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sexta-feira, dezembro 03, 2021

O mistério da sala secreta - Aventura e humor na dose certa



Júlia e Gabriel são amigos inseparáveis. Ela é corajosa e extrovertida. Ele é bem humorado e estudioso. Esses dois jovens de 12 anos estudam na Escola Municipal Maria Quitéria de Jesus, que está em vias de ser fechada. Júlia está inconformada, principalmente porque a escola em que estuda tem excelente qualidade no ensino e isso pode impactar seu futuro. Ela não teria condições financeiras para pagar passagem para uma escola no centro da cidade. Por isso, tudo indica que será transferida para a mal afamada "escola da pracinha".

Enquanto Júlia parece fadada a estudar em uma escola que não quer, Gabriel, aluno brilhante, tem chance e condições de estudar em uma instituição melhor. Por isso, não se sente tão afetado pelo fechamento do Maria Quitéria. Mas com isso ele será separado de sua grande amiga.

A aventura de ambos começa quando, numa feira da escola, Júlia e Gabriel ficam conhecendo quem foi Maria Quitéria de Jesus, a mulher que emprestou seu nome à escola. Ficam também sabendo da lenda de que a escola teria uma sala secreta, acessível apenas aos corajosos e merecedores.

Curiosa, Júlia arrasta Gabriel para uma busca pela verdade. Sem que saibam, essa aventura poderá mudar a vida não apenas deles, mas de todas as pessoas que estudam e trabalham na Escola Municipal Maria Quitéria de Jesus.

Esse romance juvenil de mistério foi uma leitura agradável e gostosa. Júlia e Gabriel dividem o papel de narrar a trama em capítulos alternados. São jovens com suas personalidades distintas que influenciam suas atitudes na trama. Enquanto Júlia é mais assertiva, Gabriel é mais contido. Ela é leitora voraz, mas não muito estudiosa. Já ele é o primeiro da classe.

Outro ponto que me agradou muito foi a descrição das personagens. A cor da pele e os cabelos de Júlia e Gabriel ganham destaque, com os volumosos cachos dela e o black power dele. Suas características físicas são bem marcadas e evidenciadas, o que fortalece a questão da representatividade negra na literatura. Os desenhos de Rubem Filho são primorosos e fortalecem ainda mais essa representatividade. 

Com uma trama cativante e um segredo a ser desvendado, O mistério da sala secreta é uma aventura gostosa e divertida, voltada para jovens leitores de todas as idades.



Ficha Técnica

O mistério da Sala Secreta

Lavínia Rocha

Ilustrações de Rubem Filho

Ano: 2021 

Páginas: 176

Idioma: português

Editora: Yellowfante

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-misterio-da-sala-secreta-11717759ed11729822.html

sexta-feira, março 19, 2021

As lendas de Dandara - Uma heroína nas bordas da História



Dandara é uma figura misteriosa. Descrita como a companheira de Zumbi dos Palmares, pouco se sabe dela. A partir dessa escassez de informações, a escritora e cordelista Jarid Arraes resolveu cercar a heroína de magia e dar-lhe o caráter épico que ela merece. Assim, nascem As lendas de Dandara.

Com um ar mítico, a narrativa nos leva pela vida de Dandara, desde seu nascimento até sua "morte", ou melhor, seu retorno à essência divina. A protagonista desse romance juvenil é uma mulher determinada, destemida e cercada de um poder transcendente. Dandara é uma figura de muita força e com um talento nato para a guerra.

Ao ler a obra de Jarid Arraes, encontrei elementos muito interessantes. O primeiro é a origem de Dandara. Filha de Iansã, Dandara foi concebida pela iabá* como enviada para a libertação do povo negro, que se encontrava escravizado. Assim, a personalidade de Dandara foi sempre a de guerreira, de mulher questionadora e inventiva. A ausência da figura masculina na concepção de Dandara é emblemática, pois assim ela se coloca como uma figura divina, da encarnação da vontade de Iansã, da personalidade guerreira da poderosa iabá.

É importante destacar que a narrativa não assume uma perspectiva histórica. Apesar de haver um elemento biográfico, marcado por fatos históricos (afinal, é a vida de uma pessoa histórica), a autora e narradora faz questão de construir uma trama épica, com heroísmo e fantasia. Um dos pontos de destaque nessa construção está na própria personalidade de Dandara, como uma enviada divina, com a missão de liderar o povo negro na luta contra os escravocratas e na proteção do poderoso quilombo de Palmares.

Outro elemento que me chamou atenção foi como Dandara foge aos padrões físicos que cercam o imaginário contemporâneo. No lugar de uma figura esguia e esbelta, temos uma mulher de quadris largos e membros grossos. Uma mulher que no seu corpo também desconstrói os padrões dominantes.

Não posso deixar de comentar também que há uma pitada de romantismo no livro. Apesar de coadjuvante, Zumbi dos Palmares recebe algum destaque, principalmente em suas conversas com Dandara, nos encontros amorosos dos dois e na exigência da guerreira pelo merecido reconhecimento de suas capacidades como líder do exército de Palmares.

Com muita ação e heroísmo, apresentando uma Dandara que, embora divina, também não deixa de ser humana, As lendas de Dandara aparece como uma obra seminal, importante para a construção de um outro imaginário, com a importante mensagem de que um outro mundo é possível. E que uma outra História também precisa ser contada.

* Feminino de orixá.


Ficha Técnica:

As lendas de Dandara

Jarid Arraes

ISBN-13: 9788529301945

ISBN-10: 8529301943

Ano: 2016 

Páginas: 128

Idioma: português

Editora: Editora de Cultura


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/as-lendas-de-dandara-517636ed639273.html

quarta-feira, abril 15, 2020

Reflexões sobre leitores e leituras

Trabalho ativamente como mediador de leitura há quase dez anos. Existem duas dimensões quando falamos dessa mediação. A primeira, é a dimensão prática, o trabalho diário com os leitores. Já a segunda é a dimensão reflexiva. Pensar nossa atuação como mediadores é fundamental para o desenvolvimento de estratégias cada vez mais eficazes. 

Dessa forma, é importante refletir sobre o objeto de nossa atuação. O que a leitura representa para nós? Existe a conceituação acadêmica, mas para mim, a leitura também atravessa aspectos afetivos e identitários. Pensar a leitura também significa pensar em quem sou como pessoa.

Leitura vai muito além de decifrar um texto escrito. Há uma extensa discussão conceitual sobre isso. A meu ver, a leitura é a produção de sentido através da inferência e da interpretação de um texto, relacionando seus sentidos com a bagagem de conhecimento do leitor. 

Sendo assim, cada leitura é única, pois cada leitor também o é. Além disso, um texto pode ser uma sequência de sinais gráficos ou uma tela de cinema, ou uma melodia. Desta maneira, quanto maior nossa bagagem de conhecimento, maior a variedade de ferramentas para enriquecer os sentidos que produzimos ao ler.

É importante que cada leitor valorize e respeite sua trajetória pessoal. O pertencimento e a familiaridade são muito importantes para a construção de um ambiente rico de possibilidades. Acredito que cada experiência e trajetória são valiosas na composição de cada sujeito leitor. As memórias de infância e sua relação com a fabulação propiciam uma disposição para a leitura e para a experimentação de novas narrativas.

Como dito anteriormente, cada leitura é única. Ler um texto novamente se torna uma experiência diferente da leitura acontecida em sua primeira vez. A diversidade de leitores também proporciona a diversidade de leituras. Diante disso, cada mediador precisa manter uma postura de escuta ativa e acolhimento.

Como disse Antônio Cândido, todo ser humano necessita de fabulação. A leitura literária permite esse fenômeno, assim como outras linguagens artísticas. Na literatura, porém, o foro é mais íntimo. A imaginação é estimulada ao máximo. Na leitura literária, o leitor não apenas adquire vocabulário e conhecimento. Ele adquire experiência sinestésica e cultiva a empatia pela diferença.

Ainda parafraseando Antônio Cândido, se a literatura é uma necessidade básica, ela também é um direito inerente ao ser humano. Garantir a cada pessoa o acesso ao universo literário é garantir um mundo um pouco mais justo.

Por fim, o mediador precisa se apresentar como alguém acessível, empático, disposto a aprender com seu público, a construir junto uma trajetória de leitura. Ao mesmo tempo, ele precisa se comprometer com a pesquisa, com a busca por novos horizontes literários, de forma a apresentar ainda mais possibilidades a cada um de seus leitores.

Atualização de 25/04/2020 - Caso alguém tenha ficado em dúvida quanto ao termo "leitura literária", esclareço que se trata da leitura para além de seu aspecto puramente pragmático, não se resumindo apenas à decodificação de sinais linguísticos, mas também  um exercício estético de apreciação da literatura, devaneio da imaginação e da fruição poética.

segunda-feira, agosto 26, 2019

Semana Literária em Miguel Burnier

A estrada me chamou cedo naquela sexta-feira. Encontrei minha amiga Norma de Souza Lopes no Centro de BH, quase em frente à Praça da Estação. Na van, além de nós dois e o motorista, estavam também os artistas da Companhia Fusca Azul. Nosso destino era Miguel Burnier, um bucólico distrito de Ouro Preto. Era manhã do dia 5 de julho de 2019.

Seguimos caminho, passando por estradas de terra. A estação ferroviária, transformada em espaço cultural, nos aguardava entre montanhas.

Passeamos por lá, brincando entre os trilhos onde já não passam trens. A antiga estação, que esteve em ruínas, agora era um lugar bonito de se ver, com biblioteca e sala de oficina. Lá eu conheci o casal Marco Antonio e Karine, realizadores do 9o Festival Cultural de Miguel Burnier. E não apenas isso. Através deles eu soube da história de revitalização da estação ferroviária e o trabalho frequente em compartilhar cultura junto aos moradores do distrito. 

Após o café da manhã, tivemos uma palestra com a Norma, que falou de sua experiência como articuladora de leitura na rede municipal de ensino de BH. Fui convidado por ela para realizar algumas leituras e falar um pouco de minhas escolhas literárias.

Tivemos uma pausa para o almoço, quando pudemos curtir um momento de convivência e estreitar os laços.

Em seguida, tive o privilégio de dividir com a Norma uma apresentação de narração de histórias na biblioteca da estação ferroviária. Alternamos nossas  atrativas e conversamos com as crianças, que participaram e se encantaram.

Para abrilhantar ainda mais o dia, assistimos o espetáculo da Companhia Fusca Azul, com uma série de histórias do kit literário de BH.

Partimos Miguel Burnier com a alegria de termos feito parte dessa história. Deixamos lá nossas marcas e sabemos que fomos também marcados por esse dia inesquecível. 





sexta-feira, julho 26, 2019

Uma vez - Experiência, esperança e o poder da palavra

Por vezes, achamos que um determinado tema se esgotou, de tanto que foi explorado, gerando livros, filmes, documentários, séries e outras obras artísticas. Em outros casos, porém, um tema parece inesgotável. 

Um grande exemplo disso é o chamado Holocausto. Existem inúmeros trabalhos abordando esse terrível acontecimento, de monumentos a obras cinematográficas. E ainda assim, sempre parece haver um novo prisma a ser lançado sobre o tema.

Talvez a profundidade do impacto desse acontecimento acabe por gerar em nós o sentimento de urgência em lembrar dele, para que o mesmo não se repita, embora isso pareça quase inevitável.

O romance juvenil Uma Vez 
P pode ser um bom exemplo de tal afirmação. Inspirado em cartas de crianças judias que passaram pelo Holocausto, o livro de Morris Gleitzman é narrado por Félix, um garoto judeu que foi deixado pelos pais em um orfanato na Polônia ocupada pela Alemanha nazista, com a esperança de que ao menos ele sobrevivesse. 

Filho de livreiros judeus, Félix vive a relativamente tranquila rotina no orfanato, tendo como válvula de escape as histórias que inventa para si mesmo e registra em seu caderno. Suas narrativas, sempre inventivas e ingênuas, contam com seus pais como protagonistas em aventuras mirabolantes. O menino espera que logo quando possível seus pais irão buscá-lo e interpreta qualquer coincidência como um sinal secreto de que eles estão para chegar.

Tudo muda quando Félix presencia um grupo de militares nazistas queimarem livros. Acreditando que os nazistas são bibliotecários inimigos de livreiros judeus, o garoto decide que precisa salvar seus pais a qualquer custo.

Tem início então uma penosa jornada de um menino em uma terra hostil e violenta. O enredo não poupa o protagonista e o texto mostra o amadurecimento forçado de uma criança que vê suas fantasias serem destruídas com a mesma violência que os nazistas praticavam contra os judeus, com a anuência da população em geral.

Félix, porém, é um contador de histórias. As palavras são fundamentais para dar sentido a seu mundo. Ele precisa delas para viver. Em certos momentos, é delas que ele se vale, mesmo contra a sua vontade. 

Apesar da crueza dos acontecimentos, há um toque de esperança através da fabulação de Félix. Algo que funciona para literalmente afastar a dor. A sua capacidade de contar histórias e criar aventuras provê seu sustento e de outras crianças.

Mesmo ao chegar ao momento mais sombrio de seu percurso, o menino ainda consegue, através do sonho, acreditar no futuro. Ele entende que somente assim conseguirá vencer o medo. Com o poder das palavras, Félix nos mostra que  a experiência, sem esperança, de nada vale.

Ficha Técnica
Uma Vez
Morris Gleitzman
Ano: 2017
Páginas: 160
Idioma: português
Editora: Paz & Terra
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/uma-vez-676858ed679011.html

terça-feira, julho 23, 2019

Video: Patos Selvagens

Há muito tempo eu precisava compartilhar aqui no blog o vídeo em que eu falo do meu livro Patos Selvagens. Portanto, aproveito este post para isso. Assistam abaixo:


Sinopse:

Há muitos mistérios sobre um lago assombrado pela imagem de uma bela jovem. Quando Nerito, um corajoso aventureiro, passa a se envolver com este enigma, decide lançar-se em busca de respostas. Qual será o seu destino? Acompanhe Nerito nesta emocionante jornada.

Perfil do livro no Skoob; http://www.skoob.com.br/patos-selvagens-396681ed449123

Quem tiver interesse em comprar o livro, pode clicar aqui: http://rhjlivros.com.br/

sexta-feira, julho 05, 2019

A extraordinária jornada de Edward Tulane - Uma odisseia de amor

O que é o amor? E o que significa a ação de amar? Como saber que amamos de fato e somos correspondidos? Além disso, como saber se merecemos ser amados? Afinal, existe merecimento para o amor?

Perguntas como estas nunca haviam passado pela cabeça de Edward Tulane. Ele era um coelho de porcelana, então muitos podem achar que ele não pensava, o que não é verdade. Edward tinha opiniões muito sólidas, principalmente sobre si mesmo.

Dono de uma vaidade tão extensa quanto o próprio guarda-roupa, Edward foi feito sob medida para a garotinha Abilene. E seus dias se resumiam a uma maravilhosa convivência com uma menina que simplesmente o adorava. Contudo, Edward não se importava muito com isso, tão ocupado estava pensando em si mesmo e em como ele era especial. Até que um fortuito incidente o lança contra a vontade em uma longa jornada de sacrifício e descoberta.

Assim tem início A Extraordinária Jornada de Edward Tulane, romance de Kate DiCamillo. A narrativa é mantida o tempo todo a partir de um objeto inanimado - o coelho de porcelana Edward. Uma premissa como esta poderia resultar em um romance tedioso.

Não é o caso do texto de Kate DiCamillo. Trata-se de uma narrativa equilibrada e cativante. O talento da escritora é incrível, pois sustenta seu enredo com os pensamentos e sentimentos do protagonista. Ele é um ser senciente, mas não pode se mexer, estando totalmente à mercê de todos à sua volta.

Desta maneira, DiCamillo elabora uma delicada alegoria sobre nós mesmos diante do mundo e como em diversos momentos estamos totalmente fora do controle de nossas vidas, precisando depender totalmente de outras pessoas - até mesmo estranhas.

Outro ponto fundamental na narrativa está na propensão inata de algumas pessoas para o amor, e como essa propensão se revela no cuidado despretensioso. 

É muito importante destacar que este é um livro dramático. A jornada de Edward é extraordinária tanto pelo que tem de bom quanto de mal. E quanto mais estamos envolvidos na leitura, mais vulneráveis estaremos para sofrer junto com o herói.

Com um texto inventivo e envolvente, este romance é um convite a refletir sobre o Amor e sobre como cada pessoa que encontramos em nossas vidas nos muda de maneira irreversível. 

Ficha Técnica 
A Extraordinária Jornada de Edward Tulane 
Kate DiCamillo 
Ano: 2007
Páginas: 216
Idioma: português
Editora: WMF Martins Fontes
Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/livro/132650ED147142

segunda-feira, maio 06, 2019

Renovando os caminhos e as ideias para a Mediação da Leitura

No dia 27 de abril de 2019, sábado, estive no Museu de Artes e Ofícios para participar do curso "E agora, o que fazer com a mediação de leitura e a formação de leitores?".

Ministrado por Aparecida Soares Carneiro, o curso foi um momento muito especial. A mediadora buscou integrar os participantes e, ao mesmo tempo, tirar cada um de nós de seu lugar de conforto. Fomos estimulados a refletir na ideia que temos de leitura literária e de sua mediação, construindo uma teia de significados a partir de nossas vivências e valores.

Alternando sua palestra com atividades dinâmicas, Aparecida nos levou a ficar em movimento, estimulou nossos sentidos, em especial nosso olhar, de forma que pudéssemos refletir sobre nossas visões e paradigmas. Desta forma, fomos convidados a repensar nossa ação como mediadores e, sobretudo, como leitores.

Tivemos um importante momento para que cada um de nós apresentasse seu trabalho e sua experiência. Assim, foi possível conhecer os projetos da Ong Casa da Árvore (BiblioArteLab, Instagram do projeto, ebook Caderno BiblioArteLab), realizados por Aluísio Cavalcante, com ações de mediação de leitura junto a jovens. Conhecemos a iniciativa de biblioteca literária realizada dentro da empresa Tambasa, por Juliana Marques. Conhecemos a experiência em ensino de Jovens e Adultos de Andréia Silva.  Por fim, fomos apresentados à consultoria em Projetos Educacionais, proporcionada por Patrícia Rocha, através da empresa Letra Pê.

Eu tive a oportunidade de falar acerca da minha experiência na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil. Mencionei as oficinas de Mediação de Leitura que realizei no âmbito da Fundação Municipal de Cultura, em especial a Oficina Livro-Minuto. Ao fazer referência sobre minha atuação como contador de histórias, tive o privilégio de narrar a história Uma questão de interpretação, da tradição oral italiana.

O curso chegou ao fim, mas todos estávamos animados e sedentos por mais. Eu senti minhas forças renovadas. Foi um momento marcante de construção de uma rede pautada na mútua admiração e no ideal comum de construir um futuro mais inclusivo e justo.

quarta-feira, maio 10, 2017

Um dia mágico



Biblioteca é um lugar de histórias. Por isso, de partilhas também. Afinal, a história só acontece quando contada, assim como o livro, quando lido.
Essa condição primordial de ponte, elo, torna a leitura tão poderosa, aproximando as pessoas, permitindo a nós o exercício da empatia, da oportunidade de sentir a dor de outra pessoa. A leitura literária é repleta de potência e nós vivemos para tornar essa potência evidente.
A inauguração do novo espaço da Biblioteca do Centro Cultural São Bernardo trouxe tudo isso à mente, enquanto compartilhava com crianças e adolescentes histórias que tenho guardadas na memória ou nos livros. 
De manhã, para meninas e meninos de 7 a 10 anos, contei "Um herói bem diferente", da Rosane Pamplona, e li "O rabo do rato", da Balbina Oliveira, ambas as histórias são registros de narrativas orais. Encerrei então com o magnífico "Mamãe zangada", de Jutta Bauer.
Ficamos então explorando o espaço, compartilhando leituras e ideias. Um dos livros que as crianças me pediram para ler era de adivinhas, o que envolveu grande parte da turma.
À tarde, recebi uma turma maior, pois eram duas escolas. Adolescentes, com seu ar desafiador e despojado, me olhavam, esperando histórias. Resolvi então contar uma narrativa da tradição oral chamada "Uma questão de interpretação". Apreendi essa história com a contadora Maria Célia Nunes. Em seguida, li "A parte que falta", de Shel Silverstein. O ar introspectivo que dominou os jovens foi então alimentado pelo "Mamãe zangada", única narrativa que resolvi repetir.
Seguimos para a exploração do acervo. Nesse momento, percebi que eles preferiam exercer sua autonomia no espaço, escolhendo suas leituras de forma mais reservada. Continuei à disposição para o caso de alguém pedir uma leitura.
Em ambos os turnos, senti-me muito bem recebido, tanto pelos alunos e professores, quanto pela equipe do Centro Cultural São Bernardo. A todas e todos meu mais profundo agradecimento. Que possamos repetir momentos assim, para descobertas e afetos.

domingo, abril 09, 2017

Leitura #15

Composto por um humor nonsense, este livro apresenta um inusitado pescador.

Baleia #1
Rebeca Prado

Descrição: Dentro de um círculo, céu azul-esverdeado com duas nuvens. Abaixo, duas ondas suaves. Abaixo do círculo, uma âncora.

sexta-feira, março 31, 2017

Perdão, Leonard Peacock - Sobre quem escreve cartas do futuro



Sabemos que a adolescência pode ser uma fase grave na vida de qualquer pessoa. Ainda mais se esse período for passado na solidão e sem o diálogo com os pais. Apesar disso ser um lugar-comum, quase um clichê, ainda se percebe como é urgente a necessidade de um diálogo com os jovens.
Matthew Quick aborda essa questão em seu excelente Perdão, Leonard Peacock. Nele conhecemos Leo, o narrador e protagonista, de cara apresentando o seu dilema: no final do dia matará Asher Biel, um colega de escola. A princípio, podemos pensar que se trata de mais um garoto desajustado e psicótico que passou despercebido até fazer o seu estrago, mas estão vamos conhecendo a vida de Leonard, os terríveis dilemas que o assolam, como a ausência dos pais e a problemática educacional, mesmo quando os professores lutam pelas melhores intenções. Enquanto isso, somos apresentados a um suposto futuro apocalíptico, onde Leonard tem uma família e vive além dos limites.
Há outras nuances no livro, como a admiração por Humphrey Bogart, construída através de horas assistindo filmes ao lado de um vizinho idoso e rabugento, ou a sensibilidade profunda, demonstrada e exercitada ao escutar diariamente os ensaios de um colega violinista, evadido do Irã.
Nenhuma delas é tão marcante, porém, que a relação construída com o professor de Holocausto, Herr Silverman. Ele tem um segredo que intriga Leonard, e a curiosidade é aguçada pela profunda admiração que o rapaz tem por ele. 
Enfim, um livro pungente e interessante, tanto pelo questionamento de Leonard em relação ao presente, quanto pelo interessante olhar sobre um futuro que se esconde em luz e sombras, Perdão, Leonard Peacock é mais que um livro sobre adolescentes desajustados. É sobre crescer, conhecer-se e se transformar.

Ficha técnica:
Título: Perdão, Leonard Peacock
Autor: Matthew Quick
ISBN: 9788580573954
Ano: 2013
Páginas: 224
Idioma: português
Editora: Intrínseca

sexta-feira, maio 13, 2016

Ameaça de 7 cabeças - Dando alimento ao inimigo

Impulsionado pelo surreal momento político que estamos vivendo, resolvi recomendar esse que foi um dos livros mais incômodos que li em minha adolescência. Escrito por Pedro Bandeira, Ameaça de 7 cabeças narra como um único homem colocou toda uma cidade de joelhos por causa de uma ameaça jamais vista. 
O narrador, um homem tão sonhador que pretende vender bolhas de sabão, lança mão de um misto de ingenuidade e ironia o regime de exceção que vai sendo construído enquanto a população, cada vez mais amedrontada, vai cedendo aos desmandos de um autoritário cavaleiro.
Tudo começa com um ESTRONDO. E logo em seguida surge um homem coberto de aço, com uma espada suja de sangue, que começa a contar uma mirabolante história sobre sua terrível luta contra um dragão de sete cabeças. Esse pretenso herói se chama Dom Pendragon, e usa do terror gerado pelo medo desse dragão para que suas vontades sejam atendidas. E aos poucos suas exigências vão se tornando cada vez mais absurdas e autoritárias, rumo a uma verdadeira ditadura.
Lembro-me nitidamente da indignação que me instigava a cada página do livro. Pendragon é o típico "valentão" e usa de sua arrogância para convencer os moradores da pequena cidade de Findomundo a obedecê-lo.
A narrativa é leve e rápida. Além disso, Pedro Bandeira usa de toda a sua habilidade com as palavras para estabelecer um ambiente de humor, tornando leve uma história que na verdade muito tem de sombria. O enredo é alegórico, transcorrendo em um ambiente atemporal, recurso comumente utilizado nos contos de fadas. Porém, o texto foge da idealização, assumindo uma postura crítica, de forma a causar incômodo nos leitores diante da ingenuidade quase criminosa dos moradores de Findomundo.
Novamente, considero importante frisar como esse texto vai de encontro com o momento atual, mesmo tendo sido escrito há tanto tempo. Publicado a primeira vez em 1985, em plena redemocratização, Ameaça de 7 cabeças também recebeu o título de O Poeta e o Cavaleiro e alerta para os perigos do medo irracional e acrítico e como este pode ser usado como arma de poderosos para manipular o povo a abdicar de seus direitos.

Ficha Técnica:
Ano: 1985  
Páginas: 64
Idioma: português 
Editora: Moderna


sábado, abril 30, 2016

Os Portões do Inferno - Uma jornada contra si e o outro

Heróis não nascem. São forjados no calor da batalha. Alguns, inclusive, pouco talento tem para o heroísmo. Envolvem-se em empresas arriscadas pelo simples lucro. Ou por uma glória que se traduza em vantagens sociais ou políticas. Outros simplesmente costumam estar no lugar errado e na hora errada.
Assim são as seis pessoas que foram recrutadas pelo obscuro Ambrosius para evitar que o mundo de Zândia seja engolido pelas trevas. Um cavaleiro desertor, um bardo andarilho de uma espécie em extinção, um guarda-costas recém-caído em desgraça, um elfo subterrâneo (svaltar), um mago originário de um país maldito, um adolescente de mão leve.
Pessoas muito diferentes com propósitos também distintos. Quando de fato há algum propósito. Alguns deles querem apenas sobreviver. E o único caminho diante deles é uma missão arriscada que envolve jornadas em reinos subterrâneos, o embate com seres malignos e a possibilidade de que as diferenças entre os membros do grupo ponham tudo a perder.
É a partir dessa receita de barril de pólvora que André Gordirro constrói sua narrativa. Um texto cru, limpo e objetivo, o que lhe confere um dinamismo e uma agilidades que podem agradar muitos leitores. Um outro ponto interessante na escolha de Gordirro é apostar nos personagens mais desprezíveis da trama. E sua escolha é acertada, valendo-se da atração que tais personagens podem exercer nos leitores atuais.
E por fim, vale destacar também os elementos de combates apresentados no livro. Gordirro busca recursos visuais para oferecer ao leitor o mais fiel relato dos momentos agitados em que a vida de cada personagem está por um fio. Sua tentativa é justamente fazer o leitor se sentir na pele do combatente, sangrando junto com ele, refém da sorte ou do azar, como acontece em qualquer batalha.
Assim, Os portões do inferno, com seu texto enxuto e seus personagens mais próximos o possível do real, apresenta uma ótima proposta de diversão para todos os leitores de fantasia, além de interessados em RPG e temas afins. Uma jornada cheia de percalços, onde o maior obstáculo pode ser justamente o companheiro que luta ao seu lado.

Ficha Técnica:
Os Portões do Inferno
André Godirro

ISBN-13: 9788568432273
ISBN-10: 8568432271
Ano: 2015
Páginas: 384
Editora: Rocco

Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/517778ED524745

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Rani e o Sino da Divisão - Conheçam os incríveis Animais de Festa

Quem acompanha tanto meu trabalho na Biblioteca quanto meus percursos pela escrita, sabe que eu sou um grande admirador da literatura de fantasia, sobretudo a nacional. Já passaram por este blog alguns escritores contemporâneos que tive o prazer de conhecer, fosse pessoalmente ou por meios digitais. E foi com grande satisfação que pude conhecer o trabalho de Jim Anotsu. Mais especificamente, seu romance Rani e O Sino da Divisão.

Narrado pela protagonista, uma adolescente headbanger, o romance de pronto nos apresenta a cidade de Graúna por um viés meio sombrio. A caminho da escola, Rani tem um encontro inusitado com um menino esquisito, principalmente por seu tênis verde fluorescente. Esse é o Pietro, um dos grandes parceiros de Rani em sua jornada xamânica.

Sim, Rani é uma xamã, embora não o saiba no início de sua narrativa. Seu encontro com o Pietro, um vampiro nada convencional, inaugura uma série de incidentes sobrenaturais bem como seu ingresso entre os Animais de Festa, uma espécie de fação contra-cultura no mundo sobrenatural. A vida de Rani está em perigo, pois um poderoso xamã conhecido como Aiba está assassinando e devorando o coração de outros xamãs. Com a ajuda de seus novos amigos e de Marina, sua colega de sala e companheira de banda de garagem, Rani terá que encontrar o Sino da Divisão, o único objeto capaz de deter seu poderoso inimigo.

O mais impressionante no romance de Anotsu é que ele é muito mais do que uma sinopse pode sugerir. Ao abrir o livro, prepare-se para uma enxurrada de referências musicais e culturais, com animes, quadrinhos, bandas, filmes, seriados, livros, tudo permeado com um senso de humor genuíno. Os personagens criados por Anotsu, sejam eles desconhecidos ou retirados de algum panteão mitológico, são espirituosos, refinados e originais. As referências várias estão lá, mas claramente o autor fez mais do que inseri-las: deu-lhes alma própria. 

Há uma surpreendente sinergia entre os personagens, até mesmo entre Aiba e Rani, e isso torna o livro ainda mais cativante. Não posso deixar de falar de Marina, responsável por alguns dos melhores momentos do livro, com destaque à interpretação da música "God Save The Queen", do Sex Pitols. 

Vale destacar também como a narradora é capaz de despertar profunda empatia, mesmo com seu humor sardônico, suas dúvidas, inseguranças, sua enorme capacidade de criar as mais pessimistas metáforas que se pode imaginar. Ao ser advertida de que precisa limpar a negatividade em sua mente, ela responde: "Isso vai ser complicado. Eu sou uma garota do século XXI, noventa por cento do meu DNA é constituído de sarcasmo e negatividade."

Talvez isso seja o mais atraente no texto de Jim Anotsu. Rani é uma adolescente que busca não mentir para si mesma, que entende que está em uma das fases mais cruciais de sua vida e que precisa de mais maturidade do que aparenta ter. Isso aproxima muito o leitor, que sente acompanhar a história de uma pessoa real, com dramas reais.

Enfim, eu poderia continuar escrevendo, estender essa resenha a infinitos parágrafos e não vou conseguir dar forma ao que eu senti ao ler Rani e O Sino da Divisão. Garanto, contudo, que o leitor que tiver esse livro em mãos terá também a oportunidade de uma experiência divertida e ao mesmo tempo profunda. Um rito de passagem de uma jovem xamã rumo ao autoconhecimento.

Ficha técnica:
ISBN: 9788582351871
Ano: 2014 / Páginas: 320
Idioma: português 
Editora: Gutenberg


sexta-feira, fevereiro 20, 2015

O Aprendiz - o início de um caminho de sombras

Tom Ward é um rapaz normal no início da adolescência. De forma equilibrada, dispõe de uma certa dose de inocência, ignorância e medo. E esse temor não é infundado. Afinal, Tom vive em um mundo em que ogros, bruxas, aparições e entidades malignas são reais. Um mundo onde a escuridão parece crescer a cada dia.
O rapaz teria uma vida relativamente simples não fosse sua condição de nascimento. Afinal, ele é o sétimo filho e por isso seu pai encontra dificuldades de conseguir para ele um ofício que vá garantir seu sustento. Assim, a única saída para o rapaz é se tornar aprendiz de um Caça-Feitiço.
Nesse mundo repleto de seres malignos, o Caça-Feitiço é responsável por impedir o avanço das trevas, aprisionando ogros, purificando espíritos e sepultando bruxas. É um serviço penoso, solitário e competência acima de qualquer erro. Afinal, um desvio pode ser fatal.
E assim, através da voz de Tom, Joseph Delaney vai apresentando ao leitor um mundo sobretudo sombrio, mas extramente fascinante. O protagonista e narrador é antes de tudo sincero e franco, dando ao texto um tom de confidência. E dessa forma o leitor acaba vestindo a pele de Tom, sendo levado a sentir seus medos, dificuldades e aflições. É através dos olhos dele que somos apresentados ao Caça-Feitiço, um homem grave, ossudo e duro como uma pedra, como se tivesse sido talhado por anos de experiência enfrentando criaturas maléficas. 
Além disso, já de início o leitor é informado de que o ofício de Caça-Feitiço, embora seja bem remunerado, não goza de boa reputação entre as pessoas. Sendo assim, Tom já sabe que terá uma carreira solitária pela frente. E seus problemas já começam quando ele conhece Alice, uma garota de sua idade que tem alguma ligação com bruxas. E curiosamente, a menina tem sapatos de bicos pontudos, tipo de pessoa contra quem o mestre de Tom o advertira.
Percebe-se, assim, que a grande força do livro O Aprendiz está na interação entre os personagens. Eles são marcantes sem descambarem para o caricatural, o que dá um tom de autenticidade ao texto. Outro ponto interessante é a relação que o romance faz com o ato de escrita. Em seu aprendizado, Tom é instruído a manter dois cadernos, sendo um para anotar as aulas recebidas por seu mestre e outro para servir de diário. Desta forma, o romance em si, narrado por Tom, assume um aspecto metalinguístico, o que faz o leitor imaginar se está lendo o caderno mantido como diário ou um outro texto, derivado desse caderno.
Repleto de imagens fortes, numa matiz de cores sombrias e densas, O Aprendiz é um romance excelente para quem procura uma boa aventura com doses de suspense, sem abrir mão de uma reflexão literária.

Ficha Técnica
ISBN: 9788528613155
Ano: 2008 / Páginas: 224
Idioma: português
Editora: Bertrand Brasil

Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/1092ED1452

quinta-feira, outubro 31, 2013

O Aprendiz: O começo de uma jornada tenebrosa

O mundo está escurecendo. As trevas parecem ter cada vez mais força. Se não fosse pelo Caça-feitiço, o Condado talvez já estaria perdido. É neste clima sombrio que acompanhamos o início do livro O Aprendiz, de Joseph Delaney. Este é também o primeiro de uma longa saga.

De início, o leitor é apresentado a Thomas Ward, sétimo filho de um sétimo filho. Por sua posição na família, o rapaz, já no início de sua adolescência, é enviado para ser aprendiz do Caça-feitiço. Esta é uma profissão sombria e perigosa, além de ser muito mal-vista pela sociedade, o que garante uma vida solitária. Thomas, embora inseguro e assustado, passa no primeiro teste. Por sua condição de nascimento, o rapaz tem algumas características especiais, que o tornam apto ao cargo. Além disso, Thomas também se mostra um rapaz decidido, buscando decisões rápidas, sem fugir de suas consequências.

Assim, o leitor acompanha o aprendizado de Thomas junto ao Caça-feitiço, em uma casa misteriosa e com jardins repletos de perigos. Dentre estes estão as sepulturas de bruxas, que foram enterradas em condições especiais para que não se libertassem e aterrorizassem o Condado. Uma delas, inclusive, ainda viva. E o Caça-feitiço adverte a Thomas que morta esta feiticeira seria ainda mais perigosa.

Outra importante advertência feita ao jovem é que ele nunca deveria confiar em mulheres, principalmente aquelas com sapatos pontudos. E justamente uma garota de sapatos pontudos surge na vida de Thomas. Seu nome é Alice, ela tem praticamente a mesma idade que o rapaz e além disso é muito bonita. E por dever um favor a Alice que Thomas provoca terríveis consequências, com as quais deverá lidar sem vacilação.

O Aprendiz é um livro com um texto enxuto e dinâmico. A narrativa é ligeira, com uma excelente ambientação. Seu clima gótico e obscuro conferem à leitura uma tensão especial. Além disso, tendo Thomas como narrador em primeira pessoa, o texto garante uma forte empatia entre leitor e protagonista.

Apesar de ser uma trama relativamente simples, esta obra de estreia da série As Aventuras do Caça-Feitiço já demonstra que o universo imaginado por Joseph Delaney é incrivelmente rico e factível, repleto de bruxas, assombrações e ogros, com personagens fortes e sobretudo carismáticos.

Portanto, nada melhor para começar uma boa aventura do que conferir este livro. Se o leitor não tomar alguns bons sustos, pelo menos terá a garantia de uma boa dose de diversão.

Aproveito para indicar também a leitura da resenha da Fê, do blog Na Trilha dos Livros.

Ficha Técnica
Edição: 1
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528613155
Ano: 2008
Páginas: 224
Tradutor: Lia Wyler

Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/1092-o-aprendiz

Primeiras Provas

Há momentos em que você é posto à prova. A expectativa se casa com o desafio. Ou seja, a oportunidade que você esperava para falar do seu trabalho diante de um grande número de pessoas coincide justamente com o desafio de não cometer alguma "gafe", ou simplesmente soar pedante, convencido e tedioso ao público.

Esse era meu sentimento na semana passada, quando me deparei pela primeira vez com um grande número de pessoas desconhecidas para falar sobre meu livro O Medalhão e a Adaga, na Escola Estadual Afonsino Altivo Diniz, no bairro Asteca, em Santa Luzia. Foi sem sombra de dúvidas um momento mágico. Estava ansioso ante a expectativa. E mais ainda por saber que se tratava de uma turma de jovens. Sabemos como uma plateia de jovens pode fazer a gente ir do céu ao inferno em questão de segundos. 



O lançamento do livro na Biblioteca foi um sucesso, é claro. Tivemos um público de sessenta pessoas. Contudo, a grande maioria dessas pessoas eu já conheço de longa data. Foram inúmeros rostos amigos que me apoiaram nesse momento especial. Já na Escola Estadual Afonsino, estiava diante de uma plateia totalmente nova.

Minha ansiedade, porém, deu lugar a uma grande satisfação ao ver como fui bem recebido, com tanto carinho e consideração. Primeiramente por parte da professora, Fernanda Rodrigues de Figueiredo, minha grande amiga, que fez de tudo para que eu me sentisse em casa. Os alunos fizeram o mesmo. Durante a palestra, que foi mais um bate-papo, pude falar da realização do meu sonho de trabalhar com literatura, em um ambiente tão maravilhoso que é a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil, e de ser escritor. Um sonho que não acaba, pois a cada lançamento eu vejo mais um capítulo acontecer.

E hoje outro capítulo desse sonho se desenrolou, pois estive no Campus I do CEFET-MG, no auditório, falando sobre as aventuras de Bildan, Sheril e Datini. Li vários trechos do livro, dei autógrafos e distribuí marcadores. Mais uma vez, confirmei meu prazer de falar sobre literatura, de ler para as pessoas, de viver o livro.

Enfim, encerro este relato agradecendo a todos aqueles que estiveram me escutando, com tanta atenção e interesse, tanto na Escola Estadual Afonsino Altivo Diniz quanto no CEFET. Vocês não fazem ideia de como esses momentos foram importantes para mim. Obrigado!

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Codinome: Duda


Duda é um menino como qualquer outro, adora futebol, tem uma preguiça saudável em relação aos estudos e acha todas as meninas incompreensíveis, opinião esta que se torna mais forte depois que ele conheceu Cláudia, sua nova vizinha. Além disso tudo, como qualquer garoto, é extremamente curioso, a ponto de desejar se tornar detetive particular. Assim, quando seu vizinho, Seu Antônio, após receber com freqüência um estranho visitante, é espancado por supostos assaltantes, Duda resolve dar início a seu desejo de ser detetive. Para ajudá-lo nessa empreitada, ele conta com a ajuda da impossível Cláudia, ainda que no fundo ele tente de todas as formas afastá-la.
O livro, de autoria de Marcelo Carneiro da Cunha, dispõe de uma narrativa leve, descontraída, com boa dose de humor. Além de protagonista, Duda é também o narrador, mantendo sempre um tom irreverente, repleto de maneirismos. Ao invés de tramas mirabolantes, a força do enredo está justamente nas situações reais que pertencem ao dia-a-dia de cada adolescente, como a descoberta do eu e o entendimento do outro. Isso tudo de uma forma bastante jovial, o que torna o texto delicioso.
Altamente indicado para o público juvenil, "Codinome: Duda" é diversão garantida para todas as idades.

Ficha Técnica
Autor: Marcelo Carneiro da Cunha

Edição: 4
Editora: Projeto
ISBN: 8585500026
Ano: 1007
Páginas: 97

Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/5146