segunda-feira, dezembro 26, 2022

Príncipe Caspian - Guerra Civil no País da Fantasia


Nárnia está em guerra. De um lado, estão os descendentes de um país chamado Telmar, os telmarinos, os quais dominaram Nárnia por séculos. Do outro, os chamados antigos narnianos: animais falantes, centauros, anões, faunos. As árvores não entraram na guerra: estão adormecidas.

O líder dos antigos narnianos é o telmarino Príncipe Caspian. Criado ouvindo os relatos dessa Nárnia encantada, o menino tem sobre seus ombros o peso de liderar um exército contra Miraz, seu tio, um homem cruel e perverso que usurpou o trono do pai de Caspian.

Mas este nem é o início da história. Príncipe Caspian, quarto livro de As Crônicas de Nárnia, tem seu início com os quatro irmãos, Pedro e Susana, Edmundo e Lúcia, sendo transportados para uma ilha desconhecida, nas proximidades das ruínas de um misterioso castelo. Logo descobrem que se trata de Cair Paravel, onde reinaram por uma vida inteira. Um ano se passou desde as aventuras vividas em O leão, a feiticeira e o guarda-roupa.

Mas e o que os quatro irmãos têm a ver com o jovem Caspian? Isto o leitor terá que descobrir.

De longe, este é o menos charmoso dos livros da série. Caspian não é lá muito carismático, faltando-lhe uma personalidade mais forte. Ele parece um menino influenciado por sua ama e seu tutor, sem no entanto parecer realmente interessado em Aslam. O próprio leão não parece ligar muito parar ele. O criador de Nárnia demonstra interesse de brincar de esconde-esconde com os quatro irmãos, além de apavorar o anão Trumpkin.

Por falar nesse anão, trata-se de personagem digna de nota. Valente, corajoso, habilidoso e sempre fiel, Trumpkin não esconde sua decepção ao conhecer os quatro irmãos, os tão grandiosos reis e rainhas de tanto tempo atrás. Tanto que cada um tem que mostrar alguma habilidade para convencer o cético anão de que a grandeza dos quatro não se trata de mera conversa fiada ou uma antiga lenda.

Outra personagem memorável é o rato Ripchip, com sua orgulhosa valentia e prontidão para a batalha.

E por falar em batalhas, creio que este é um dos motivos do livro não ser tão interessante. A descrição das lutas é genérica e sem sabor. Não há suspense ou aparência de perigo real. Com isso, parece que todos estão brincando de guerra e não em embates reais e perigosos. A narração de um certo duelo chega a ser uma tentava de dar sabor de aventura ao livro, mas tal tentativa é muito tímida. E não estou falando da luta de espadas que Edmundo trava com Trumpkin. Essa, sim, é interessante.

Apesar desses pontos negativos, mesmo o enredo não ser dos mais emocionantes, conta coma estética apurada de C.S.Lewis. Trata-se de uma narrativa que tem seu sabor nos diálogos e na dinâmica mostrada entre o anão Trumpkin e os quatro irmãos.

Portanto, apesar de ter alguns pontos desinteressantes, o livro se salva pela maestria de Lewis em contar histórias.

É importante também destacar que há o conflito na ausência das dríades e náiades, das deusas e deuses da floresta, ou seja, os espíritos das árvores, que se encontram adormecidos. A resolução desse conflito é graciosa e emocionante.

Com um enredo que, embora careça de emoção, tem seus atrativos através do humor e da envolvente narração, Príncipe Caspian é um livro que pode até não ser apaixonante, mas temo o seu lugar.

Ficha Técnica

Príncipe Caspian

As Crônicas de Nárnia # 4

C. S. Lewis

ISBN-13: 9788533616172

ISBN-10: 8533616171

Ano: 1997 

Páginas: 216

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/principe-caspian-1101ed1466.html

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