quarta-feira, abril 30, 2014

Campanha Leitores Inquietos






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terça-feira, abril 22, 2014

Você é famoso?

Manhã árdua na biblioteca da Escola Municipal Moysés Kalil. Árdua mas compensadora. Uma experiência única como cada visita que faço. 
Enquanto conversava com os jovens leitores, fui perguntado por uma estudante se eu era famoso. Foi uma cena bem engraçada. Coincidentemente, uma menina entrou na biblioteca para devolver um livro. Interpelei-a:
"Moça, você pode me responder uma coisa?"
"Sim, claro!"
"Você já ouviu falar do Samuel Medina?"
"Não..."
Virei-me para a moça que havia perguntado e disse: "Acho que essa demonstração responde sua pergunta..."
Ela então que ela deu um sorriso e disse:
"Vou pegar um autógrafo seu, pra quando você ficar famoso..."
Ganhei o dia! 

quarta-feira, abril 16, 2014

Reflexos do instante

Caiu um tremendo temporal por aqui. Aproveitei a oportunidade e apaguei todas as luzes de casa. Retirei todos os equipamentos da tomada. Fui à janela, abri uma fresta, pois estava chovendo muito forte. Por alguns instantes, fiquei observando os relâmpagos riscando o céu, as árvores executando sua dança misteriosa e as nuvens pranteando suas fúrias.
Depois de ficar com o rosto molhado, fechei a janela e me deitei. Os relâmpagos continuavam cortando o breu, seguidos pelo som dos trovões, que tentavam acompanhá-los.
Fechei os olhos. Os lampejos insistiam em se insinuar através de minhas pálpebras, mas eu não prestava muita atenção a isso. Procurava escutar a chuva, que parecia sussurrar algo em meu ouvido. Senti, por alguma força que não consigo explicar, que a chuva tentava me dizer que ela e o tempo tinham muito mais coisas em comum do que imaginamos. Cochichava que a gente pensa que o tempo é assim, linear, onde um segundo antecede o outro, em fila indiana. Ela disse que não, que o tempo é como a chuva, existindo através de intermitentes pingos de instantes, sempre impossíveis de se medir.

terça-feira, abril 01, 2014

Trinta e um de março e primeiro de abril

Seu nome era Nestor Antônio Medina. Nascido em 1917, segundo seus documentos. Sua profissão, ferroviário. Seu crime, levar panfletos "subversivos" ao trabalho e distribuí-los aos colegas. Por cinco panfletos que recebeu pelo correio e em seguida repassou a outros, Nestor Antônio Medina ficou preso por 81 dias. 
Filiado ao Partido Comunista, foi torturado por dias, por causa de panfletos.
Ele sobreviveu, mas com marcas profundas.
Então, fico triste e impressionado quando vejo pessoas que considero esclarecidas compartilhando fotos de velhinhas "ingênuas" segurando cartazes dizendo que sobreviveram ao regime militar porque nunca roubaram, nunca mataram. Não percebem que estão sendo usados, assim como as velhinhas, como massa de manobra de um jogo político escuso e perverso, sem mocinhos ou heróis.
Ao ler os relatórios policiais sobre a prisão de Nestor Antônio Medina, pude conferir que em nenhuma vez ele se envolveu em qualquer ação violenta. Reafirmo: seu crime foi mobilizar seus colegas de trabalho, incentivando-os ao engajamento político.
Nos anos que vivi sob o mesmo teto que Nestor Antônio Medina, nunca o vi fazer qualquer apologia à violência ou à luta armada. Nunca o vi defender a invasão da propriedade ou a "revolução operária". Ele sempre nos disse: estudem, estudem e estudem. Era seu único e mais precioso conselho. 
Então, por favor, antes de fazer coro em alguma coisa, antes de reforçar o discurso de que os presos políticos foram presos porque roubavam e matavam, peço apenas uma coisa: estudem.

Este relato foi motivado por imagens tendenciosas propagadas nas redes sociais. Tais imagens reforçam preconceitos e estereótipos totalmente fora dos fatos. Não tenho nenhuma intenção em disparar elogios a qualquer ideologia. Apenas creio que não devemos nos esquecer, como acontece muitas vezes, de tudo o que aconteceu nestes últimos 50 anos. Que o sofrimento do meu avô, que sua humilhação, não tenham sido em vão!