quarta-feira, novembro 15, 2023

Como foi o evento DiVera

Não sabemos o que o futuro nos reserva. Por mais que estejamos preparados para os eventos, o acaso, esse traiçoeiro, nos toma pela mão e nos surpreende com seus caprichos. Foi assim nos dias 28 e 29 de outubro, quando estive na DiVera - II Festa da Palavra e da Cultura de Conceição do Mato Dentro. Foram momentos de trabalho, diversão e descoberta pessoal.

Fui convidado pela Fabíola Farias para realizar minha oficina Meu Primeiro Livro. Nessa oficina, eu convido as crianças e suas famílias a criarem pequenos livros a partir de folhas de papel, usando uma dobradura de zine. As crianças são convidadas a escrever e desenhar, mas se não tiverem desenhos e textos, eu forneço uma série de textos da tradição oral para as crianças e suas famílias usarem como editoras, recortando e colando os textos nas folhas de papel dobradas em formato de livreto.

Saímos de Belo Horizonte pouco depois das 7h da manhã em frente ao Palácio das Artes. A viagem foi tranquila, com uma parada rápida para um lanche na estrada. Chegamos para o almoço em Conceição do Mato Dentro. Fizemos o check-in nas nossas respectivas pousadas. Eu fiquei na Pousada da Saudade.

Almoçamos no Solar da Lili. Lá eu encontrei a amiga Lu Flores. No momento, a gente era mais conhecido, mas fomos ficando amigos ao longo do evento. Ela me cumprimentou com carinho e ficamos conversando. Depois do almoço, subimos para a tenda que estava montada diante da Igreja Matriz. Nessa tenda, seriam as atividades das oficinas propostas, que teriam início às 14h.

Quando o horário chegou, estava a postos, com material para receber as crianças e suas famílias. E elas foram chegando aos poucos. Começamos com umas quatro crianças e fomos aos poucos acrescentando mesas para os pequenos que foram chegando com suas mães e seus pais. Quando vi, estava com uma multidão de crianças ao meu redor, todas pedindo para aprender a produzir seus livrinhos. Muitas delas tinham dificuldades de fazer as dobraduras, por conta da espessura do papel e da necessidade de juntarmos as pontas das folhas com precisão. Fui auxiliando na medida do possível.

A oficina produziu muitos livretos fofos. Tinha uma menina chamada Jade e mais outra criança que fizeram corações para mim. Eu me senti muito querido e valorizado. Foi tudo muito lindo.


Depois da oficina, assisti o espetáculo musical maravilhoso do Grupo Serelepe.

Participei do lançamento coletivo com sessão de autógrafos em companhia de outras artistas. Vendi alguns livros e isso me permitiu comprar outros, também. Havia uma banca de livros da editora Aletria e as vendas que fiz propiciaram a compra deles.

Mais tarde, teve início o sarau organizado pelo magnífico Rogério Coelho. Eu fiz questão de participar, declamando meu poema "Caleidoscópio". Os demais textos e poemas lidos ou declamados foram de pessoas incríveis como Adrielle Moreira, Karine Bassi, Vito Julião e Tamara Selva. 

Em seguida, fizemos uma oficina de forró, mediada pelo Vito Julião em parceira com a Brisa Yasmin. Confesso que foi difícil participar, seja pela minha falta de coordenação motora e de consciência corporal, seja pela dificuldade em tomar iniciativa e convidar alguém para dançar. No momento dessa iniciativa, um rapaz se adiantou e me convidou para ser seu par. Ele se chama Camilo. Dançamos como um par e foi importante esse momento de ocupar um lugar inusitado, ser conduzido no forró. Confesso que achei mais confortável ser conduzido que conduzir. Além disso, foi gostoso dançar sem me preocupar com minha masculinidade. 

Deu a hora da oficina e já quase não dava tempo de jantar. Dessa vez, era no Restaurante do Mercado, um lugar um pouquinho longe da tenda da DiVera. Eu saí correndo igual um doido para conseguir chegar a tempo de jantar. Foi um trampo, mas consegui e ainda tive a companhia do pessoal da poesia, que estava jantando e me cedeu um lugar na mesa.

Voltamos então para a tenda, para um show espetacular com Everton Coroné Trio. Eu me diverti demais! E ainda fiquei depois do show conversando com o pessoal.

No dia seguinte, assisti ao espetáculo "O Menino Sabino", da Cia. Canta Contos, formado pelos queridos amigos Bárbara Amaral, Babu Xavier e Tininho Silva. Trata-se de uma apresentação que é também uma homenagem ao grande Fernando Sabino.

Participei da oficina "Qual história seu corpo conta", mediado pela Adrielle Assis. Foi uma experiência marcante, explorar os limites do meu corpo, conhecê-lo um pouco melhor. Mas também foi incômoda e muito difícil. Compartilhei isso com o grupo ao final da oficina. Adirelle comentou que não me achou incomodado ou inibido, não foi a mensagem corporal que eu passei. Mas o fato é que a oficina foi um grande desafio para mim. E eu me senti feliz por ter participado da oficina e aceitado o desafio.

Desci para almoçar no mesmo lugar do dia anterior e depois retornei para a tenda. No processo, conversei muito com o Caetano, filho da Lu Flores. Papeamos bastante sobre nossas paixões por jogos de computador.

No retorno para a tenda, expus meus livros mais um pouco. Apesar do grande movimento de pessoas, dessa vez, vendi apenas um. Porém, para mim, cada venda é uma vitória. Comemorei então essa venda com muita alegria. E fiquei ainda mais feliz porque foi a Thaís Mariano, amiga que fiz lá em Conceição do Mato Dentro, que apoiou meu trabalho.

Pude admirar também o magnífico trabalho da Cecília Castanha, que pintou um mural lindo para o evento. Ao final, não pude deixar de registrar o momento em que o mural foi finalizado. 

Por fim, fui assisti o espetáculo do grupo de balé Petite Ballerine. O espetáculo se chama "Dançando histórias de Bartolomeu Campos de Queirós" e foi simplesmente divino. Um corpo de balé maravilhoso com uma performance primorosa. Assisti também à apresentação musical "Histórias da Arca", com Ana Cê. 

Pegamos um pouquinho do show do Trio Ouvirá. Só que já estava na hora de partirmos e voltarmos para Belo Horizonte. Era por volta de 19h quando partimos.

O saldo foi extremamente positivo. Senti-me valorizado, feliz e bem acolhido. A cidade é muito hospitaleira e um lugar lindo de se ver. Ter participado como artista convidado foi sublime. Além disso, como eu fiquei sábado e domingo, pude aproveitar um pouco mais do evento, fazer amizades e aprender um pouco mais sobre eu mesmo.

Gratidão à Lu Flores que fez registros preciosos da Oficina Meu Primeiro Livro. E também pela simpatia e por não me deixar sozinho e abandonado pelo evento! Gratidão a todas as pessoas que participaram da oficina e também a toda a equipe da DiVera, essa festa especial. E uma gratidão super exclusiva à Fabíola Farias, que sempre apoia meu trabalho.

7 comentários:

  1. Olá, grande Samuel! Que experiência incrível. Repleta de momentos significativos! A oficina "Meu Primeiro Livro" proporcionando momentos especiais para as crianças e as suas famílias é inspirador!

    É sempre emocionante ver como a arte pode criar laços e momentos especiais. A sua gratidão e alegria transparecem em cada palavra e é maravilhoso ver como você celebrou cada venda como uma vitória. Que mais eventos culturais continuem a proporcionar essas experiências enriquecedoras para você e para todos os participantes.

    Um forte abraço, Samuel! 🤗

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  2. Samuel,
    Parabens e Bravo!
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  3. Q relato minucioso e cativante Samuel! Amo seu escrever! Prende realmente! Que venham mais experiências como essa e que você possa crescer cada vez mais como pessoa e como escritor. Faça aula de dança!

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  4. Anônimo9:44 AM

    Bom dia Samuca,parabéns 👏👏👏👏👏👏 pelo primoroso texto. Através dele me senti presente nas oficinas. Produzi o meu próprio livro,dancei. Que lindo se permitir. Começou cantar e agora,veja só, já caiu no forró! Parabéns ❤️🥰

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  5. Parabéns, Samuel pelo relato, pela oficina e por se permitir experimentar e curtir em desafios apresentados pela vida! Aproveite sempre e sucesso com seus livros maravilhosos!

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  6. Anônimo10:12 AM

    Oi, Samuel
    Parabéns! Que oportunidade de crescimento, hein? É diveras, pude também estar em Conceição através de suas palavras! Amei! Obrigada! Rosalina do Coral!😘

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  7. Parabéns Samuel. As suas narrativas são sempre deliciosas de ler. Suas palavras transmitem seu modo gentil e atencioso de ser. Texto detalhado e pleno de sentidos e momentos coloridos, que chega dar vontade de estar presente em cada um deles. Você merece todas essas conquistas. Abraços nossos.

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