sábado, dezembro 31, 2022

E 2022 chega ao fim



Este ano que termina foi controverso pra mim. Terminei um relacionamento de muito amor e me senti completamente perdido. Contudo, foi o ano em que eu retornei para a Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH. Publiquei "Aurora" e voltei a visitar escolas.



Na política, foi um ano de muito medo e insegurança. Mas também foi de esperança. Uma esperança renovada com a vitória de Lula na última eleição. Porém, vale lembrar que a luta não acabou. Ela continua. Na nossa busca pessoal por uma micropolítica que respeite as minorias, que persiga a ética e a justiça social.

Na saúde, este ano foi também muito complexo. Eu me vacinei, mas não escapei da Covid. Ainda sinto seus efeitos em mim. Foi porém o ano em que eu fiquei mais tempo sem sofrer os efeitos mais pesados da depressão. Portanto, neste âmbito, termino com vitória.

No aspecto literário, além de ter publicado, procurei retornar a participar de antologias e prêmios literários. Acredito muito no poder do coletivo. Portanto, voltar a fazer parte de trabalhos coletivos é uma grande alegria para mim.

Nas leituras, fui um pouco lento. Li ao todo 35 livros, dentre poeisa, romances, infantis e juvenis. Quase metade do que li ano passado. Portanto, tenho como plano ler muito mais no ano que vem. 

A todos que estejam lendo este pequeno relato, desejo que o novo ano que em breve se inicia seja de muita vitória, de amor, de encontros e parcerias inesquecíveis. 

Aquela

Aquela 

música 

da nossa lista 

em comum 

toca em minha 

cabeça. 

A cada nota, 

uma 

fisgada 

em meu peito.

Ele grita teu nome.

quinta-feira, dezembro 29, 2022

Tenho medo

Tenho medo 

do fogo. 

Mas não 

aquele 

eterno. 

O fogo 

que temo 

é o mesmo 

que me queima 

as entranhas 

e me faz 

desejar 

um momento que seja 

com você.

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Antropofagia de um ébrio

 

Para Jovino Machado 


Tenho medo 

de ser fotografado 

com um copo de cerveja 

na mão. 

Mas seria bom 

para a minha biografia 

ser fotografado 

com um copo 

de cerveja na mão. 

terça-feira, dezembro 27, 2022

Alternativa

Sim 

estou à frente 

no caminho. 

As mentiras são tantas. 

Só 

consigo pensar 

em seguir em frente. 

Mas 

meus pés 

estão atolados. 

O que me resta agora? 

Dançar.

segunda-feira, dezembro 26, 2022

Príncipe Caspian - Guerra Civil no País da Fantasia


Nárnia está em guerra. De um lado, estão os descendentes de um país chamado Telmar, os telmarinos, os quais dominaram Nárnia por séculos. Do outro, os chamados antigos narnianos: animais falantes, centauros, anões, faunos. As árvores não entraram na guerra: estão adormecidas.

O líder dos antigos narnianos é o telmarino Príncipe Caspian. Criado ouvindo os relatos dessa Nárnia encantada, o menino tem sobre seus ombros o peso de liderar um exército contra Miraz, seu tio, um homem cruel e perverso que usurpou o trono do pai de Caspian.

Mas este nem é o início da história. Príncipe Caspian, quarto livro de As Crônicas de Nárnia, tem seu início com os quatro irmãos, Pedro e Susana, Edmundo e Lúcia, sendo transportados para uma ilha desconhecida, nas proximidades das ruínas de um misterioso castelo. Logo descobrem que se trata de Cair Paravel, onde reinaram por uma vida inteira. Um ano se passou desde as aventuras vividas em O leão, a feiticeira e o guarda-roupa.

Mas e o que os quatro irmãos têm a ver com o jovem Caspian? Isto o leitor terá que descobrir.

De longe, este é o menos charmoso dos livros da série. Caspian não é lá muito carismático, faltando-lhe uma personalidade mais forte. Ele parece um menino influenciado por sua ama e seu tutor, sem no entanto parecer realmente interessado em Aslam. O próprio leão não parece ligar muito parar ele. O criador de Nárnia demonstra interesse de brincar de esconde-esconde com os quatro irmãos, além de apavorar o anão Trumpkin.

Por falar nesse anão, trata-se de personagem digna de nota. Valente, corajoso, habilidoso e sempre fiel, Trumpkin não esconde sua decepção ao conhecer os quatro irmãos, os tão grandiosos reis e rainhas de tanto tempo atrás. Tanto que cada um tem que mostrar alguma habilidade para convencer o cético anão de que a grandeza dos quatro não se trata de mera conversa fiada ou uma antiga lenda.

Outra personagem memorável é o rato Ripchip, com sua orgulhosa valentia e prontidão para a batalha.

E por falar em batalhas, creio que este é um dos motivos do livro não ser tão interessante. A descrição das lutas é genérica e sem sabor. Não há suspense ou aparência de perigo real. Com isso, parece que todos estão brincando de guerra e não em embates reais e perigosos. A narração de um certo duelo chega a ser uma tentava de dar sabor de aventura ao livro, mas tal tentativa é muito tímida. E não estou falando da luta de espadas que Edmundo trava com Trumpkin. Essa, sim, é interessante.

Apesar desses pontos negativos, mesmo o enredo não ser dos mais emocionantes, conta coma estética apurada de C.S.Lewis. Trata-se de uma narrativa que tem seu sabor nos diálogos e na dinâmica mostrada entre o anão Trumpkin e os quatro irmãos.

Portanto, apesar de ter alguns pontos desinteressantes, o livro se salva pela maestria de Lewis em contar histórias.

É importante também destacar que há o conflito na ausência das dríades e náiades, das deusas e deuses da floresta, ou seja, os espíritos das árvores, que se encontram adormecidos. A resolução desse conflito é graciosa e emocionante.

Com um enredo que, embora careça de emoção, tem seus atrativos através do humor e da envolvente narração, Príncipe Caspian é um livro que pode até não ser apaixonante, mas temo o seu lugar.

Ficha Técnica

Príncipe Caspian

As Crônicas de Nárnia # 4

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788533616172

ISBN-10: 8533616171

Ano: 1997 

Páginas: 216

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/principe-caspian-1101ed1466.html

sexta-feira, dezembro 23, 2022

Aquilo que eu deveria ter

O que eu não tenho? O que me falta para que as pessoas continuem lendo o que escrevo?

Lancei essas perguntas no Twitter, uns dias atrás. Ninguém respondeu. 

Pensando nessas questões, comecei a me perguntar se não me faltaria relevância no que escrevo.

Sempre que entro neste blog, sinto uma enorme angústia. Quero escrever, mas para ser lido, não apenas como um exercício vazio. Toda escrita pressupõe um leitor. É como se a gente escrevesse cartas para o futuro, lançados no mar dentro de uma garrafa. Nossa esperança é que alguém encontre a garrafa, leia e guarde a carta; ou a responda; ou melhor ainda, passe para outra pessoa essa carta. Neste mundo digital, de pouco conteúdo criado e muita coisa reciclada, é um desafio enorme a gente viralizar um texto. É quase como um milagre.

Mas retorno à pergunta: o que me falta? Este blog tem mais de dez anos de existência, com mais de novecentas postagens, entre resenhas, contos, crônicas e até duas narrativas serializadas. Então, com tanto conteúdo próprio, o que falta para as pessoas lerem? Será um visual novo? Ou talvez um maior investimento na divulgação? Talvez o maior problema seja justamente o conteúdo. Aí isso é motivo para fechar a firma: encerrar o blog para sempre.

Mas este lugar não deixa de ser também um estúdio de experimentações. Nele, exercito a minha escrita de forma live e artística. Procuro, com diligência, escrever aqui com uma certa regularidade. Bem, acho que essa última frase merece uma revisão. Afinal, o blog sempre teve seus altos e baixos. Infelizmente, frequência nunca foi muito o seu forte.

Agora, é como o dilema de Tostines. O blog é mais visitado porque tem mais conteúdo ou tem mais conteúdo porque é mais visitado? E claro que muitas vezes eu tenho escrito contos, crônicas, poesia, resenhas e não recebo um comentário sequer de retorno. Isso me angustia. 

Enfim, não sei dizer como sair desse impasse. Se ao menos as pessoas comentassem e compartilhassem meus textos, eu me sentiria bem mais amparado. Ter algum tipo de retorno palpável é o mínimo para compensar tanto trabalho e reflexão. Por isso, deixo às pessoas que me leem a pergunta como uma provocação: para você continuar lendo o que escrevo, para você se sentir estimulado a voltar e continuar por aqui, o que é preciso que eu faça? 

terça-feira, dezembro 20, 2022

O cavalo e seu menino - O fascinante oriente ao sul de Nárnia


Shasta se considera um desafortunado. Apesar de ter alguém a quem chamar de pai, o menino sofre com a exploração a que esse suposto pai o condena. Quando não é o trabalho extenuante, são as surras severas a que ele é submetido. Vivendo numa choupana ao sul do Império Calormano, o menino tem uma existência muito infeliz.

Seu destino, porém, começa a mudar justamente quando seu pai adotivo concorda em vendê-lo para um tarcaã, um senhor calormano de alta linhagem. Mas não é a transação que oferece a Shastra um novo destino, mas a montaria do senhor calormano. Sim, o cavalo do tarcaã se chama Bri e ele é um legítimo narniano, possuindo a habilidade de falar. E assim, Bri convence Shasta que a vida com o tarcaã será ainda pior que aquela que o menino tinha com o pai adotivo.

A proposta de Bri é ousada. Um cavalo sem cavaleiro seria rapidamente capturado. Com um o menino a montá-lo, a chance de passarem despercebido seria muito maior, ainda que ele chame atenção com sua pele branca.

Assim, começa a grande aventura de O cavalo e seu menino, terceiro livro de As Crônicas de Nárnia. Nele, C.S.Lewis ambienta a narrativa em um país que lembra o célebre califado de Haroun Al Rashid, de As Mil e Uma Noites. Os nomes das pessoas, do deus da Calormânia, da cidade que faz vezes de capital e até do soberano desse pais, tudo tem elementos que se inspiram no oriente fantasioso do famoso califa.

Apesar do evidente racismo no qual Lewis constrói sua narrativa, afinal a maioria dos calormanos é vil e cruel, há uma riqueza ímpar nesse país imaginário, com referências claras à literatura árabe, à cultura oral, aos montes de poetas que são citados em suas máximas de sabedoria. A Calormânia é de uma riqueza cultural que nos fascina e diverte. Lewis emula até mesmo a oratória e a habilidade de contar histórias, estética que faz referência direta a Sherazade.

A narrativa, cronologicamente, acontece durante O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, pois transcorre durante a Era de Ouro de Nárnia, no reinado de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia.

Mais uma vez preciso ressaltar o racismo velado. A cor da pele dos calormanos é constantemente assinalada como mais escura que os humanos dos reinos do norte, Arquelândia e Nárnia. As pessoas desses dois reinos são brancas. Esse antagonismo me incomodou muito.

Lewis poderia ter criado um universo sem que fosse marcado um antagonismo assim. Não é porque a Idade Média teve as Cruzadas que o mundo de Nárnia deveria ter um inimigo árabe. A proposta de riqueza cultural da Calormânia é algo lindo e fascinante. O mundo de Nárnia poderia ter seus vilões e inimigos sem que estes representassem toda uma cultura, vilanizada justamente por ser diferente.

Acredito que infelizmente C.S.Lewis incorre no erro de muitos europeus, esse eurocentrismo branco, caucasiano e helenista. Destaco que no mundo em que existe Nárnia, há um Oriente Médio, mas não há uma África. E isso eu considero ainda mais problemático, com o apagamento de toda uma variedade de etnias que poderiam ter enriquecido o universo em que Nárnia está inserida.

Feitas essas ressalvas, o livro foi bastante divertido. Mergulhei no drama de Shasta, em uma jornada de herói torto que aprende que os acasos são todos obra de Aslam e que, ainda que aparentemente vários leões surjam, na verdade há somente um leão.

Outra coisa que me encantou foi a presença das rainhas de Nárnia crescidas e envolvidas nos perigos da diplomacia. Lúcia está especialmente encantadora em sua armadura e sua participação nas batalhas mostra que Lewis se dispôs a revisar sua posição machista de impedir mulheres de lutar nas guerras.

Apesar de seus problemas, O cavalo e seu menino tem a riqueza de detalhes e estética que colocam este livro talvez no patamar de encantador primeiro lugar entre as demais crônicas. Uma obra que nos encanta por sua riqueza de referências.

Ficha Técnica

O Cavalo e seu Menino

As Crônicas de Nárnia # 3

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788533616165

ISBN-10: 8533616163

Ano: 1997 

Páginas: 189

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-cavalo-e-seu-menino-1099ed1462.html

segunda-feira, dezembro 12, 2022

O leão, a feiticeira e o guarda-roupa - Um mundo mágico a conquistar



Toda criança tem seu lugar secreto. Seu cantinho particular, para onde foge quando quer se ausentar do mundo real, tão cheio de crueza e dor. E por vezes, o lugar secreto não é físico, mas um estado de sonho e divagação, um verdadeiro mundo mágico. Imagine, porém, ter um lugar físico capaz de levar uma criança a um mundo mágico, com criaturas fantásticas e aventuras sensacionais? Pois essa é a premissa de O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, primeiro livro de C.S.Lewis escrito para crianças.

O livro conta de quatro irmãos: duas meninas e dois meninos. Pedro e Susana são os mais velhos. Depois deles vêm Edmundo e Lúcia. Os dois mais velhos se apresentam como responsáveis, maduros, enquanto Edmundo é mau e imaturo. Lúcia, por sua vez, carrega um encanto e uma inocência que dão a ela um ar de heroína, comovendo e encantando leitoras e leitores.

Na narrativa as quatro crianças vão se refugiar dos bombardeios a Londres em uma casa no campo. Essa casa, contudo, não é comum. Enorme e cheia de segredos, tem um guarda-roupa mágico, capaz de levar as crianças à terra de Nárnia. A primeira a viajar para lá é Lúcia, que acaba fazendo amizade com o fauno Tumnus. Por ele a menina vem a saber que Nárnia é governada por uma feiticeira cruel. Por sua magia, é sempre inverno, mas sem nunca ser Natal.

Lúcia retorna ao nosso mundo. Mais tarde, as quatro crianças vão parar em Nárnia e ficam sabendo que o inverno de 100 anos chegará ao fim e que o Grande Rei, o Leão Aslam, está a caminho para cumprir a profecia de que os quatro tronos de Cair Paravel serão ocupados.

Trata-se de um enredo repleto de ação e perigos. Edmundo acaba por provocar, por sua ganância e ambição, situações irreversíveis. Enquanto Pedro surge como líder incorruptível e destemido. Já as meninas, infelizmente, são colocadas como testemunhas da ação. Chegam a ser proibidas por Aslam a entrar na batalha.

A ditadora de Nárnia, Jadis, também conhecida como Feiticeira Branca, surge como grande destaque. De longe uma personagem mais interessante, com seus manjares enfeitiçados e conhecimentos ocultos. Ela é responsável pelo eterno inverno em Nárnia, mas um inverno sem Natal. Suas forças são compostas pelos seres abomináveis, perigosos e mortais: espíritos de cogumelos venenosos, duendes, ogros, bruxas, minotauros, morcegos gigantes, entre outras criaturas. Nesse ponto, incomoda-me muito o discurso de C.S.Lewis, que coloca os feios e diferentes no lugar de vilões que devem ser eliminados.

Porém, não devo tirar o mérito da narrativa que não subestima as crianças. Elas não são poupadas da dor e da morte, mas entram "de cabeça" em uma aventura com muitas doses de horror. Destaco a primeira batalha de Pedro, quando ele é incitado por Aslam a enfrentar, sozinho, o lobo Maugrim, comandante da Polícia Secreta da Feiticeira Branca.

Faço destaque também a personagens que surgem para dar apoio às crianças: o adorável fauno Tumnus e o gracioso casal de castores. Há um certo ar de ingenuidade em Tumnus, algo quase infantil, enquanto que o senhor castor surge como uma figura sábia e paternal, enquanto a senhora Castor, além de maternal, assume posturas de uma sabedoria prática, o que causa um efeito cômico em sua relação com o marido.

Por fim, não posso deixar de mencionar o Professor, com seu tom sábio, mas de uma sabedoria pouco convencional, sempre pronto a acolher as crianças e acreditar nelas.

Com cenas de ação e um tom mágico de mistério, a despeito de certos anacronismos, O leão, a feiticeira e o guarda-roupa é uma obra encantadora e cativante, diversão garantida para todas as idades.


Ficha Técnica

As Crônicas de Nárnia

Volume Único (Edição WMF 2020)

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788578270698

ISBN-10: 857827069X

Ano: 2010 

Páginas: 751

Idioma: português

Editora: WMF Martins Fontes


quarta-feira, dezembro 07, 2022

Perrengues de escritor

Uma vez eu fui convidado a uma sessão de autógrafos em uma escola. Eles me colocaram em uma sala com um lindo aquário. Fiquei lá, esperando aparecer alguém pra comprar meu livro e pedir um autógrafo. Depois de uns 10 minutos, apareceu um adolescente. Eu fiquei tão feliz! Perguntei: "Você veio pegar um autógrafo?" E ele respondeu: "Não, eu vim ver o aquário. Posso?"

Passou algum tempo. Então, chegou um garoto que me pediu para autografar um livro que não era meu. Ele argumentou que a fila do autor do livro estava muito comprida e ele tinha preguiça de esperar...

Esses foram dois persegues que passei em minha carreira como escritor. Foram os mais engraçados.

segunda-feira, novembro 28, 2022

O sobrinho do mago - um vai e vem entre mundos



Digory está numa enrascada. Por causa das maquinações de seu tio, o feiticeiro André, sua amiga, Polly, desapareceu ao tocar em um anel mágico. Agora, caberá ao menino enfrentar seus medos e viajar rumo ao desconhecido, através do poder de um desses anéis mágicos, para resgatar sua amiga.

Assim tem início O sobrinho do mago, segundo livro de As Crônicas de Nárnia, mas que consta no volume único como o primeiro, pois conta acontecimentos ocorridos antes de O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, obra que estreia a saga. Mas voltemos à aventura de Digory.

Trata-se de uma narrativa leve e amena, sem grandes percalços. A jornada por Charn é especialmente interessante, por conta de seu tom de mistério e suspense. A origem da Feiticeira Branca também é narrada, om direito a uma atrapalhada incursão pela Londres vitoriana, com carruagens destroçadas e policiais nocauteados aos montes. Sendo assim, a narrativa carrega um tom ímpar de humor e se configura na mais pitoresca das aventuras em Nárnia.

Fato é que O sobrinho do mago acaba destoando um pouco dos demais livros da saga. Muitos o apontam como o menos interessante. Porém, destaca-se o tom poético que a obra assume ao apresentar o poderoso leão Aslam na criação de um mundo de sonhos, repleto de deusas e fadas.

A dinâmica entre Digory e Pollyu é ótima. São crianças que assumem uma parceria ímpar. Digory se apresenta como um garoto íntegro e corajoso. Polly é intrépida e destemida. Há um certo tom que contrapõe a cidade e o campo, como se Londres (ou Charn) fosse o lugar da malícia e do vício, enquanto o campo se configura como o destino de quem quer reencontrar a inocência e a pureza.

André é uma figura especialmente maligna, mas de uma malignidade rasteira, como de um vilão de terceira categoria, tornando-se de antagonista a figura de riso e piada. Já a Rainha Jadis surge como o contraponto ou sombra de André. Totalmente ofuscada pela própria grandeza, ela não consegue entender que com força bruta nunca será capaz de dominar um mundo complexo como o nosso. A rainha age como uma força obtusa, sem propósito a não ser espalhar o caos na já caótica cidade de Londres vitoriana.

Apesar de carregar um tom menos épico que os demais, o livro é uma narrativa divertida e poética, com sua leveza e seus percalços, tornando-se uma ótima diversão para aqueles que amam Nárnia, bem como para os curiosos sobre as origens desse mundo de magia.


Ficha Técnica

As Crônicas de Nárnia

Volume Único (Edição WMF 2020)

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788578270698

ISBN-10: 857827069X

Ano: 2010 

Páginas: 751

Idioma: português

Editora: WMF Martins Fontes


segunda-feira, novembro 21, 2022

A Polícia Secreta Para Crimes Mágicos - Mundos que se encontram pela Magia



Agnes Tahanian. Criada por seus tios-avoôs, os gêmeos Marcílio e Lucindo, a jovem é órfã de pai e sua mãe permanece internada em uma clínica psiquiátrica. Com isso, é como se a moça fosse duplamente órfã, uma vez que sua mãe não responde a qualquer estímulo. Outra questão para Agnes é a presença de um amigo imaginário, o indígena Guaraci. Porém, nem a psicóloga de Agnes se lembra de a menina ter mencionado antes tal amigo imaginário.

Além dessas questões, a moça sente ansiedade por seu aniversário de quinze anos, que se aproxima, além de ficar apreensiva pela onda de assassinatos de adolescentes acontecendo em Belo Horizonte, Minas Gerais. Para tentar desvendar quem está por trás de tais mortes, entra em ação A Polícia Secreta Para Crimes Mágicos

Escrito por Emanoel Ferreira, o livro é arrojado, interessante e imaginativo. O autor nos conduz por um cenário em que mundos se encontram, através da magia e de um lugar chamado Mundo do Meio, onde o tempo corre diferente. A narrativa não apenas acompanha Agnes em seus dilemas, mas nos apresenta outras personagens de perto, dando a eles o protagonismo, como a agente Nanã. Até mesmo os vilões ficam sob os holofotes, através da pena de Ferreira.

E por falar em personagens, são muitas pessoas retratadas, cada uma com personalidades bem definidas. Além disso, estão presentes no livro referências de muitas tradições mágicas, mostrando a extensão da pesquisa do autor na elaboração do livro e sua habilidade em costurar tais referências sem que essas ficassem forçadas. Fato é que Emanoel Ferreira cria mundos fascinantes e envolventes, capturando nossa leitura desde o início do enredo e nos prende até seu desfecho. Seu final é abereto aberto, dando espaço para uma sequência.

Quero agora me voltar para algumas personagens. Agnes, que é curiosa, corajosa e tem um forte senso de justiça, sempre disposta a fazer o certo. Em seguida, temos Nanã, agente da Polícia Secreta Para Crimes Mágicos. Impassível, sábia e talentosa, Nanã nos fascina com suas raízes ancestrais africanas. Ainda destaco Marcílio e Lucindo. O primeiro é sério e comedido; o outro, expansivo e cheio de humor. As reações dos dois irmãos, sua dinâmica cria um contraste interessante e irônico, já que são gêmeos idênticos. Há muitas outras personagens memoráveis, mas deixo para as pessoas ao lerem que descubram por conta própria.

Outro ponto que gostaria de abordar são algumas referências judaicas. Não apenas as religiosas, mas as históricas. O sobrenome de Agnes, Tahanian, vem da Armênia. O genocídio do povo armênio pelo Império Otomano é abordado. Nesse horroroso episódio da história humana, as vidas de milhares de armênios foram destruídas. O livro nos vem ser um lembrete para nos, leitores, de como as instituições humanas podem cometer atos pavorosos. Sendo assim, a obra age como um alerta contra preconceitos em geral e, principalmente, contra o antissemitismo.

Por fim, considero um livro gostoso de ler, que nos inspira e incomoda, ao mesmo tempo nos envolve com seus impasses.

Com diversas referências à magia, um enredo policial e muita ação, A Polícia Secreta Para Crimes Mágicos nos brinda com uma boa história, algo que é sempre bem-vindo, não importa o tempo em que vivemos, principalmente quando traz uma mensagem sobre o perigo da intolerância. Perigo este que nos assombra e contra o qual devemos estar sempre preparados.


Ficha Técnica

A Polícia Secreta Para Crimes Mágicos

Emanoel Ferreira

ISBN-13: 9786589912125

ISBN-10: 6589912122

Ano: 2022 

Páginas: 280

Idioma: português

Editora: Pipoca & Nanquim


Perfil do Livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/a-policia-secreta-para-crimes-magicos-11815924ed12200742.html

quarta-feira, novembro 16, 2022

Balanço do lançamento do livro Aurora


Cheguei timidamente e atrasado para o SARAU COLETIVOZ. Por conta do nervosismo, fiz confusão e acabei indo parar em outro bar chamado The Wall. Rodrigo estava comigo e.e acalmou, enquanto chamava o uber para obar certo.

Logo que efetivamente chegamos, escolhemos um lugar nos fundos e ficamos curtindo o ambiente. Rodrigo tirou da mochila uma pilha de livros de poesia - todos de autoria do pessoas do COLETIVOZ. A partir da curadoria e da coleção do Rodrigo, nossa intenção era prestigiar as moças e rapazes das quebradas, que fazem uma poesia aguerrida e engajada.

Logo a amiga Norma de Souza Lopes chegou com a filha Carol. Conversamos um pouco sobre nossa performance, entre uma e outra cerveja.

No momento certo, fui então chamado ao microfone. Falei um pouco sobre o livro que eu estava lançando, comentei sobre a minha vivência ter sido material para a narrativa e convidei as pessoas a conhecerem meus textos. Em seguida, convidei minha irmã e meu irmão de coletivo para nos apresentarmos. 

Fizemos as performances com poemas de Deia, Joi Gonçalves, Karine Bassi, entre outras, e também com poesia da Norma de Souza Lopes. Por fim, convidamos a galera pra ocupar o palco, dando prosseguimento ao sarau.

Na quinta-feira, dia 10, às 19h, foi a sessão de autógrafos na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. Foi um evento com um público menor, mas com amigos fiéis que me prestigiaram e a presença de boa parte da família. Faço um agradecimento especial à escritora Thais Venzel, que foi a primeira a chegar, estando lá ainda antes do evento começar.




Acredito que o trabalho de divulgação de um autor é árduo e muitas vezes é preciso fazer um retrabalho, para conseguir alcançar mentes e corações.  Sinto que minha caminhada ainda é longa, mas não me cansarei de caminhar.

sexta-feira, novembro 11, 2022

Hoje acordei triste

Pelos sonhos 

que lograram

meu sono

Pelo tempo 

que perdi 

como morto

Pelo riso 

que parece 

um escárnio

Pelo monstro 

que foi solto 

e se gaba

Pelo grito 

que se perde 

na turba

E para não 

sufocar 

em tristeza,

dou um longo suspiro

e pro sono retorno em fuga.

sexta-feira, novembro 04, 2022

Atenção para os lançamentos do livro "Aurora"

É com muita alegria que anuncio os eventos de lançamento do livro Aurora. Obra de ficção fantástica, o livro apresenta três amigos, Artur, Mauro e Wedge, que são tragados por eventos oníricos inexplicáveis logo que concluem um jogo de computador. 

Publicado pela editora Letramento, mediante o Projeto Temporada de Originais, Aurora aborda questões da atualidade, como família, amizade e ética. Seguem as informações sobre os eventos de lançamento.

 


COLETIVOZ SARAU DE PERIFERIA

Data: 9 de novembro de 2022, quarta-feira, às 19h

Local: The Wall Pub. Rua Padre Bartolomeu de Gusmão, 250 - Jardim Industrial - Contagem.



Lançamento na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

Dia 10 de novembro de 2022, quinta-feira, às 19h

Galeria de Arte Paulo Campos Guimarães. Praça da Liberdade, 21 - Savassi. Belo Horizonte

quarta-feira, novembro 02, 2022

Golpe

A poesia 

que tentei 

fazer 

Passou-me 

a perna. 

Era de pau 

quebrei a 

canela. 

Dor não houve 

nem um pouco. 

Foi assim 

que soube: 

Eu era feito 

de porcelana. 

quinta-feira, outubro 27, 2022

Bolha

As palavras chegam 

aos borbotões

Tento controlá-las.

Conter sua fúria

Mas não posso 

Eu mesmo 

estou furioso 

Dormi demais 

e ainda durmo

em meu 

casulo

Enquanto o mundo

lá fora 

se 

des-

in-

te-

gra.

quinta-feira, outubro 20, 2022

Se não fosse essa preguiça atávica

Se tivesse estudado a dose certa

Talvez tivesse sido um bom escritor

Talvez tivesse conseguido ser poeta.

domingo, outubro 09, 2022

DIZEM QUE É BOA INVENÇÃO

ESSA TAL DE INTERVENÇÃO

DEIXARAM O CIRCO

NA MÃO DE MILICO

PRO POVO NÃO TER OPÇÃO!

20 de fevereiro de 2018

sábado, outubro 08, 2022

Limerique

FICA ESPERTO, POVO BRASILEIRO,

SENÃO SOMEM COM O SEU DINHEIRO

SE A COISA APERTA

É O POBRE, NA CERTA,

QUEM PAGA A CONTA PRIMEIRO!

21 de fevereiro de 2018

sexta-feira, outubro 07, 2022

Bolo

Para os que esperam

o fim do mundo,

digo apenas que esqueçam.

Já passou

e você foi o único

a não ser convidado

para a festa.

quinta-feira, outubro 06, 2022

Ficar na 51

Lá na Biblioteca, eu estava conversando com o Rodrigo, quando nos deparamos com o Carlos, vulgo “Minério”. Ele comentou um pouco sobre a saúde e a vez em que havia vomitado sangue  misturado com uma pasta amarelada.

Então o questionei, apontando que ele deveria parar de beber álcool de posto. Carlos deu um riso torto e explicou que fazia esse álcool render, misturando-o com água. Era a única forma de manter o vício. Ainda falei umas duas ou três vezes de que ele precisava maneirar, ficar na 51, quando ele retrucou: “E com que dinheiro”?

Diante de minha expressão dúbia, que misturava uma hipócrita incredulidade com uma vazia empatia, ele deu as costas, num sorriso que cambaleava entre a culpa e a resignação.

10 de novembro de 2017

quarta-feira, outubro 05, 2022

Alegorias

Samuel: Organizar quadrinhos é como descascar cebolas.

Rodrigo: É mesmo...

Samuel: Você descobre camadas atrás de camadas.

Rodrigo: Ah, tá. Pensei que você quis dizer que era um negócio que a gente faz chorando...

Samuel: É... também...

terça-feira, outubro 04, 2022

Egrégora

Do que pode

ser desejado

Lugar-comum

que de comum 

nada tem

Onde nos vemos

deixa de ser espelho

para ser espalho 

ou

espantalho

11 de novembro de 2020

segunda-feira, outubro 03, 2022

História universal da infâmia - uma volta ao mundo pela sua sordidez



Há livros em que o texto nos guia por contos que apresentam personagens infames e pérfidos. Um exemplo é justamente História universal da infâmia, de Jorge Luis Borges. Os contos são quase crônicas, quase perfis literários dessas personalidades odiosas, todas tendo feitos memoráveis nos diversos continentes da terra.

Borges é um mestre do texto e nos envolve com seu discurso pretensamente neutro. Nessa neutralidade ele apresenta os feitos pavorosos de uma escória que sofre e faz sofrer. Na edição que eu li há um longo ensaio, assinado por regina L Zilberman e Ana Mariza R. Filipouski, e que aborda a questão da origem da infâmia ocorrer por conta da opressão de classes. Ao mesmo tempo, aborda a fascinação que Borges tem pelo romance policial e assim ele aproveitaria o mote do gênero para escrever esses contos. Esse mote seria justamente da origem dos males ser condicionada à opressão das classes mais pobres. Ou seja, haveria um falso engajamento político nessa obra de Borges.

O livro tem ainda dois prefácios redigidos pelo autor, onde ele apresenta seus contos e alega que o motivo de tê-los escrito ser a simples e pura diversão.

Os últimos textos do livro são pequenos excertos redigidos a partir de livros orientais, onde Borges relata casos de magia com reviravoltas surpreendentes. Antes dele há ainda o conto enigmático "O homem da equina rosada", que narra um caso de desafio e morte ocorridos nos pampas argentinos.

O livro é curto e dinâmico, com uma linguagem altamente imagética, visual, a qual bebe claramente no cinema. A ação e a rapidez ditam o tom.

Com uma linguagem hipnótica e cativante, o domínio da literariedade e da ação cênica, Borges nos concede uma experiência ímpar com o livro História universal da infâmia. Um livro que é aula de cinema e literatura.


Ficha técnica

História Universal da Infâmia

Jorge Luis Borges

Tradução de Flávio José Cardoso

ISBN-13: 9788525004956

ISBN-10: 8525004952

Ano: 1989 

Páginas: 77

Idioma: português

Editora: Editora Globo

domingo, outubro 02, 2022

Epistemologia

Saberes da palavra

Sentido 

do que se lavra

Faca

a talhar nossa alma

Quantos pedaços 

formam

Um só conceito?

Na pergunta

uma outra 

Larva

11 de novembro de 2020

sábado, outubro 01, 2022

Barr@

Chora não que é pior, bem.

Os lobos estão à solta.

O buraco sempre é 

mais embaixo.

Cuidado, senão cê cai.

Birita não é saída, bem,

mas é bom pra divergir.

Coisa dura é dia em fila.

Pó e suor têm seus lugares.

Juntos, podem fazer milagres.

sexta-feira, setembro 30, 2022

Coluna Literária de Setembro aborda a literatura acessível para adultos


Estamos chegando ao final do Setembro Verde. Trata-se de uma estratégia para neste mês (e não apenas nele) lembrarmos da importância da acessibilidade para todas as pessoas. Para não deixar os livros para trás, a Coluna Literária traz o título Literatura na ponta dos dedos e aborda a temática de livros acessíveis. Além disso, traz o perfil do escritor Ricardo Água, que tem diversos livros publicados, sendo o primeiro escrito totalmente em Braille. Tive a alegria de poder assinar esse perfil.

A Coluna traz também duas resenhas de pessoas que atuam com acessibilidade em seu dia-a-dia, sendo estes Kátia Mourão, servidora na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH e Carlito de Sá, leitor do Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais. A apresentação é assinada pelo coordenador da Casa do Baile, Cássio Campos, que também integra a Comissão de Acessibilidade da Fundação Municipal de Cultura.

Para acessar a Coluna Literária deste mês, basta clicar em: http://portalbelohorizonte.com.br/2022/blog/17a-coluna-literaria-literatura-na-ponta-dos-dedos.


quinta-feira, setembro 29, 2022

A cada semáforo vermelho

A cada semáforo vermelho

uma dádiva de tempo fracionado

para afastar a despedida.

No silêncio da espera,

nossas mãos se entrelaçam.

Para Pâmela Bastos Machado

quarta-feira, setembro 28, 2022

Fatale

Hoje quase morri de Lua.

Por entre rendas de nuvens

divisei sua claridade 

cor pérola.

Fiquei à espera

enquanto o vento

em vão

suplicava que o notasse.

Do limiar de prata

ela de súbito me olhou

como se me espreitasse 

de longe.

Seus raios frios me

Tocaram.

Escapei.

Mas desde então

ando mortalmente ferido.

terça-feira, setembro 27, 2022

Renovo

Para Pâmela Bastos Machado

A cada manhã, 

levo seus lábios

nos meus.

E com e sabor deles

crio forças para

atravessar mais um dia

Deserto

Sem você.

domingo, setembro 25, 2022

No meio

Ontem, quando cheguei à Biblioteca, fui tomar café com o Wander, e quando descia as escadas com ele, encontrei a Cida, chegando com o João, um menino de seis anos que já morou na proximidade do endereço do CRJ. Na rua. Hoje, Cida e João, felizmente, moram em uma casa.

Ele estava muito sorridente e me cumprimentou com efusiva alegria. Fomos para o espaço de literatura infantil e ficamos lendo alguns livros, todos escolhidos pelo próprio João. Em uma dessas leituras, havia o desenho de um menino apontando para o próprio umbigo. Logo abaixo da imagem, a palavra “umbigo” em caixa alta.

Ao ver a dificuldade do João de acertar o que a imagem queria dizer, perguntei, tentando ajudar:

“João, o que a gente tem no meio da barriga?” 

E ele:

“Tanquinho!”

7 de dezembro de 2017

sábado, setembro 24, 2022

Um convite

Para quem não sabe, sou escritor. Um dos gêneros que mais amo (sim, esta é a palavra) é a Literatura de Fantasia. Tanto que de vez em quando me aventuro em histórias de magia. Tenho uma narrativa longa em fase de construção. Está em meu blog, com 11 capítulos disponibilizados para a leitura. Pretendo disponibilizar tudo, à medida que vou escrevendo. 

O que mais me incentiva a escrever é justamente os comentários das pessoas. Esses comentários mostram que elas estão lendo. Tendo quem leia, sinto uma energia enorme para continuar a escrever.

Assim, convido a todas e todos que deem uma olhada nessa história. Chama-se "O Viajante Cinzento". Nela, misturei ao elemento de fantasia a presença macabra de zumbis. Espero, sinceramente, que as pessoas sintam-se curiosas para mergulhar nesse mundo mágico, assim como eu mergulhei, enquanto escrevia.

Quem conhecer um amigo que curte fantasia, sinta-se à vontade para mencioná-lo nos comentários ou para compartilhar o link em sua linha do tempo. Será um grande incentivo para mim! Obrigado!

sexta-feira, setembro 23, 2022

Como me provocas

Para Pâmela Bastos Machado

Teus cachos me lembram uvas maduras

Tua voz é um doce cicio 

Teu sorriso me faz pensar em uma cascata límpida.

Sou escravo de teu

Sinuoso caminhar.

Longe de ti, conto cada segundo para o

Reencontro.

Quando estarei mais uma vez

Vivo.

quinta-feira, setembro 22, 2022

Obstinado

Para Pâmela Machado

Fazer poesia para ela

Como

Se ela é poema 

Em suas curvas

Puro estilo 

O que diz

Se os traços dela 

Levam essa beleza bruta?

Ainda assim

Quando penso nela

Impossível não teimar

Mais uma vez.

quarta-feira, setembro 21, 2022

Microconto de Amor e de Morte

Um casal escolhe uma estrela para ser deles. O brilho parece cada vez mais forte. Até o dia em que é tarde demais: A estrela é na verdade um meteoro que destrói a Terra.

18 de agosto de 2018

terça-feira, setembro 20, 2022

Você

Para Pâmela Bastos Machado

Seu nome

É anagrama

Enigma

Pergunta 

que se responde

Seu nome

É suspiro

Em meu ouvido

Toque de lábios 

Em minha alma 

Mas quando 

Você está junto.

Pois sem você,

Seu nome é 

Sinônimo de

Saudade.

SAMEDI


sexta-feira, setembro 16, 2022

Rede Literária

Nos dias 3 e 4 de setembro, sábado e domingo, eu estive na Rede Literária, no MM Gerdau. A convite do Régis, da Casa dos Quadrinhos, participei no domingo de uma mesa sobre livro ilustrado. Nela, pude falar um pouco da trajetória que fiz para publicar Uma visita inesperada. Dividi a mesa com o Edu Sá. A conversa foi ótima, produtiva e esclarecedora.

A Rede Literária também providenciou um espaço para que os convidados pudessem expor suas obras. Muitos de nós, como eu, tínhamos material para vender. Dividi o estande com a amiga Val Armanelli. Pude vender um número razoável de livros. 

Foi sensacional conhecer outras pessoas que se dedicam à arte literária, bem como aos quadrinhos. Em especial, destaco o Emanoel Ferreira e o Jim Anotsu. O primeiro por prestigiar integralmente o evento e apoiar os colegas, comprando suas obras. O segundo por ser extremamente receptivo e simpático, sempre esbanjando simpatia. 

Queria mencionar as demais pessoas que conheci, mas tenho receio de deixar alguém passar sem ser nomeado. 

Enfim, foi um final de semana produtivo e muito rico. Uma experiência que desejo repetir sempre que puder.




quinta-feira, setembro 15, 2022

Mágoa

E de repente 

vi-me sozinho no escuro 

Os sonhos apagados 

O sorriso roubado do rosto 

Inseguro e perdido 

como o último vivente 

do mundo.

E de repente 

senti a garganta apertar. 

Estava seca, lágrima alguma 

havia que pudesse 

aplacar

minha mágoa.

domingo, setembro 11, 2022

Quem


Quem 

nos livrará 

do fogo 

que arde dentro 

de nós 

mesmos?

Quem 

nos livrará 

desse fogo 

que nos consome 

por dentro?

sábado, setembro 10, 2022

Resgatando limeriques

Um juiz e um procurador

Se juntaram sem nenhum pudor

E fizeram conchavo

Combinaram agravo 

Pra prenderem um Certo senhor!


Vazou como um chafariz

A verdade sobre o juiz

Que agora é ministro

Isso é muito sinistro

Agiu muito errado o juiz! 


Para fazer o povo infeliz

Agiu muito errado o juiz

Prendeu o Presidente

Que era inocente

Tem que ser preso esse juiz!

19 de junho de 2019


No avião presidencial

Agora é coisa banal

Transportarem pó

Puxa, vejam só

E só o sargento se deu mal!

27 de junho de 2019


Bolsonaro pensa que é patrão

Acha que manda em tudo, mas não

Ele é pau mandado

Do empresariado

A elite puxa seu cordão!

14 de julho de 2019




sexta-feira, setembro 09, 2022

Fases

A lua minguante 

é o gancho 

que costura nossas almas 

em uma.

A lua crescente 

é uma fresta 

entreaberta. 

Além dela, 

a sua silhueta.

A lua nova 

é a lembrança 

da sua falta.

E a cheia 

é o chamado. 

A marca do nosso Amor.

É quando eu me levanto 

e uivo a cantiga 

que só 

nossos corações 

conhecem.

quinta-feira, setembro 08, 2022

Ode a uma ausência

Para Vivaldina Nascimento, em memória

Hoje o escuro da noite

Veio me dizer o que 

já sabia

mas teimava em negar.

Ela se foi para sempre.

O destino, esse cruel capataz,

tomou-me todos os instantes

que eu desejava estar com ela.

Fora os momentos que a distância,

outra cruel algoz,

já me havia negado.

Um adeus 

Nunca é o bastante.

Sempre queremos um pouco mais

Daqueles que sempre serão

parte de nós.

quarta-feira, setembro 07, 2022

Por que conto histórias

Conto histórias 

para ser ouvido.

Conto histórias

Para aprender a ouvir.

Conto histórias 

para ter voz.

Conto histórias

Para dar voz 

a outras

Diversas

Pessoas.

Conto histórias

Para ir

Devagar...

Conto histórias

Para

Divagar...

Conto histórias 

para amar e 

ser amado.

Conto histórias 

para viver 

mais.

Conto histórias 

para 

guardá-las 

em mim.

Diria enfim 

que conto histórias 

porque 

elas me alimentam. 

Conto para ser feliz.

Para

simplesmente

ser.

terça-feira, setembro 06, 2022

"Aurora" é uma obra fantástica que explora universo de games


Aurora
de Samuel Medina é o novo lançamento de fantasia da Letramento. A obra fantástica conta a história de Arthur e seus dois amigos, Mauro e Wedge, que eram adolescentes normais com

problemas normais até que um dia zeram um jogo de computador.

Em vez de uma mensagem tosca informando que haviam concluído o jogo, eles acabam testemunhando um espiral de experiências oníricas surpreendentes, enquanto o mundo ao seu redor se desintegra.

Em Aurora, acompanhando o narrador, Arthur, em sua jornada de descobertas e mistérios, o leitor será convidado a testemunhar essas transformações, enquanto um enigma ainda maior se descortina. A cada nova experiência, uma grande verdade será revelada. Conseguirá Arthur contar sua história?

Aurora é um livro que atua como uma metáfora sobre essa transformação radical que é a adolescência, fase em que parece que o mundo inteiro está em colapso. Como enfrentar a solidão dessa transformação? Haverá algum jeito?

A publicação foi possível graças à seleção pelo programa "Temporada de Originais", da Editora Letramento(@editoraletramento), que tem como objetivo viabilizar os trabalhos de novos autores de forma acessível. A

obra está disponível em pré-venda do site do Grupo Editorial Letramento

(https://www.editoraletramento.com.br/produto/aurora.html).

segunda-feira, setembro 05, 2022

Hoje a vida



Hoje a vida 

me cavalgou. 

Foi de supetão. 

O mundo 

me fez 

de bicicleta, 

montou-me 

e saiu por aí 

a pedalar. 

sexta-feira, agosto 05, 2022

O apocalipse dos trabalhadores - Vidas que se entrelaçam


É um grande desafio para mim falar de O apocalipse dos trabalhadores, de Valter Hugo Mãe. Esse não é um livro fácil. Ele conta as histórias de três pessoas: Maria da Graça, Quitéria e Andriy. Duas portuguesas e um ucraniano. A trama se passa em Portugal, na cidade de Bragança. Nesse emaranhado de vidas há também o Senhor Ferreira, o homem para quem a Graça trabalha e que a assedia constantemente. Por conta das constantes investidas, ela o chama de Maldito, mas admite que por ele está apaixonada. Graça é casada, um casamento sem amor. Ela detesta o marido a ponto de colocar lixívia na sopa dele, na esperança de que morra aos poucos.

Quitéria é namorada de Andriy. Ele fala pouco o Português e sofre de falta de notícias dos pais, Ekaterina e Sasha, que ainda vivem na Ucrânia. O velho Sasha é paranoico e vive com medo de ser levado pelos soldados. Isso porque há muitos anos ele matou um homem. Ou pelo menos é o que acredita. Não dá para saber o que é fato e o que é fantasia para Sasha.

A narrativa não segue um padrão linear, embora haja um enredo central que respeita certa sequência de acontecimentos. O texto é um emaranhado que vai se desenrolando enquanto lemos. A narrativa truncada pode ser incômoda, bem como a forma como as personagens interagem.

Com um enredo simples, mas emaranhado, personagens emblemáticos com atitudes controversas e uma certa dose de erotismo, O apocalipse dos trabalhadores é uma obra densa e incômoda, que nos marca como ferro em brasa.


Ficha técnica

O apocalipse dos trabalhadores

Valter Hugo Mãe

ISBN-13: 9788525063571

ISBN-10: 8525063576

Ano: 2017 

Páginas: 208

Idioma: português

Editora: Biblioteca Azul

domingo, julho 31, 2022

Em DVD




Uma turminha da treze crianças entre quatro e cinco anos fez a festa hoje na Biblioteca. Uma das crianças, o Davi, não perdia oportunidade de fazer perguntas ou dar alguma contribuição. Levantava a mão e aguardava que lhe dessem a palavra. Em dado momento, vi que ele estava aflito para  dizer algo, mas pedi que esperasse terminar a explicação e ele se acalmou e educadamente esperou. 

Depois da leitura, quando as crianças atravessavam a Biblioteca em busca de suas próprias histórias, Davi pedia por livros de tubarões e dinossauros. E sentenciava: o mais terrível dinossauro era o "Tio" Rex.

Após a despedida, Davi prometeu para mim e para a Luana, estagiária que fazia comigo a visita, um tubarão de presente para cada um. Mas esclareceu, para não dar entendermos errado: seria em DVD.

23 de novembro de 2017

sábado, julho 30, 2022

As resenhas sobre "A Cidade Suspensa" no Skoob


A título de registro, resolvi transcrever para este espaço as resenhas presentes no Skoob sobre "A Cidade Suspensa".


Lusia.Nicolino28/01/2022 (sem estrelas)


Deixa um gostinho de quero mais

Como já comentei outras vezes, distopia não é o meu gênero preferido de leitura, mas é sempre bom atualizar nossas expectativas e experiências literárias. A cidade suspensa, de Medina, me deixou com um gostinho de quero mais. O texto é muito bom, com descrições curtas que não cansam a leitura e nos fazem visualizar os personagens, o ambiente, o entorno, o clima.

Através do viajante Kain (sim, vamos encontrar o seu Abel em algum momento) circularemos pela cidade que pouco pousa e onde nunca repousam seus misteriosos moradores. Que busca será essa? Quem pode ajudar e quem pode atrapalhar essa jornada? Acredito que a história tem potencial para crescer em tamanho, o universo poderia ter sido explorado detalhadamente em sua intrincada configuração, os personagens apresentados de maneira mais profunda e suas relações mais bem explicadas. Fiquei com a sensação de ter lido o roteiro detalhado de um filme. Eu assistiria se fosse produzido. Aventure-se, veja se tem a mesma sensação que eu!


Quote: "´A cada encontro que temos com alguém, realizamos um nó na linha de nossas vidas´, lembrou-se. Temia ficar enlaçado. Talvez a misteriosa sombra que havia ficado para trás, no ponto, seria apenas mais um dos perigosos nós que Kain deveria enfrentar."



site: https://www.facebook.com/lunicolinole https://www.instagram.com/lunicolinole

 

 Recitando Leitura 

recitando leitura06/12/2021 (três estrelas)


Livro curtinho, no qual dá para ler tranquilamente em apenas um dia. A história gira em torno de Kain, um viajante que chega na misteriosa Cidade Suspensa; os objetivos que o leva até lá é também uma incógnita para o leitor, sabemos apenas que ele precisa ficar lá quando a cidade voltar a pousar. A escrita em si, é de tranquilo entendimento, mas senti meia perdida em meio a tantos acontecimentos, além de, em alguns pontos, me faltou explicações. Talvez, em uma nova releitura, pegarei elementos que deixei escapar. Obrigada ao autor por disponibilizar a obra gratuita.

 

Bruna.Caroline26/11/2021 (duas estrelas)


Ainda estou tentando entender !! Rs.

Acredito que tem algo a mais nessa história, mas que precisarei reler para saber oq passou despercebido por mim.

Tem muitos mistérios com pontas soltas, vou mesmo precisar reler?.

 

 Tyr Quentalë09/04/2021 (cinco estrelas)


Revisitando A Cidade Suspensa

Conheci Samuel Medina em outro lugar e sempre gostei muito da produção de seus textos. O meu retorno à Cidade Suspensa relembrou a leitura apaixonada pelas linhas escritas pelo autor e me fez conhecer uma outra vertente que eu não conhecia.

Agradeço profundamente por essa releitura e espero que o autor não deixe de lado os seus sonhos.

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Bela17/10/2014 (3 estrelas)


Misterioso e interessante

Cidade Suspensa. Autor: Samuel Medina. Páginas: 92. Publicação Independente.


Valorizo muito essa coragem de alguns escritores de escrever um livro e disponibilizá-lo gratuitamente, acho que isso faz do livro algo ainda mais especial, demostra o simples prazer pela escrita.


Kain é um viajante misterioso e ele chega a Cidade Suspensa com um objetivo também misterioso. Sabemos apenas, que ele demorou a descobrir como entrar na Cidade, que provavelmente está sendo seguido por inimigos e que ele precisa descobrir um modo de ficar lá, senão será expulso quando ela "pousar" novamente.


O livro é bem curtinho e você pode lê-lo em um único dia. A historia é bastante interessante, mas senti que poderia ter sido melhor desenvolvida, senti falta de algumas explicações. Também achei que a grande quantidade de mistérios me deixou um pouco perdida, o autor vai revelando as coisas com o decorrer a leitura, mas por ser um livro curto com um cenário completamente utópico, fiquei me perguntando o que eu deveria esperar, já que não tinha muitas informações. O livro tem ainda alguns paralelos bíblicos, mas não acredito que esse tenha sido o principal foco do autor. Não gostei muito do final, achei um pouco sem propósito, fiquei pensando que talvez eu não tenha entendido o que o autor queria passar com a história, não que todos os autores queiram passar algo, mas só que eu tenho o costume de ficar procurando lições e tal...


Enfim, o livro é muito peculiar. Ele fez uns paralelos muito interessantes, como quando ele descreve Scarlate, a cortesã. Na verdade, todos os personagens são muito interessantes, é uma história que vale a pena ler e tirar sus próprias conclusões. ;)


Mas as pessoas não têm medo? perguntou Kain.

Medo? Pode ter medo quem não tem alma? Ou tem uma falsificada? Muitos vendem o próprio coração para ter uma alma artificial, feita aqui na Cidade. Com ela, não é preciso ter medo. Ou se tiver, ele será muito mais saboroso. A propósito, sou Salomão.


site: http://coisasdebelaa.blogspot.com.br/ 

sexta-feira, julho 29, 2022

Uma visita inesperada no blog do Rafa Mussolini

Atenção! Saiu uma resenha do livro Uma visita inesperada lá no blog do Rafael Mussolini! Vamos conferir? 


Agora, vocês podem me perguntar: "Uai, Samuel, a resenha foi publicada no dia 5 de maio deste ano. Faz um tempão que ela saiu. Como assim você não avisa antes?"

Pois é. Sinto muito. Tive alguns problemas pessoais. Sempre tenho né? Por isso o blog anda tão irregular. Vou tentar dar uma regularizada. Espero ser mais frequente nas publicações por aqui e nas divulgações de meus livros.

Deixo aqui meu agradecimento ao Rafael, mais uma vez, pela leitura cuidadosa e pela generosidade nas palavras!

https://rafamussolini.blogspot.com/2022/05/uma-visita-inesperada-do-samuel-medina.html

quinta-feira, julho 28, 2022

Coluna Literária homenageia o Festival Internacional de Quadrinhos

Quadrinhos e Literatura são artes que por vezes parecem distantes e, por vezes, muito próximas. Aproveitando a proximidade do Festiva Internacional de Quadrinhos - FIQ - a Coluna Literária resolveu homenagear a Nona Arte, trazendo duas resenhas e o perfil de um quadrinista brasileiro. Convido a todas e todos para conferirem a Décima Quinta Edição da Coluna Literária, que está linda!




quarta-feira, julho 27, 2022

A eleição de um genocida



Quando

nos tornamos

tão cruéis?

Foi com a homenagem

ao torturador?

O menino amarrado ao poste?

A mulher linchada até a morte?

O estupro relativizado?

Ou terá sido

A defesa ao extermínio?

terça-feira, julho 26, 2022

A coragem de ser você mesmo - Reflexões para um melhor autocuidado



Por vezes, chegamos a pontos cruciais em nossa caminhada. Nesses momentos, nada melhor do que um bom livro que provoque a autoanálise. A coragem de ser você mesmo foi um desses livros que me levou à reflexão. O livro começa com um tom bem pessoal, onde o autor descreve seus "nascimentos", ou seja, quando ele despertou para algum aspecto de sua individualidade, como o amor, ou a paternidade.

Em seguida, o livro vai discorrendo sobre aspectos de traumas em que a vítima alimentaria sua dor, sua ferida psíquica. O texto nos incentiva a não darmos aos nossos agressores uma força maior que aquela que eles já possuem. Fala também da simbolização para tratar feridas da alma. 

Outro ponto que achei interessante no livro foi sobre a questão de relacionamentos que acabam. chegam ao fim. Salomé fala que muitas vezes, para nos mantermos fiéis a nós mesmos, devemos abrir mão de alguns relacionamentos que temos. Não fazer isso poderia então provocar problemas emocionais e somatizações. 

Outro ponto que achei muito interessante foi a proposta de um método que nos leve a ser menos reativos e mais responsáveis, focando-nos mais na responsabilização que na culpabilização.

É claro que o livro aborda muitas outras questões. Porém, as que destaquei foram estas, que  mais me chamaram atenção.

Acho importante destacar que Jacques Salomé dá grande atenção aos símbolos. Ele inclusive denuncia o monopólio das religiões sobre o campo simbólico, o que alienou o homem comum do acesso ao símbolo e provoca assim uma série de sofrimentos que poderiam ser evitados.

Com uma linguagem simples e muitos exemplos pessoas, A coragem de ser você mesmo é um livro que nos incomoda e provoca, nos instiga e desafia. Páginas de sabedoria e sensibilidade ao nosso dispor para um mergulho profundo em nós mesmos.


Ficha Técnica

A coragem de ser você mesmo

Jacques Salomé

ISBN-13: 9788587795427

ISBN-10: 8587795422

Ano: 2004  

Páginas: 184

Idioma: português

Editora: Verus

segunda-feira, julho 25, 2022

Estou triste


Estou triste 

de uma tristeza 

atávica 

ancestral.

Minha melancolia 

tem genealogia

e nela eu me afundo 

deliciosamente.

Só 

na tristeza eu 

me reconheço.

sábado, julho 23, 2022

sexta-feira, julho 22, 2022

Toda noite

Toda noite 

um pássaro pia 

em minha janela.

Seu pio único 

me lembra de tudo 

o que era pra ser 

e não é mais. 

Esse pássaro 

é meu corvo 

e ele pia: "Jamais."

quarta-feira, julho 20, 2022

Estou perseguindo algo



Estou perseguindo algo. 

Sozinho no escuro 

eu tateio e me perco. 

Sempre estive perdido. 

O que eu persigo 

foi um dia um lampejo. 

Mas passou. 

Sozinho no escuro 

eu me sento 

abraço os joelhos 

e choro. 

segunda-feira, julho 11, 2022

Prosseguindo


Continuo 

a rasgar 

meu peito. 

As palavras são 

parcas 

para expressar 

a dor. 

Embotado 

estou de desengano. 

Preferi a solidão e agora 

pago o preço 

da espera. 

sábado, abril 30, 2022

Plano de luta

 



Para combater 

Todo tipo de 

Fascismo 

Minha resposta 

É ser ridiculamente 

alegre 

Meu contra-ataque 

É ser 

Anarquicamente

Feliz

segunda-feira, abril 18, 2022

Capitães da Areia - A infância massacrada


Pedro Bala, Professor, João Grande, Sem-Pernas, Pirulito, Boa Vida, Gato, Volta Seca. Estes e muitos outros fazem parte de um grupo de meninos chamado Capitães da Areia, que aterroriza as ruas da "Cidade da Bahia". Pedro Bala é o líder. Forte e decidido, Bala guia o grupo com suas qualidades naturais de liderança. Seus "oficiais" atuam como subchefes e coordenam o grupo, auxiliando o líder.

Capitães da Areia, romance de Jorge Amado, nos conta com detalhes e crueza a vida dessas crianças e adolescentes. Fome, doenças, as torturas na delegacia ou no reformatório, essas são alguns dos inúmeros perigos que enfrentam. Há também outros grupos de crianças, menores e menos organizados, que não deixam de oferecer riscos aos Capitães. Ocasionais batalhas acabam acontecendo por conta disso.

O romance é dividido em duas partes. Na primeira, os capítulos contam as peripécias dos Capitães da Areia, tendo um ou outro como protagonista. Por isso, podem ser considerados episódios sem necessariamente terem um enredo cronológico. Já a segunda parte segue uma linha temporal e conta da entrada da menina Dora para o grupo e seu inocente romance com Pedro Bala.

Há um tom de idealismo no livro, mesclado à crítica social, como se uma revolução fosse a única chance para mudar a vida dessas crianças e erradicar a pobreza. Outro ponto curioso é a ausência da adolescência. Com 16 anos, Pedro Bala é considerado pelo narrador como uma criança. Essa visão estendida de infância é interessante pelo ponto de vista sociológico. Apesar de serem chamados de "crianças", os Capitães da Areia são muitas vezes apresentados como "homens", por sua precoce independência, onde são obrigados a tomarem atitudes consideradas adultas.

Com ação, aventura e romance, Capitães da Areia é um livro que nos envolve, comove e também revolta. E nos faz pensar em nosso papel como seres humanos, agentes de mudança. Lança a miséria em nossa cara, com toda a sua violência e nos convida a tomar uma atitude contra toda forma de crueldade e tirania.


Ficha Técnica:

Capitães da Areia

Jorge Amado

ISBN-13: 9788535914061

ISBN-10: 8535914064

Ano: 2009 

Páginas: 280

Idioma: português

Editora: Companhia de Bolso


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/capitaes-da-areia-968ed25062.html

segunda-feira, abril 11, 2022

A filha perdida - Quando não há amor que dê conta da vida


Leda sofre um acidente de carro. A todos que a visitam, ela diz que o sono a fizera sair da estrada, mas isto não é verdade. O que de fato aconteceu será narrado a nós, leitores, nos capítulos seguintes de A filha perdida, de Elena Ferrante. 

Narrado em primeira pessoa, o romance nos apresenta Leda, uma excelente professora universitária que está de férias no sul da Itália. Sofisticada e com uma exuberância natural, ela logo atrairá a atenção de uma família de napolitanos, rude e barulhenta, que também está de férias na praia. Aquela família representa tudo o que Leda mais despreza, pois foi de um lar assim que ela egressou. Porém, quem de fato atrai a atenção de Leda é a jovem Nina, devota mãe da pequena Elena.

Observar mãe e filha em seus passeios e brincadeiras na praia irá despertar sentimentos controversos em Leda, que gradativamente se envolverá com a família de formas inusitadas, o que trará a ela consequências irremediáveis.

A filha perdida é mais um exemplo do indiscutível talento de Elena Ferrante em criar tramas e personagens profundos. Leda é controversa, por vezes inconsequente, e nos perguntamos se sua narração é confiável. Perturbada pelos remorsos que sente, por causa do que fez tanto com sua mãe quanto com suas filhas, Leda parece querer resgatar em Nina a mãe que ela desejava ter sido, bem como a filha que ela não foi.

Outro elemento a ser destacado é a linguagem. A narrativa é crua e visceral, sempre contundente e melancólica. O texto é claro, envolvente, cadenciado. O discurso de Leda é fragmentado e repleto de digressões e rememorações. O tempo todo ela parece pesar e medir as pessoas ao seu redor, ao mesmo tempo que é pesada e medida por si mesma.

Com personagens memoráveis, falas emblemáticas e certa dose de reviravoltas, A filha perdida é uma leitura aguda, que nos prende e absorve até a última página. E nos faz querer voltar ao início para ler tudo de novo.


Ficha Técnica

A filha perdida

Elena Ferrante

 R$ 31,92 até R$ 37,10

ISBN-13: 9788551000328

ISBN-10: 8551000322

Ano: 2016 

Páginas: 176

Idioma: português

Editora: Intrínseca


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