Vou me permitir desejar um pouco de tristeza neste ano novo. Um pouco de melancolia, de contemplação. Que meus olhos estejam prontos para transpirar e que essa dose homeopática de tristeza me faça parar e olhar. Porém, isso não basta. Que além de olhar, eu possa sentir. Que meus silêncios não sejam omissos. Mas que minha voz também não ensurdeça. E ainda que eu seja como o sino, não me importarei. O sino pode bem salvar a vida do desastre ou lembrar a fé, mesmo vazio em si.
Esses são votos que faço a mim, apenas a mim. Aos outros quero sempre poder desejar o melhor.
quarta-feira, dezembro 31, 2014
terça-feira, dezembro 30, 2014
Booktrailer de O Medalhão e a Adaga
Através da criatividade do escritor Armando Alves Neto, tive a honra de ver pronto esta maravilha: o primeiro booktrailer do meu livro O Medalhão e a Adaga. Confiram abaixo!
domingo, dezembro 28, 2014
Espiral
Jogo fugaz
um absurdo
um pouco de tudo
entrando pelos buracos
findo o tempo de lamentações
só nos resta
o gozo
o fosso
faço de conta
que sou mais forte
cruzo oceanos
desertos inteiros
e me aquieto
sereno
nesse regaço
tão pouco provável
ponto quântico
Elevado
à 13 potência
ninho ou cova
pouco importa
é meu ovo
meu voo
meu vácuo
meu único abrigo
meu lugar
Comum.
um absurdo
um pouco de tudo
entrando pelos buracos
findo o tempo de lamentações
só nos resta
o gozo
o fosso
faço de conta
que sou mais forte
cruzo oceanos
desertos inteiros
e me aquieto
sereno
nesse regaço
tão pouco provável
ponto quântico
Elevado
à 13 potência
ninho ou cova
pouco importa
é meu ovo
meu voo
meu vácuo
meu único abrigo
meu lugar
Comum.
segunda-feira, dezembro 22, 2014
Pesar
Com certeza ela não vem.
Bem disse o poeta:
"Felicidade é brinquedo que não tem"
Compartilho a morte do sonho.
Bem disse o poeta:
"Felicidade é brinquedo que não tem"
Compartilho a morte do sonho.
sexta-feira, dezembro 19, 2014
Recomeço - Porque a esperança ainda está lá
Rafael é um jovem de 16 anos desprovido de qualquer preocupação. Bonito, inteligente, amparado pela enorme fortuna de seus pais e pelo amigo sempre presente Léo, responsável por tirá-lo de qualquer enrascada, o garoto vive uma rotina que consiste em dirigir sua Ferrari pela cidade, ir a baladas com os amigos e estudar. Essa postura despreocupada beira o desinteresse egoísta, o que deixa seus pais muito preocupados.
E certamente a vida de Rafael seguiria sem grandes percalços, não fosse o terrível acidente em que sua namorada morre. Assombrado pela culpa, Rafael se muda para Belo Horizonte, na esperança de um Recomeço.
Assim, o leitor é convidado a acompanhar as agruras de um jovem arrasado demais para se perdoar. Segundo romance de Ledinilson Ribeiro Moreira, Recomeço mostra uma faceta bem diferente de seu antecessor, Portais. Enquanto no seu romance de estreia somos apresentados a jovens intrépidos, ousados, cercados por perigos e poderes, neste segundo livro o autor dá ênfase à sensibilidade, explora outros gêneros, como a poesia. Os diálogos são mais complexos, exigindo do autor um desenvolvimento mais aprofundado da personalidade de seus personagens.
É agradável observar a evolução da escrita de Ledinilson Moreira, bem como sua disposição em se lançar em um projeto com estilo e abordagem bem diferentes do que assumidas em sua obra anterior.
Com um toque intimista e uma narrativa tocante, Recomeço cativa o leitor já pelo título, com a forte mensagem de que, de fato, a esperança nunca deve morrer.
Ficha Técnica
Edição: 1
Editora: Dracaena
ISBN: 9788582180389
Ano: 2012
quinta-feira, dezembro 18, 2014
Sonhos de inseto
Sonhei que trabalhava na Petrobrás. A caminho do trabalho, vi o Paulo Roberto Costa com uma mala enorme pendurada às costas. Era a propina que ele não largava por nada. Ele esperava na calçada, do lado de fora da estatal, aguardando mais uma enorme remessa de dinheiro. Fugi como se ele fosse o Bicho Papão.
Subitamente, um pelotão enorme de repórteres e jornalistas se aglomeraram em frente à porta da estatal, tentando entrevistar o Paulo Roberto Costa sobre a enorme mala que ele levava. Outros executivos tentavam entrar na empresa, sendo impedidos de acessá-la enquanto não respondessem suas perguntas. Era uma multidão tão grande que nem os funcionários mais simples - e entre eles eu - não conseguiam acessar o trabalho.
Surge então um táxi. Não era branco, como os táxis de Belo Horizonte, mas era amarelo com uma faixa azul, como usualmente era comum no Rio. Os repórteres correm na direção do veículo e logo entendi que se tratava de algum figurão. O carro parou, mas seu passageiro não desembarcou e por isso, logo em seguida, o táxi partiu. Eu sabia que o passageiro, o tal figurão, procuraria uma entrada mais discreta.
Eu finalmente consegui entrar na Petrobrás. Curiosamente, ela se parecia como um daqueles condomínios de baixo custo situados em muitos bairros de periferia. Enquanto buscava meu local de trabalho, eu falava do meu desconforto como funcionário de carreira, da vergonha em ter meu nome ligado à empresa, do repúdio e da decepção quanto aos escândalos escamoteados.
Sou então barrado por um segurança que faz questão de examinar meu crachá e usar sua posição de poder para me humilhar. Eu havia acessado a empresa por uma portaria normalmente usada pelos figurões, algo que eu não teria autorização para fazer.
Então acordei, sentindo um leve desconforto, uma sensação de injustiça, de perplexidade. E de todas as sensações que tive, concluí que nem sempre seremos arrancados de um sonho ruim através de gritos assustados ou sobressaltos.
Pesadelos também podem ser sutis.
terça-feira, dezembro 16, 2014
Tripudiando sobre a própria tristeza
Soneto da separação. Vinicius de Moraes.
É melhor tripudiar em cima de sua própria tristeza do que da tristeza alheia...
segunda-feira, dezembro 15, 2014
Sina
Solidão profunda
me inunda.
Arregaça o peito.
Não me aceito.
É a minha sorte
de ser forte.
Perdedor, contudo,
pobre e mudo.
Sigo o meu caminho.
Vou sozinho.
E me endureço.
Pago o preço
de ser diferente.
Sigo em frente
sem chegar, porém.
Sou ninguém.
Olho à minha volta.
O medo volta.
E engulo em seco.
Eu me perco
no vazio triste
que persiste
e que todavia
me alivia.
me inunda.
Arregaça o peito.
Não me aceito.
É a minha sorte
de ser forte.
Perdedor, contudo,
pobre e mudo.
Sigo o meu caminho.
Vou sozinho.
E me endureço.
Pago o preço
de ser diferente.
Sigo em frente
sem chegar, porém.
Sou ninguém.
Olho à minha volta.
O medo volta.
E engulo em seco.
Eu me perco
no vazio triste
que persiste
e que todavia
me alivia.
sexta-feira, dezembro 12, 2014
O Ciclo da Morte - uma inusitada parceria
Kelene e Lúcio formam uma dupla improvável. Afinal, o que um vampiro antigo ganharia ao morar com uma jovem desajustada? A aparentemente única vantagem seria a discrição da moça, algo muito interessante para um ser sobrenatural.
Mas logi o vampiro percebe que Kelene vai muito além das aparências. Caçado por um velho companheiro, atormentado por seus erros passados e contando com o auxílio de Kelene, ele se lançará em uma série de eventos que abalarão os fundamentos do mundo, pondo em risco a própria morte.
Um dos pontos mais interessantes da prosa de Thaís Lopes é seu ritmo. Com uma narrativa ágil, composta por eventos bem encadeados, a autora mantém presa a atenção do leitor até o final do livro. Outro fator que contribui para isso é a dinâmica entre os personagens, através de diálogos bem construídos que transmitem a tensão entre o vampiro e a humana. Carregando a relação com uma leve dose de erotismo, a autora evita tornar seu texto apelativo, ao mesmo tempo que escapa do romantismo moralista.
Assim, O Ciclo da Morte sem dúvida se configura uma ótima leitura, uma envolvente jornada pelos Caminhos da Morte.
Ficha Técnica
Edição: 1
Editora: Senhor da Lenda
ISBN: 9788566486025
Ano: 2014
Páginas: 372
Link para o livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/377533ED426485-o-ciclo-da-morte
Ficha Técnica
Edição: 1
Editora: Senhor da Lenda
ISBN: 9788566486025
Ano: 2014
Páginas: 372
Link para o livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/377533ED426485-o-ciclo-da-morte
quarta-feira, dezembro 10, 2014
Liga de Autores Mineiros - Sessão de autógrafos dos livros da escritora Edna Barbosa de Souza
Essa é de primeira mão. Estive hoje na Leitura do Shopping Del Rey para prestigiar a sessão de autógrafos dos livros Calango Tango e Birosca quer fugir de casa, da amiga Edna Barbosa de Souza.
Abaixo, as sinopses das duas obras:
Birosca quer fugir de casa
Birosca é um peixinho sapeca e inteligente que vive na Lagoa do Parque Municipal, em Belo Horizonte. Depois que a lagoa começa a ficar poluída, Birosca decide fugir de casa. No entanto, para alegria de todos daquela lagoa, muda de ideia e mobiliza os amigos para resolver a situação.
Calango Tango: o Calango que Perdeu um Pedaço do Rabo
Calango Tango é um calango charmoso, vaidoso e convencido de ser o mais o mais veloz da rua da D. Cocota da casa do muro furado e de ter o rabo mais bonito de todos os bichos da região. Até o dia em que acontece um acidente e Calango Tango perde o seu rabo. E agora como resolver esse problema? Calango decide juntar dinheiro para fazer uma cirurgia plástica, mas a história toma outro rumo.
segunda-feira, dezembro 08, 2014
Pena
sexta-feira, dezembro 05, 2014
O Vale de Elah - uma épica viagem à Palestina
Samah é um rapaz normal, como tantos outros que povoam a Palestina no século X A.C. Divide seu dia a dia entre cuidar das ovelhas da família e admirar a jovem Nazaré, por quem está apaixonado. Mas tudo muda em sua vida quando ele se vê diante de um impasse, ao saber que, por causa de uma dívida de sua família, ele terá que se tornar escravo. O rapaz então decide fugir, acompanhado de sua irmã Adaliah e da bela Nazaré, para o Vale de Elah, onde um inusitado exército acaba de nascer.
Começam assim As Crônicas de Adulão, uma saga de amor, violência, fé e fatalidade, tendo como centro a formação do exército chefiado por Davi Ben Jessé, o mais famoso de todos os reis de Israel.
Neste primeiro volume, Samah nos apresenta a um grupo ainda inexperiente, formado principalmente por parentes do jovem Davi, um dos mais competentes comandantes do exército de Israel. Considerado proscrito pelo regime em vigor, o jovem soldado se refugia na caverna de Adulão, para onde se dirigem diversas pessoas em situação crítica: escravos fugidos, famílias endividadas, outras vítimas de perseguição política. Nomeado líder desse improvável grupo, Davi começa a treiná-los como um exército.
É interessante perceber como a autora, Carla Montebeler, constrói uma narrativa leve e equilibrada, que combina perfeitamente com a personalidade de um jovem como Samah, bondoso e cheio de ideais. Contudo, Montebeler faz um contraponto ao apresentar um Samah já velho, experiente, que olha para trás com muita saudade de seus tempos de mocidade.
Assim, O Vale de Elah torna-se uma ótima pedida para os leitores de romances épicos, como os de Bernard Cornwell e Christian Jacq.
Ficha Técnica
ISBN: 9788582731611
Ano: 2013
Páginas: 68
Editora: Multifoco
Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/326182ED365598-o-vale-de-elah
Ficha Técnica
ISBN: 9788582731611
Ano: 2013
Páginas: 68
Editora: Multifoco
Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/326182ED365598-o-vale-de-elah
quarta-feira, dezembro 03, 2014
Retorno aos vídeos poéticos: Vandalismo, de Augusto dos Anjos
Bem, pessoal, boa noite! Estou de volta com as atualizações no canal que tenho no Youtube. E mais uma vez compartilho o vídeo de um poema do meu poeta favorito: Augusto dos Anjos!
Vandalismo
Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.
Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
terça-feira, novembro 25, 2014
E agora, José?
A
Bienal acabou. O livro esgotou. A noite esticou e o pé inchou. E
agora, José?
Foram
dez dias de intenso trabalho. A ideia de participarmos da Bienal
nasceu no Segundo Encontro de Jovens Autores e Blogueiros Literários.
Não imaginávamos que tabém nascia a Liga de Autores Mineiros.
Durante
a reunião, o assunto Bienal do Livro de Minas foi levantado, mas
apenas como possibilidade. O colega (e hoje amigo) Ariálisson de Freitas se ofereceu para tomar a frente nos contatos com a empresa
organizadora. Seu papel foi crucial para a consolidação nosso
projeto.
Seguiu-se
então o longo caminho de organização, com reuniões e debates,
culminando na semana anterior ao evento, que exigiu muita energia do
pessoal. Eu, que estava fora de Belo Horizonte, cheguei na véspera e
encontrei tudo pronto. Restava-me agora dar sangue durante os dez
dias seguintes.
E
foram de fato dez dias bem puxados. Todos trabalhamos bastante,
principalmente o Ariálisson e a Thais Lopes. Foi a experiência da
Thais que nos garantiu a segurança necessária para as tarefas
financeiras.
Contudo,
não posso deixar de destacar o talento da Ana Faria que atraiu
muitos leitores com seu cosplay, a simpatia de Carla Montebeler, Edna
Barbosa, Sterlayni Duarte e Poliana Nogueira, o encanto de Lavínia
Rocha e Augusto Alvarenga, a incansável disposição de Antônio Navarro, a tranquilidade de Ledinilson Moreira e
Hermes Lourenço. A Thais também conquistou inúmeros leitores com
sua irreverência, e jovialidade.
Foram
dias incríveis em que fizemos amigos, como o pessoal da editora
Poesias Escolhidas, os escritores Leandro Schulai, Rafaela Polanzynk,
Gusttavo Majory, Carol Viana, Eduardo Assumpção e muitos outros; criamos laços,
estabelecemos parcerias e, principalmente, divulgamos nossa
literatura. Foi com extrema satisfação que vi os títulos de muitos
colegas serem esgotados. E além disso tive o privilégio de poder
conviver com eles.
As conversas que tive com vários escritores, em especial o querido José Carlos Aragão, ainda que descontraídas, certamente garantiram grandes lições para mim.
Não posso deixar de citar as blogueiras Renata Ávila, Alessandra Santos Reis, Paulina Pimenta e Letícia Pimenta. Obrigado, meninas!
Além disso, vale destacar a importância que nossos familiares tiveram, doando seu tempo e apoio conforme a disponibilidade de cada um. Sua participação foi crucial para o nosso sucesso!
Esses
últimos quatro meses muito me ensinaram sobre cooperação e
trabalho em equipe. Foi um processo que culminou nesses incríveis
dez dias. Contudo, o que mais aprendi nesta incrível jornada é que
a Bienal do Livro de Minas 2014 foi apenas o começo.
Pessoal, se eu por distração tiver esquecido de mencionar alguém, por favor, não deixem de me lembrar! ^_^
quarta-feira, novembro 19, 2014
Sessão de autógrafos na Bienal do Livro de Minas
Créditos: Poliana Nogueira |
Olá, pessoal! Passo aqui para avisar que estou todos os dias na Bienal do Livro de Minas e farei uma sessão de autógrafos dos livros Patos Selvagens e O Medalhão e a Adaga no estande da Liga dos Autores Mineiros (J08). Conto com vocês!
Local: Bienal do Livro de Minas (EXPOMINAS - Av. Amazonas, 6030 - Gameleira
Belo Horizonte)
Data: 22/11/2014, às 12h.
sexta-feira, outubro 31, 2014
Posicionamento sobre as eleições
Pessoal, fiquei muito alegre com o resultado da eleição mas, ao mesmo tempo, muito triste e preocupado. Já declarei publicamente qual minha preferência. Inclusive busquei ler os programas de governo dos dois candidatos. Pesquisei as notícias negativas sobre cada um deles. Isso ajudou a dar mais firmeza à minha decisão.
Porém, acompanhando as pesquisas como um torcedor acompanha o desempenho de seu time, fui ficando cada vez mais preocupado. Afinal, eleição não é igual clássico de futebol, onde o vitorioso geralmente fica feliz com a derrota do rival.
Eleição não pode ser a vitória da maioria, mas de todos. Assisti ao pronunciamento da Presidente Dilma. Foi de fato um momento importante, pois faço questão de não esquecer suas palavras e promessas. Quero um Brasil plural e igualitário e procurei escolher qual candidato representava esses valores.
Como disse o Fabiano Azevedo Barroso, eu igualmente espero não ter ofendido algum de meus amigos por conta de minhas opiniões políticas. Desejo que estas eleições sirvam para que possamos estabelecer metas, firmar parcerias, chegar a objetivos comuns.
E espero sinceramente que esta eleição seja um marco para um Brasil para todos.
Este texto foi originalmente publicado no Facebook dia 26 de outubro de 2014.
Porém, acompanhando as pesquisas como um torcedor acompanha o desempenho de seu time, fui ficando cada vez mais preocupado. Afinal, eleição não é igual clássico de futebol, onde o vitorioso geralmente fica feliz com a derrota do rival.
Eleição não pode ser a vitória da maioria, mas de todos. Assisti ao pronunciamento da Presidente Dilma. Foi de fato um momento importante, pois faço questão de não esquecer suas palavras e promessas. Quero um Brasil plural e igualitário e procurei escolher qual candidato representava esses valores.
Como disse o Fabiano Azevedo Barroso, eu igualmente espero não ter ofendido algum de meus amigos por conta de minhas opiniões políticas. Desejo que estas eleições sirvam para que possamos estabelecer metas, firmar parcerias, chegar a objetivos comuns.
E espero sinceramente que esta eleição seja um marco para um Brasil para todos.
Este texto foi originalmente publicado no Facebook dia 26 de outubro de 2014.
quinta-feira, outubro 30, 2014
Sobre nascer
Brincando comigo durante a visita de hoje, uma criança declarou: "você é bobo!" e concordei.
Ainda completei: "Eu nasci bobo."
A criançada caiu na risada. Apenas uma das meninas não riu. Chegou perto de mim, pegou minha mão e disse, bastante preocupada:
"Você não nasceu bobo..."
Ajoelhei-me para ouvir melhor e ela repetiu:
"Você não nasceu bobo. Você nasceu feliz."
Caramba. A sabedoria infantil me pega de surpresa de vez em quando.
Ainda completei: "Eu nasci bobo."
A criançada caiu na risada. Apenas uma das meninas não riu. Chegou perto de mim, pegou minha mão e disse, bastante preocupada:
"Você não nasceu bobo..."
Ajoelhei-me para ouvir melhor e ela repetiu:
"Você não nasceu bobo. Você nasceu feliz."
Caramba. A sabedoria infantil me pega de surpresa de vez em quando.
quinta-feira, outubro 23, 2014
Cercado mas não vencido: Max e os felinos
Filho de um peleiro de Berlim, Max se envolve com a esposa de um membro do Partido Nazista. Descoberto o romance, o rapaz é obrigado a fugir para o Brasil. Começa assim uma série de aflições sofridas pelo rapaz em seu exílio.
Max e os felinos está dividido em três capítulos que também poderiam ser chamados de atos. Cada um está ligado a uma espécie de felino. O primeiro é um tigre; o segundo, um jaguar e o terceiro, uma onça.
É interessante observar que o livro demonstra a evolução, o amadurecimento do personagem diante das adversidades. Há, em contraponto, uma gradual diminuição do porte do felino, que assume um papel alegórico. A cada ato a postura de Max muda do medo paralisante ao total enfrentamento. E assim o protagonista se fortalece diante dos desafios, pois reconhece que o medo é uma ameaça interna, maior que qualquer perigo que possa cercá-lo.
Ao mesmo tempo, podemos considerar o segundo ato como a alegoria da sociedade regida por governos totalitários, onde a passividade e o medo que o cidadão comum sente alimenta e fortalece um regime que, quando não oprime o povo, está totalmente alheio a suas necessidades. Dessa forma, o livro não somente se constitui numa bela história de superação, amadurecimento e coragem, mas também um retrato contundente de um processo histórico que nós brasileiros também enfrentamos durante o Estado Novo. A proposta então é a resistência, o enfrentamento. O monstro teme ser enfrentado e é capaz de consumir-se quando tal acontece.
Não podemos esquecer a deliciosa prosa de Moacyr Scliar, artesão da prosa. Com seu talento, ele faz de Max e os felinos uma experiência de prazer e reflexão.
Ficha Técnica
Editora: L&PM
Ano: 1981
Páginas: 78
Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/12086-max-e-os-felinos
Ficha Técnica
Editora: L&PM
Ano: 1981
Páginas: 78
Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/12086-max-e-os-felinos
quinta-feira, setembro 25, 2014
Um sábado literário
Neste último sábado realizamos aqui na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil o evento Mochila Literária. Trata-se de um projeto criado pela autora Adriana Vargas e que busca reunir jovens autores com o propósito de mútua divulgação.
A organizadora desta edição, Carla Montebeler, deu a ideia de realizá-lo na Biblioteca e como consegui a autorização, fomos nos organizando, fazendo a divulgação junto às redes sociais e trocando ideias.
Foi um sábado muito conturbado. Eu realizei uma oficina chamada Publique seu livro pela manhã. Ao todo tivemos 16 participantes, todos muito interessados no tema. Acredito que eles tenham ficado satisfeitos com o resultado da oficina.
Logo após fechar a Biblioteca, fui recolhido pelo motorista do Sítio Escola 4 Elementos para uma feira literária que lá ocorria. Um pouco tenso, tive meu nervosismo dissipado ao desfrutar da companhia da escritora Rosana Mont'Alverne durante o trajeto. Tivemos então uma agradável conversar bastante sobre literatura.
No evento literário pude falar de minhas obras e de minha paixão pela escrita. Depois do bate-papo, fui conduzido pela escola para conhecer suas dependências. Em seguida, fiquei em uma sala para a sessão de autógrafos. Foi ótimo ver quantas crianças estavam interessadas pelo meu livro! O único problema foi que O Medalhão e a Adaga não estava disponível para venda e por isso só autografei o Patos Selvagens.
Não pude ficar até o final do evento, pois tinha que estar na Biblioteca às 18h30. Fui novamente transportado pelo motorista do Sítio Escola, chegando no horário marcado. De 18h30 às 19h30 fiquei prestando auxílio à equipe do projeto para que o espaço ficasse pronto na hora certa.
O evento começou mesmo às 20h e contou com um bom público. Foi uma noite gostosa e agradável. Pudemos conversar com bastante descontração, brincando uns com os outros e respondendo a perguntas do público. Ao final pude autografar O Medalhão e a Adaga para algumas pessoas. Dessa vez, o Patos Selvagens estava em falta. Ainda assim, senti que minha obra foi contemplada ao longo do dia.
Creio que eventos como estes contribuem para o desenvolvimento da literatura em nossa cidade e seu entorno. Se desejamos uma cidade literária, uma cidade de leitores, devemos promover mais encontros entre autores e leitores. Acredito que essa é uma forma rica de oxigenar a literatura, propor diálogos sólidos e enriquecer os escritores de material humano para suas obras. Sim, pois acredito que um dos grandes fenômenos da boa literatura é causar no leitor a impressão de ver-se no texto lido. E um escritor só pode alcançar esse nível de sinergia pelo amadurecimento e pelo encontro.
Bem, acredito que esse sábado foi mais rico do que posso medir e que seus resultados irão reverberar ao longo de nossas carreiras literárias.
Um agradecimento especial a aos autores Carla Montebeler, Ledinilson Moreira, Poliana Nogueira, Thais Lopes e Sterlayni Duarte e às blogueiras Renata Ávila, Alessandra Santos Reis, Letícia Pimenta, Paulina Pimenta e Brenda Ellen.
Segue agora um vídeo feio pela Paulina Pimenta com parte do bate papo entre autores.
sexta-feira, setembro 05, 2014
Momento Pandeguice
Deixando aqui um vídeo bem bobo. Afinal, é bom dar gargalhadas e debochar um pouquinho de vez em quando...
Essa musiquinha foi feita em homenagem àquela gosma que nos salva de ácaros, bactérias e outros intrusos.
O Catarro Verdão
Verde e gosmento no meio do dedão
esta é a história do Catarro Verdão
O Catarro Verdão tem múltipla função:
Ele cola seu dever, é uma boa refeição.
Em casa ou na escola, no recreio ou na aula
ele sempre te atende não te deixa na mão.
Ele cola porcelana, borracha e madeira.
Serve pra modelar, é uma boa brincadeira.
Você que está em casa desligue a televisão.
O Catarro Verdão é sua diversão!
Não é mole, meu irmão, ser um catarrão!
quarta-feira, setembro 03, 2014
Revoada dos Patos Selvagens
Sim, meu amado filho finalmente alçou voo. Eu, pai todo orgulhoso, vi suas vigorosas asas enquanto me enchia de orgulho. O dia 30 de agosto foi maravilhoso. Ainda que eu estivesse extremamente ansioso, consegui me segurar, manter a calma, e curtir com gosto esse maravilhoso momento.
O caminho até o lançamento foi longo e árduo. Começou há mais de um ano, quando enviei o original para a editora RHJ. Durante alguns meses fiquei ansioso mas lentamente fui me desprendendo. Acho que em parte por causa de uma autoestima deficitária. Enfim, achava que meu texto não convenceria.
Assim eu me mantive em silêncio sobre esse livro enquanto voltava todas as minhas forças para a obra que estava para nascer, O Medalhão e a Adaga.
Curiosamente, um mês após o lançamento, recebi um e-mail da editora RHJ expressando o interesse na publicação de meu texto. Exultei, fui às nuvens. Naquele momento eu me senti como alguém que ganha na loteria.
A partir desse primeiro e-mail deu-se início a um longo processo editorial. Eu aguardei com muita ansiedade o findar desse processo. Era assaltado por dúvidas atrozes, cheguei a sonhar que a editora entrava em contato comigo para dizer que meu livro era péssimo e não seria mais publicado. Foram momentos de sono escasso e atribulado.
Quando finalmente senti o livro em minhas mãos, fiquei maravilhado. Seguiu-se então a espera para organização do lançamento. Era preciso planejar uma data, fazer contatos, estimar público, organizar a agenda, levar aos amigos os convites.
E finalmente chega o dia 30 de agosto. Eu não me aguentava de tanta expectativa. Estava como um pião, sem parar um momento. O plano era fazer um bate-papo, mas as pessoas foram chegando, pedindo autógrafo, e assim a fila se formou e o papo ficou para outro momento.
Foi assim que eu pude assentar, mas sem descanso. Seguiu-se um longo período atendendo, dando autógrafos, tirando fotos, sorrindo, abraçando leitores. E fui agraciado com a presença de amigos que mostraram todo o seu afeto. A presença dessas pessoas foi fundamental para fortalecer meu desejo de escrever ainda mais - e melhor!
Assim, ao chegar o horário de fecharmos a Biblioteca, eu estava com o estômago vazio (não havia parado nem para beber água) e o coração cheio, transbordando. O sonho não foi apenas realizado, eu pude lançar meu livro ao lado da escritora e professora Ana Elisa Ribeiro, uma pessoa por quem nutro uma enorme admiração. Meu sonho ultrapassou todas as expectativas.
Fica aqui, então, meu agradecimento à Ana Elisa, à minha família, aos meus amigos e em especial a Ana Luiza de Freitas Rezende, que foi um apoio mais que sólido neste bom momento.
Programação de setembro de 2014 na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH
Programação BPIJBH – Setembro/2014
Literatura
Oficina Fábrica de Monstros
Leitura dos livros Pequeno manual de monstros caseiros e Mais um pequeno manual de monstros caseiros, de Stanislav Marijanovic. Criação de perfis de monstros a partir das narrativas lidas.Com Israel Ribeiro
Público: Crianças (8 a 12 anos)
Vagas: 15
Dia 11, quinta, às 14h30.
Oficina O vizinho monstruoso
Leitura do livro Condominio dos Monstros, de Alexandre Gomes e criação de um novo personagem para habitar a Rua Mortinho da Silva, número 13. Com Samuel Medina.
Público: infantil (6 a 10 anos)
Vagas: 20
Dia 12, sexta, às 10h30
Voz da Poesia
Leitura de poemas de diversos autores, em voz alta, buscando novas percepções de sentido e musicalidade. Com Sérgio Fantini.
Dia 18, quinta, às 14h30
Oficina borboletras
Leitura do poema “Borboleta Amarela”, do livro em duas escritas Nas Asas da Poesia, de Simone Pedersen, seguida de um bate-papo sobre poesia. Em seguida, os participantes serão estimulados a elaborar seus próprios poemas. Com Wander Ferreira.
Público: infantil (6 a 10 anos)
Vagas: 15
Dia 19, sexta, às 10h30.
Oficina Conte um conto
Leitura compartilhada de contos de autores brasileiros e conversa descontraída sobre a história. Com Sérgio Fantini
24, quarta, às 9h30
Oficina Carta para o mundo das fadas
Leitura compartilhada do livro O carteiro chegou, de Janet & Allan Ahlberg e proposta de exercício da recriação literária dos clássicos infantis, através de cartas escritas pelas crianças presentes.Com Israel Ribeiro
Público: Crianças (8 a 12 anos)
Vagas: 15
Dia 25, quinta, às 14h30.
Era uma vez jovem
Narração de histórias para jovens e adultos. Com o Grupo Via do Conto.
Público: Jovem
Dia 25, quinta, às 19h.
Curso Panorama do livro para crianças e jovens
O curso propõe uma reflexão sobre os livros, principalmente os destinados a crianças e jovens, desde a perspectiva histórica até a diversidade de gêneros, passando por sua materialidade.Com a consultora editorial e Publisher da Revista Emília, Dolores Prades.
Público: profissionais do livro e da leitura
Informações e inscrições a partir do dia 10 de setembro no blog:panoramadolivro.blogspot.com
Dias 29 e 30, segunda e terça, de 8h às 20h
FORMAÇÃO PERMANENTE
Roda de Leitura
Encontro para estudos sobre leitura e literatura infantil e juvenil, bem como prática de leitura em voz alta. Com Wander Ferreira e Samuel Medina.
Aberto a novos interessados.
Públicos: juvenil e adulto (mediadores de leitura, educadores e interessados em geral)
Dias 3, 10 e 17, quartas, às 9h30.
Dia 24, quarta, às 9h30 – Roda de Leitura Especial
Encontro semanal de contadores de histórias
Reunião para seleção e pesquisa de textos literários, exercícios de narração e trocas de vivências. Com Samuel Medina e Érica Lima.
Aberto a novos interessados.
Dias 5, 12, 19 e 26, sextas, às 9h45.
Conheça a BIBLIOTECA
Visitas monitoradas
Para conhecimento dos espaços, acervos (literário, informativo e quadrinhos) e participação nas atividades da biblioteca.
Públicos: infantil, juvenil, universitário e demais interessados.
Agendamento pelo telefone 3277-8672, de terça a sexta, das 9 às 17h.
Visitação: terças e quintas, às 9h30; quartas e sextas, às 14h30.
Mais informações: bpij.fmc@pbh.gov.br
SERVIÇOS
Empréstimo de livros e quadrinhos. Acervo disponível para consulta local com obras informativas e literárias voltadas, sobretudo, para os públicos infantil e juvenil.
Acesso à internet (Telecentro). De terça a sexta, das 9 às 17h30; sábados, das 9h30 às 13h.
AOS SÁBADOS
Dia 13
Sessão de autógrafos com os poetas Rômulo Garcias, autor de Clandestino (Asa de papel) e Adri Aleixo, autora de Des.caminhos (Patuá).
Público: Jovens e adulto
Às 10h
Dia 20
Oficina Giroletras
Leitura de textos literários para a primeira infância. Com Samuel Medina
Público: infantil
Vagas: 20
Às 10h
Oficina Publique seu livro
Uma apresentação sobre os métodos atuais de publicação, apresentando dicas sobre como enviar o original a uma editora ou como publicar de forma independente. Com Samuel Medina.
Vagas: 25
Às 11h
Mochila Literária
Evento que conta com a participação de vários autores, tanto de Belo Horizonte quanto de outras cidades. Serão realizados debates, conversas com leitores e sessões de autógrafos.
Às 19h
Dia 27
Leituras em quadrinhos
Clube de leitura que se reúne quinzenalmente para ler e discutir temas relacionados aos quadrinhos, sua linguagem e relação com outras mídias. Com Afonso Andrade.
Públicos: juvenil e adulto
Às 10h
Era uma vez...
Hora do conto: leitura e narração de histórias da literatura e da tradição oral. Com Maria Célia, Cidinha e Maria Tereza, contadoras de histórias voluntárias da Biblioteca Infantil e Juvenil.
Público: infantil
Às 10h30
BIBLIOTECA PÚBLICA INFANTIL E JUVENIL DE BELO HORIZONTE
23 anos partilhando leituras
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 8h30 às 17h30
Aos sábados, das 9h às 13h
Rua Carangola, 288 – Térreo – Santo Antônio. CEP: 30.330-240
3277-8658
Ônibus: 5102 e 9103, SC01 e SC02 (Av. Contorno)
quarta-feira, agosto 27, 2014
Profilaxia
Brisa
Foi uma noite só...E ela partiu.
Levou embora meu desejo
meu impulso viril.
Agora ando em busca
sempre em busca
De uma outra ideia
Outra loucura
Que me venha
redimir.
Culpa
Sinta seu próprio nojoGuarde-o em seu peito.
Este será de longe
o maior tesouro
que você
alcançará.
Rasgue este texto
falsa
profecia
A poeirinha chamada
Deus
continua a cutucar
o canto
do seu olho.
Fenecer
A fome da morteé uma fome de norte
De um sentido forte
Mais seguro que a sorte
Simples demagogia
pensar que a poesia
em sentido se fia
ou na certeza se avia.
Quase um
Eu era váriosOs nomes todos acumulados
memória de
mil homens
todo um povo
saído
de um Egito espectral.
Tudo pra ser inteiro, completo,
mas as palavras faltaram
foram poucas.
E assim permaneço
rascunho
plano
incompleto.
Belo Horizonte, 27 de agosto de 2014
terça-feira, agosto 12, 2014
Lançamento de um pato e uma carta
Atenção! Meu novo livro, Patos Selvagens, será lançado no dia 30 de agosto de 2014, às 11h, na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte. Será um lançamento conjunto com a incrível escritora, pesquisadora e poeta Ana Elisa Ribeiro, com seu E-mail de Caminha, uma releitura da carta de Pero Vaz de Caminha à Coroa Portuguesa em ocasião do "descobrimento" do Brasil.
O endereço:
Rua Carangola, 288 - Térreo - Santo Antônio - Belo Horizonte - MG
Ônibus: 9103, 5102, 8108 (esquina da Carangola com a Contorno)
Contato: bpij.fmc@pbh.gov.br (31) 3277-8658
Confirme sua presença no evento pelo Facebook: https://www.facebook.com/events/931420243551025/?fref=ts
Confira um pouco mais sobre as obras a serem lançadas:
Há muitos mistérios sobre um lago assombrado pela imagem de uma bela jovem. Quando Nerito, um corajoso aventureiro, passa a se envolver com este enigma, decide lançar-se em busca de respostas. Qual será o seu destino? Acompanhe Nerito nesta emocionante jornada.
quarta-feira, agosto 06, 2014
Portais: mundos imersos em mundos
Conheci o Ledinilson, autor de Portais, há uns bons dez anos. Na época, eu trabalhava como programador, assim como ele. Nenhum dos dois imaginava que tanto tempo depois, quando já não tínhamos mais contato, seríamos novamente companheiros de trabalho, só que agora no mundo das letras.
Foi assim que pude também ler Portais, uma trama fantástica com toques de ficção científica. No livro, quatro amigos que estudam na Faculdade de Engenharia da UFOP se veem subitamente envolvidos em uma trama internacional, ao descobrirem que suas linhagens estão ligadas a poderosos clãs destinados a guardar as chaves dos portais: artefatos que podem criar aberturas no espaço-tempo, levando a dimensões onde não apenas a física é diferente, mas onde as ideias chegam a ter forma. Através desses portais seria então possível ter contato com qualquer objeto que tenha sido alguma vez concebido.
Dessa forma, Miguel, Gabriel, Rafael e Mikaela se lançam em uma corrida pela sobrevivência não apenas deles, mas de toda a humanidade.
Repleto de cenas de ação e com boas doses de romance e humor, Portais é uma narrativa que garante bons momentos de diversão.
Ficha técnica
Edição: 2
Editora: Dracaena
ISBN: 9788564469846
Ano: 2012
Páginas: 332
Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/180957-portais
sexta-feira, agosto 01, 2014
Retórica
Trigo, sal e blues.
A noite se fecha sobre meus olhos.
As pontas dos edifícios tremulam.
Dou mais um trago de minha garrafa
e as palavras descem queimando por minha garganta.
Embriagado estou,
contaminado,
cativo
de
mim
quarta-feira, julho 30, 2014
Engenharia Social
terça-feira, julho 29, 2014
Quando a sombra ficou no lugar
Noventa e três,
tempo de sonhos
Nascem mazelas no lugar
A poeira da rua unta nossos pés
enquanto o caminho, interrompido
corta pela metade qualquer desejo
Éramos muitos,
poucos olhavam
Era tudo quase fraterno
Veneno (Marco Antônio) fala digavar
Adão como toda a pasta de dente
Cuei acha a minha camisa folgada demais pra ele
Tobinha acerta uma pedra na nuca de Meio-quilo
E o Manchinha, sempre tão afobado
queria apenas uma namorada
Éramos muitos
poucos os sonhos
"Não é permitido"
sussurravam as pedras
A cada dobra de esquina
tempo de sonhos
Nascem mazelas no lugar
A poeira da rua unta nossos pés
enquanto o caminho, interrompido
corta pela metade qualquer desejo
Éramos muitos,
poucos olhavam
Era tudo quase fraterno
Veneno (Marco Antônio) fala digavar
Adão como toda a pasta de dente
Cuei acha a minha camisa folgada demais pra ele
Tobinha acerta uma pedra na nuca de Meio-quilo
E o Manchinha, sempre tão afobado
queria apenas uma namorada
Éramos muitos
poucos os sonhos
"Não é permitido"
sussurravam as pedras
A cada dobra de esquina
domingo, julho 27, 2014
A Cidadela - Parte III de IV
Ir para A Cidadela - Parte II de IV
Uma presença inegável respondeu como algo que invadia sua mente qual uma onda. Lorguth atendia ao seu chamado com uma vivacidade incrível. Da lâmina emanavam sentimentos muito próprios, mas era difícil para Seridath identificá-los, distingui-los dos seus próprios sentimentos. Mais uma vez o rapaz teve medo. Temeu ser subjugado. Lembrou-se então da vergonha que sentira quando a espada não funcionou. Aquilo tudo era parte do teste e, para ser aprovado, ele precisava dominar sua arma, fazê-la erguer suas vítimas para que elas novamente lutassem por ele.
Uma presença inegável respondeu como algo que invadia sua mente qual uma onda. Lorguth atendia ao seu chamado com uma vivacidade incrível. Da lâmina emanavam sentimentos muito próprios, mas era difícil para Seridath identificá-los, distingui-los dos seus próprios sentimentos. Mais uma vez o rapaz teve medo. Temeu ser subjugado. Lembrou-se então da vergonha que sentira quando a espada não funcionou. Aquilo tudo era parte do teste e, para ser aprovado, ele precisava dominar sua arma, fazê-la erguer suas vítimas para que elas novamente lutassem por ele.
O rapaz levou um bom tempo para conseguir separar os seus pensamentos dos de Lorguth. Quando sentia cansaço mental por causa do exercício, deixava de tocar a lâmina para conseguir certificar-se de seu próprio eu. Mas logo ele já conseguia identificar a presença da consciência da espada junto à sua própria. Percebeu que Lorguth transbordava volúpia. Ela havia impulsionado a querela contra Balgata e o desprezo contra Aldreth. Talvez ela o tivesse impelido a ingressar na Companhia. Até aquele momento, o rapaz não fizera nada mais do que obedecer aos impulsos caóticos de sua companheira.
Outro sentimento forte na lâmina era uma euforia quase pueril. Lorguth não estava interessada no sangue dos homens dentro da cidadela. Ela ansiava provar o sangue de algo maior, mais forte. Seridath sentiu uma palavra surgir involuntária em sua mente: “Tominaro”. O cavaleiro surpreendeu-se, desconhecendo o significado dessa palavra. Mas havia também outra coisa, a expectativa de um encontro. A espada transmitiu a Seridath que havia um ente incrivelmente poderoso naquele exército de mortos. Talvez mais de um.
Aquilo era um problema para Seridath. Balgata e os outros esperavam que ele cumprisse sua parte. O guerreiro precisava invocar os servos de Lorguth antes que a caravana chegasse à cidadela. Ele acreditava que todos os entes vivos que fossem mortos pela sua espada deveriam tornar-se como aqueles dois monstros que surgiram em Keraz. Na verdade, deveriam ser três, o número de vítimas que Seridath fizera em sua primeira luta. E se as usas suposições estivessem corretas, os argros e as criaturas mutantes engrossariam suas fileiras.
Se três monstros fizeram aquele estrago em Keraz, as novas vítimas seriam uma temida força, e Seridath contava com isso. O plano era simples: Balgata e alguns homens teriam que segurar os portões abertos até que os servos invadissem e matassem qualquer inimigo, poupando somente quem estivesse desarmado. O capitão parecera vacilante na adoção a esse plano, mas as opções de que dispunha eram realmente escassas.
Enquanto Seridath estava imerso em sua luta pessoal com Lorguth, os sobreviventes se preparavam para dar início ao plano para tomar Arnoll. Balgata ainda lançou um olhar para trás, para o interior do bosque, esperando que sua escolha não os condenasse. Era um risco que estava disposto a correr.
Nas entranhas do bosque, Seridath continuava a fazer suas descobertas, como que mergulhado em profunda meditação. O jovem começava a distanciar-se da realidade sensível e física, para penetrar em uma densa escuridão. Lentamente ele começou a perceber que agora era a espada que o conectava ao mundo real. Deixou-se levar, ainda que com cuidado, por esse caminho escuro, penetrando nas sombras profundas.
sábado, julho 26, 2014
Ébrio
tolhido de sentidos
ele persevera.
Vence colinas
escala montanhas
e persevera.
Não fosse a linguagem
ele estaria morto.
Morta sua aspiração
Morto seu ideal
mas ele persevera
e fala
fala
e não se
cala
sua voz ecoa
pelas galerias
num
vazio
eco
ele persevera.
Vence colinas
escala montanhas
e persevera.
Não fosse a linguagem
ele estaria morto.
Morta sua aspiração
Morto seu ideal
mas ele persevera
e fala
fala
e não se
cala
sua voz ecoa
pelas galerias
num
vazio
eco
sexta-feira, julho 25, 2014
Fábulas para adulto perder o sono
O que dizer de tão fabulosa obra de Adriane Garcia? Com o perdão do trocadilho, ler essa obra poética que conquistou o Prêmio Paraná de Literatura, é de fato uma surpreendente jornada ao mundo de nossas fantasias infantis. E na tentativa de buscar adjetivos que façam jus à potência desse livro, acabo caindo no clichê, no lugar-comum.
Contudo, creio que essa seja a grande força da poesia de Adriane Garcia. Em sua obra ela revisita esses tantos clichês e os revitaliza, ressignifica, chega até mesmo a devolver um pouco de seu caráter sombrio, desprovido dessa roupagem homogeneizante do politicamente correto.
Assim, Garcia aposta nessa inesgotável fonte que é nossa literatura oral e tece uma urdidura que se destaca justamente em sua diferença, em sua ousadia. São poemas que equilibram graça e aspereza, num jogo de morte e assopra que vai quase como um gingado, uma dança de sedução.
Ainda que faltem palavras, o apelo permanece. E o convite: venha você também perder o sono.
quarta-feira, julho 23, 2014
Média
No meio do caminho
Braços e pernas
esmagados
pelo dolo
grama e concreto
servindo aos
mesmos
fins ao
mesmo
dEUS.
A dança do fogo
o jogo de imagens
a língua amputada
a vida apagada.
No meio do viaduto
tinha um
carro
No meio do campo
tinha uma
bola
No meio do ano
tinha um
engano.
Belo Horizonte, 12/07/2014
sexta-feira, julho 18, 2014
A partida de um grande escritor
Ainda me lembro com vivacidade da aventura que foi desvendar Paraty em plena FLIP. E foi indefinível o prazer que senti ao beber das palavras de João Ubaldo Ribeiro. Com todo aquele seu carisma, sua boa prosa, seu sorriso fácil e sempre franco, João disse algo que me impressionou profundamente. Ele disse que a Literatura é um dos mais poderosos meios para sermos o outro. E arrematou: "quando escrevo, se eu quiser posso ser puta".
Obrigado, João Ubaldo Ribeiro!
Obrigado, João Ubaldo Ribeiro!
O filho de mil homens - Uma literatura para além da esperança
Um homem solitário que deseja um filho mais do que tudo; um menino sem família, perdido entre a complacência e a arrogância das pessoas que o cercam; um homem que luta contra sua sexualidade, vítima do preconceito de todos e da incompreensão de sua família; uma mulher desencantada com a vida e com o amor, tanto que parece até encolher por causa de sua angústia.
Estes são alguns dos personagens de O filho de mil homens, romance de autoria do escritor português Valter Hugo Mãe. Uma obra pungente, visceral, arrebatadora. No enredo temos o pescador Crisóstomo, um homem que ao fazer quarenta anos se vê sozinho, não tendo realizado ainda seu maior sonho, ter um filho. Sua solidão é tamanha que, para mitigá-la, ele inutilmente compra um boneco, como se este pudesse, como um Pinóquio contemporâneo, virar um menino de verdade.
A partir do desejo de Crisóstomo e de sua busca inocente por felicidade, somos apresentados a outros personagens, todos incompletos e imersos em suas tragédias pessoais. Assim, Válter Hugo Mãe constrói um romance poderoso, profundo, cuja aparente ingenuidade não enfraquece seu impacto.
Pode-se dizer que o enredo revela uma perspectiva otimista. Contudo, a complexidade de cada personagem, bem como suas sofridas experiências mostram uma felicidade construída na resiliência, na esperança. Desta forma, esse otimismo torna-se um motor para a transcendência dos personagens. Essa transcendência também permite o encontro com o outro, com a diversidade. O leitor, através dos olhos de cada pessoa narrada, tem a possibilidade de transcender, de se transformar.
Belo, poderoso e profundo, O filho de mil homens é uma bela jornada e, sem dúvida, uma surpreendente descoberta.
Ficha técnica
Edição: 1
Editora: Cosac Naify
ISBN: 8540501767
Ano: 2012
Páginas: 208
Perfil do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/192940-o-filho-de-mil-homens
quinta-feira, julho 17, 2014
Semana do Livro Nacional na BPIJBH
Semana
do Livro Nacional
De 19 a 27 de julho de 2014
Dia
19 de julho, sábado
Oficina
Registre
seu Livro
A
oficina propõe orientar autores iniciantes sobre os procedimentos
necessários para o registro de textos literários no Escritório de
Direitos Autorais da Biblioteca Nacional.
Com
Samuel Medina
Público:
juvenil e adulto (autores iniciantes)
Às
10h
A
Escrita Jovem
Mesa
debate com os autores Ewerton Ribeiro, Laura Cohen Rabelo e Guilherme
Hargreaves, seguida de sessão conjunta de autógrafos.
Público:
juvenil e adulto
Às
11h
Dia
25 de julho, sexta, dia do escritor nacional
II
Encontro de Jovens Autores e Blogueiros Literários
Em
comemoração ao Dia do Escritor Nacional, será realizada uma roda
de debate sobre os desafios que o autor iniciante enfrenta em sua
caminhada e quais são as principais estratégias para que seus
leitores sejam alcançados.
Às
18h
Dia
26 de julho, sábado
Territórios Fantásticos
Territórios Fantásticos
Sessão
de autógrafos com Ledinilson Moreira, autor de Portais
e Paulo Campos, autor de O
Sino de Arsch e Hermes M. Pontes, autor de O Enigma do Fogo Sagrado
Às
11h30
Todas estas atividades ocorrerão no espaço da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte.
Endereço: Rua Carangola, 288 - Térreo - Santo Antônio. Belo Horizonte - MG
Telefone: (31) 3277-8658
E-mail: bpij.fmc@pbh.gov.br
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