quarta-feira, novembro 29, 2023

Uma história de amor com Carmo da Mata


Carmo da Mata é uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, próxima a Cláudio e Divinópolis. Uma cidade histórica, com casarões de época bem conservados ostentando em suas fachadas as datas de suas construções. Idílica, romântica e quase plana, Carmo da Mata é uma ótima cidade para se conhecer, principalmente na época do seu evento literário, a Flicar - Festa Literária de Carmo da Mata.

Cheguei à cidade no dia 2 de novembro e já me apaixonei. Era meu aniversário. A cidade se revelava entre morros suaves e se colocava à disposição para ser conhecida, num convite para sua exploração. Foi um enorme presente conhecer Carmo da Mata nesse dia em que eu completava quarenta e dois anos. Quem me apresentou à cidade foi o Professor Doutor Hércules Tolêdo Corrêa, na companhia de seu marido, o Fred, e da professora portuguesa Maria de Lourdes. 

Era perto da hora do almoço. Dei entrada no Hotel Boa Vista e pouco depois fomos ao restaurante Golo e Gula, onde almoçamos. Em seguida, partimos para o local da tenda da Flicar, a Praça da Matriz. A tenda havia acabado de ser montada e lá estava a Júnia Paixão, acertando os últimos detalhes da Flicar. Conversamos algumas amenidades e nos despedimos, quando voltei para o hotel.

No meio da tarde, caiu um grande temporal. Não me surpreendi, pois tenho lembranças de meus aniversários serem sempre  chuvosos. Fiquei curtindo a chuva, enquanto descansava da viagem. O momento da chuva foi especialmente emocionante, pois logo descobri um ninho de passarinhos na janela do banheiro do meu quarto de hotel. Acredito que o ninho era de um João-de-barro.

No cair da noite, Hércules me pegou no hotel e fomos ao Armazém Notini, um charmoso restaurante situado na entrada da cidade. É um lugar com uma rusticidade clássica e um cardápio de dar água na boca. Saboreamos deliciosos pastéis de camarão, dentre outros pratos. Pedi a sobremesa e cantamos parabéns. Ganhei o jantar como presente de aniversário.

Dia seguinte, 3 de novembro, a Flicar teve início. Dentre falas institucionais e apresentações artísticas, conheci o Servos Cardoso, um talentoso professor de música e poeta que estava lançando seu livro, Poético. A gente trocou algumas palavras rapidamente ainda no Hotel Boa Vista e durante o evento fomos estreitando nossos laços. Servos é uma pessoa maravilhosa, além de um filósofo contemporâneo. Outra pessoa que lançava seu livro era a jovem Luna Carvalho, com o título Poesia na alma.

Conheci também a autora Mirian Freitas, que estava ao meu lado nos estandes de vendas de livros de autoras e autores. Sempre simpática e interessada, Mirian foi quebrando o gelo, puxando papo comigo.

Na hora do almoço, as convidadas e convidados se reuniram e partiram em grupo para comer no bar e restaurante Velho Oeste, que apresentou um cardápio típico da culinária mineira, com direito a fogão à lenha.

No período da tarde, às 14h, ocorreu primeira mesa que tinha como título: "Criando mundos: quando a imaginação ganha corpo". A mesa contou com a minha presença, além da participação de Felipe Soares e Luís Mingau. O mediador foi o José Carlos Neto, que nos perguntou questões sobre criatividade e interesses literários.

Ainda no dia 3 de novembro, à noite, tivemos um magnífico sarau, que contou com as presenças das convidadas e convidados, recitando textos autorais, além de poemas de Fernando Pessoa e Gregório de Matos. 

Minha participação na programação da Flicar aconteceu também no dia seguinte, sábado, às 11h, quando participei da mesa 04 - "Histórias, historinhas e historões para crianças de todos os tamanhos", com a presença também de Bruno Rodrigo, Vânia Ordones e Patrícia Oliveira. Conversamos sobre nossas trajetórias como mediadoras e mediadores de leitura, contadoras e contadores de histórias e como esses trajetos influenciam em nossos trabalhos literários. A maravilhosa mediação ficou por conta do Professor Hércules.

Vale destacar que as demais mesas foram potentes e instigantes, contando com as participações de diversas personalidades literárias. Destaco dentre elas além da Mirian Freitas, o Lucas Galvão, o Alan Resende, a Thaís Campolina, o Bruno Magalhães, o Pedro Gontijo e o Luiz Eduardo Carvalho. É possível conferir a maior parte das mesas de debate através do perfil da Flicar no Instagram

Durante as noites de 3 e 4 de novembro, o Armazém Notini foi nosso ponto de encontro, onde trocamos brindes, histórias e impressões, embalados por um ambiente maravilhoso e um cardápio de delícias.

Minha história com Carmo da Mata, porém, não tinha acabado. Ainda fiquei na cidade no domingo e pude conhecer a Garagem do Automóvel, com itens raros, como o automóvel único produzido para a filha do presidente da Fiat ou um dos carros do Palácio de Buckingham. O espaço conta também com um incrível acervo de relógios 

Tivemos também uma tarde extremamente agradável na companhia do Hércules, de seu marido Fred, da Maria de Lourdes e de algumas pessoas da família do professor. Foi um almoço delicioso e especial, orquestrado pelas mãos talentosíssimas do Fred. Com a gente estavam também a Mirian Freitas e o Servos Cardoso.

Deixamos a cidade na segunda-feira, dia 6 de novembro. Estava porém transformado. Já amava Carmo da Mata. Uma cidade gostosa e acolhedora onde passei momentos muito interessantes e ricos, principalmente por conta da Flicar. Fiz contatos importantes e conheci pessoas que impactaram definitivamente a minha vida.

Fica aqui meu agradecimento imenso à Júnia Paixão, curadora e idealizadora do Flicar, pelo convite e acolhida, além de um agradecimento especial ao Hércules Tolêdo Corrêa por nos receber e também por ter me levado a Carmo da Mata e me trazido de volta a Belo Horizonte. E não foi apenas isso. Hércules é um maravilhoso anfitrião, que me deixou sempre muito à vontade. Fred não fica atrás e esbanjava simpatia, bem como a Maria de Lourdes. Sinto que esses encontros forjaram uma amizade que eu quero levar para a vida.



















segunda-feira, novembro 27, 2023

O Pequeno Nicolau - Uma homenagem à infância antiga



Imagine um menino que o que tem de inocente, tem de travesso. Pois assim é Nicolau. Agitado, ingênuo e um pouco inconsequente, o menino se envolve em diversas confusões com seus amigos, principalmente o Alceu. Esse é o enredo de O Pequeno Nicolau, de Sempé e Goscinny, com tradução de Luís Lorenzo Rivera e publicação pela Editora Martins Fontes.

O livro trata de pequenos episódios da vida do menino Nicolau. Uma criança como qualquer outra, que não se priva de chorar quando deseja e tem como maior vontade a diversão. São episódios cotidianos sem relação cronológica entre si, podendo ser lidos separadamente. Tanto que as crianças são apresentadas novamente a cada capítulo.

São muitas as confusões aprontadas por Nicolau e seus amigos. Cada um tem características bem marcadas pelo menino, que é também o narrador. Alceu come o tempo todo. Maximiliano tem as pernas compridas e é bom na corrida. Godofredo tem o pai muito rico e por isso aparece sempre com as melhores fantasias. Agnaldo é o primeiro da classe e o queridinho da professora. Por isso, todos querem bater nele, mas não podem, pois ele usa óculos. Rufino vive com um apito, pois seu pai é policial Clotário é sempre o último da classe. Eudes é grande e forte e adora distribuir socos nos narizes dos colegas.

O livro é muito gostoso de ler e também engraçado, com ótimas tiradas de humor, sempre contrapondo o mundo adulto com o mundo da infância. Trata-se de uma infância alegre e inocente, extremamente idealizada, mas que não deixa de ter o seu charme. 

Por falar em charme, essa é principal característica de Nicolau. Ele é de fato um narrador encantador. Talvez este encanto esteja justamente na sua falta de malícia, o que nos aproxima dele e nos faz apreciá-lo. Nicolau é simples, apesar das ambições de, ao crescer, ser rico, ter um carro, um avião e deixar todos impressionados.

Os desenhos são de Sempé, o mesmo criador de Marcelino Pedregulho, com traços cartunescos bem característicos, de formas angulosas marcantes e bem definidas, mostrando o cotidiano de uma época francesa em que as escolas de meninas e meninos eram separadas, fotografias eram tiradas por câmeras gigantescas e o futebol era jogado em terrenos abandonados, com sucatas de carros espalhados por todo lado.

Existe um aspecto que me desagradou no livro, que é a marcação exagerada em relação á obesidade de Alceu e sua compulsão por comer. Essa estrutura narrativa é utilizada como elemento cômico muito datado. Apesar desse estereótipo, Alceu aparece como uma criança comum e até um pouco mais travessa que as outras.

Outro personagem que merece destaque é o Agnaldo, por sua caricaturização. Trata-se de um garoto precoce tanto em livros quanto no conhecimento. Porém, ele é como uma miniatura de vilão, sempre entregando os colegas em com isso sendo constantemente chamado de "traidor sujo".

Apesar desses elementos que considerei controversos, pude me divertir bastante com o livro. Acompanhar as aventuras do pequeno Nicolau foi também um nostálgico mergulho na minha infância. Eu me senti rejuvenescido e como que revivendo os episódios pitorescos e memoráveis da época em que eu era criança.

Com desenhos de muita personalidade e narrativas muito divertidas, O pequeno Nicolau é uma leitura imperdível, uma deliciosa jornada recomendada para crianças de todas as idades.


Ficha Técnica

O Pequeno Nicolau

René Goscinny

Sempé

Tradução de Luís Lorenzo Rivera

ISBN-13: 9788533601833

ISBN-10: 8533601832

Ano: 1996 

Páginas: 120

Idioma: português

Editora: Martins Fontes

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-pequeno-nicolau-1854ed122257397.html

sexta-feira, novembro 24, 2023

Uma criança


Uma criança. 

Presa. 

Processada. 

Julgada. 

É apenas uma criança. 

Chora de horror 

ao ser levada por soldados. 

Isso é o que acontece no mundo. 

E você, cidadão de bem, 

ignora essa enorme tragédia 

enquanto estampa 

a bandeira 

de um estado 

Genocida.  

quarta-feira, novembro 22, 2023

Oficina de Prosa Poética encontra a Oficina de Letras


Era terça-feira, 5 de setembro de 2023. Estávamos na escrita, quando chegaram as pessoas do Centro de Convivência Carlos Prates. Sandro, o monitor da Oficina de Letras, veio acompanhado de alguns participantes: Adriene, Leonardo, Ágata, Sulamita, Reuben. 

Sandro falou um pouco sobre a experiência da realização da Oficna de Letras, que acontece no Centro de Convivência Carlos Prates, ligado à Rede SUS de BH. Na oficina, as reuniões acontecem em uma mesa redonda, para realçar o caráter circular e horizontal da atividade. Sandro ressaltou ser uma atividade terapêutica, com a importância da escuta e do uso da Palavra Oral. É escolhido um tema e, sobre ele, são produzidos textos livres. Após o momento de escrita, os participantes compartilham seus textos e muitas vezes são recebidos com palmas.

A oficina produziu um primeiro caderno. Um segundo caderno, como livro-objeto, começou a ser produzido, mas teve sua confecção interrompida pela pandemia.

Com o fim da pandemia de Covid-19, o projeto foi retomado e o Caderno de Letras foi finalizado e lançado. Trata-se de um livro-objeto organizado em 16 livretos individuais, um livreto coletivo e um mapa, todos acondicionados em uma caixa de papel craft.

Depois de apresentado o projeto, passamos a ler os textos dos participantes da Prosa Poética. Os textos foram produzidos a partir da observação, do manuseio e da leitura de trechos dos Cadernos de Letras. Por fim, os nossos visitantes, participantes da Oficina de Letras, compartilharam suas produções, com destaque à Sulamita, que recitou um poema instantâneo, criado no momento, com a belíssima expressão: "Me vesti de lágrimas."



No dia 31 de outubro, foi a nossa vez, a turma da Prosa Poética, de retribuir a visita. Chegamos eu, Kátia e Wander no Centro de Convivência Carlos Prates e encontramos a casa cheia. Uma turma de estudantes do curso de Psicologia da UFMG iniciava seu estágio no local e participaria também da oficina.

Fomos muito bem recebidos pelas pessoas que utilizam o Centro de Convivência, em especial a Adriene, que fez questão de apresentar o espaço para a Kátia e o Wander. Uma bela exposição interativa estava instalada no local e foi apresentada pela Adriene, que fez questão que tocássemos as obras e nos explicou suas características e contextos de feitura. Ela também nos mostrou a sala da Oficina de Letras, onde está também instalada a biblioteca do projeto.


Sandro nos reuniu ao redor de algumas mesas e deu início à sua mediação, apresentando o livro Alinhavos escrito pela Maria Helena Camargos Moreira e publicado pela Mazza Edições. O livro é um apanhado de poemas da autora e trata questões como o corpo, identidade e a existência. Diversos poemas foram escolhidos e lidos pelo grupo. Assim, tornaram-se os motivadores da escrita. Foi realizada uma pausa para o café e logo em seguida retornamos para escrever. Após esse período de escrita, os textos foram compartilhados pelo grupo.

Foram momentos de encontro e descoberta. Sinto-me muito grato pela oportunidade de ter conhecido o Centro de Convivência Carlos Prates e todas as pessoas participantes da Oficina de Letras. Que este projeto continue frutificando e transformando a vida de tanta gente.



segunda-feira, novembro 20, 2023

103 Contos de fadas de Angela Carter - Viajando pelo mundo através das histórias


O termo "Contos de fadas" é curioso, pois engloba diversas narrativas que não contam com fada nenhuma. Angela Carter faz um comentário assim no seu livro 103 contos de fadas, publicado pela Companhia das Letras e traduzido por Luciano Vieira Machado. O livro é uma viagem pelas mentes fantasiosas de vários povos, da Rússia ao Sudão. Somos apresentados a narrativas ora absurdas, ora exemplares. Contos morais e anedotas também aparecem no livro.

Fato é que Angela Carter faz um intenso e exaustivo trabalho de pesquisa, cuidando de ler, recolher, organizar e comentar os contos. Por falar nisso, recomendo muito a parte em que estão reunidos os comentários sobre as narrativas, suas fontes, seus aspectos sociais e psicológicos, entre outros elementos que os cercam e compõem.

São narrativas fascinantes. Temos, por exemplo, contos inuítes, em que as questões de gênero são problematizadas. Contos russos, com toda a sua magia. Há também piadas que vieram das regiões montanhosas e agrestes dos Estados Unidos.

Outro ponto que me chamou a atenção é que em muitos contos se mantiveram elementos coloquiais, interjeições presentes na fala, além de frases que entrecortavam a narrativa, como "foi assim" ou "muito bem". Com isso, muitos dos contos não tiveram um certo tratamento textual de cunho literário e se apresentaram o mais próximos o possível de como eram narrados oralmente.

103 contos de fadas me propiciou uma jornada gratificante por várias culturas diferentes. Pude experimentar outras versões de contos mais conhecidos, observar como sociedades muito distantes entre si podem ter narrativas semelhantes.

Por fim, me cativou a profusão de protagonistas mulheres. Poucas foram as vezes que os homens se destacaram. Toda a esperteza, inteligência e graça das mulheres foi demonstrada nesses contos.

Com elementos mágicos e maravilhosos, ora humorísticos e galhofeiros, numa verdadeira jornada pelos 4 cantos do mundo, 103 contos de fadas é um conjunto de narrativas imperdíveis para quem quer se aprofundar nos estudos dos contos tradicionais.


Ficha Técnica

103 contos de fadas

Coleção Listrada

Angela Carter

Tradução de Luciano Vieira Machado

ISBN-13: 9788535910896

ISBN-10: 8535910891

Ano: 2007 

Páginas: 499

Idioma: português

Editora: Companhia das Letras


quarta-feira, novembro 15, 2023

Como foi o evento DiVera

Não sabemos o que o futuro nos reserva. Por mais que estejamos preparados para os eventos, o acaso, esse traiçoeiro, nos toma pela mão e nos surpreende com seus caprichos. Foi assim nos dias 28 e 29 de outubro, quando estive na DiVera - II Festa da Palavra e da Cultura de Conceição do Mato Dentro. Foram momentos de trabalho, diversão e descoberta pessoal.

Fui convidado pela Fabíola Farias para realizar minha oficina Meu Primeiro Livro. Nessa oficina, eu convido as crianças e suas famílias a criarem pequenos livros a partir de folhas de papel, usando uma dobradura de zine. As crianças são convidadas a escrever e desenhar, mas se não tiverem desenhos e textos, eu forneço uma série de textos da tradição oral para as crianças e suas famílias usarem como editoras, recortando e colando os textos nas folhas de papel dobradas em formato de livreto.

Saímos de Belo Horizonte pouco depois das 7h da manhã em frente ao Palácio das Artes. A viagem foi tranquila, com uma parada rápida para um lanche na estrada. Chegamos para o almoço em Conceição do Mato Dentro. Fizemos o check-in nas nossas respectivas pousadas. Eu fiquei na Pousada da Saudade.

Almoçamos no Solar da Lili. Lá eu encontrei a amiga Lu Flores. No momento, a gente era mais conhecido, mas fomos ficando amigos ao longo do evento. Ela me cumprimentou com carinho e ficamos conversando. Depois do almoço, subimos para a tenda que estava montada diante da Igreja Matriz. Nessa tenda, seriam as atividades das oficinas propostas, que teriam início às 14h.

Quando o horário chegou, estava a postos, com material para receber as crianças e suas famílias. E elas foram chegando aos poucos. Começamos com umas quatro crianças e fomos aos poucos acrescentando mesas para os pequenos que foram chegando com suas mães e seus pais. Quando vi, estava com uma multidão de crianças ao meu redor, todas pedindo para aprender a produzir seus livrinhos. Muitas delas tinham dificuldades de fazer as dobraduras, por conta da espessura do papel e da necessidade de juntarmos as pontas das folhas com precisão. Fui auxiliando na medida do possível.

A oficina produziu muitos livretos fofos. Tinha uma menina chamada Jade e mais outra criança que fizeram corações para mim. Eu me senti muito querido e valorizado. Foi tudo muito lindo.


Depois da oficina, assisti o espetáculo musical maravilhoso do Grupo Serelepe.

Participei do lançamento coletivo com sessão de autógrafos em companhia de outras artistas. Vendi alguns livros e isso me permitiu comprar outros, também. Havia uma banca de livros da editora Aletria e as vendas que fiz propiciaram a compra deles.

Mais tarde, teve início o sarau organizado pelo magnífico Rogério Coelho. Eu fiz questão de participar, declamando meu poema "Caleidoscópio". Os demais textos e poemas lidos ou declamados foram de pessoas incríveis como Adrielle Moreira, Karine Bassi, Vito Julião e Tamara Selva. 

Em seguida, fizemos uma oficina de forró, mediada pelo Vito Julião em parceira com a Brisa Yasmin. Confesso que foi difícil participar, seja pela minha falta de coordenação motora e de consciência corporal, seja pela dificuldade em tomar iniciativa e convidar alguém para dançar. No momento dessa iniciativa, um rapaz se adiantou e me convidou para ser seu par. Ele se chama Camilo. Dançamos como um par e foi importante esse momento de ocupar um lugar inusitado, ser conduzido no forró. Confesso que achei mais confortável ser conduzido que conduzir. Além disso, foi gostoso dançar sem me preocupar com minha masculinidade. 

Deu a hora da oficina e já quase não dava tempo de jantar. Dessa vez, era no Restaurante do Mercado, um lugar um pouquinho longe da tenda da DiVera. Eu saí correndo igual um doido para conseguir chegar a tempo de jantar. Foi um trampo, mas consegui e ainda tive a companhia do pessoal da poesia, que estava jantando e me cedeu um lugar na mesa.

Voltamos então para a tenda, para um show espetacular com Everton Coroné Trio. Eu me diverti demais! E ainda fiquei depois do show conversando com o pessoal.

No dia seguinte, assisti ao espetáculo "O Menino Sabino", da Cia. Canta Contos, formado pelos queridos amigos Bárbara Amaral, Babu Xavier e Tininho Silva. Trata-se de uma apresentação que é também uma homenagem ao grande Fernando Sabino.

Participei da oficina "Qual história seu corpo conta", mediado pela Adrielle Assis. Foi uma experiência marcante, explorar os limites do meu corpo, conhecê-lo um pouco melhor. Mas também foi incômoda e muito difícil. Compartilhei isso com o grupo ao final da oficina. Adirelle comentou que não me achou incomodado ou inibido, não foi a mensagem corporal que eu passei. Mas o fato é que a oficina foi um grande desafio para mim. E eu me senti feliz por ter participado da oficina e aceitado o desafio.

Desci para almoçar no mesmo lugar do dia anterior e depois retornei para a tenda. No processo, conversei muito com o Caetano, filho da Lu Flores. Papeamos bastante sobre nossas paixões por jogos de computador.

No retorno para a tenda, expus meus livros mais um pouco. Apesar do grande movimento de pessoas, dessa vez, vendi apenas um. Porém, para mim, cada venda é uma vitória. Comemorei então essa venda com muita alegria. E fiquei ainda mais feliz porque foi a Thaís Mariano, amiga que fiz lá em Conceição do Mato Dentro, que apoiou meu trabalho.

Pude admirar também o magnífico trabalho da Cecília Castanha, que pintou um mural lindo para o evento. Ao final, não pude deixar de registrar o momento em que o mural foi finalizado. 

Por fim, fui assisti o espetáculo do grupo de balé Petite Ballerine. O espetáculo se chama "Dançando histórias de Bartolomeu Campos de Queirós" e foi simplesmente divino. Um corpo de balé maravilhoso com uma performance primorosa. Assisti também à apresentação musical "Histórias da Arca", com Ana Cê. 

Pegamos um pouquinho do show do Trio Ouvirá. Só que já estava na hora de partirmos e voltarmos para Belo Horizonte. Era por volta de 19h quando partimos.

O saldo foi extremamente positivo. Senti-me valorizado, feliz e bem acolhido. A cidade é muito hospitaleira e um lugar lindo de se ver. Ter participado como artista convidado foi sublime. Além disso, como eu fiquei sábado e domingo, pude aproveitar um pouco mais do evento, fazer amizades e aprender um pouco mais sobre eu mesmo.

Gratidão à Lu Flores que fez registros preciosos da Oficina Meu Primeiro Livro. E também pela simpatia e por não me deixar sozinho e abandonado pelo evento! Gratidão a todas as pessoas que participaram da oficina e também a toda a equipe da DiVera, essa festa especial. E uma gratidão super exclusiva à Fabíola Farias, que sempre apoia meu trabalho.

segunda-feira, novembro 13, 2023

Canção para ninar menino grande - Uma balada de romance e amizade


As obras de Conceição Evaristo são sempre magníficas. Falam de pessoas comuns que são heroicas em suas pequenas batalhas. Conta sobre suas consciências e seus desejos de romperem as barreiras do racismo. 

Canção para ninar menino grande é a mais recente obra de Conceição Evaristo e conta as aventuras amorosas de Fio Jasmim ao longo de sua vida, desde sua posição de jovem aprendiz de maquinista até sua idade mais avançada.

Porém, diferente do que se possa imaginar, Fio Jasmim não é o protagonista dessa narrativa, ou melhor dessas narrativas. Protagonistas são todas as mulheres com que ele se enamora, e são muitas. Desde Pérola Maria, sua fiel e legítima esposa, até Juventina Maria, sua derradeira amante. Ou Eleonora Distinta, sua confidente e amiga, com quem não se relacionou romanticamente mas teve uma relação totalmente íntima.

Fio Jasmim é como o nome dele indica: um fio condutor que alinhava as vidas dessas tantas mulheres. A escrita de Conceição Evaristo nos abraça e acalanta. É uma escrita carinhosa, que nos guia pelas vidas das protagonistas e suas vivências, suas escrevivências, pois numa pegada de auto-ficção, Conceição também se insere entre essas que se propõem a contar a história de Fio Jasmim. Ou melhor, a história de seus amores.

Outro ponto interessante na narrativa é o nome das cidades. Todas elas fictícias, as cidades são como as mulheres que Fio Jasmim encontra. Cidades pequenas, singelas e acolhedoras. Cada uma dessas cidades são ligadas pela linha férrea, que Fio Jasmim percorre com sua sanha namoradeira. 

Com uma narrativa forte e amorosa, com uma Poética única e repleta de encanto, Canção para ninar menino grande é uma obra maravilhosa sobre amor, entrega e amizade.


Ficha Técnica

Canção para ninar menino grande

Conceição Evaristo

ISBN-13: 9786556020884

ISBN-10: 6556020885

Ano: 2022 

Páginas: 136

Idioma: português

Editora: Pallas

Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/cancao-para-ninar-menino-grande-1005519ed122237359.html

quarta-feira, novembro 08, 2023

Nerd Experience 2023



Nos dias 21 e 22 de outubro de 2023 estive presente no evento NERD XP, através do projeto ARTIST'S EXPERIENCE. Cheguei sábado bem cedo, lá pelas nove horas da manhã, para o credenciamento e também para arrumar minha mesa. Acontecia uma reunião com toda a equipe do evento. Eu estava deslumbrado com o espaço, com a decoração e com a estrutura. Os segmentos do evento eram de capturar qualquer espectador, fosse ele nerd ou não. Estava tudo muito bonito e saltava aos olhos toda aquela beleza.

Confesso que estava intimidado. Era o primeiro escritor a chegar e não sabia muito como me comportar. Fui levado à minha mesa e arrumei tudo para o início do evento, que ainda ia demorar para acontecer. Minha timidez me impediu um pouco de explorar o evento em si. Fiquei quietinho na minha mesa, enquanto outras pessoas chegavam, todas artistas, para ocupar suas mesas. Eu imaginava como seria quando os portões fossem abertos as pessoas, todas nerds, começassem a chegar.

Foi uma confusão boa e gostosa. Logo que deu o horário de início do evento, começaram a chegar pessoas fantasiadas de todo tipo de personagens. Cosplayers que tinham na sua expressão artística sua forma de ser. Eu olhava impressionado para as caracterizações, achando tudo muito bonito. 

Durante os dois dias do evento, troquei contatos, fiz amizades e revi amigos. Foi possível fazer a troca de livros com outros artistas e isso muito me alegrou. Não consegui trocar com todas as pessoas que queria, infelizmente. Eu me senti inibido de propor trocas para todo mundo que estava lá. E se pudesse, compraria os livros e as artes de todas as pessoas presentes. 

As minhas vendas foram razoáveis. Estava com exemplares de Uma visita inesperada, Aurora e O Viajante Cinzento. A participação no Nerd Experience me proporcionou recursos para que eu pudesse reinvestir e conseguir mais exemplares dos meus livros. Vida de escritor independente é assim mesmo, a gente vende livros e reinveste o valor arrecadado para conseguir mais livros!

Agradeço imensamente a toda equipe do Nerd Experience pelo evento tão bonito. Minha enorme gratidão ao Régis Luiz pela disponibilidade e simpatia. Agradeço também pela oportunidade proporcionada.