Mostrando postagens com marcador Animação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Animação. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

Dorohedoro - 1a Temporada

Fonte: Netflix

Um homem com cabeça de lagarto não tem memória e busca de todas as formas recuperar o que perdeu, tanto sua forma original quanto a memória perdida. Vivendo em um mundo sujo e sombrio, ele enfrenta perigos com suas duas facas afiadas e sua força descomunal.

Dorohedoro  é um anime de ação e aventura, com motivos de terror. Ele conta a história de Caiman, um homem com cabeça de lagarto, que caça feiticeiros, sem busca daquele que o tornou daquele jeito. Caiman conta com a ajuda de Nikaido, uma cozinheira e lutadora. Há outras pessoas que o ajudam, como o médico do hosptial que cuida de pessoas vítimas de magia.

Eles moram no Buraco, um lugar feio e sujo, caótico e distópico. Os feiticeiros saem de seus mundos por portas mágicas para usar seus feitiçõs nos humanos, moradores do Buraco. Muitas são suas vítimas, que costumam ficar desfiguradas.

É um anime bem caótico e disruptivo. O mundo dos feiticeiros é repleto de demônios e referências infernais. Há cruzes de cabeça para baixo em igrejas onde demônios são cultuados. É uma forte carga de ironia na animação.

Cada feiticeiro é especializado em um tipo de feitiço. En, o figurão do mundo dos feiticeiros, transforma seres vivos em cogumelos. Ele é dono de várias empresas e dispõe de muita fama. Tem como inimigos a gangue dos olhos cruzados, que vende um pó preto que pode aumentar temporariamente o poder dos feiticeiros. 

Para eliminar os membros da gangue, En conta com Shin e Noi, dois "faxineiros", ou matadores profissionais que atuam de forma implacável e brutal. Cada um deles tem sua história e suas motivações pessoais. Shin e Noi são incrivelmente fortes, dando grande trabalho para Caiman e Nikaido.

Por último, temos a dupla Fujita e Ebisu. Fujita é um feiticeiro pé-de-chinelo que busca vingança contra Caiman, por este ter matado seu melhor amigo, Matsumura. Já Ebisu tem o poder de transformar seres vivos em répteis. Ela foi atacada por Caiman e saiu gravemente ferida, com um trauma que afetou sua memória e intelecto.

Dorohedoro tem outras personagens, que vão surgindo e tornando a trama ainda mais caótica. O mundo dos feiticeiros é rico e complexo, sendo um contraponto ao Buraco, com sua feiura e decadência. E muita coisa fica sugerida, muitas são as perguntas. Quem é o cara que aparece dentro da boca de Caiman, sempre que ele abocanha um feiticeiro? Qual a verdadeira identidade do homem-lagarto? E Nikaido, quais são suas reais motivações?

Esta é uma adaptação do mangá homônimo da autora Q Hayashida

Com uma animação primorosa e muita ação, Dorohedoro é um anime interessante e imersivo. Uma excelente escolha para quem quer se divertir e não tem medo de uns diabinhos e um monte de sangue.

segunda-feira, setembro 18, 2023

Capitão Fall celebra a discórdia, a maldade e a estupidez



A sexy e letal Liza Barrel tem um problema. Coordenando uma operação criminosa à bordo de um cruzeiro, ela precisa encontrar um bode expiatório perfeito para ser responsabilizado por todas as atividades ilegais sob sua autoridade. Já tentou vários excelentes capitães de cruzeiro, mulheres e homens talentosos que foram por fim presos e misteriosamente se mataram na prisão. Agora, ela procura alguém com o mínimo de qualidades. Uma espécie de anti-capitão, o pior aluno da história de todas as escolas de comando de cruzeiros.

Capitão Fall, animação da Netflix tem uma premissa simples: Jonathan Fall serve de testa-de-ferro para as operações criminosas comandadas pelo sombrio Sr. Tyrant e sua equipe. Fall é um fracassado capitão de cruzeiro e aproveita ingenuamente a oportunidade de comandar um cruzeiro.

Fall é estúpido, mas não apenas isso. É claramente uma pessoa com deficiência cognitiva. Espertos, apenas os vilões. Até mesmo a polícia da unidade especial que investiga os atos criminosos que ocorrem no cruzeiro Rainha do Caribe é estúpida e obtusa. 

A narrativa não faz muito sentido em certos pontos se levarmos em consideração que todas as personagens são odiosas e estúpidas. A própria Liza Barrel, interesse romântico de Jonathan Fall, por vezes parece querer matar envenenado o protagonista, por vezes parece comovida com o tratamento que a família do capitão dava a ele. Porém, ela não parece, em momento algum, comovida ou arrependida pelos atos monstruosos que encabeça junto com Pedro, Nico e os demais capangas do Rainha do Caribe.

A animação é extremamente violenta. Talvez seu trunfo seja a ironia. Porém, eu sinceramente não quero viver em um mundo em que sejam possíveis as atrocidades operadas em Capitão Fall.

sexta-feira, maio 22, 2020

Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo - Para aqueles que ainda virão

Em um dos primeiros momentos do curso Infâncias e Leituras, tive a oportunidade de assistir mais uma vez ao filme Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo (The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore). Já de início afirmo que sempre encaro com entusiasmo as oportunidades de assistir a esta animação, tão singela e preciosa, que não raro arranca lágrimas de meus olhos.

Este filme é um dos mais incríveis que já assisti. Foi maravilhoso poder vê-lo novamente. Trata-se de uma narrativa fantástica, com alto grau de simbolismo e que apresenta uma narrativa muito clara e bem amarrada. Nela, Modesto Máximo (Morris Lessmore) é arrancado de sua vida comum e de suas palavras por um desastre que desarrumar todo o seu mundo. Suas cores são perdidas, sua voz é silenciada, o livro que representa a sua vida perde as palavras e se torna vazio.
O que parecia não ter conserto logo se mostra repleto de possibilidades. Modesto encontra um livro que o leva a uma casa de livros. 

Enquanto trabalhei na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, gostava de brincar com os livros como se estes fossem pássaros. Creio que eu tenha sido inspirado pelo filme. Ou talvez a analogia já estivesse em mim há mais tempo. O fato é que o filme usa dessa metáfora, ao mostrar os livros voando, com suas páginas abertas.

Apenas o livro da vida de Modesto Máximo não voa. 

A imagem dos diversos livros, de várias formas e tamanhos, adejando graciosamente é um espetáculo à parte. E justamente um desses livros passa a fazer o papel de companheiro de Modesto.

Não vou adiantar muita coisa do filme, pois acho que assisti-lo sem muitas informações preliminares, descobri-lo com um primeiro olhar é uma aventura ímpar a meu ver. Portanto, peço que só leiam os próximos parágrafos quem já tiver assistido ao filme.

Achei muito interessante que o livro que levou o protagonista para a casa dos livros não foi o mesmo que guiou a garotinha ao final da narrativa. Ou seja, cada um de nós tem o seu livro, aquele que podemos chamar de completamente nosso. O livro que nos apresenta aos demais, que nos encanta pela primeira vez. 

Também foi lindo observar que o senhor Modesto Máximo não foi embora sem antes deixar um pedaço de si, uma parte de sua história, ou toda a sua história. Seu livro agora havia ganhado vida, passando a ser mais uma das entidades encantadas que voavam pela casa dos livros. 

Da mesma maneira, somos convidados, pela leitura e pela escrita, a deixar nossas marcas, nossas pegadas através das palavras e traços, como nosso testemunho para aqueles que ainda virão.


sexta-feira, setembro 25, 2015

Uma surpreendente viagem a um mundo de sombras


Algumas animações são como um profundo mergulho em um reino de quimeras. E recentemente, passei por uma dessas terríveis e maravilhosas experiências. Estava na Biblioteca conversando com minha amiga Lara, quando descobrimos que gostamos dos mesmos desenhos animados. Por indicação dela, quase que uma intimação, fui levado a conhecer a animação Over The Garden Wall.
Criada por Patrick McHale para o Cartoon Network e contando com apenas dez episódios, a animação apresenta os dois irmãos Wirt e Greg que estão perdidos em uma floresta sombria sem saber como lá teriam chegado. Encontrando diversos personagens bizarros e enfrentando situações nonsense, os dois meninos buscam o caminho de casa.
Uma das características mais legais desse trabalho é justamente sua concisão. Uma narrativa gostosa e pungente se desenvolve naturalmente, sem longas explicações. O texto todo está no campo do implícito, da sugestão onírica. E a própria música de introdução mostra esse jogo de absurdos, enquanto imagens como a de um peixe a pescar em um pântano ilustram a bela melodia.
Outro ponto muito positivo da série é justamente o arranjo melódico. São canções ora melancólicas, como a da intro, ora leves e divertidas, como aquela que Greg canta enquanto mistura purê de batata com melado, no refeitório de uma escola repleta de filhotes de animais vestidos com roupas humanas. O detalhe é que, apesar da postura e das roupas, nenhum desses filhotes realmente fala, embora estejam sendo ensinados a ler e escrever nessa inusitada escola no meio da floresta.
Há muitos outros momentos da narrativa em que situações absolutamente absurdas vão se delineando para o espectador. E nesse absurdo sua beleza se revela, como a curtíssima melodia do assaltante (The Highway Man). 
E assim chegamos ao terceiro ponto positivo da animação: a primorosa dublagem. Inclusive em português. As melodias foram traduzidas de forma que se buscasse perder o mínimo da essência da versão original. Logicamente, recomendo que os mais interessados assistam tanto a versão com dublagem nacional quanto a original. Ambas são maravilhosas.
Assim, como uma jornada por terras imersas em bruma, Over The Garden Wall é uma experiência ímpar, repleta de sombras e mistérios, além de perigos e belezas.