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quarta-feira, dezembro 27, 2023

Oficina estimula as crianças a encararem seus medos e refletirem sobre empatia



No dia 11 de novembro compareci à Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH para oferecer a oficina "O medo que a gente tem". Na atividade, eu li o livro Lolô, de Gregoire Solotareff. A partir da leitura, eu discorria com as crianças sobre as palavras "medo" e "empatia". Os sentidos dessas palavras eram explorados. Perguntei para as crianças de que elas tinham medo. Algumas disseram ter medo de aranhas. Outras, de baratas. Em seguida, falei sobre se colocar no lugar do outro, sentir o que o outro sente. Convidei as crianças então a desenhar suas imagens de medo, como forma a enfrentá-lo. Um aspecto dessa oficina em especial foi que as crianças foram chegando e eu voltava a ler com elas o livro e as convidava para produzir desenhos.

 











No dia 23 de novembro, foi a vez de ir à Biblioteca do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional Lagoa do Nado. Atendi a cerca de 75 crianças. Resolvi mexer um pouco na metodologia. Perguntei primeiramente sobre o que os lobos gostam de fazer. A resposta foi "caçar". Dei início então a uma leitura reflexiva e dialógica, apresentando os personagens Tom e Lolô, contando a história desses dois.

Após a leitura, comecei a explorar alguns aspectos do livro, falando sobre a diferença entre MEDO-DE-LOBO e MEDO-DE-COELHO. Falei do trauma que Tom sentiu ao ser profundamente assustado por Lolô. Além disso, discorri sobre as questões como o significado da palavra "empatia" como contraponto à "antipatia", que todos conhecem e cujo conceito compreendem intuitivamente.

Sendo assim, explorei um pouco a questão da desigualdade desencadear processos nem um pouco empáticos, gerando profundos traumas nas pessoas. Contei do meu medo de aranhas e a brincadeira durante a infância em que meu irmão, Arthur, junto com os amigos Áquila e Samuel, procuraram me assustar com uma enorme aranha fosforescente. E como o resultado foi desastroso, pois estávamos todos de hóspedes na casa desses amigos e os vizinhos comunicaram aos pais deles essa confusão gerada com meus gritos de susto. 

As crianças disseram ter se divertido muito. Aproveitei para contar a história "O caso do bolinho", seguida da Que bicho será que fez a coisa?

Também discorremos um pouco mais sobre medos e a importância de a gente se colocar no lugar do outro. Estava com meus cartões. Aproveitei para separar um cartão e deixei com uma das professoras. 

Por fim, fizemos algumas fotos para marcar a iniciativa.  





O último encontro da oficina "O medo que a gente tem" aconteceu no Centro Cultural Usina de Cultura. As crianças eram bem pequenas e estavam bastante inquietas. Elas faziam parte de uma creche parceira da PBH. Apesar da inquietação, pude observar que prestaram bastante atenção durante a leitura. Quando fui conversar sobre os aspectos "medo" e "empatia", elas começaram a ficar agitadas. 

Por conta do tempo curto e da agitação das crianças, considerei melhor encerrar a atividade. Também deixei meu cartão com uma das professoras, ficando assim a possibilidade de visitar a instituição parceira.


Por fim, considerei essa oficina muito interessante e com um potencial enorme. Uma atividade que apresenta uma obra diversa e de grande sensibilidade. 

Espero poder oferecer essa oficina nos centros culturais novamente. Ou realizá-la em outros espaços, como bibliotecas comunitárias, creches e escolas.

E você, o que achou? Já leu o livro indicado? Realizou alguma oficina de leitura literária? Deixe abaixo seu comentário, compartilhando sua experiência ou reflexão. 


segunda-feira, novembro 27, 2023

O Pequeno Nicolau - Uma homenagem à infância antiga



Imagine um menino que o que tem de inocente, tem de travesso. Pois assim é Nicolau. Agitado, ingênuo e um pouco inconsequente, o menino se envolve em diversas confusões com seus amigos, principalmente o Alceu. Esse é o enredo de O Pequeno Nicolau, de Sempé e Goscinny, com tradução de Luís Lorenzo Rivera e publicação pela Editora Martins Fontes.

O livro trata de pequenos episódios da vida do menino Nicolau. Uma criança como qualquer outra, que não se priva de chorar quando deseja e tem como maior vontade a diversão. São episódios cotidianos sem relação cronológica entre si, podendo ser lidos separadamente. Tanto que as crianças são apresentadas novamente a cada capítulo.

São muitas as confusões aprontadas por Nicolau e seus amigos. Cada um tem características bem marcadas pelo menino, que é também o narrador. Alceu come o tempo todo. Maximiliano tem as pernas compridas e é bom na corrida. Godofredo tem o pai muito rico e por isso aparece sempre com as melhores fantasias. Agnaldo é o primeiro da classe e o queridinho da professora. Por isso, todos querem bater nele, mas não podem, pois ele usa óculos. Rufino vive com um apito, pois seu pai é policial Clotário é sempre o último da classe. Eudes é grande e forte e adora distribuir socos nos narizes dos colegas.

O livro é muito gostoso de ler e também engraçado, com ótimas tiradas de humor, sempre contrapondo o mundo adulto com o mundo da infância. Trata-se de uma infância alegre e inocente, extremamente idealizada, mas que não deixa de ter o seu charme. 

Por falar em charme, essa é principal característica de Nicolau. Ele é de fato um narrador encantador. Talvez este encanto esteja justamente na sua falta de malícia, o que nos aproxima dele e nos faz apreciá-lo. Nicolau é simples, apesar das ambições de, ao crescer, ser rico, ter um carro, um avião e deixar todos impressionados.

Os desenhos são de Sempé, o mesmo criador de Marcelino Pedregulho, com traços cartunescos bem característicos, de formas angulosas marcantes e bem definidas, mostrando o cotidiano de uma época francesa em que as escolas de meninas e meninos eram separadas, fotografias eram tiradas por câmeras gigantescas e o futebol era jogado em terrenos abandonados, com sucatas de carros espalhados por todo lado.

Existe um aspecto que me desagradou no livro, que é a marcação exagerada em relação á obesidade de Alceu e sua compulsão por comer. Essa estrutura narrativa é utilizada como elemento cômico muito datado. Apesar desse estereótipo, Alceu aparece como uma criança comum e até um pouco mais travessa que as outras.

Outro personagem que merece destaque é o Agnaldo, por sua caricaturização. Trata-se de um garoto precoce tanto em livros quanto no conhecimento. Porém, ele é como uma miniatura de vilão, sempre entregando os colegas em com isso sendo constantemente chamado de "traidor sujo".

Apesar desses elementos que considerei controversos, pude me divertir bastante com o livro. Acompanhar as aventuras do pequeno Nicolau foi também um nostálgico mergulho na minha infância. Eu me senti rejuvenescido e como que revivendo os episódios pitorescos e memoráveis da época em que eu era criança.

Com desenhos de muita personalidade e narrativas muito divertidas, O pequeno Nicolau é uma leitura imperdível, uma deliciosa jornada recomendada para crianças de todas as idades.


Ficha Técnica

O Pequeno Nicolau

René Goscinny

Sempé

Tradução de Luís Lorenzo Rivera

ISBN-13: 9788533601833

ISBN-10: 8533601832

Ano: 1996 

Páginas: 120

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-pequeno-nicolau-1854ed122257397.html