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quarta-feira, novembro 20, 2024

Reencontros literários e novas amizades em Carmo da Mata

Autoras e autores em Carmo da Mata

Era uma quinta-feira. O dia estava nublado e a temperatura amena. Um ônibus com destino a Lavras, vindo de Divinópolis, parou diante da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, em Carmo da Mata, Minas Gerais. Dela desceu um escritor esbaforido e entusiasmado. Essa pessoa era eu.

Estávamos no início de novembro. Dia 7, para ser mais preciso. Meus olhos esbanjavam encantamento por estar mais uma vez nessa cidade onde tantas coisas boas aconteceram, um ano atrás. Estava lá para mais uma edição da Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata. Criado e organizado por Júnia Paixão, o evento é uma celebração da Literatura, com diversas atividades propiciando a reunião de autoras e autores com o público leitor. É um momento também de renovar amizades e formar novos laços de companheirismo. 

E foi isso mesmo que aconteceu. Revi muita gente que conheci na última Flicar: Mírian Freitas, Júnia Paixão, Servos Cardoso, Luiz Eduardo de Carvalho, Pedro Gontijo, Thaís Campolina, Hércules Toledo Corrêa e seu marido, Fred. Reencontrei a Gilberta Kis, companheira do Pedro Gontijo, que ele me apresentou no Flipoços, em Poços de Caldas. Tive também o privilégio de encontrar a professora Carla Coscarelli, que me deu aula há mais de vinte anos no curso de Letras da UFMG, e a professora Ana Elisa Ribeiro, premiadíssima, que também me deu aula na UFMG e hoje é professora titular do curso de Letras no CEFET-MG. Reencontrei a escritora e poeta Ana Paula Dacota, com quem pude estreitar os laços de amizade. Esteve lá tamém a Ilma Pereira, que conheço de eventos anteriores e da Liga de Autores Mineiros. Pude rever a Marcela Fassy e a Carla Andrade, que eu já admirava e pude conhecer pessoalmente no lançamento do livro Damascos feridos, da Mírian Freitas, ocorrido em Belo Horizonte. Conheci a escritora Mara Senna e a professora pesquisadora Débora D'ávila Reis. 

Fui apresentado a outras pessoas, como a autora Amanda Ribeiro, que realiza incríveis vídeo-poemas. Além disso, havia uma galera incrível da graduação e da pós-graduação em Letras do CEFET-MG. 

A programação foi rica e diversificada. A abertura, ainda na quinta-feira, contou com um sarau e uma apresentação teatral. Em seguida, foi o lançamento conjunto de várias pessoas, eu entre elas. Lancei meu livro de poesia Cicatriz com muita alegria. Aproveitei para descobrir os livros das pessoas que estavam lançando comigo. Foi maravilhoso.

Na sexta de manhã, realizei na Escola Estadual Joaquim Afonso Rodrigues uma oficina chamada "Meu Primeiro Livro". Os estudantes se envolveram e participaram ativamente, ficando encantados com a proposta. Em seguida, participei da oficina de criação de zine da Carol Vasconcellos. 

Nessa mesma sexta, às 17h, tive o privilégio de participar da mesa "O lugar da Poesia na Contemporaneidade", juntamente com Alex Zani, Mírian Freitas, Mara Senna e Thaís Campolina. A mediação coube a Alícia Teodoro, que fez uma primorosa condução. 

A Festa continuou linda com outras mesas de debate e apresentações literárias. A programação completa pode ser conferida aqui: @filcar_carmodamata. O encerramento aconteceu no sábado, à noite. Porém, eu ainda aproveitei o domingo para curtir Carmo da Mata com algumas pessoas amigas. Foram momentos descontraídos de relaxamento, após as intensas atividades da Festa. Voltei para casa na segunda-feira, com a mente cheia de boas memórias e a mala repleta de livros!

Livros de autoras e autores da Flicar.

Fica registrada aqui minha gratidão à pessoa da Júnia Paixão por mais uma vez acreditar no meu trabalho e ter me permitido participar da programação de um evento tão incrível. E também a Carmo da Mata, pela acolhida sempre tão generosa!


Domingo em Carmo da Mata


Para homenagear a Flicar, fiz um poema, que transcrevo abaixo:

Celebração 


Entre badaladas e anúncios fúnebres, 

a Palavra era celebrada.

Gotas fortes de chuva molhavam 

os caminhos dos livros abertos. 

Os corpos se encantavam 

em meio a tanta água.

Linhas cruzadas, papel e caneta, 

furiosa busca. 

Histórias se derramando, líquidas, 

sobre ouvidos e olhos atentos. 

Na melodia das gotas sobre a lona 

a valsa literária embalava os presentes. 

Não havia tempo. Nem memória. 

Tudo era força e beleza. 

Potência decantada 

e luz.

Carmo da Mata, 11 de novembro de 2024

quarta-feira, novembro 29, 2023

Uma história de amor com Carmo da Mata


Carmo da Mata é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, próxima a Cláudio e Divinópolis. Uma cidade histórica, com casarões de época bem conservados ostentando em suas fachadas as datas de suas construções. Idílica, romântica e quase plana, Carmo da Mata é uma ótima cidade para se conhecer, principalmente na época do seu evento literário, a Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata.

Cheguei à cidade no dia 2 de novembro e já me apaixonei. Era meu aniversário. A cidade se revelava entre morros suaves e se colocava à disposição para ser conhecida, num convite para sua exploração. Foi um enorme presente conhecer Carmo da Mata nesse dia em que eu completava quarenta e dois anos. Quem me apresentou à cidade foi o Professor Doutor Hércules Tolêdo Corrêa, na companhia de seu marido, o Fred, e da professora portuguesa Maria de Lourdes. 

Era perto da hora do almoço. Dei entrada no Hotel Boa Vista e pouco depois fomos ao restaurante Golo e Gula, onde almoçamos. Em seguida, partimos para o local da tenda da Flicar, a Praça da Matriz. A tenda havia acabado de ser montada e lá estava a Júnia Paixão, acertando os últimos detalhes da Flicar. Conversamos algumas amenidades e nos despedimos, quando voltei para o hotel.

No meio da tarde, caiu um grande temporal. Não me surpreendi, pois tenho lembranças de meus aniversários serem sempre  chuvosos. Fiquei curtindo a chuva, enquanto descansava da viagem. O momento da chuva foi especialmente emocionante, pois logo descobri um ninho de passarinhos na janela do banheiro do meu quarto de hotel. Acredito que o ninho era de um João-de-barro.

No cair da noite, Hércules me pegou no hotel e fomos ao Armazém Notini, um charmoso restaurante situado na entrada da cidade. É um lugar com uma rusticidade clássica e um cardápio de dar água na boca. Saboreamos deliciosos pastéis de camarão, dentre outros pratos. Pedi a sobremesa e cantamos parabéns. Ganhei o jantar como presente de aniversário.

Dia seguinte, 3 de novembro, a Flicar teve início. Dentre falas institucionais e apresentações artísticas, conheci o Servos Cardoso, um talentoso professor de música e poeta que estava lançando seu livro, Poético. A gente trocou algumas palavras rapidamente ainda no Hotel Boa Vista e durante o evento fomos estreitando nossos laços. Servos é uma pessoa maravilhosa, além de um filósofo contemporâneo. Outra pessoa que lançava seu livro era a jovem Luna Carvalho, com o título Poesia na alma.

Conheci também a autora Mirian Freitas, que estava ao meu lado nos estandes de vendas de livros de autoras e autores. Sempre simpática e interessada, Mirian foi quebrando o gelo, puxando papo comigo.

Na hora do almoço, as convidadas e convidados se reuniram e partiram em grupo para comer no bar e restaurante Velho Oeste, que apresentou um cardápio típico da culinária mineira, com direito a fogão à lenha.

No período da tarde, às 14h, ocorreu primeira mesa que tinha como título: "Criando mundos: quando a imaginação ganha corpo". A mesa contou com a minha presença, além da participação de Felipe Soares e Luís Mingau. O mediador foi o José Carlos Neto, que nos perguntou questões sobre criatividade e interesses literários.

Ainda no dia 3 de novembro, à noite, tivemos um magnífico sarau, que contou com as presenças das convidadas e convidados, recitando textos autorais, além de poemas de Fernando Pessoa e Gregório de Matos. 

Minha participação na programação da Flicar aconteceu também no dia seguinte, sábado, às 11h, quando participei da mesa 04 - "Histórias, historinhas e historões para crianças de todos os tamanhos", com a presença também de Bruno Rodrigo, Vânia Ordones e Patrícia Oliveira. Conversamos sobre nossas trajetórias como mediadoras e mediadores de leitura, contadoras e contadores de histórias e como esses trajetos influenciam em nossos trabalhos literários. A maravilhosa mediação ficou por conta do Professor Hércules.

Vale destacar que as demais mesas foram potentes e instigantes, contando com as participações de diversas personalidades literárias. Destaco dentre elas além da Mirian Freitas, o Lucas Galvão, o Alan Resende, a Thaís Campolina, o Bruno Magalhães, o Pedro Gontijo e o Luiz Eduardo Carvalho. É possível conferir a maior parte das mesas de debate através do perfil da Flicar no Instagram

Durante as noites de 3 e 4 de novembro, o Armazém Notini foi nosso ponto de encontro, onde trocamos brindes, histórias e impressões, embalados por um ambiente maravilhoso e um cardápio de delícias.

Minha história com Carmo da Mata, porém, não tinha acabado. Ainda fiquei na cidade no domingo e pude conhecer a Garagem do Automóvel, com itens raros, como o automóvel único produzido para a filha do presidente da Fiat ou um dos carros do Palácio de Buckingham. O espaço conta também com um incrível acervo de relógios 

Tivemos também uma tarde extremamente agradável na companhia do Hércules, de seu marido Fred, da Maria de Lourdes e de algumas pessoas da família do professor. Foi um almoço delicioso e especial, orquestrado pelas mãos talentosíssimas do Fred. Com a gente estavam também a Mirian Freitas e o Servos Cardoso.

Deixamos a cidade na segunda-feira, dia 6 de novembro. Estava porém transformado. Já amava Carmo da Mata. Uma cidade gostosa e acolhedora onde passei momentos muito interessantes e ricos, principalmente por conta da Flicar. Fiz contatos importantes e conheci pessoas que impactaram definitivamente a minha vida.

Fica aqui meu agradecimento imenso à Júnia Paixão, curadora e idealizadora do Flicar, pelo convite e acolhida, além de um agradecimento especial ao Hércules Tolêdo Corrêa por nos receber e também por ter me levado a Carmo da Mata e me trazido de volta a Belo Horizonte. E não foi apenas isso. Hércules é um maravilhoso anfitrião, que me deixou sempre muito à vontade. Fred não fica atrás e esbanjava simpatia, bem como a Maria de Lourdes. Sinto que esses encontros forjaram uma amizade que eu quero levar para a vida.