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segunda-feira, dezembro 18, 2023

Clara e o homem na janela - Quando a luz invade



Este é um livro lindo. Seu nome é Clara e o homem na janela. Clara é a protagonista, uma menina que vive num interior desses de algum país da América Latina.

Clara tem que levar um cesto de roupas lavadas. Deve entregá-las na Casa Grande. O homem que lá vive nunca sai, vive recluso. Apesar das recomendações, Clara se distrai com tudo, inclusive com os livros que recheiam as estantes do homem.

Vendo o interesse da menina, o homem pergunta se ela sabe ler. Clara diz que sim. Ele então passa a lhe emprestar livros. Das leituras e dos encontros, nasce uma amizade. Clara descobre que o homem nem sempre foi recluso, que teve um grande amor, o jardineiro. Mas esse amor se perdeu no tempo e na vida.

O texto de María Teresa Andruetto é enxuto, econômico, mas rico em discurso. Fala muito pois diz do que é eterno e, ao mesmo tempo efêmero: vida, amor, amizade. O desenho de Marina Trach é um convite a buscar as mais diversas referências, imagens polissêmicas que enchem o silêncio de dizeres.

As cores são leves, suaves, como que contrastando a força do sentimento que permeia as páginas. Há muito sentimento represado nesse livro, muita emoção contida.

Em certo momento, vemos a referência aos contos de fadas, com a menina andando pela floresta com o cesto. Por vezes, vemos o jogo de cores a criar um tom harmonioso, como que para apaziguar o conflito que se estabelece na figura daquele homem que praticamente desistiu de viver.

Com desenhos lindos e um texto conciso e potente, Clara e o homem na janela é uma narrativa sobre amizade, sobre amor e, também, sobre cumplicidade que a paixão pelos livros pode ajudar a construir. 


Ficha Técnica

Clara e o homem na janela

Coleção da Cigarra

María Teresa Andruetto

Marina Trach

ISBN-13: 9788585166083

ISBN-10: 8585166088

Ano: 2020 

Páginas: 48

Idioma: português

Editora: Amelì Editora


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/clara-e-o-homem-na-janela-11733459ed11744270.html

segunda-feira, dezembro 04, 2023

Sagatrissuinorana - Crônica de uma tragédia anunciada



O clima está ameno. O campo aberto é um convite ao cultivo. Aquele vale verde e fértil é habitado por três simpáticos porquinhos. A princípio, lobo nenhum espreita, mas isso está para mudar.

Assim começa Sagatrissuinorana, livro de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz. Na verdade, a "Saga" começa com uma inusitada mas famosa palavra: Nonada. Refazendo os passos e estilo roseanos, João Luiz Guimarães nos presenteia com um espetáculo de linguagem que nos remete não apenas aos clássicos dos contos de fadas, mas aos textos de Rosa que dialogam com esses clássicos, como Fita verde no cabelo.

E ao falarmos de espetáculo, o que dizer do traço de Nelson Cruz? O primor nas cores e formas fundam um universo de sentidos e transforma o texto de João Luiz Guimarães em uma experiência sinestésica vívida.

E enquanto o idílico vale se desdobra aos olhos de quem lê, a anunciada tragédia acontece. O lobo arrebenta os limites da tela e invade a imagem, causando destruição e medo. O lobo de Nelson Cruz é espetacular em toda a sua monstruosidade. Os porquinhos, porém, contam com um último refúgio, que é a casa de pedra. Até acontecer a verdadeira e real tragédia.

O trabalho conjunto de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz resulta em uma obra-prima. Uma narrativa múltipla, que dialoga com o nosso tempo, enquanto homenageia os clássicos de ontem e de sempre. Um texto rico e profundo, mesclado a desenhos poderosos. Trata-se de um livro para ler várias vezes, uma obra que valoriza a memória, que nos pede para não esquecermos. E também é um livro que diz que não há lobo feroz o bastante que se equipare à maldade humana. Livro vencedor do Jabuti 2021. 


Ficha Técnica

Sagatrissuinorana

João Luiz Guimarães e Nelson Cruz

ISBN-13: 9786599010743

ISBN-10: 6599010741

Ano: 2020 

Páginas: 32

Idioma: português

Editora: ÔZé


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/sagatrissuinorana-11831776ed11831450.html

segunda-feira, novembro 27, 2023

O Pequeno Nicolau - Uma homenagem à infância antiga



Imagine um menino que o que tem de inocente, tem de travesso. Pois assim é Nicolau. Agitado, ingênuo e um pouco inconsequente, o menino se envolve em diversas confusões com seus amigos, principalmente o Alceu. Esse é o enredo de O Pequeno Nicolau, de Sempé e Goscinny, com tradução de Luís Lorenzo Rivera e publicação pela Editora Martins Fontes.

O livro trata de pequenos episódios da vida do menino Nicolau. Uma criança como qualquer outra, que não se priva de chorar quando deseja e tem como maior vontade a diversão. São episódios cotidianos sem relação cronológica entre si, podendo ser lidos separadamente. Tanto que as crianças são apresentadas novamente a cada capítulo.

São muitas as confusões aprontadas por Nicolau e seus amigos. Cada um tem características bem marcadas pelo menino, que é também o narrador. Alceu come o tempo todo. Maximiliano tem as pernas compridas e é bom na corrida. Godofredo tem o pai muito rico e por isso aparece sempre com as melhores fantasias. Agnaldo é o primeiro da classe e o queridinho da professora. Por isso, todos querem bater nele, mas não podem, pois ele usa óculos. Rufino vive com um apito, pois seu pai é policial Clotário é sempre o último da classe. Eudes é grande e forte e adora distribuir socos nos narizes dos colegas.

O livro é muito gostoso de ler e também engraçado, com ótimas tiradas de humor, sempre contrapondo o mundo adulto com o mundo da infância. Trata-se de uma infância alegre e inocente, extremamente idealizada, mas que não deixa de ter o seu charme. 

Por falar em charme, essa é principal característica de Nicolau. Ele é de fato um narrador encantador. Talvez este encanto esteja justamente na sua falta de malícia, o que nos aproxima dele e nos faz apreciá-lo. Nicolau é simples, apesar das ambições de, ao crescer, ser rico, ter um carro, um avião e deixar todos impressionados.

Os desenhos são de Sempé, o mesmo criador de Marcelino Pedregulho, com traços cartunescos bem característicos, de formas angulosas marcantes e bem definidas, mostrando o cotidiano de uma época francesa em que as escolas de meninas e meninos eram separadas, fotografias eram tiradas por câmeras gigantescas e o futebol era jogado em terrenos abandonados, com sucatas de carros espalhados por todo lado.

Existe um aspecto que me desagradou no livro, que é a marcação exagerada em relação á obesidade de Alceu e sua compulsão por comer. Essa estrutura narrativa é utilizada como elemento cômico muito datado. Apesar desse estereótipo, Alceu aparece como uma criança comum e até um pouco mais travessa que as outras.

Outro personagem que merece destaque é o Agnaldo, por sua caricaturização. Trata-se de um garoto precoce tanto em livros quanto no conhecimento. Porém, ele é como uma miniatura de vilão, sempre entregando os colegas em com isso sendo constantemente chamado de "traidor sujo".

Apesar desses elementos que considerei controversos, pude me divertir bastante com o livro. Acompanhar as aventuras do pequeno Nicolau foi também um nostálgico mergulho na minha infância. Eu me senti rejuvenescido e como que revivendo os episódios pitorescos e memoráveis da época em que eu era criança.

Com desenhos de muita personalidade e narrativas muito divertidas, O pequeno Nicolau é uma leitura imperdível, uma deliciosa jornada recomendada para crianças de todas as idades.


Ficha Técnica

O Pequeno Nicolau

René Goscinny

Sempé

Tradução de Luís Lorenzo Rivera

ISBN-13: 9788533601833

ISBN-10: 8533601832

Ano: 1996 

Páginas: 120

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-pequeno-nicolau-1854ed122257397.html

quinta-feira, agosto 31, 2023

Crianças do Centro Cultural São Bernardo criam seus "mundos particulares"


Dia 31 de agosto, quinta-feira, compareci ao Centro Cultural São Bernardo para mediar a oficina "Um mundo só pra mim". Foram 18 crianças atendias, além de 3 mediadores da Escola Integrada. Comecei falando sobre coleções, perguntando se algum deles colecionava algo. Figurinhas de futebol, camisas de times e moedas antigas foram algumas respostas. Falei sobre quando a gente arruma nossas coleções, gosta de manuseá-las e mostrar para outras pessoas. Assim, apresentei o livro Um universo numa caixa de fósforos, do Alexandre Rampazo e da Cátia Chien. Fiz a leitura do livro, que conta de Maximiliano, ou Max, e sua incrível caixa de fósforos, que guarda coisas maravilhosas. Todo dia ele mostra para os colegas sua espantosa coleção. Até o dia em que aparece um menino com uma caixa de sapatos e uma coleção tão incrível quanto a de Max. Com isso, o protagonista vê sua supremacia ameaçada. 

Os dois meninos duelam, comparando os objetos de suas coleções. Até o momento em que Max, usando seu truque de guardar coisas enormes em lugares pequenos, aprisiona o menino da caixa de sapatos dentro da caixa de fósforos.

A vitória, porém, não traz satisfação a Max e ele chega em casa pensativo e acabrunhado. Sua mãe entra em seu quarto e vai consolá-lo, deixando-lhe um beijo. E quando Max tenta guardar o beijo dentro da caia de fósforos, vê que ele é grande demais para caber ali.

A história termina com Max iniciando uma nova coleção, mas agora de sentimentos.

A narrativa rebuscada e caprichosa de Rampazo mistura fantasia e realidade, criando um texto onírico e alegórico. Os desenhos de Cátia Chien são uma arte maravilhosa, que realça o clima de sonho que domina a narrativa.

É um trabalho primoroso dos dois artistas, com imagem e texto dançando graciosamente uma valsa onírica.

Depois de ler com as crianças, conversei com elas sobre aquilo que a gente tem e que cabe todas as coisas, até mesmo aquelas que não foram criadas. Trata-se da imaginação. Convidei-as então a usar a folha de papel para criarem seus mundos, expressando-os em texto ou imagens. Um menino, por exemplo, fez uma lista de tudo o que ele gostaria de colecionar. Outro colocou em seu universo particular a paisagem de Dubai. Teve aquela menina que fez um cenário cor-de-rosa com arco-íris e unicórnio e aquele que criou um mundo só de monstros.

Por fim, fui olhando os trabalhos e registrando alguns em fotos. Agradeci a participação de todas as crianças e nos despedimos. Senti a falta de um momento de compartilhamento das criações. Creio que posso fazer isso em outras oportunidades. 

Fica aqui meu agradecimento à Mônica Malaquias, bibliotecária do Centro Cultural São Bernardo e à Bete, que muito me ajudaram, com um acolhimento carinhoso e preparando o espaço com todo esmero. 

Ficha Técnica

Um mundo só pra mim

Momento de leitura do livro "Universo numa caixa de fósforos", de Alexandre Rampazo e desenhos de Cátia Chien, seguida de atividade criativa em que as pessoas serão estimuladas a criar seus "mundos particulares". 

Público: Geral

Mediação: Samuel Medina

Data: 31 de agosto de 2023, às 9h30








segunda-feira, abril 04, 2022

Na floresta - Mil e uma histórias



Algo não está certo. O menino acorda certa noite com um barulho horrível. No dia seguinte, seu pai não mais está em casa e sua mãe parece muito triste. Mas esse nem é direito o começo da história. A mãe pede ao menino que vá levar um bolo para a vovó, que está doente, mas que não passe pelo caminho da floresta.

Isso lembra a você alguma coisa? Pois esse menino, protagonista do livro Na floresta, de Anthony Browne, irá justamente usar o caminho mais "curto", porém o mais perigoso e sombrio. Enquanto esse garoto faz a travessia solitária, vai se deparando com diversas personagens, todas elas bem reconhecíveis. Lá está o menino que precisa vendar uma vaca leiteira. Lá estão também a menina e o menino que se perderam de seus pais na floresta. E não se trata apenas disso. Ao longo das páginas, a cada nova imagem, vamos descobrindo que na floresta estão espalhados elementos de vários contos de fadas, num constante convite a um jogo de descobertas.

O texto da narrativa de Browne é simples. Porém, não é bom que seja lido de forma ingênua e desavisada. Muitas são as nuances que mostram que a história é muito mais do que está posto. Afinal, o que aconteceu com essa família? O pai de fato voltará? Haverá uma vovó esperando no final do caminho? E ainda que os conflitos pareçam apaziguados, as ilustrações nos contam que há algo mais, que o conflito talvez nunca se resolva. Ou sua resolução não seja aquela que esperamos.

Afinal, pouca coisa na vida acontece como esperamos. E a literatura, como arte, vem para nos lembrar de nossa finitude. Assim, nós nos lembramos que estamos vivos. E Anthony Browne, com seu primoroso Na floresta, enquanto homenageia o universo dos contos de fadas vem nos lembrar que as coisas, mesmo as mais preciosas, também chegam ao seu fim.


Ficha Técnica:

Na Floresta

Anthony Browne

Tradução de Clarice Duque Estrada

ISBN-13: 9788566642124

ISBN-10: 8566642120

Ano: 2014 

Páginas: 32

Idioma: português

Editora: Pequena Zahar


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/na-floresta-372398ed420377.html

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Onde está Tomás? - A infinita imaginação da criança



A mãe de Tomás o está procurando. Afinal, onde se meteu o menino? A casa em que moram é enorme e Tomás não está propriamente se escondendo, mas brincando e usando sua fervilhante imaginação para transformar o ambiente ao seu redor.

Assim se desenrola o livro de Micaela Chirif e Leire Salaberria, com tradução de Daniela Padilha. O texto é simples e evocativo, pois lança mão das expressões mais corriqueiras que alguém falaria à procura de uma criança em um ambiente seguro. O tom é de brincadeira, como se mãe e filho estivessem num descontraído e inacabável esconde-esconde.

Os desenhos são maravilhosamente produzidos, ilustrações que dialogam com o texto e o enriquecem, desdobrando diante de nós, leitoras e leitores, um universo infinito de criaturas imaginadas e existentes. A privilegiada imaginação de Tomás amplia e enriquece os objetos com os quais o menino interage, seja um unicórnio de brinquedo, seja a cortina estampada do banheiro, repleta de desenhos de araras. As cores fortes e vivas das ilustrações realçam ainda mais a riqueza visual da obra.

Tomás transforma cada cômodo da casa em um universo totalmente seu, onde a magia e o impossível acontecem. Enquanto isso, sua mãe prossegue na procura, até ser convidada a imaginar também. Fecha-se o elo, então. Mãe e filho mergulham em sonhos e devaneios.

Com um texto acolhedor e desenhos lindos, Onde está Tomás? é um livro de beleza e qualidade excepcionais, uma ode ao amor entre mãe e filho, homenagem à incansável inventividade das mentes das crianças.


Ficha Técnica

Onde está Tomás?

Micaela Chirif e Leire Salaberria

Tradução de Daniela Padilha

ISBN-13: 9788561695682

ISBN-10: 8561695684

Ano: 2019 

Páginas: 36

Editora: Jujuba Editora

Perfil do livro no Skoob:m

segunda-feira, janeiro 10, 2022

Ticli, o cosmonauta

https://pixabay.com/pt/users/pencilparker-7519217/



Ticli era uma criaturinha interessante. Habitante do complexo Z, da galáxia de Policleto, Ticli sempre sonhara sair de seu planetinha natal, Golonebe. Felizmente, sua sociedade já era suficientemente avançada para ter propulsores de tempoespaço, de forma que, quando a primeira viagem astral foi anunciada, Ticli foi um dos primeiros a se inscrever como voluntário da primeira missão espacial para fora do sistema interplanetário de Golonebe.

Como todo bom zirguiano, Ticli era extremamente otimista e decidido. Passou em todos os testes, cumpriu todas as exigências, fez todos os cursos necessários. Ao fim do processo seletivo, Ticli estava em primeiro lugar.

Apesar da tecnologia avançada e do uso de propulsores subatômcos, a tecnlologia espaçotemporal era ainda recente e os riscos, vários. Ticli seria o primeiro a fazer uma viagem tão audaciosa. A nave era minúscula e comportava apenas um tripulante.

A jornada foi inesquecível. Em seu diário de bordo, o pequeno zirguiano registrou as coisas maravilhosas que viu. Seus enormes, redondos e saltados olhos absorviam tudo com um misto de curiosidade e surpresa.

A nave era simples, quase não cabia o próprio Ticli. Em padrões humanos, ela parecia um cogumelo. No topo, a cabine do piloto.

Em Golonebe, há uma majestosa estátua de Ticli com sua nave. Ele é considerado um herói póstumo, pois jamais retornou. Como se adivinhassem os sentimentos do pequeno viajante espacial, os artistas que esculpiram sua estátua imprimiram em seu rosto de pedra o mesmo olhar de maravilhado assombro do aventureiro cósmico.

terça-feira, dezembro 14, 2021

Lançamento: Uma visita inesperada - Samuel Medina e Luiz Henrique Evaristo




Finalmente saiu a divulgação do lançamento do meu mais novo livro: Uma visita inesperada. O texto de minha autoria traz o primoroso traço de Luiz Henrique Evaristo. O trabalho editorial d'a mascote, editora independente, foi imprescindível para que a obra ficasse tão linda. 

O livro está em pré-venda no site da editora a mascote até o dia 21 de dezembro.

As compras podem ser diretamente comigo (medina.samuel@gmail.com) ou pelo site da editora a mascote.

Conheça um pouco mais sobre o livro:










Mafalda, uma bruxa de idade avançada, é celebridade entre os bruxos. Ninguém sabe o segredo de sua juventude e ela, se sabe, não o revela. Quando uma visita inusitada bate à sua porta, será o momento de uma revelação que mudará o curso da vida da bruxa e também de sua enigmática visitante.

Lançamento:

Dia 21 de dezembro, terça-feira, às 19h.

Local: Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais - Praça da Liberdade, 21 - Funcionários, Belo Horizonte, MG.

domingo, dezembro 05, 2021

Os príncipes sapos

Um exército de guerreiros sapos que lutam por um beijo para se tornarem novamente humanos. Infiltram-se em casas de bruxas, enfrentam feras mágicas e dragões, cavalgam lagartos que correm graciosos sobre as águas. O líder é Rabert, o mais galante, garboso e destemido sapo que qualquer brejo já viu!


sexta-feira, novembro 12, 2021

Coraline - Uma passagem para a maturidade


Coraline é uma menina diferente. Movida por uma insaciável curiosidade, ela passa o verão inteiro explorando os arredores da casa em que mora. A própria residência tem suas peculiaridades. Trata-se de um casarão dividido em 4 apartamentos. Um deles está vazio, sendo justamente ao lado daquele em que a menina mora.

A curiosidade de Coraline a impulsiona a longos passeios pelos arredores. Até que um dia chuvoso faz com que a menina perceba uma porta que dá para uma parede de tijolos. A curiosidade por saber o que haveria além daquela parede guia a menina a um outro mundo, onde a comida é mais saborosa, os pais são mais presentes e os vizinhos, muito mais interessantes.

Alguma coisa, porém, mostra a Coraline que aquele mundo ideal não é seguro. Todas as pessoas que lá habitam têm botões pretos no lugar dos olhos. Um detalhe, no mínimo, assustador. 

Coraline pode ser considerado um romance de terror voltado para jovens leitores. Narrado na perspectiva da protagonista, o livro traz muitos dos dilemas da infância, principalmente o abismo entre crianças e adultos, a incompreensão, a tirania e o isolamento a que adultos acabam por relegar as crianças.

A protagonista é intrépida e inventiva. Porém, o texto sempre nos lembra que ela é mais baixa, inclusive para a idade, e também mais fraca. Assim, ela precisa enfrentar desafios muito maiores e mais perigosos do que seria de se esperar para crianças de sua idade.

Para compensar o terror e o perigo a que o ambiente do romance nos envolve, há uma narrativa fabulosa, divertida e aconchegante. É como se estivéssemos o tempo todo segurando a mão de Coraline, para lhe dar coragem, mas também para sermos reconfortados por ela em nossos medos. É preciso mencionar também os inusitados aliados que surgem ao longo da trama.

Por fim, a primorosa ilustração de Chris Riddel nos envolve ainda mais no clima do romance. 

Com uma narrativa envolvente, num ambiente salpicado de sustos e sobressaltos, Coraline é uma elaborada fábula sobre quão assustador é crescer. Assustador, sim, mas necessário.


Ficha Técnica 

Coraline

Neil Gaiman 

Desenhos de Chris Riddel

ISBN-13: 9788551006757

ISBN-10: 8551006754

Ano: 2020 

Páginas: 224

Idioma: português

Editora: Intrínseca

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/coraline-218759ed1193129.html

terça-feira, outubro 12, 2021

O menino trincado

Aquele menino tinha uma rachadura. Não era grande. Quem olhasse de longe, nem notaria. Essa rachadura só poderia ser vista bem de perto.

O menino também não se incomodava. A rachadura estava lá desde que o menino se lembrava. Não sabia qual acidente a teria causado. Foi no futebol? Na aula de educação física? Ou será que foi no recreio, quando brincava de queimada? A verdade era que o menino simplesmente não sabia. Um certo dia, simplesmente notou a tal rachadura.

Quando deu por si, lá estava ela. Uma linha irregular que começava no umbigo e subia pelo peito até o pescoço. Não doía. Nem parecia estar lá. Mas ao tocá-la, era possível senti-la na ponta do dedo, percebendo o desnível na pele.

Acontece que depois que percebeu a rachadura, o menino não conseguiu mais parar de pensar nela. Será que traria algum problema? As outras crianças também seriam trincadas? Teriam rachaduras ao longo do corpo? E se fosse a única criança assim? Seria levada para longe, para ser estudada igual os alienígenas da televisão?

Resolveu esconder essa rachadura. Evitava de todo o jeito tirar a camisa na frente de alguém. Os pais achavam que era simplesmente timidez.

Um menino trincado que cresceu evitando choques e encontrões. Cercado pelo medo de um leve toque pudesse transformar a rachadura em seu peito num monte de estilhaços.

quarta-feira, agosto 25, 2021

Cabeça de Luar

Imagem de Ponciano por Pixabay 


Era uma pessoa incomum.

Diziam que vivia na Lua.

Pessoa muito distraída,

trocava os pés pelas mãos.

E com a mão no queixo

olhava para cima, para a 

Lua

e suspirava.

Achava na Lua uma janela.

Por ela espiava sonhos.

Amores

Sabores.

E até mesmo temores.

De tanto espiar a Lua,

de tanto viver a Lua,

esta se enamorou e desceu.

Tanto que colou cabeça

com cabeça.

E essa pessoa, enluarada,

descobriu em si

uma eterna infinita

janela.


(Descrição: Em fundo preto, fotografia da Lua. A metade diagonal direita da lua está oculta)

sexta-feira, julho 30, 2021

O tigre que veio para o chá da tarde - Quando a vida apronta uma daquelas



Está tudo pronto para o chá. De repente, um tigre faminto chega, pedindo comida! É isso mesmo. Você não se equivocou. O livro conta o que o título já avisa.

O problema é que o tigre parece insaciável. Não tem problema. Deixe-o comer. Mãe e filha fazem isso, sempre encarando a situação com bom humor e doses enormes de afeto.

Judith Kerr traça então uma narrativa inusitada com total naturalidade. Atônito fiquei eu, enquanto lia. E curioso para saber como mãe e filha resolveriam a questão.

O livro O tigre que veio para o chá da tarde é uma daquelas obra sensíveis e poeticamente misteriosas, que exigem de nós certa dose de fabulação e conformidade. Não adianta estranharmos a situação inusitada. Ou melhor, adianta, sim. Talvez seja esse o desejo da autora.

Enquanto li, eu ficava cada vez mais surpreso com os acontecimentos. Não podia deixar de ter alguns calafrios com o sorriso enigmático do tigre. Era como se ele sempre escondesse alguma coisa, ou estivesse pronto para a qualquer momento devorar a menina e sua mãe.

Mas assim é a vida: Pronta para puxar nosso tapete e nos virar de ponta-cabeça. Em situações assim, o que devemos fazer? De repente, dar uma cambalhota!

(Descrição da imagem: Fotografia de mão de pele clara que segura um livro. A capa do livro tem fundo branco, criança de cabelos amarelos sentada em uma mesa, de frente. À direita, tigre também sentado à mesa. A criança está de blusa azul, vestido roxo e meia calça xadrez. Calça sapatos pretos. Ela está de perfil direito. Já o tigre está de frente, com as patas dianteiras pousadas sobre a mesa.) 


Ficha Técnica

O tigre que veio para o chá da tarde

Judith Kerr

Tradução de Érico de Assis

ISBN-13: 9786555110791

ISBN-10: 6555110791

Ano: 2021 

Páginas: 32

Idioma: português

Editora: HarperCollins


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-tigre-que-veio-para-o-cha-da-tarde-11809265ed11810037.html

quarta-feira, julho 14, 2021

O que é felicidade

Imagem de Free-Photos por Pixabay

O menino tinha um amigão. Era um amigo do peito. Especial. Eles estudavam na mesma escola, na mesma sala. Um dia, a professora deu um dever para a sala. Era para responder: O que é felicidade? O menino ficou aflito. Espremeu a cabeça um montão de vezes, mas a folha continuava em branco. Uma menina já de primeira falou, alegre: "Felicidade é quando minha mãe chega em casa". O menino gostou daquela resposta. Que pena que ele não tinha pensado naquilo.

O amigão chamou o menino para dormir na casa dele. Foi muito legal. Comeram sanduíches, tomaram sorvete, jogaram videogame até tarde. Seria aquilo a felicidade? O menino ficou pensando, antes de dormir.

No dia seguinte, foram tomar café com a família do amigo. O pai do amigo não estava, mas chegou ainda no meio do café da manhã. Ele passou a mão na cabeça do amigo, fazendo um cafuné nos cabelos bagunçados dele. Chamou o amigo de "filhão".

O menino sentiu uma coisa estranha no peito. Um tipo de buraco. Não conseguia se lembrar do seu pai. Nem sabia se tinha pai. Ficou na dúvida, perguntando para si mesmo se ele tinha ou não tinha pai. E se ele não tivesse pai? O que ele teria feito de errado para não merecer um pai?

E foi nessa hora que o menino entendeu. Foi nessa hora que ele descobriu que felicidade era ter um carinho como aquele. Felicidade era ter um pai pra chamar a gente de "filhão".

terça-feira, junho 15, 2021

Lido: Ovo galinha - Stella Elia

 



Um poema concreto em um poema em forma de livro. Um objeto para ser descoberto.


Ficha Técnica 

Ovo galinha 

Stella Elia

ISBN 9786500110470

Ano: 2020 

Páginas: 28

Editora: Baba Yaga


segunda-feira, junho 14, 2021

Lido: Nuang - Caminhos da Liberdade - Janine Rodrigues e Luciana Nabuco



Nuang é uma narrativa sobre prisão, escravização e liberdade. Uma narrativa aberta. Inspirada na cultura dos povos Banto, conta a trajetória de uma menina que tem em si o talento e a sabedoria para guiar seu povo rumo à libertação. 


Ficha Técnica 

Nuang - Caminhos da liberdade

Janine Rodrigues

Luciana Nabuco 

ISBN-13: 9788592577070

ISBN-10: 8592577071

Ano: 2017 / Páginas: 38

Idioma: português

Editora: Piraporiando


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/nuang-779998ed784723.html



sexta-feira, maio 14, 2021

O abraço do ouriço - Sobre as muitas formas de mostrar carinho



A vida é tão trivial que chega a parecer um desfile de clichês. Sim, é verdade. Tem coisas que acontecem no mundo que parecem ter saído de uma novela. Algumas nos enchem de fúria. Outras nos levam às lágrimas. E nessa montanha-russa, por vezes somos agraciados por presentes do acaso. Mensagens que parecem até transcendentes de tão preciosas e acertadas, pois chegam justamente nos momentos em que mais precisamos.

E como a arte imita a vida - ou seria o contrário? - foi por meio de um livro que recebi um presente desses. Estamos já no segundo ano de uma pandemia que levou milhares de brasileiros. Centenas de milhares, na verdade. E desde o início de 2020, algo que nos é muito precioso nos foi tirado: a proximidade. Há pessoas que estão sem ter contato físico com quem amam há mais de um ano. Não podem tocar, sentir, abraçar suas famílias. É como se o abraço agora escondesse um perigo que, para muitos, é mortal.

Então vem um livro e traz um refrigério, vem de um jeito cálido dizer: "Calma, eu sei que é difícil, mas há outras formas de abraçar". Estou falando de O abraço do ouriço, livro de Adriana Barretta Almeida e Verônica Fukuda. É uma narrativa rimada, repleta da musicalidade da poesia. Sua história fala sobre um ouriço que deseja poder abraçar. Seus amigos, atentos e dedicados, buscam maneiras de atender seu desejo. Mas parece que nada é capaz de abrandar o furor de seus espinhos, ainda que tal furor seja involuntário.

O texto de Adriana Barretta Almeida é suave como uma brisa. Parece sussurrar em nosso ouvido, enquanto nos toma pela mão e nos faz caminhar junto com o pequeno ouriço. Enquanto isso, os desenhos de Verônica Fukuda combinam em suavidade com o texto, enquanto os belos e expressivos traços vão aprofundando nossa empatia por todas as personagens. E assim uma história de amor e cuidado vai se desenvolvendo aos nossos olhos e demais sentidos.

Como disse no início, há livros que parecem ter chegado na hora certa. E quando terminei de virar as páginas do magnífico O abraço do ouriço, eu me senti presenteado. Fui cercado pelo calor e pela certeza de ter tocado um tesouro. E também de sentir que até mesmo um livro é capaz de abraçar alguém.


Ficha Técnica

O abraço do ouriço

Adriana Barretta Almeida

Verônica Fukuda

Editora Aletria

Ano: 2020

Páginas: 44 

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-abraco-do-ourico-11907557ed11903503.html

sábado, maio 08, 2021

Leitura Semente - Transmissão de histórias


 Vamos participar desse momento sensacional de leituras e contação de histórias. Algumas colegas da oficina Leitura Semente, ministrada pela Ana Selma Cunha. Será hoje, às 18h. Vamos?

O link da transmissão é este: https://www.youtube.com/watch?v=EuEPwHoUq4o

quinta-feira, maio 06, 2021

Manhã Encantada e a celebração dos 30 anos da BPIJ


A Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH está com 30 anos. Três décadas de histórias, fantasia, livros, atividades, oficinas. Celebrando esse momento tão marcante, uma série de eventos online vão ocorrer. E eu estarei no próximo sábado, dia 8 de maio, em um desses eventos: Manhã Encantada. Estaremos no mesmo quadrado o Wander Ferreira e o Rodrigo Teixeira. Quem vai abrir a transmissão ao vivo será a Ana Paula Cantagalli, gerente da BPIJ.

Assim, fica o convite para quem quiser celebrar com a gente esse momento. Será às 10h, no canal do YouTube da Fundação Municipal de Cultura.



domingo, abril 25, 2021