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terça-feira, julho 26, 2022

A coragem de ser você mesmo - Reflexões para um melhor autocuidado



Por vezes, chegamos a pontos cruciais em nossa caminhada. Nesses momentos, nada melhor do que um bom livro que provoque a autoanálise. A coragem de ser você mesmo foi um desses livros que me levou à reflexão. O livro começa com um tom bem pessoal, onde o autor descreve seus "nascimentos", ou seja, quando ele despertou para algum aspecto de sua individualidade, como o amor, ou a paternidade.

Em seguida, o livro vai discorrendo sobre aspectos de traumas em que a vítima alimentaria sua dor, sua ferida psíquica. O texto nos incentiva a não darmos aos nossos agressores uma força maior que aquela que eles já possuem. Fala também da simbolização para tratar feridas da alma. 

Outro ponto que achei interessante no livro foi sobre a questão de relacionamentos que acabam. chegam ao fim. Salomé fala que muitas vezes, para nos mantermos fiéis a nós mesmos, devemos abrir mão de alguns relacionamentos que temos. Não fazer isso poderia então provocar problemas emocionais e somatizações. 

Outro ponto que achei muito interessante foi a proposta de um método que nos leve a ser menos reativos e mais responsáveis, focando-nos mais na responsabilização que na culpabilização.

É claro que o livro aborda muitas outras questões. Porém, as que destaquei foram estas, que  mais me chamaram atenção.

Acho importante destacar que Jacques Salomé dá grande atenção aos símbolos. Ele inclusive denuncia o monopólio das religiões sobre o campo simbólico, o que alienou o homem comum do acesso ao símbolo e provoca assim uma série de sofrimentos que poderiam ser evitados.

Com uma linguagem simples e muitos exemplos pessoas, A coragem de ser você mesmo é um livro que nos incomoda e provoca, nos instiga e desafia. Páginas de sabedoria e sensibilidade ao nosso dispor para um mergulho profundo em nós mesmos.


Ficha Técnica

A coragem de ser você mesmo

Jacques Salomé

ISBN-13: 9788587795427

ISBN-10: 8587795422

Ano: 2004  

Páginas: 184

Idioma: português

Editora: Verus

quarta-feira, abril 08, 2020

Quando as trevas fazem vez de luz

Imagem: Mikhail Timofeev
Sempre evito fazer referências bíblicas. Coisa do meu passado, de experiências ruins com o horror que sentia quando eu via uma pessoa falar de amor ao próximo e declarar, logo em seguida, que deus deveria "pesar a mão" contra alguém que não fosse cristão evangélico.

Evito referências bíblicas porque sei como elas podem ser usadas para oprimir, discriminar, massacrar, justificar o injustificável. Porém, algumas vezes sou surpreendido com absurdos tão grandes que acabo recorrendo à própria bíblia para tentar refletir um pouco.

O atual presidente se diz cristão. Declara que o Brasil é um país cristão. Costuma falar de deus a cada pronunciamento que faz. E assim continua a vender sua imagem de representante do povo cristão no Brasil.

Então, paro sou levado a refletir sobre as palavras e ações de Bolsonaro e concluo que as coisas estão no mínimo deslocadas. Para não dizer o pior.

No evangelho de Mateus, no capítulo 6, Jesus começa o famoso Sermão da Montanha. E em dado momento ele declara: "se a luz que há em ti forem trevas, quão grandes serão essas trevas!"

Não sou um estudioso da Bíblia. Fazem anos que não a consulto, mas fiquei inculcado com esse trecho, que me veio depois de ouvir um presidente falar que uma pandemia que já matou milhares de pessoas ser "uma gripezinha" e que o cuidado que as pessoas estão tendo não passa de "histeria".

E me recordo de outras coisas que o sujeito disse ao longo de sua carreira política. Uma de suas primeiras polêmicas foi colocar na mesma frase as palavras "estupro" e "merece". Uma frase claramente ofensiva, sobre a qual nem vale discutir aqui. Só vou argumentar que a frase dele faz tanto sentido quanto dizer: "só não como cocô porque não é doce."

Essa não foi a única frase cruel e criminosa de tantas. Nem vale elencar todas aqui. Destaco apenas aquelas que me causaram profundo nojo. Ele disse, por exemplo, que o crime de extermínio era bem-vindo no Rio de Janeiro. Sua fala está nos anais da assembleia legislativa do Rio. Todo mundo lembra de sua abjeta homenagem a um torturador durante a votação do impeachment.

Uma de suas mais recentes declarações foi reclamar sobre um comprovante. "Querem comprovante de tudo." Afinal, ele se declara acima de qualquer suspeita, não tem que dar satisfação a ninguém. Ao que parece, nem aos seus eleitores.

E assim continua sua trajetória em perverter as coisas. Com Bolsonaro, crime é defendido, não é preciso ter comprovante, estupro está ligado a merecimento, pandemia é gripezinha.

Eu simceramente gostaria que, nessa última, ele não estivesse errado.