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sexta-feira, julho 16, 2021

Nós: Uma antologia de literatura indígena - As vozes de todos no silêncio de cada um


Para quem acredita no na ilusão de "povo brasileiro", como se fôssemos uma só nação, certamente sua ideia acolhe um grande equívoco. No início da invasão europeia, a terra que no futuro se tornaria Brasil era formada por várias etnias diferentes, cada uma com sua língua, cultura e valores. Mais de quinhentos anos de massacres não conseguiram, felizmente, calar muitos desses povos, que continuam firmes em sua luta de resistência. E eles continuam a contar suas histórias. E algumas delas estão reunidas no livro Nós.

Nós é uma antologia de contos indígenas. Organizado por Maurício Negro, o livro traz contos que abordam a vida na comunidade, bem como recontos de mitos de origem, sempre primando pelo tratamento literário. Ao final de cada conto, há uma nota sobre o povo representado na narrativa, bem como uma nota da autoria. São 12 pessoas que assinam os contos, que são 10.

As narrativas abordam o amor, a amizade, a morte e a origem Algumas estão situadas em um relativo presente; já outras remontam o tempo mítico, em que humanos, animais e plantas falavam a mesma língua.

Foi bom conhecer tantas diferentes visões de mundo. Até a forma de falar apresenta um tom coloquial que não deixa de ter certa cerimônia, certo tom solene, como se assumisse um ar sagrado para a palavra.

Maurício Negro assina também as ilustrações. Seu traço busca homenagear as feições dos povos originários, sem cair no figurativo, muito menos no caricatural. São desenhos que mostram o propósito do ilustrador de homenagear os povos originários.

Com o texto de quarta capa assinado por Daniel Munduruku, Nós é um mergulho no meio de muitas vozes. E tal mergulho deve ser feito com respeito, com oferta de escuta. Como se na voz de todos estivesse guardado o silêncio de cada um.


Nós: Uma antologia de literatura indígena

Vários autores.

Organização de Maurício Negro

ISBN-13: 9788574068640

ISBN-10: 8574068640

Ano: 2019 

Páginas: 128

Idioma: português

Editora: Companhia das Letrinhas


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/nos-918784ed925269.html

quarta-feira, fevereiro 03, 2021

quarta-feira, agosto 01, 2018

Segunda Candeia: A chama brilha mais forte

Já falei neste blog sobre a Primeira Candeia - Mostra Internacional de Narração Artística. Tendo acontecido em maio de 2017, ela foi um divisor de águas nas vidas de muitas pessoas - inclusive na minha. Fui instigado, movido, iluminado nesse magnífico evento.
Não seria estranho, portanto, que eu aguardasse a próxima edição com tanta ansiedade. Estava sedento por aprender mais, conhecer e ouvir mais. E posso dizer com tranquilidade que minhas expectativas foram superadas.
A Segunda Candeia teve sua abertura oficial no dia 13 de junho deste ano. Novamente, o Sesc Palladium acolheu esse evento tão incrível, realizado pelo Instituto Cultural Abrapalavra, nas pessoas de Aline Cântia, Chicó do Céu e toda a equipe.
Tivemos um momento lindo quando duas grandes pilastras da narração de histórias foram chamadas ao palco - Gislayne Matos e Regina Machado - para receberem as devidas homenagens. Foi uma grande surpresa para as duas. Em seguida, teve início o grande espetáculo de abertura.
A poderosa voz do Sérgio Pererê me impactou e preparou para o fenômeno que seria o espetáculo "Era uma vez África", com o camaronês Boniface Ofogo. Minha atenção foi totalmente sequestrada pela presença forte e serena desse mago da memória.
No segundo dia, estive sorvendo os preciosos momentos de fala com Gislayne e Regina, que contaram com a mediação de Júlia Grillo. O tema da mesa era a narração de histórias como linguagem artística. Jamais esquecerei quando Gislayne disse que a arte, em sua origem, significa "fazer bem feito".
Na mesma noite, Regina Machado nos presentearia com o espetáculo "Contos da Lua Nova".
Alcançamos o terceiro dia. Nele, tivemos um encontro muito especial na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, entre os convidados da Candeia e as pessoas que participam do Encontro Semanal de Contadoras de Histórias. Contando com a abertura e mediação da narradora baiana Luciene Souza, esse bate papo esquadrinhou passados e memórias. Escutamos relatos de nascimentos de narradores e sobre o que os impulsiona.
Quando anoiteceu, Júlia Grillo apresentou a aula-espetáculo "A polpa e a semente e o desenho das histórias". Foi o momento de saborear o conhecimento e a sabedoria dessa narradora que, mesmo jovem, tem uma trajetória já extensa nos caminhos da narração oral.
Para encerrar a noite de forma sublime, tivemos o espetáculo "Foi Coisa de Saci". Nele, Josiane Geroldi levou um autêntico saci ao palco e mostrou que aprendeu muitos truques com esse diabinho perneta.
Quando chegou o dia 16 de junho, sábado, o sentimento de nostalgia já me dominava. Não queria que essa maravilhosa festa acabasse. Tínhamos apenas mais uma noite de espetáculo. E por isso, a nostalgia era invadida pela expectativa. Afinal, eu estava entre as pessoas que se apresentariam.
Um dos pontos mais altos do sábado foi o do escritor Ricardo Azevedo com os Contadores da Vila, um grupo de narradores ainda jovens, mas já dispostos a domar o bicho bravo que é a Palavra Oral. Foi maravilhoso ver a surpresa naqueles rostos jovens, ao verem seu grande ídolo se levantar e andar até o palco, para conversar com eles.
Vale destacar aqui a mediação matreira do amigo e companheiro de coletivo, Rodrigo Teixeira. Com seu estilo fanfarrão, ele deixou as crianças muito tranquilas no palco. Preciso destacar também o papel da Bárbara Amaral, amiga e colega no Coletivo Narradores. Apesar de não estar no palco, ela foi mencionada com respeito e admiração pelas crianças. É incontestável que, ao fundar e orientar o grupo Contadores da Vila, Bárbara é uma das grandes responsáveis pelo sucesso que esses jovens contadores de histórias já são.
Após esse encontro tão bom, Josiane Geroldi recebeu Boniface Ofogo e Giuliano Tierno para falarem sobre o tema: "Contador de histórias Contemporâneo, que profissional é esse?". Foi uma conversa séria, sobre ética e responsabilidade. Fiquei movido pela fala do Boniface Ofogo sobre a importância de conhecermos a linguagem, a poesia, a filosofia, para sermos narradores ainda melhores.
Ainda havia muito para acontecer. Fomos embalados pela voz serena e envolvente da Emile Andrade, com seu espetáculo "Histórias de muitos mundos".
No espetáculo seguinte, não pude estar presente, embora desejasse com toda a força, pois a Mestra Rosana Mont’Alverne e seu filho Eduardo Flores apresentariam "O buscador da verdade". Porém, eu precisava me aprontar, pois logo chegaria o momento do Coletivo Narradores. Fiquei escutando e pescando o que podia, com o coração dando pinotes de expectativa.
Assim, às 21h, começou o último espetáculo da Segunda Candeia: o lançamento do CD do Coletivo Narradores. Tive o privilégio de dividir o palco com minha esposa, Pâmela Machado, mais as amigas e amigos Alessandra Nogueira, Bárbara Amaral, Carlos Roberto Barbosa, Fernando Chagas, Gislayne Matos, Isaac Luiz, Juliana Daher, Nadja Calábria e Rodrigo Teixeira. Para além do palco, a direção sensível e competente de Aline Cântia e Liz Schrickte me deixou seguro e confiante.
Aquele momento estará marcado para sempre na memória. Não foi a primeira vez que eu subi num palco. Mas era como se fosse. Aconteceu um nascimento ali. O Samuel Medina, aquele narrador de histórias, pode dizer sem dúvida alguma que nasceu de novo.
Eu nasci de novo.
Ainda que a Candeia no Sesc Palladium estivesse encerrada, havia mais um momento especial para marcar esse lindo festival. No domingo, pela manhã, o Rancho da Cultura, no povoado de Pompéu, em Sabará, abria as portas para celebrar a Palavra e as Histórias.
Infelizmente, pude curtir apenas um pequenino pedaço dessa despedida. Por causa de um problema no transporte, chegamos em tempo de ver apenas a última apresentação, feita pelo gigante Boniface Ofogo.
A Candeia para mim foi mais que um Encontro. Mais que uma Mostra. É na verdade um acontecimento que ultrapassa o espaço e o tempo. Não foi possível cobrir toda a programação, apesar de meus esforços. Ainda assim, posso dizer que onde eu não estava fisicamente, meus pensamentos lá se encontravam. Da mesma forma que, apesar de o festival já estar encerrado oficialmente, em minha alma ele perdura.
Para mim, a Candeia fica brilhando, eternamente. Cada voz é uma luz dessa chama que me banhou e me queimou também. Estou incendiado, para sempre. Sou também parte dessa chama, parte dessa luz.





quarta-feira, abril 04, 2018

Vídeo: A MENTIRA DA VERDADE - Joaquim Almeida


Uma narrativa da criação do mundo. Os opostos não precisam ser inimigos. Porém o que aconteceria se a Mentira declarasse guerra contra a Verdade? Narrativa belíssima que compartilho agora com vocês. O texto e os desenhos são de Joaquim de Almeida. Editora: Fundação SM.

quinta-feira, julho 13, 2017

Mais uma ciranda de encanto e histórias

Na manhã do dia 20 de junho, terça, estive na Escola Municipal Rui da Costa Val. Fazia tempos que eu conversava com a coordenação da escola para uma apresentação. Chegamos a marcar uma data, mas esta teve que ser adiada. 
Então, finalmente, lá estava eu para falar a um grupo enorme, num gigantesco círculo formado na quadra da escola. Ao ver tanta gente, fiquei um pouco apreensivo, como é normal acontecer, mas logo passei a olhar nos olhos das pessoas que lá estavam, e isso me acalmou, além de ter me dado uma dose maior de confiança.
Falei um pouco do meu trabalho na Biblioteca, como sempre faço. Convidei todo mundo a depois conhecer esse lugar tão importante para mim. Depois, tratei de dar voz às histórias.
O formato em ciranda foi feliz, já que o círculo sempre tem algo de mágico e poderoso. Era como se a energia das histórias passasse de pessoa em pessoa, nesse circuito humano. A roda leva em si esse espírito cíclico e infindável das narrativas orais. Nela, retomamos um costume dos mais antigos, quando nossos ancestrais se reuniam ao redor de uma fogueira, para espantar o frio, a fome, o medo.
Contei histórias que amo, deixando um pouco desse amor com as pessoas que lá estavam. Contei de heróis diferentes, com suas missões e buscas tão peculiares.
Ao final, cada vez que uma criança me cumprimentava, sentia essa energia que transmiti voltar para mim, renovada. Senti que era, mais uma vez, especial. Além disso, o caminho para a escola pintou em minha mente, com cores novas, lembranças quase apagadas. Ir ao Jardim Felicidade, bairro onde fica a escola, foi como um singelo retorno a um tempo já distante. Tempo de amizade, afeto e cumplicidade.

segunda-feira, abril 17, 2017

Leitura #18

Um dos maiores mitos da humanidade. A história do rapaz que tinha a música na alma, capaz de comover até mesmo o Senhor dos Mortos.

Orfeu
Hans Baumann
Antony Boratunski
Tradução de Tatiana Belinky
Editora Ática

Descrição: Uma pilha de pedras forma uma entrada de caverna. Nela um rapaz toca sua harpa para um leão. O rapaz tem roupas simples de cores azul e amarela, com um gorro vermelho. O leão está com a para esquerda estendida para o rapaz.