mim e da história que eu lera. Para quem não conhece, o livro se chama "Quero meu chapéu de volta", de Jon Klassen. Uma das coisas mais incríveis é fazer parte da memória afetiva de uma criança.
27 de abril de 2017
Privatizaram as relações.
O Amor foi o primeiro.
Minha nação
tem qualquer cor
menos
o verde e o amarelo.
A ninguém
foi dado o direito
de escolher
um novo Amanhã.
A licença para viver
foi privatizada.
Enquanto isso
a fome
anuncia nas ruas
sua surda
voracidade.
Belo Horizonte 19 de janeiro de 2017
O sol veio saudar mais um cadáver.
Um pequenino
soldado
mãos pequeninas
pés pequeninos
tronco e cabeça
pequeninos.
Talhado a golpes de ondas
e areia
lá estava ele.
Não irá presenciar
o amanhecer
dos frutos.
Um pequenino soldado
Abatido em uma guerra
Que não era sua.
https://www.facebook.com/samuel.medina.5496/posts/1109117702432912
Bem diziam os
Antigos que
a Carne é fraca.
Vieram outros
mais recentes que
Completaram: E
a Vergonha é pouca.
Eu só respondo
Pouca é a carne
pra saciar
Tantas
Vergonhosas
Fomes.
Jill está desolada. Ela frequenta uma escola experimental onde as coisas não são fáceis. Seus colegas de escola, muitos deles, são terríveis e a perseguem. Foi por isso que Eustáquio a encontrou chorando em um canto do colégio.
Aquele é o mesmo Eustáquio Mísero, primo de Lúcia e Edmundo, Susana e Pedro. A jornada a Nárnia o transformou e agora ele é um bom sujeito. Ao encontrar a colega chorando, ele propõe que ambos peçam a Aslam que os levem a Nárnia.
O pedido funciona até bem demais e as crianças vão parar em Nárnia, mas em uma época atribulada. O Rei Cáspian X já está muito velho e seu único herdeiro desapareceu há anos. Caberá às duas crianças, com a ajuda do paulama Brejeiro, buscar os sinais de Aslam e encontrar o príncipe desaparecido.
A Cadeira de Prata talvez seja o livro mais maduro e envolvente da saga As Crônicas de Nárnia. Bem, talvez esta seja minha opinião pelo fato de ter sido o primeiro livro de Nárnia que li. O enredo é enxuto e traz uma dinâmica envolvente. O foco na narrativa está em Jill. Diferente dos quatro irmãos Pevensie, a menina é mais como Eustáquio antes de seu primeiro contato com Nárnia. Bem, não quero dizer que ela tenha as características detestáveis do menino. Porém, Jill é mais humana, falha, real. Essa característica nos aproxima da personagem. Nos identificamos com ela. Seu primeiro contato com Aslam é especialmente tocante.
Outra personagem interessante é Brejeiro, o paulama. Com um pessimismo que se mistura a um terrível senso prático, ele nos encanta por sua curiosa personalidade.
Mais uma vez o elemento alegórico cristão aparece. A imagem da fonte de água em que Jill mata sua sede representa a conversão seguida de um comissionamento, a ordem para uma missão. Apesar disso, o livro não perde seu sabor. Lewis é um exímio contador de histórias e a tradução de Paulo Mendes Campos torna o texto ainda mais saboroso.
Há muitos outros detalhes e mistérios, como os nomes de Aslam citados pelos centauros. Ou o próprio País de Aslam, a terra acima de todas as terras, um lugar situado a uma altitude inconcebível. Ainda assim, não se trata de uma região coberta de neve ou com o ar rarefeito, como seria o caso.
Nárnia continua um local envolvente e cheio de um charme selvagem, agreste. Seus habitantes, a maioria inumanos, nos conquistam com sua simplicidade e comicidade.
A Cadeira de Prata é um livro que nos envolve do início ao fim. O elemento do perigo real reaparece nesse livro, diferente do que percebi em Príncipe Caspian. Não são crianças brincando de guerra. São pessoas enviadas a uma região inóspita, hostil, com o perigo de gigantes ferozes e o inverno inclemente. Neste livro, os elementos atuam como cruéis inimigos. E nesse ponto, a despeito de seu pessimismo, Brejeiro surge como um aliado inestimável. E não é apenas nessa vez que ele salva o dia. A abnegação do paulama, as decisões que ele toma pelo grupo fazem com que a gente aprecie ainda mais sua presença.
Com elementos romanescos de uma jornada de resgate repleta de perigos, a envolvente narrativa de A Cadeira de Prata nos seduz completamente. Uma aventura empolgante para qualquer idade. Um livro inesquecível, uma jornada a ser lembrada, como os próprios Sinais de Aslam.
Ficha Técnica
A Cadeira de Prata
As Crônicas de Nárnia # 6
C. S. Lewis
ISBN: 8522616198
Ano: 1997
Páginas: 208
Idioma: português
Tradução: Paulo Mendes Campos
Editora: Martins Fontes
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-cadeira-de-prata-1104ed1474.html
Pela manhã, na visita, tivemos uma turma bem participativa. Gostavam de fazer perguntas, todas sempre ligadas ao espaço da Biblioteca e seus serviços. Após a leitura de "a árvore generosa", de Shel Silverstein, uma menina se aproximou e pediu indicações de livros como esse. Falou que tinha amado a história e completou: É uma história muito triste. Eu só não chorei porque tô muito feliz hoje!"
25 de maio de 2017
As pessoas não entendem os amantes de livros. É que elas nunca tiveram a experiência de encontrar um livro que salvasse o dia. Eu posso dizer com toda a sinceridade que isso me aconteceu, e várias vezes.
Fazia tempo, contudo, que eu me deparava com uma sequência de boas histórias. Na semana anterior ao natal tive a felicidade de conhecer "O livro da 1a vez" de Otávio Frias Filho, "A árvore que pensava", de Oswaldo França Júnior, e a "Árvore de tudo", de Mirna Pinsky. Mas as duas maiores dádivas foram: "Flora e Ulisses", de Kate DiCamilo, e o conto "O espelho e a máscara", presente na coletânea "O livro de areia", de Jorge Luis Borges.
Por essas maravilhas, digo ao Universo: Obrigado!
30 de dezembro de 2017
O menino se chama Eustáquio Mísero. E faz por merecer esse nome. Tem comportamentos extremamente práticos e adora debochar de seus dois primos, os irmãos Lúcia e Edmundo Pevensie. E o deboche piorou quando descobriu que os dois compartilham um segredo: as viagens ao país mágico de Nárnia.
É claro que Eustáquio não acredita que os primos tenham viajado para outro mundo. Essa certeza torna o deboche ainda mais saboroso para ele. Fato é que o menino não suporta aqueles dois, e o sentimento é recíproco.
As férias teriam sido uma tortura para os irmãos Pevensie, hospedados na casa de Eustáquio por motivo de força maior, não fosse o quadro pendurado no quarto em que os dois dormem. Trata-se da imagem de um belo navio a remos, com uma cabeça de dragão na proa, navegando em um mar maravilhosamente tranquilo.
Lúcia e Edmundo acreditam que aquele é um navio de Nárnia. Por isso, investem todo o tempo possível a contemplá-lo, perdidos em nostalgia. Eustáquio, em muitos desses momentos, aparece para debochar deles. Mas então, em um desses episódios, a magia acontece, provando que os irmãos tinham razão.
Aquele é mesmo um navio de Nárnia, levando ninguém menos que o próprio Rei Caspian, o herói do livro que leva seu nome em As crônicas de Nárnia. Caspian está em uma missão de busca pelo paradeiro dos fidalgos amigos do seu pai, os quais foram banidos para o mar por Miraz, o tirânico tio do rei. Acompanhando essa jornada está Ripchip, o Rato, aquele mesmo que operou feitos heroicos no livro anterior.
Assim tem início A Viagem do Peregrino da Alvorada. É talvez um dos mais épicos livros da série, no seu sentido estrito do termo, pois trata de uma jornada grandiosa e que tem a sua cota de perigos. Dragões, monstros marinhos e criaturas invisíveis estão entre esses percalços que os viajantes terão de enfrentar. Sem falar no maior e melhor dos perigos: Aslam, o Grande Leão.
O livro é uma delícia de se ler e acrescenta mais alguns à grande galeria de mistérios do mundo de Nárnia. Estrelas descansando em ilhas, frutos do Vale do Sol, a Faca de Pedra na Mesa de Aslam são alguns desses mistérios. A jornada em si é um grande mistério, podendo ser vista em seu teor figurativo. Ninguém pode negar o tom alegórico dos livros de C.S.Lewis, conhecido pregador cristão. Com isso, podemos pensar na jornada do Peregrino da Alvorada como uma escalada espiritual.
Outra grande alegoria está na metamorfose de Eustáquio. A narrativa tem seu início com foco no menino, mas esse foco se desprende dele e muda para Lúcia. Durante a maior parte do tempo, Eustáquio é insuportáel. Ele não é apenas um péssimo sujeito para os familiares, mas uma compahia odiosa. Há um propósito para que Eustáquio embarcasse nessa jornada e esse propósito é uma das alegorias mais belas de toda a série.
A despeito dessa beleza, gostaria de problematizar a construção da personagem Eustáquio. O livro apresenta o menino de um jeito que me faz pesar que ele e sua família são progressistas "caricaturizados". São descritos como "gente moderna, de ideias abertas". Pelo contexto, dá para perceber que a descrição é negativa e nem um pouco elogiosa.
A despeito desse problema, o livro continua delicioso de ser lido. Com aventuras, mistérios e muita magia, A Viagem do Peregrino da Alvorada é diversão certa, mesmo que seja uma alegoria religiosa.
Ficha Técnica:
A Viagem do Peregrino da Alvorada
As Crônicas de Nárnia # 5
C. S. Lewis
ISBN-13: 9788533616189
ISBN-10: 853361618X
Ano: 1997
Páginas: 235
Idioma: português
Editora: Martins Fontes
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-viagem-do-peregrino-da-alvorada-1103ed1471.html
Para Pâmela Bastos Machado.
Nesta manhã
seu silêncio me acordou
Foi o som de sua ausência.
Chamei você pela memória.
Tentei fazer da sua imagem
corpo sólido.
Mas a falta que mais
me doía
Era da sua alma.
Pâmela Bastos
Enquanto eu me despedia, o aperto do coração subia até a garganta. Sei que desaprendi a estar longe de você. E antes de não saber mais lidar com a distância, eu já não queria. Minha rotina é mais alegre quando tem você. Meus sorrisos são mais extravagantes quando te vejo. Minhas pernas caminham com mais ânimo quando estão ao lado seu. Meu coração dança dentro do peito os passos compassados com as pulsações do seu coração. Me sinto mais viva quando estou contigo e se me afasto o tempo caminha lentamente como quem tem dificuldades para caminhar. Não vejo a hora de te reencontrar, meu amor