sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Rani e o Sino da Divisão - Conheçam os incríveis Animais de Festa

Quem acompanha tanto meu trabalho na Biblioteca quanto meus percursos pela escrita, sabe que eu sou um grande admirador da literatura de fantasia, sobretudo a nacional. Já passaram por este blog alguns escritores contemporâneos que tive o prazer de conhecer, fosse pessoalmente ou por meios digitais. E foi com grande satisfação que pude conhecer o trabalho de Jim Anotsu. Mais especificamente, seu romance Rani e O Sino da Divisão.

Narrado pela protagonista, uma adolescente headbanger, o romance de pronto nos apresenta a cidade de Graúna por um viés meio sombrio. A caminho da escola, Rani tem um encontro inusitado com um menino esquisito, principalmente por seu tênis verde fluorescente. Esse é o Pietro, um dos grandes parceiros de Rani em sua jornada xamânica.

Sim, Rani é uma xamã, embora não o saiba no início de sua narrativa. Seu encontro com o Pietro, um vampiro nada convencional, inaugura uma série de incidentes sobrenaturais bem como seu ingresso entre os Animais de Festa, uma espécie de fação contra-cultura no mundo sobrenatural. A vida de Rani está em perigo, pois um poderoso xamã conhecido como Aiba está assassinando e devorando o coração de outros xamãs. Com a ajuda de seus novos amigos e de Marina, sua colega de sala e companheira de banda de garagem, Rani terá que encontrar o Sino da Divisão, o único objeto capaz de deter seu poderoso inimigo.

O mais impressionante no romance de Anotsu é que ele é muito mais do que uma sinopse pode sugerir. Ao abrir o livro, prepare-se para uma enxurrada de referências musicais e culturais, com animes, quadrinhos, bandas, filmes, seriados, livros, tudo permeado com um senso de humor genuíno. Os personagens criados por Anotsu, sejam eles desconhecidos ou retirados de algum panteão mitológico, são espirituosos, refinados e originais. As referências várias estão lá, mas claramente o autor fez mais do que inseri-las: deu-lhes alma própria. 

Há uma surpreendente sinergia entre os personagens, até mesmo entre Aiba e Rani, e isso torna o livro ainda mais cativante. Não posso deixar de falar de Marina, responsável por alguns dos melhores momentos do livro, com destaque à interpretação da música "God Save The Queen", do Sex Pitols. 

Vale destacar também como a narradora é capaz de despertar profunda empatia, mesmo com seu humor sardônico, suas dúvidas, inseguranças, sua enorme capacidade de criar as mais pessimistas metáforas que se pode imaginar. Ao ser advertida de que precisa limpar a negatividade em sua mente, ela responde: "Isso vai ser complicado. Eu sou uma garota do século XXI, noventa por cento do meu DNA é constituído de sarcasmo e negatividade."

Talvez isso seja o mais atraente no texto de Jim Anotsu. Rani é uma adolescente que busca não mentir para si mesma, que entende que está em uma das fases mais cruciais de sua vida e que precisa de mais maturidade do que aparenta ter. Isso aproxima muito o leitor, que sente acompanhar a história de uma pessoa real, com dramas reais.

Enfim, eu poderia continuar escrevendo, estender essa resenha a infinitos parágrafos e não vou conseguir dar forma ao que eu senti ao ler Rani e O Sino da Divisão. Garanto, contudo, que o leitor que tiver esse livro em mãos terá também a oportunidade de uma experiência divertida e ao mesmo tempo profunda. Um rito de passagem de uma jovem xamã rumo ao autoconhecimento.

Ficha técnica:
ISBN: 9788582351871
Ano: 2014 / Páginas: 320
Idioma: português 
Editora: Gutenberg


quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Areia

"Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca..." Isaías 44:3

A lâmpada incandescente vacila. Mais um efeito da maldita estiagem. No barraco de um cômodo, a mãe ora. Faz três dias que a água falta no morro. As roupas, amontoadas sem lavar. O marido, recém-empregado, já não tem camisa limpa. As crianças, sem tomar banho. Ela, no fim de uma menstruação, sentindo-se imunda. O último balde de água acabara no dia anterior, para fazer comida. E agora, junto com a falta d'água, a ameaça do racionamento da eletricidade.
Suspira, pensando novamente no marido. Na época em que ele conseguira o emprego de porteiro de um edifício na Savassi, a alegria quase virou aflição. Temia perder o benefício do governo, o único provento que impedira que a família de seis pessoas passasse fome. Felizmente, não foi preciso; o salário do marido não era alto o suficiente para causar o corte do benefício.
Do barraco sobe um odor acre, mistura de comida velha, urina e suor. Banheiro sem lavar, quase faltando água até para beber. Quem sabe no dia seguinte a prefeitura manda um caminhão pipa para abastecer as casas do morro? Quando ainda não havia saneamento, a água era fornecida assim. O caminhão pipa chegava e despejava água em vários tonéis de plástico. Seus donos então vendiam a água aos moradores retardatários, muitas vezes munidos apenas de latas de tinta ou panelas para guardar o mínimo de água para seu uso.
E então, de repente, havia máquinas revirando o chão do morro, cavando, plantando no chão enormes blocos de concreto. E no morro passou a ter água encanada e esgoto. Mas o que realmente mudou a vida da família, quando antes eles eram obrigados a contar com a simpatia e solidariedade de outros, foi a tal bolsa. Já não eram obrigados a comer só farinha com café pra enganar a fome. Podiam, com dignidade, comprar seu alimento.
Mas agora tudo parecia incerto. Boatos corriam de que o benefício poderia ser cortado. O noticiário anunciava uma enorme crise. E para piorar, a estiagem provocando o racionamento de água e energia. 
Puxando mais um suspiro, ela apoia os braços na janela, olhando ao longe a escuridão que termina nos limites do morro. Lá em baixo, na Savassi, a luz mantém sua presença, forte e pungente. No prédio em que o marido trabalha não faltará energia. Lá ele poderá assistir seu futebol na televisão portátil comprada com o primeiro salário. Lá o elevador não para, o comércio não dorme e a beleza passeia em casulos metálicos hiperluminosos. Na Savassi, as fontes não secam e a luz não se apaga. 
E nesse momento, como numa epifania, ela se vê num gigantesco monte de areia. Lá embaixo, a rocha. Lá, onde tudo é mais vívido, nítido, em alta definição. Enquanto os barracos, ela, os filhos e vizinhos, o morro todo são a sombra, a falta, a incerteza. Um absurdo monte de areia. Uma enorme duna que numa insaciável voragem traga de si para si todas as coisas.

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Vídeo da Terça - Se eu morresse amanhã

Boa noite! Mais um vídeo poético. Confiram:


Se eu morresse amanhã, Álvares de Azevedo

Se eu morresse amanhã viria ao menos
fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro,
que aurora porvir e que manhã?
Eu perdera chorando essas coroas
se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! Que doce n'alva
acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanta dor no peito
se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
a ânsia da glória, o dolorido afã.
A dor no peito emudecera ao menos
se eu morresse amanhã!

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

O Assalto - Parte I de III

Ir para A Cidadela - Parte IV de IV


Escuridão. Profundo abismo, frio. Seridath estava absorto, imerso no interior de uma fenda inescrutável. Parecia longe, distante de qualquer realidade. Era como um sonho e, ao mesmo tempo, era como ter os sentidos aguçados ao extremo. Seridath sabia que essa era mais uma das provas para conquistar Lorguth. E também sabia que estava com problemas. Ao seu redor, começava a sentir uma crescente onda de inquietação em sua espada. Aliás, tudo ao redor era Lorguth. Estava nos domínios da lâmina e lutava para não ser invadido e coberto por sua enorme ânsia maligna. Não havia palavras, pois seria impossível verbalizar a disputa que ocorria. Ela não queria de forma alguma obedecer a seus comandos. Lorguth estava intransigente em seus desejos. Estava excitada, pois podia sentir uma aura de emanando ao longe, como o brilho de um nítido farol. A aura cujo dono era um ser poderoso e maligno, que dormira ao longo dos séculos e agora despertara em busca de vítimas para satisfazer seu apetite.

Seridath simplesmente sabia essas coisas. Ou melhor, Lorguth compartilhava com ele essas valiosas informações. E a espada era clara em suas ambições. Queria provar do líder que movia aquele exército de mortos. De nada valia para ela tomar as vidas inúteis de uns poucos humanos. Mas o cavaleiro lutava, em silêncio, para impôr sua vontade e erguer suas vítimas para a peleja em frente a Arnoll.

Enquanto isso, Balgata e os outros, disfarçados de camponeses, esperavam a abertura dos portões. Quando começasse a batalha, aquilo viraria um abismo de Merf e Nibala. E se algo desse errado, as coisas que Seridath controlava poderiam matar a todos, inimigos e aliados. Essa expectativa mexia com as entranhas do capitão. Ele podia ver o medo saltar dos olhos de seus companheiros. “Temos camponeses demais aqui,” suspirou. Uma luta como aquela não era lugar para homens inexperientes. Na pior das hipóteses, aqueles aldeões seriam um estorvo, mas se tivessem sorte, poderiam formar uma linha que oferecesse resistência. 

Todos vestiam mantos longos e tinham espadas e escudos escondidos sob os mesmos. Os aldeões de Keraz receberam escudos de reserva que estavam nas carroças. Agora, restava somente aguardar que os bandidos tivessem mordido a isca. Balgata e os demais precisariam apenas sustentar a porta, enquanto Seridath enviaria seus “servos” para invadirem a cidadela e matarem tantos inimigos quanto possível. O capitão transpirava, sentindo um ultrajante enjoo. Eles tinham pouca chance de vitória.


sexta-feira, fevereiro 20, 2015

O Aprendiz - o início de um caminho de sombras

Tom Ward é um rapaz normal no início da adolescência. De forma equilibrada, dispõe de uma certa dose de inocência, ignorância e medo. E esse temor não é infundado. Afinal, Tom vive em um mundo em que ogros, bruxas, aparições e entidades malignas são reais. Um mundo onde a escuridão parece crescer a cada dia.
O rapaz teria uma vida relativamente simples não fosse sua condição de nascimento. Afinal, ele é o sétimo filho e por isso seu pai encontra dificuldades de conseguir para ele um ofício que vá garantir seu sustento. Assim, a única saída para o rapaz é se tornar aprendiz de um Caça-Feitiço.
Nesse mundo repleto de seres malignos, o Caça-Feitiço é responsável por impedir o avanço das trevas, aprisionando ogros, purificando espíritos e sepultando bruxas. É um serviço penoso, solitário e competência acima de qualquer erro. Afinal, um desvio pode ser fatal.
E assim, através da voz de Tom, Joseph Delaney vai apresentando ao leitor um mundo sobretudo sombrio, mas extramente fascinante. O protagonista e narrador é antes de tudo sincero e franco, dando ao texto um tom de confidência. E dessa forma o leitor acaba vestindo a pele de Tom, sendo levado a sentir seus medos, dificuldades e aflições. É através dos olhos dele que somos apresentados ao Caça-Feitiço, um homem grave, ossudo e duro como uma pedra, como se tivesse sido talhado por anos de experiência enfrentando criaturas maléficas. 
Além disso, já de início o leitor é informado de que o ofício de Caça-Feitiço, embora seja bem remunerado, não goza de boa reputação entre as pessoas. Sendo assim, Tom já sabe que terá uma carreira solitária pela frente. E seus problemas já começam quando ele conhece Alice, uma garota de sua idade que tem alguma ligação com bruxas. E curiosamente, a menina tem sapatos de bicos pontudos, tipo de pessoa contra quem o mestre de Tom o advertira.
Percebe-se, assim, que a grande força do livro O Aprendiz está na interação entre os personagens. Eles são marcantes sem descambarem para o caricatural, o que dá um tom de autenticidade ao texto. Outro ponto interessante é a relação que o romance faz com o ato de escrita. Em seu aprendizado, Tom é instruído a manter dois cadernos, sendo um para anotar as aulas recebidas por seu mestre e outro para servir de diário. Desta forma, o romance em si, narrado por Tom, assume um aspecto metalinguístico, o que faz o leitor imaginar se está lendo o caderno mantido como diário ou um outro texto, derivado desse caderno.
Repleto de imagens fortes, numa matiz de cores sombrias e densas, O Aprendiz é um romance excelente para quem procura uma boa aventura com doses de suspense, sem abrir mão de uma reflexão literária.

Ficha Técnica
ISBN: 9788528613155
Ano: 2008 / Páginas: 224
Idioma: português
Editora: Bertrand Brasil

Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/1092ED1452

Carnaval

Poesia nas ruas
Corpos inaugurando belezas
E um mero espectador, noturno,
à janela do apartamento.
Carnaval poesia,
num tempo novo
De amores e proezas.
Enquanto a terra ainda gira,
renovando sua cota de tristezas.
Mas o bloco não para
desce a rua
toma a praça
abre o peito
ganha voz.
E o olhar mortiço,
Já seco de lágrimas,
Acompanha de longe o bloco
E aguarda.

Promessa

Fome de gozo
Me evapora.
Sou etéreo, imaterial,
Transcendo
A urgência da carne.
Até que lábios vivos
Úmidos
Me tomem de assalto.
Nesse olhar enviesado
Perco toda a substância
É um sorriso inteiro
Escondido
Numa promessa de desejo.
Foi-se a pretensão à transcendência,
Foi-se a linguagem, suplantada.
Não mais é preciso ser etéreo.
E ainda assim já me basta
A promessa.

Febre

A madrugada anuncia outras mortes.
Minúsculos falecimentos
Fremidos, sofrimentos
Ferinos mas doces tormentos.
E o olho vermelho pulsa
Lacrimeja
Fere a treva
Telúrica, a alma
Se exaspera.
Quer ser sonho,
Fôlego suave,
mas fraqueja.

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Dimensões do nada

Passenger: Let Her Go


Com as pontas dos dedos tateio o vazio. Sinto com eles a dimensão da minha tristeza. Meus olhos neste momento de pouco adiantam.
Sozinho, no escuro, tentei recolher meus pedaços, em vão. Nas milhares de variações do verde que seus olhos revelavam, muitos de meus estilhaços se perderam. Irremediavelmente quebrado, deixei que o lamento escorresse por minhas rugas, finos caminhos de nada.
Não sei ao certo o que houve. Um pouco da tristeza que foi tomando forma, um talho de amargor, uma partícula de descaso. Talvez a crescente consciência de minha inadequação.
Ou simplesmente não foi amor. Não queria que ela partisse, mas nada pude fazer. E agora só me resta, no escuro, desmedir o enorme vazio que ela deixou.

sábado, fevereiro 14, 2015

Olhai

Olhai os pássaros do céu...
Olhai os lírios do campo...
Eles não semeiam nem colhem,
Eles não tecem nem fiam,
Mas morrem.

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Desafios do Amor - um pouco de cada um

Uma jovem descobrindo o que há de mais precioso para ela. Uma família que vê diante de si uma enorme barreira. Um caminho tortuoso em busca de identidade e aceitação.
Esses são alguns dos quadros abordados por Thaís Silveira Venzel em seu romance de estreia, Desafios do Amor. Logo no início somos apresentados à protagonista, Anne, que é também a narradora.  Uma jovem doce, séria e bastante comprometida com a família e os estudos. Até que uma série de acontecimentos farão a jovem encarar o amor em suas facetas mais dolorosas.
Algo importante a ser destacado na obra de Thaís Venzel é sua capacidade de criar personagens factíveis, capazes de sentimentos reais. Acompanhando os percalços da narradora, é possível ao leitor sentir-se na pele dela, testemunhando suas esperanças e decepções, num tom confessional quase íntimo.
Assim, é importante destacar a forte carga de veracidade que permeia o romance. Anne é uma pessoa real, simples, que passeia pelos lugares conhecidos de qualquer morador de Belo Horizonte, passa por problemas reais com reações também reais. E o que poderia ser uma narrativa dramática e exagerada mostra uma bela carga de equilíbrio, escapando de moralismos e soluções simples.
Com um texto equilibrado, bem escrito e muito cativante, Desafios do Amor certamente será uma ótima leitura para quem deseja algo mais do que um simples passatempo. Um romance comovente e acima de tudo sincero.

Desafios do Amor
Thaís Silveira Venzel
ISBN: 9788579539282
Ano: 2013 / Páginas: 136
Idioma: português 
Editora: VirtualBooks

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Blues e os olhos de um gato

Enquanto viajo por notas bemóis, ele brinca por perto. Rola sua pequena bola com a diligência e a concentração de um oleiro. Sua brincadeira traça caminhos sinuosos pelo chão do apartamento. 
Por vezes o pego observando-me. Olha para mim como se me conhecesse mais do que a mim mesmo. E até mesmo isso ele parece perceber.
Agora está mais calmo, mas momentos antes ele lançava miados desconsolados. Minha atenção, meu carinho, minha voz, nada disso parecia suficiente.
Então, coloquei Bessie Smith para tocar e quase pouco depois ele se calou. Parece distraído, mas acho uma coincidência quase mística que a voz forte de Bessie tenha ocupado o lugar de seus lamentos. É como se até ele mesmo soubesse que uma boa voz não tem concorrência. Ou de repente, ele apenas esteja imerso nas recordações de uma de suas outras seis vidas, talvez a menos felina delas.

Originalmente escrito para o Facebook em 23/01/2015.

sábado, fevereiro 07, 2015

Pequenos Milagres

Créditos: Fundação Municipal de Cultura

Ela se chama Ana Clara, quatro anos. Ele, com dois, se chama Davi. Nós três embarcamos na jornada de Pedrinho pelo mundo da cultura popular. Ao final da viagem, eles ainda não estavam satisfeitos. Davi fez questão de guardar pra mim a cesta de lápis de cor. Ana Clara queria mais histórias. Davi também. Contei pra ele a história da menina que deu uma mordida na lua. Quando já era hora de partir, Depois que os dois me disseram obrigado, depois de dizerem "Tchau Samuel" umas dez vezes, Davi olhou pra cima e gritou: "Obrigado, Biblioteca!" enquanto Ana Clara acenava e dizia: "Tchau, livros!"
Esse maravilhoso relato aconteceu no dia 17 de julho de 2014. E a cada dia sou surpreendido com outros pequenos milagres. Por isso, eu também digo: Obrigado, Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH!

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Atividades de Fevereiro na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH

Olá, pessoal! Fevereiro começou e resolvi compartilhar aqui as atividades em que atuarei nesse mês.

Roda de Leitura
Encontro para estudos sobre leitura e literatura infantil e juvenil, bem como prática de leitura em voz alta. Com Wander Ferreira e Samuel Medina.
Aberto a novos interessados.
Públicos: juvenil e adulto (mediadores de leitura, educadores e interessados em geral)
Dias 4, 11 e 18 de fevereiro, quartas, às 9h30.
Dia 25, quarta, às 9h30 – Roda de Leitura Aberta ao Público.

Encontro semanal de contadores de histórias
Reunião para seleção e pesquisa de textos literários, exercícios de narração e trocas de vivências. Com Samuel Medina e Érica Lima.
Aberto a novos interessados.
Dias 6, 13 e 20 de fevereiro de 2015, sextas, às 9h45.

AOS SÁBADOS

Dia 7 – Aniversário de 24 anos da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil
Palestra O escritor independente
A atividade pretende traçar os percalços e desafios enfrentados por autores iniciantes para ingressarem no mercado literário.
Público: Geral
Vagas: 60
Às 11h30
 
Dias 7 e 28
Manhã Encantada
Um encontro marcado com a Fantasia. Através da leitura compartilhada, o leitor será convidado a reencontrar as narrativas tradicionais, como as fábulas e os contos de fadas. Com Samuel Medina.
Público: Geral
Vagas: 60
Às 10h

Dia 14
Cantinho do Leitor: Stephen King
Um bate-papo sobre um dos autores mais influentes na literatura contemporânea, com diversas obras adaptadas para o cinema. Atividade voltada para fãs da obra desse escritor, bem como para interessados.
Às 10h30

Folia de Histórias
Leitura compartilhada e narração de histórias carnavalescas ou inspiradas no Carnaval, com foco nas estripulias e confusões que as personagens criam entre si. Com Samuel Medina.
Às 11h30

Dia 28
Oficina Registre seu Livro
A oficina propõe orientar autores iniciantes sobre os procedimentos necessários para o registro de textos literários no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional. Com Samuel Medina
Público: juvenil e adulto (autores iniciantes)
Às 10h

Quem quiser conferir a programação completa da BPIJBH, basta clicar aqui: http://www.bhfazcultura.pbh.gov.br/

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Aniversário de 24 anos da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH



No próximo dia 7 de fevereiro de 2015 a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH completará 24 anos de leituras.

Abriremos as festividades às 10h da manhã com uma descontraída atividade de leitura compartilhada, chamada Manhã Encantada. Foram selecionadas duas belas narrativas para envolver a criançada.

Em seguida, às 11h30, terá início a palestra O Escritor Independente. Nela serão apresentados os percalços e desafios que enfrenta aquela pessoa que deseja se lançar no mercado literário sem o aval de uma editora ou de um agente literário.

Conto com o apoio de todos na divulgação destas atividades, para que o próximo sábado seja inesquecível na história da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH!




Mais informações: http://www.bhfazcultura.pbh.gov.br/

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

A Cidadela - Parte IV de IV

Ir para A Cidadela - Parte III de IV

 Uma presença inegável respondeu como algo que invadia sua mente qual uma onda. Lorguth atendia ao seu chamado com uma vivacidade incrível. Da lâmina emanavam sentimentos muito próprios, mas era difícil para Seridath identificá-los, distingui-los dos seus próprios sentimentos. Mais uma vez o rapaz teve medo. Temeu ser subjugado. Lembrou-se então da vergonha que sentira quando a espada não funcionou. Aquilo tudo era parte do teste e, para ser aprovado, ele precisava dominar sua arma, fazê-la erguer suas vítimas para que elas novamente lutassem por ele.
O rapaz levou um bom tempo para conseguir separar os seus pensamentos dos de Lorguth. Quando sentia cansaço mental por causa do exercício, deixava de tocar a lâmina para conseguir certificar-se de seu próprio eu. Mas logo ele já conseguia identificar a presença da consciência da espada junto à sua própria. Percebeu que Lorguth transbordava volúpia. Ela havia impulsionado a querela contra Balgata e o desprezo contra Aldreth. Talvez ela o tivesse impelido a ingressar na Companhia. Até aquele momento, o rapaz não fizera nada mais do que obedecer aos impulsos caóticos de sua companheira.
Outro sentimento forte na lâmina era uma euforia quase pueril. Lorguth não estava interessada no sangue dos homens dentro da cidadela. Ela ansiava provar o sangue de algo maior, mais forte. Seridath sentiu uma palavra surgir involuntária em sua mente: “Tominaro”. O guerreiro surpreendeu-se, desconhecendo o significado dessa palavra. Mas havia também outra coisa, a expectativa de um encontro. A espada transmitiu a Seridath que havia um ente incrivelmente poderoso naquele exército de mortos. Talvez mais de um.
Aquilo era um problema para Seridath. Balgata e os outros esperavam que ele cumprisse sua parte no assalto. O guerreiro precisava invocar os servos de Lorguth antes que a caravana chegasse à cidadela. Ele acreditava que todos os entes vivos que fossem mortos pela sua espada deveriam tornar-se como aqueles dois monstros que surgiram em Keraz. Na verdade, deveriam ser três, o número de vítimas que Seridath fizera em sua primeira luta. E se suas suposições estivessem corretas, os argros e as criaturas mutantes engrossariam suas fileiras.
Se três monstros fizeram aquele estrago em Keraz, as novas vítimas seriam uma temida força, e Seridath contava com isso. O plano era simples: Balgata e alguns homens teriam que segurar os portões abertos até que os servos invadissem e matassem qualquer inimigo, poupando somente quem estivesse desarmado. O capitão parecera vacilante na adoção a esse plano, mas as opções de que dispunha eram realmente escassas.
Enquanto Seridath estava imerso em sua luta pessoal com Lorguth, os sobreviventes se preparavam para dar início ao plano para tomar Arnoll. Balgata ainda lançou um olhar para trás, para o interior do bosque, esperando que sua escolha não os condenasse. Era um risco que estava disposto a correr.

Nas entranhas do bosque, Seridath continuava a fazer suas descobertas, como que mergulhado em profunda meditação. O jovem começava a distanciar-se da realidade sensível e física, para penetrar em uma densa escuridão. Lentamente ele começou a perceber que agora era a espada que o conectava ao mundo real. Deixou-se levar, ainda que com cuidado, por esse caminho escuro, penetrando em trevas profundas.

Continua em O Assalto - Parte I de III

domingo, fevereiro 01, 2015


Adoro o grito dos gatos.
Reúnem desespero e dignidade.
E enquanto não posso gritar como eles,
Tranco a boca e sonho.

25 de janeiro de 2015, às 19:27.