quarta-feira, janeiro 24, 2024

Lembra-te

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Os ruídos são muitos. Roem as roupas que o tempo veste. São como ratos compondo uma sinfonia. Linguagem desmotivada, absurda. Os ruídos com suas várias patas rabiscam na areia dissonâncias. Sussurros. Caindo. Ascendendo. Obliquamente se deslocando como lágrimas evaporadas. Sangue-fátuo. Luminosidades mórbidas. Um monumento ao absurdo.

Seriam os ruídos sons surdos? Um baque surdo é um ruído que maltrata a mente. O coração bate surdo. É absurdo o esforço que um coração faz ao bater e bater. Ou melhor ba-ter, ba-ter, ba-ter. Prendo a respiração e o peito parece bater mais forte.

Há anos que meu coração esmurra meu peito. Se pudesse, ele gritaria. Bomba de microexplosões, meu coração é um atentado. Oferta ao deus absurdo. Caos milimetricamente executado.

Angústia é ruído. Ruído é música. Melodiosamente a angústia costura em minha pele suas linhas de abandono. Assim eu me abandono também. E me abano. E conto os danos. São tantos.

Ontem morreu alguém. E também hoje. Um rasgo na tessitura da vida. A morte é traça e ruído. Se cada morte é ruído, esse conjunto compõe uma melodia chorosa e revolta. O corpo nem esfriou, o copo nem esvaziou, mas a folha já se rasgou numa delícia obscena. Foi-se. Foice.

Nunca o mundo esteve em silêncio. Os ruídos continuam. As mortes nem mais se contam. Natureza morta. Memento mori


segunda-feira, janeiro 22, 2024

O Lobo da Estepe - As existências e transformações de Harry Haller



Harry Haller é alguém dividido. Em seu interior, homem e fera combatem entre si. Os ideais civilizatórios e burgueses vivem em conflito com a imagem de um lobo, selvagem e feroz. É o Lobo da Estepe, que ao mesmo tempo que orienta a personalidade de Harry, também o assombra e aterroriza. 

Romance escrito por Hermann Hesse, esta é uma obra profunda e enigmática. Conta sobre esse indivíduo inteligente e culto, em crise consigo e com o meio em que vive, a burguesia. Harry sente angústias atrozes, a ponto de querer acabar com a própria vida. 

Por conta dessa agonia e da insistente vontade de se matar, Harry sai à rua para caminhadas longas e angustiadas. Em uma delas, o protagonista se vê diante de um letreiro onde está escrito "O Teatro Mágico" e tem contato com um livreto que misteriosamente fala de sua vida, "Tratado do Lobo da Estepe". É um texto que não apenas traça um perfil dele mesmo, mas também procura desconstruir a dicotomia em que este se encontra. 

Harry costuma falar de si mesmo como o Lobo da Estepe. E ao ler o livreto, ele vê o quanto essa divisão interna é enganosa. O texto defende que dentro de cada homem vivem vários, inúmeros. E essas existências várias vão moldando o ser na sua suposta individualidade.

Além disso, Harry deseja conhecer "O Teatro Mágico". Interessado em adentrar nesse recinto, ele tem seu acesso impedido, uma vez que a entrada é garantida "apenas para raros". Ou seja, apenas indivíduos excepcionais poderiam adentrar o misterioso recinto. Ou seriam loucos? Essa ideia chega a flertar com Harry.

E então sua vida passa por uma reviravolta quando ele conhece Hermínia. Inteligente, perspicaz, bonita e talentosa, ela se torna uma espécie de tutora de Harry e o ensinará a "viver", a partir das aulas de dança que irá ministrar-lhe. Ela o introduzirá na vida dos bailes e festas. Além disso, através de Hermínia, Harry conhecerá Maria, com quem terá um romance ardente e transformador.

Outro indivíduo importante no percurso de Harry será Pablo, um músico de jazz. A princípio, ele surge como uma pessoa superficial e inócua. Contudo, Pablo assumirá em certo momento o papel de mentor de Harry, através da experimentação de drogas psicodélicas e experiências sinestésicas, dentro do enigmático Teatro Mágico.

O Lobo da Estepe é antes de tudo uma obra densa. Um texto repleto de digressões e especulações filosóficas do narrador-protagonista, o livro conta também com um longo prefácio, o qual procura apresentar esse mesmo protagonista como alguém real, que teria sido inquilino da casa em que Hermann Hesse morava. Assim, temos dessa forma um perfil psicológico do narrador-protagonista, numa introdução que busca preparar o leitor para a longa e enigmática de autodescoberta de Harry Haller.

Com um texto profundo, repleto de referências culturais e que busca apresentar camadas filosóficas ao enredo, O Lobo da Estepe é uma obra instigante, incômoda e, sobretudo, transformadora. Um livro para ser visitado pelo leitor de tempos em tempos, com a certeza de que, a cada leitura, um novo ser humano surgirá dessa experiência.


Ficha Técnica

O Lobo da Estepe

Hermann Hesse

ISBN-13: 9788577991075

ISBN-10: 8577991075

Ano: 2009 

Páginas: 252

Idioma: português

Tradutor: Ivo Barroso

Editora: BestBolso


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-lobo-da-estepe-1338ed406172.html

sexta-feira, janeiro 19, 2024

Morro de poesia




Morro de poesia

a cada dia

que sou assaltado

pela presença 

da tua 

Falta.


Os dias esmaecem

Só desfalecem 

Eu sigo lamentando

rouco murmúrio 

Teu vazio

em mim.


Eu vago sem motivo

Sou fugitivo

do que já foi o amor

Proscrito clandestino 

reflexo contínuo 

da dor.



quarta-feira, janeiro 17, 2024

Todas as histórias que já contei


Faz algum tempo que eu desejava fazer aqui no blog um registro de todas as histórias que já contei. Algumas delas eu esqueci, confesso. Outras, estão tão vívidas como sempre estiveram, de tanto que eu continuo a contá-las.

O exercício de contar histórias, para mim, é também um movimento de guarda e preservação das mesmas. Ao contar histórias, eu as estou "guardando" pois, como diz Antonio Cicero, "Em cofre não se guarda coisa alguma / Em cofre perde-se a coisa à vista". Sendo assim, ao transmitir essas narrativas e também ao registrá-las aqui, eu contribuo para que elas permaneçam.

Esta será uma lista dinâmica. Ela irá crescer à medida que eu for expandindo meu repertório. Além disso, quero produzir versões em escrito das histórias de tradição oral. A partir desses registros, contando com minhas palavras, pretendo fazer o link do título de cada história com a postagem do registro. 

Conto com as contribuições e comentários de todas as pessoas, para que esta postagem esteja cada vez mais rica, e que este tesouro possa enriquecer também seus repertórios e pesquisas.

1. A mulher sábia;

2. O jovem rei;

3. Uma questão de interpretação;

4. O mordomo fiel;

5. O conto do vigário;

6. Os 3 soldados e a princesa nariguda;

7. Anansi e a busca impossível;

8. As penas do dragão;

9. Chapeuzinho Amarelo;

10. Que bicho será que fez a coisa?

11. O caso do bolinho;

12. Um herói bem diferente;

13. Uma visita inesperada;

14. O carvalho;

15. A Fada Feia e a Bruxa Bela;

16. A viúva piedosa e o ateu impiedoso;

17. O filho mudo do fazendeiro;

18. A quase morte de Zé Malandro;

19. Nasrudin e a Morte;

20. O pássaro, o rato e a linguiça;

21. Nasrudin e o viajante;

22. Nasrudin no poste;

23. Nasrudin e o cavalo;

24. O cavalo de madeira;

25. Uma ideia toda azul;

26. A língua (quem te matou, caveira?);

27. Carne de língua; 

28. O homem sem sorte;

29. O nabo gigante (Grimm);

30. A flauta de osso? (Grimm);

31. Os 3 jacarezinhos;

32. O causo do caçador;

33. O causo da garrucha;

34. O causo da dentadura;

35. O Quibungo;

36. Miserinha;

37. O cheiro do pão;

38. O Bichão;

39. O cameleiro de Bagdá;

40. A última folha verde;

41. A Bruxa Salomé;

42. Lucum a la pistache;

43. Os 3 desejos e a linguiça;

44. O único desejo;

45. Lolô;

46. O pássaro da verdade;

47. A história da coca;

48. A procissão das almas;

49. O lobisomem;

50. O peixe luminoso;

51. Raposa;

52. A promessa do girino;

53. As trapalhadas de Zé Bocoió.

segunda-feira, janeiro 15, 2024

Balada de amor ao vento - Uma vida inteira de amor



A linda Sarnau está apaixonada. Seu coração foi capturado pelo belo Mwando. Há, porém, muitas dificuldades esperando esse possível romance. Mwando está estudando para ser padre. O amor dos dois será mais forte que a suposta vocação do rapaz? Este é um dos muitos percalços que Sarnau irá enfrentar para viver este amor.

Balada de amor ao vento, romance de estreia de Paulina Chiziane, é uma narrativa poética e melancólica, repleta de saudade e tristeza. No primeiro capítulo, Sarnau já se aproxima do fim de sua vida e começa a se lembrar dos encontros e desencontros que teve com Mwando. Como narradora, ela vai desfiando essas memórias. O amor se realiza, com Mwando correspondendo aos sentimentos de Sarnau e sendo por isso expulso da escola de padres. Os dois se entregam a esse amor, mas logo Mwando é prometido a outra mulher.

Sarnau pouco tempo tem para sofrer essa desilusão amorosa, pois ela é logo escolhida para ser a primeira esposa do príncipe herdeiro de Mambone. O casamento, porém, não será dos mais perfeitos. Nguila, o herdeiro do trono, além de mulherengo é violento e isso tornará a vida de Sarnau terrível.

A narrativa então se desdobra em duas, contando para nós, leitoras e leitores, a vida tanto de Sarnau quanto de Mwando, de forma intercalada.

A narrativa de Paulina Chiziane é maravilhosamente profunda e repleta de reflexões. As descrições resultam em imagens poéticas lindas, com elementos pitorescos e naturais. Nas digressões que Sarnau faz como narradora, ela denuncia todo o machismo da sociedade em que está incluída, em especial os efeitos funestos da poligamia. O sofrimento da mulher é evidenciado nesse processo.

Mwando também tem sua cota de tristezas. Em seus encontros e desencontros com o amor, ele também sofrerá e não será pouco. Porém, diferentemente de Sarnau, Mwando será o maior responsável por seus próprios sofrimentos. Ele não deixa, porém, de ser também uma vítima do sistema em que vive, sendo assim um homem de contradições.

Com uma prosa poética e de certa forma idílica, além das denúncias que carrega e o enredo repleto de percalços, Balada de amor ao vento é um livro belo e triste. Mas daquelas tristezas que não podemos deixar de evitar. Um livro que, como a vida, é feita de encontros e despedidas.


Ficha Técnica

Balada de amor ao vento

Paulina Chiziane

ISBN-13: 9789722115575

ISBN-10: 972211557X

Ano: 2003 

Páginas: 149

Idioma: português de Portugal 

Editora: Editorial Caminho


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/balada-de-amor-ao-vento-67544ed74571.html

sexta-feira, janeiro 12, 2024

Perseguindo a Poesia

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Queria escrever Poesia

mas essa danada

me escapa.

Tento costurar palavras

que possam seduzir 

olhares alheios. 

Sou porém um escritor 

medíocre. 

Tento e tento

mas a Poesia me escapa. 

Frustrado, ponho-me a ler.

E penso: 

por que não posso 

escrever assim? 


quarta-feira, janeiro 10, 2024

Ler é um ato de amor

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Para Thuya

Eu amo ler. E acho que ler é um ato de amor. De autoamor, principalmente. Mas também um ato de amor para com alguém desconhecido. Um amor clandestino e estranho. Afinal, a gente está dando um pouco do nosso tempo, que é algo que a gente tem de mais precioso, para ler as palavras dessa pessoa. Para entrar em contato com o seus ensinamentos e ideias. E por mais que a gente tenha o nome dessa pessoa, conheça a sua biografia e tal, ela é uma estranha. A não ser no caso de cartas. Aí esse amor não é clandestino ou estranho. Isso, geralmente. Pode ser que o seja mesmo assim. 

Mas por que ler é um ato de autoamor? Porque quando a gente lê, está investindo tempo de qualidade em si mesmo. Ler não é se distrair, mas inaugurar um espaço íntimo de encontro consigo. Através da leitura, a gente está investindo em nossa imaginação, enriquecendo nossa criatividade. Através da leitura, estamos criando conexões neurais que são fundamentais para a nossa saúde mental. Além disso, é através da leitura que a gente entra em contato com experiências que muitas vezes seria impossível ter. Nossa mente é reconfigurada quando lemos. Ainda mais quando é literatura.

Voltando à questão da leitura como um ato de amor, considero que a escrita também o seja. Não há leitura sem escrita, apesar de existir a leitura do mundo, tão defendida por Paulo Freire. Não questiono o grande mestre e educador. Porém, quando falamos de leitura literária, não tem como considerá-la sem o gesto de escrever. E esse é também um ato de amor. É só a gente pensar nos grandes filósofos, nos grandes professores, naqueles que buscam investigar o mundo e não apenas adquirir conhecimento, mas compartilhá-lo através de palavras, sentenças, cadeias textuais discursivas.

E quando penso em literatura, penso naquelas pessoas que separam seu tempo para escrever a um destinatário ignorado um poema, um conto, uma crônica. Essa pessoa está demonstrando um profundo amor à humanidade. Como o escritor Tiago Novaes disse, existem várias formas de demonstrar esse amor na escrita. Penso que toda escrita é um ato de sedução, pois é um amor que espera ser correspondido. A Literatura quer ser lida, acima de tudo.

segunda-feira, janeiro 08, 2024

Sidarta - O longo caminho para a iluminação



Sidarta, de Hermann Hesse, é uma leitura profunda, reflexiva, interessante e repleta de sabedoria. Hesse cria um personagem que faz um percurso acidentado e sinuoso para chegar ao tão buscado Brama, ao aconchego do Om, ao Nirvana.

Sidarta é um jovem bonito e inteligente. Essa inteligência o afasta dos seres humanos comuns a ponto de desprezá-los. Seu talento permite que aprenda com espantosa rapidez e facilidade conceitos complexos e técnicas de meditação desafiadoras. Além disso, ele tem uma beleza ímpar e um físico invejável, de forma a sempre atrair a atenção de todas as pessoas ao redor.

"Infelizmente", esse mesmo talento o lança em uma longa e tortuosa jornada em busca da santidade, da iluminação. O caminho não é fácil, é cheio de percalços e o jovem, inicialmente acompanhado por um fiel amigo de infância, logo descobre que deverá trilhar sozinho essa senda.

Ele irá buscar até mesmo junto ao comércio e à vida material essa tão desejada iluminação. Será iniciado nas artes do amor e aprenderá o valor do corpo físico, além da vida espiritual. E seu caminho não se encerrará nisso. É de fato uma senda muito tortuosa, uma jornada solitária e muitas vezes inglória. 

Hermann Hesse cria com Sidarta uma primorosa obra que funciona como alegoria para nossa própria busca espiritual. Sidarta é um e vários ao mesmo tempo. Afastando-se do caminho religioso e se lançando no mundo, o protagonista é cada um de nós. Assim, Hesse nos convida a vestir a pele de Sidarta e degustar as delícias e dores que ele atravessa.

Muito se poderia dizer desse romance relativamente. Porém, quanto mais eu escrevo, sinto que mais me afasto do enredo em si. Portanto, cabe a você, leitora ou leitor, vocês leitores, trilhar o caminho e tomar Sidarta pela mão.


Ficha Técnica

Sidarta

Hermann Hesse

ISBN-13: 9788501118295

ISBN-10: 850111829X

Ano: 2019 

Páginas: 176

Idioma: português

Editora: Editora Record

Tradutor: Herbert Caro

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/sidarta-1814ed1008204.html

sexta-feira, janeiro 05, 2024

Morri


Morri.

Ontem hoje e amanhã. 

Sim, morri amanhã. 

Morro todos os dias 

em que sua presença 

me é negada. 

A saudade mata. 

Veneno sutil 

nos faz definhar. 

Sim, definho sem 

Você. 

A cada dia 

morro um pouco. 

Agora mesmo 

sei que já 

morri. 

E o amanhã, 

mais uma vez, 

só trará a sua 

amarga

ausência 

pra me fazer morrer 

mais uma vez.

quarta-feira, janeiro 03, 2024

Vontades e intenções para o ano novo

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Então um ano novo se inicia.  Há muito o que fazer. Sempre há. No campo da blogosfera, então, nem se fala. Há quem diga que ela morreu. Quem somos nós, então, que heroicamente atualizamos nossos blogs com frequente tenacidade? Somos zumbis? Somos guerreiros? Somos heróis?

De mim, sei apenas que sou um escritor em eterno processo de formação. E este blog é o meu ateliê aberto, onde compartilho meu percurso literário e falo de meus projetos. E nada mais natural que falar deles aqui, neste texto que serve como um balanço do ano passado e ao mesmo tempo um manifesto de intenções para este que se inicia.

Em 2024, desejo publicar mais. A ideia é ter três textos por semana, sendo uma resenha na segunda, um texto livre na quarta (relato, crônica ou conto) e um poema na sexta. Tenho seguido esse padrão há um tempo, mas anda assim, em 2023 não mantive essa regularidade.

Levando em consideração que o ano tem aproximadamente 52 semanas, a meta é chegar a pelo menos 156 postagens. Mesmo assim, não terei alcançado o ano de 2021, quando publiquei 166 vezes. A gente sabe, porém, que qualidade e quantidade nem sempre cainham juntas. Por isso, não pretendo a princípio bater esse recorde.

Tenho planos também para a minha carreira literária, não apenas para o blog. Estou com um texto infantil em processo de publicação em uma editora. Vou finalmente publicar com o Rodrigo Teixeira uma coletânea de contos sortidos. O livro se chama Achei que você fosse o outro. E O Medalhão e a Adaga vai ser republicado por uma nova editora. 

Pretendo também terminar de escrever a sequência do livro O Viajante Cinzento. Aliás, há anos estou devendo a sequência de O Medalhão e a Adaga. Quero ter energia o suficiente para fazer isso em 2024. Pretendo terminar os vídeos em que leio A Cidade Suspensa. Retornar com os vídeos em meu canal é uma ideia ainda um pouco distante.

Há outras coisas que pretendo fazer, que é participar de mais eventos literários, principalmente feiras e bienais, ler mais livros sobre a formação do escritor, além de escrever aqui sobre essas leituras. Tenho como ambição ler 60 livros de literatura, sendo 40 romances e 20 livros de poesia. E quem sabe, 10 livros de teoria. Sim, é muita coisa. Mas acho que a ideia é puxar a meta pra cima, mesmo.

Enfim, como disse no início deste relato, tenho muito a fazer neste ano. E espero a companhia e os comentários de vocês, que têm testemunhado os percalços e peripécias deste escritor em constante processo de formação.

segunda-feira, janeiro 01, 2024

Batidas da Máquina Escarlate - Ação e romance em dose certa

 


Em um mundo distópico, duas pessoas se encontram. A ilha? Destra, um lugar que sustenta uma sociedade sexista onde mulheres são proibidas de lutar. Nessa ilha vive Scarlet Myr, uma mecânica e inventora excepcional, cujo sonho é se tornar a maior lutadora de todas. Ela então encontra Noah Yasha, um lutador talentoso mas um tanto ingênuo, que está com problemas com a máfia. Juntos, eles irão formar uma improvável parceria para que Scarlet por fim alcance o seu sonho.

Batidas da Máquina Escarlate é uma narrativa online presente na plataforma WattPad. Com um enredo envolvente e cativante, cheio de ação e com uma dose de romance, esta obra é uma boa pedida para quem gosta de ação mas também não dispensa um pouquinho de chamego.

Scarlet é uma personagem que nos seduz. Com seus sonhos e seu passado, ela irá fazer de tudo para alcançar seu objetivo, não poupando esforços ou energia. Ela trabalha como mecânica para uma ordem religiosa chamada Ordem Rubra e não deixa de ser um pouco rebelde. Sua beleza, inteligência e talento são claramente subutilizados nessa oficina para essa ordem religiosa.

Noah é bonito, forte mas um tanto ingênuo. O lutador tem problemas com a máfia e precisa ganhar a próxima luta contra o campeão Teech para pagar sua dívida e não dormir com os peixes. O líder da máfia tem um interessante epíteto: o Mâe.

O mundo em que a narrativa se passa é repleto de referências religiosas. Há o deus sumido, uma catástrofe chamada "a Catarse" e os anjos em conflito com a humanidade. Há muito a se entender e descobrir. Por exemplo, qual o papel dos anjos nesse mundo triste e decadente? E qual o papel da Ordem Rubra nesse mundo hipertecnológico?

Com muita ação e uma pitada de romance, Batidas da Máquina Escarlate foi uma grata leitura, divertida e interessante. Uma obra que me fez vibrar e torcer por Scarlet e Noah e que também me surpreendeu com suas reviravoltas.


Ficha Técnica

Batidas da Máquina Escarlate

Autor Tiago F. Ribeiro

Link para o Wattpad: https://www.wattpad.com/story/351476853-%F0%9D%99%B1%F0%9D%9A%8A%F0%9D%9A%9D%F0%9D%9A%92%F0%9D%9A%8D%F0%9D%9A%8A%F0%9D%9A%9C-%F0%9D%9A%8D%F0%9D%9A%8A-%F0%9D%99%BC%C3%A1%F0%9D%9A%9A%F0%9D%9A%9E%F0%9D%9A%92%F0%9D%9A%97%F0%9D%9A%8A-%F0%9D%99%B4%F0%9D%9A%9C%F0%9D%9A%8C%F0%9D%9A%8A%F0%9D%9A%9B%F0%9D%9A%95%F0%9D%9A%8A%F0%9D%9A%9D%F0%9D%9A%8E