sexta-feira, novembro 17, 2017

Histórias no Parque

No domingo, fomos ao Parque Ecológico da Pampulha. Eu e Pam, minha noiva saímos de casa cedo, era a estreia da parceria que eu e Rodrigo Teixeira fechamos com o Parque. Então, queríamos fazer bonito, pelo menos na pontualidade.
O evento se chamava 2 PRAS DUAS, idealizado pelo Rodrigo e por mim. Era uma sugestão meio jovial, meio canastrona, que de certa forma trazia um pouco da leveza e do bom humor que desejávamos para a apresentação.
Eu e Rodrigo fomos nos apresentar nessa tarde de sol, pouco provável depois de um sábado chuvoso, mais muito bem-vinda.
Chegamos ao coreto e encontramos o Dadá nos esperando. Alguns minutos depois, o gestor do Parque, Denilson, nos saudou animado.
Convidamos uma família que estava perto para assistir nossa apresentação. Eles toparam. 
Começamos nossa apresentação, 2 PRAS DUAS. Abri com o conto acumulativo “A história da Coca”, registrado por Bia Bedran. Rodrigo assumiu com a narrativa “Tatê Kalankê Katakan Kixilá Kalankê”, também registrado pela Bia. Peguei o fio da meada e segui com “O caso do bolinho”, da Tatiana Belinky. Rodrigo então narrou “A quase morte de Zé Malandro”, de Ricardo Azevedo. 
Estávamos encerrando quando uma pessoa da plateia puxou um “mais um!” e as demais a seguiram. Confesso: essa pessoa era minha mamãe coruja, Brenda Linda. Para então atender ao pedido da “plateia”, narrei “Uma questão de opinião”, narrativa da tradição judaica, que apreendi ao ouvi-la da contadora Maria Célia Nunes.
Depois das apresentações e naturais cumprimentos, vieram as fotos, para deixar na memória esse momento tão agradável. 
Foi uma tarde de afetos e palavras, em que todos pudemos beber dessa fonte inesgotável chamada Fantasia.

sábado, novembro 11, 2017

Sedento

Estou com sede. Meu rosto é um esgar de secura. Sou um sedento que rasteja por solo pedregoso. Arranho meu ventre nas pedras, machuco meu rosto nas raízes mortas das plantas. Sou um rio de secura travando uma constante batalha com o solo. Minha pele é como a terra, imersa num mimetismo vil e inútil. Já não sei onde acaba meu corpo e começa o chão. E não me importa saber. Afinal, apenas tua úmida presença faria minha pele vicejar novamente. Uma presença que se faz eternamente impossível.

sexta-feira, novembro 10, 2017

Sobre Anjos Sem Asas

Por vezes o Universo nos apronta umas que nos sentimos ditosos, abençoados. É como se pequenas dádivas estivessem escondidas no dia a dia, podendo ser descobertas quando fazemos pequenas escolhas. Chamo dessas dádivas de "cosmicidências".
Na madruga de ontem, ao chegarmos em casa, acolhemos um cachorrinho que foi abandonado dentro do condomínio. Ele é um filhotinho e se comportou muito bem durante a noite. Os gatos o estranharam um pouco, principalmente a Coco, mas não avançaram nele. Colocamos comida e água ao seu lado, num cantinho da sala e ele nos surpreendeu com sua tranquilidade.
Nós havíamos chegado muito tarde porque fomos sair com os amigos depois de nossa performance na Semana da Diversidade LGBT. Fizemos uma ponta entre uma mesa sobre bissexualidade eu palestra sobre o centro de referência LGBT.
No bar Xokxok, no Edifício Arcângelo Maletta, a conversa corria gostosa e leve. Enquanto isso, Pam se afligia por causa do cachorrinho, que tinha sido abandonado dentro do nosso condomínio. Os vizinhos discutiam a questão, sobre o que fazer, se expulsar o filhote ou não, enquanto a única coisa que o cachorrinho tinha para passar a noite fria eram algumas folhas de jornal onde se deitar.
Quando chegamos ao condomínio em que moramos, já era madrugada. Procuramos o cachorrinho pelos estacionamentos e o encontramos acompanhando André, o síndico, que tentava alimentá-lo com biscoito recheado. Levamos o bichinho para casa (o cachorro) e ele passou a noite em nosso apartamento.
Pensei que seria difícil e me preparei para isso. Fiquei surpreso com o silêncio e o comportamento tranquilo e amoroso do nosso hóspede. Meu coração doeu ao pensar que teríamos que conseguir outro lar para ele, pois moramos em apartamento. Felizmente, não precisamos nos preocupar com uma possível guerra entre ele e os nossos gatinhos, ou com indesejáveis e fedorentos "presentes" espalhados pelo apartamento.
Pela manhã, saímos na moto, debaixo de chuva e com o filhote seguro nos braços da Pâmela, em busca de um lugar que pudesse acolher o cachorrinho. Passamos primeiro na casa de ração mais próxima, mas o dono disse que só recebia gatos e que não havia espaço para cachorros. De lá, fomos para o Bairro Guarani, onde havia uma associação de amparo a animais. Notem o uso correto do verbo: havia. As entradas estavam emparedadas e havia um recado pintado informando que a ONG não estava mais lá. Não havia informação nenhuma de onde seria a nova sede, ou sequer se ela ainda está ativa. 
Seguimos então de volta para casa, deixamos o filhote lá, mesmo apreensivos, e fomos para nossos respectivos trabalhos.
Logo que cheguei ao Centro de Referência da Juventude, onde está a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH, onde trabalho, comentei a situação com as pessoas e logo uma amiga e colega de trabalho, a Tânia, mostrou interesse em adotar o cachorrinho. Mostrei algumas fotos que a Pam tinha tirado com o meu celular e logo a Tânia decidiu que acolheria nosso pequeno náufrago.
Era quase hora do almoço, quando o Rodrigo, companheiro de trabalho na Biblioteca, atendeu o telefone e eu escutei a voz aflita da Pam. A ligação caiu. O celular tocou de novo e o Rodrigo passou para mim. O meu aparelho estava carregando em outra sala. 
A Pam estava muito preocupada, uma vizinha dizia que o cachorrinho estava ganindo alto; talvez o Aurélio, um de nossos gatos, tivesse cometido uma de suas maldades. Pam estava a ponto de chamar um carro para socorrer o filhote. Tratei de acalmá-la com a garantia de que iria de pronto ver o que acontecera. E argumentei que seria até mais lógico que eu fosse, uma vez que a moto estava comigo. 
Pam concordou e eu fui. Estava tudo bem, felizmente. O "doguinho" estava pachorrentamente deitado em um cantinho de nosso quarto. Ao me ver, levantou-se todo pimpão, o corpo acompanhando o movimento frenético do rabinho.
Voltei para o trabalho tranquilo e garanti à Pam que mesmo se o filhote ganisse outra vez, que não nos preocupássemos tanto. Afinal, eu havia partido para casa esperando o pior, talvez um olho arrancado, uma orelha rasgada, um rabo dependurado, sangue espalhado pelo apartamento. O alarme falso por fim me deixou bastante seguro.
No final do dia, voltamos para casa, pegamos o carro e seguimos para o endereço da Tânia. Pâmela fazia várias perguntas. Se tinham espaço, se sabiam que ele não era vacinado, se aceitariam o filhote de coração. Respondi como podia. Ou seja, não sabia, mas meu coração dizia que a Tânia era a pessoa certa para receber nosso jovem hóspede.
Ao chegarmos, fomos recebidos com as portas escancaradas e muita alegria. A família acolheu o cachorrinho com um amor tocante, os olhos brilhavam. Conhecemos a Belinha, uma cadela já bem velhinha. E a gente sabe que o segredo para um cachorro viver muito é simples: amor. 
Tânia foi a perfeita anfitriã: nos serviu um delicioso café e um lanche. Conversamos e rimos, enquanto meu coração gemia de alegria e tristeza, pois já estava apegado ao nosso pequeno aventureiro de quatro patas. Mas a nossa despedida não seria definitiva. Afinal, toda a família nos convidou a voltarmos em momentos futuros.
Saímos de lá com as barrigas e corações cheios. Estávamos mais leves. A sensação de dever cumprido e o alívio em saber que o cachorrinho estava em boas mãos nos faziam quase saltitar. Fomos cativados por tanta alegria, tanto cuidado. O amor e carinho que presenciamos nos deu a plena certeza de que nosso pequeno amigo estava entre anjos, ainda que sem asas.

quinta-feira, novembro 09, 2017

Repouso

Sou um ser da sombra
a penumbra de minha
alma
decanta tons
além do fogo
do fumo
e do breu

Um ser vazio
andarilho
de sentidos
fugitivo
de palavras
apenas mais um
exilado.

Sou uma imagem
signo vazio
trilha inútil
de carne
flácido
percurso
anunciado

Meu corpo
deixado sobre a areia
meio comido pelos peixes
descansa
em seu último
dossel.

10/12/2014

Minha Poética

Olhos claudicantes
avaros de névoas
fecham-se numa angústia
muda.
Aprender a apagar.
Este não deixa de ser
nosso maior desafio.
Uma outra forma de arte
Lembrar-se do que não foi.
Sonham mariposas empoeiradas
com a conquista de um outro
oriente.
Mas não é possível sonhar.
Não mais.
Todas as imagens
já foram rascunhadas para ti.

09/12/2014

Novo vídeo: O ESCURO

Bom dia!

Trago hoje o vídeo mais novo no canal: O ESCURO, uma parceria entre Lemony Snicket e Jon Klassen!


quarta-feira, novembro 08, 2017

Autoestado

Tenho uma faca
no bucho
Sou bicho
Chucro.
Amargor da bile
levo como bíblia
E driblo a
Sina
com teima
siso e
rima.

Narração de histórias: 2 PRAS DUAS!



Atenção! Domingo, no Parque Ecológico. Duas da tarde. Dois amigos narradores. Eu e o Rodrigo Teixeira estaremos lá para compartilhar um pouco de nosso afeto transformado em palavras e um pouco de caretas. Contamos com vocês!
2 PRAS DUAS
NO PARQUE ECOLÓGICO DA PAMPULHA
Avenida Otacílio Negrão de Lima 
Portaria I - 6062
Portaria II - 7111
Domingo, dia 12 de novembro, às duas da tarde!

terça-feira, novembro 07, 2017

Primeira visita ao Sesi Escola Emília Massanti



No dia 25 de outubro fiz uma visita ao Sesi Escola Emília Massanti, a convite da Kellen Guimarães. Estava um pouco nervoso, já que fazia tempo que eu não falava de meus livros. Logo ao chegar, fui recebido pela Kellen, que me tranquilizou com sua cordialidade e solicitude. Ela me mostrou a escola e depois me levou ao auditório, onde os estudantes, todos adolescentes, davam um show. Uma banda formada pelos próprios alunos se apresentava para os colegas.
Fiquei tenso. Afinal, seria minha vez logo depois dos jovens. Eu e um microfone, nenhuma música ou instrumento para me ajudar. Mas a galera me deixou tranquilo com sua receptividade. Conversei sobre a escrita de “Patos Selvagens” e respondi a diversas perguntas. Em dado momento, veio o desafio: que fizesse uma história na hora. Pedi uma palavra. O rapaz falou: arco-íris. 
Contei de improviso a história de um garoto que descobre o mundo mágico além do arco-íris. Porém, para isso, ele precisava encontrar um modo de alcançar o arco, pois este desaparecia rapidamente, ou se afastava cada vez que o rapaz tentava se aproximar. Usando um espelho e andando para trás, o rapaz consegue alcançar a ponte mágica e o mundo maravilhoso além dela.
Depois desse bate-papo, um dos adolescentes, chamado Patric, pediu para comprar o livro. Fiquei super alegre!
Desci para almoçar, por cortesia do Sesi, e conheci a linda biblioteca, com um acervo de mangás que me deixou impressionado. Conversei com algumas estudantes e com a Kellen sobre os projetos culturais que lá acontecem.
À tarde, voltei ao auditório para falar com estudantes mais jovens e tive uma alegria ao ver o amigo Pierre André. Falei do livro, fazendo uma introdução narrativa. Contei duas histórias, uma do bolinho fujão e a outra das almas penadas. Respondi algumas perguntas e passei a bola pro Pierre, que matou no peito e goleou, com suas histórias divertidas e criativas.
Foi no final, depois das fotos, que um garotinho se aproximou e disse: “Promete que da próxima vez você volta?” Gente, como não voltar? Sempre que me convidarem, farei de tudo para estar lá novamente, junto a pessoas tão receptivas. 
Para toda a equipe do Sesi Emília Massanti e especialmente à Kellen Guimarães meu muito obrigado!