Carmo da Mata é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, próxima a Cláudio e Divinópolis. Uma cidade histórica, com casarões de época bem conservados ostentando em suas fachadas as datas de suas construções. Idílica, romântica e quase plana, Carmo da Mata é uma ótima cidade para se conhecer, principalmente na época do seu evento literário, a Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata.
Cheguei à cidade no dia 2 de novembro e já me apaixonei. Era meu aniversário. A cidade se revelava entre morros suaves e se colocava à disposição para ser conhecida, num convite para sua exploração. Foi um enorme presente conhecer Carmo da Mata nesse dia em que eu completava quarenta e dois anos. Quem me apresentou à cidade foi o Professor Doutor Hércules Tolêdo Corrêa, na companhia de seu marido, o Fred, e da professora portuguesa Maria de Lourdes.
Era perto da hora do almoço. Dei entrada no Hotel Boa Vista e pouco depois fomos ao restaurante Golo e Gula, onde almoçamos. Em seguida, partimos para o local da tenda da Flicar, a Praça da Matriz. A tenda havia acabado de ser montada e lá estava a Júnia Paixão, acertando os últimos detalhes da Flicar. Conversamos algumas amenidades e nos despedimos, quando voltei para o hotel.
No meio da tarde, caiu um grande temporal. Não me surpreendi, pois tenho lembranças de meus aniversários serem sempre chuvosos. Fiquei curtindo a chuva, enquanto descansava da viagem. O momento da chuva foi especialmente emocionante, pois logo descobri um ninho de passarinhos na janela do banheiro do meu quarto de hotel. Acredito que o ninho era de um João-de-barro.
No cair da noite, Hércules me pegou no hotel e fomos ao Armazém Notini, um charmoso restaurante situado na entrada da cidade. É um lugar com uma rusticidade clássica e um cardápio de dar água na boca. Saboreamos deliciosos pastéis de camarão, dentre outros pratos. Pedi a sobremesa e cantamos parabéns. Ganhei o jantar como presente de aniversário.
Dia seguinte, 3 de novembro, a Flicar teve início. Dentre falas institucionais e apresentações artísticas, conheci o Servos Cardoso, um talentoso professor de música e poeta que estava lançando seu livro, Poético. A gente trocou algumas palavras rapidamente ainda no Hotel Boa Vista e durante o evento fomos estreitando nossos laços. Servos é uma pessoa maravilhosa, além de um filósofo contemporâneo. Outra pessoa que lançava seu livro era a jovem Luna Carvalho, com o título Poesia na alma.
Conheci também a autora Mirian Freitas, que estava ao meu lado nos estandes de vendas de livros de autoras e autores. Sempre simpática e interessada, Mirian foi quebrando o gelo, puxando papo comigo.
Na hora do almoço, as convidadas e convidados se reuniram e partiram em grupo para comer no bar e restaurante Velho Oeste, que apresentou um cardápio típico da culinária mineira, com direito a fogão à lenha.
No período da tarde, às 14h, ocorreu primeira mesa que tinha como título: "Criando mundos: quando a imaginação ganha corpo". A mesa contou com a minha presença, além da participação de Felipe Soares e Luís Mingau. O mediador foi o José Carlos Neto, que nos perguntou questões sobre criatividade e interesses literários.
Ainda no dia 3 de novembro, à noite, tivemos um magnífico sarau, que contou com as presenças das convidadas e convidados, recitando textos autorais, além de poemas de Fernando Pessoa e Gregório de Matos.
Minha participação na programação da Flicar aconteceu também no dia seguinte, sábado, às 11h, quando participei da mesa 04 - "Histórias, historinhas e historões para crianças de todos os tamanhos", com a presença também de Bruno Rodrigo, Vânia Ordones e Patrícia Oliveira. Conversamos sobre nossas trajetórias como mediadoras e mediadores de leitura, contadoras e contadores de histórias e como esses trajetos influenciam em nossos trabalhos literários. A maravilhosa mediação ficou por conta do Professor Hércules.
Vale destacar que as demais mesas foram potentes e instigantes, contando com as participações de diversas personalidades literárias. Destaco dentre elas além da Mirian Freitas, o Lucas Galvão, o Alan Resende, a Thaís Campolina, o Bruno Magalhães, o Pedro Gontijo e o Luiz Eduardo Carvalho. É possível conferir a maior parte das mesas de debate através do perfil da Flicar no Instagram.
Durante as noites de 3 e 4 de novembro, o Armazém Notini foi nosso ponto de encontro, onde trocamos brindes, histórias e impressões, embalados por um ambiente maravilhoso e um cardápio de delícias.
Minha história com Carmo da Mata, porém, não tinha acabado. Ainda fiquei na cidade no domingo e pude conhecer a Garagem do Automóvel, com itens raros, como o automóvel único produzido para a filha do presidente da Fiat ou um dos carros do Palácio de Buckingham. O espaço conta também com um incrível acervo de relógios
Tivemos também uma tarde extremamente agradável na companhia do Hércules, de seu marido Fred, da Maria de Lourdes e de algumas pessoas da família do professor. Foi um almoço delicioso e especial, orquestrado pelas mãos talentosíssimas do Fred. Com a gente estavam também a Mirian Freitas e o Servos Cardoso.
Deixamos a cidade na segunda-feira, dia 6 de novembro. Estava porém transformado. Já amava Carmo da Mata. Uma cidade gostosa e acolhedora onde passei momentos muito interessantes e ricos, principalmente por conta da Flicar. Fiz contatos importantes e conheci pessoas que impactaram definitivamente a minha vida.
Fica aqui meu agradecimento imenso à Júnia Paixão, curadora e idealizadora do Flicar, pelo convite e acolhida, além de um agradecimento especial ao Hércules Tolêdo Corrêa por nos receber e também por ter me levado a Carmo da Mata e me trazido de volta a Belo Horizonte. E não foi apenas isso. Hércules é um maravilhoso anfitrião, que me deixou sempre muito à vontade. Fred não fica atrás e esbanjava simpatia, bem como a Maria de Lourdes. Sinto que esses encontros forjaram uma amizade que eu quero levar para a vida.