domingo, setembro 10, 2023

A composição do Romance




Como fazemos todas as terças-feiras, tivemos mais um encontro da Prosa Poética: Oficina de Escrita Criativa. Alguns encontros atrás, ficou a meu encargo falar sobre a composição do Romance. Comecei falando do Romance como gênero literário, sua consolidação no século XIX e do porquê de narrativas longas serem chamadas desse termo, Romance. Falei também de minha leitura do livro do Haruki Murakami, Romancista como vocação. Contei que Murakami tinha um bar de jazz e pouquíssimo tempo para escrever. Ele então escrevia na cozinha, de madrugada. Assim ele redigiu seu primeiro livro, mas não gostou nada do resultado. Resolveu escrever um segundo, mas este em inglês, que ele dominava instrumentalmente. Depois de terminar o livro, ele o traduziu para o japonês e gostou do resultado. Inscreveu a obra em um concurso de uma revista literária e ganhou o prêmio de autor revelação.

Murakami também aborda a importância do escritor romancista ter uma rotina de trabalho. Além disso, ele aponta ser fundamental o romancista fazer exercícios, para aguentar horas e horas de trabalho, escrevendo.

Apontei novamente a questão dos equívocos que fazemos ao usar o termo romance. Trata-se de uma narrativa longa, consolidada no século XIX, no auge do Romantismo. Daí histórias românticas serem chamadas de romance, mas nem todo romance é uma narrativa de amor. Dei como exemplo o romance policial e o romance de fantasia.

Como escritor de romances juvenis de fantasia, contei sobre meu processo de escrita. Expliquei que antes de começar a escrever O Medalhão e a Adaga elaborei um questionário sobre um arqueiro que praticava magia. Eu precisava então responder tal questionário: Quem é o Arqueiro? Onde ele nasceu? Quem são seus pais? O que aconteceu com ele? Assim, respondendo a essas perguntas, fui compondo o texto inicial do romance.

Contei sobre o fato desse estilo literário, ser denominado, em inglês, por Novel e que, de certa forma, a novela televisiva é filha dos romances literários, da mesma forma que as atuais séries. 

Comentei sobre o folhetim, que era a forma dos romances apresentados ao público serem inicialmente publicados nos jornais, uma parte do texto a cada dia ou a cada semana. Não se sabe ao certo se o autor tinha o livro pronto e ia  publicando partes nos jornais, ou se o escritor começava um romance de folhetim e publicava num jornal esse início, sem fazer ideia do desfecho. Existia a necessidade de se criar um fato novo a cada publicação no jornal, bem como terminar deixando um assunto em aberto como forma de manter o leitor interessado na continuidade. Quando se fazia sucesso o folhetim era reunido e publicado em livro.

Por fim, convidei todos os presentes a pensarem num trecho de romance e a escreverem cada um o trecho imaginado. A ideia era trabalhar com o fragmento, tendo a noção de romance como objeto provocador. Em seguida, compartilhamos nossos escritos, lendo uns para os outros e comentando as leituras. Foram produzidos textos muito interessantes.

Fica também o convite a leitoras e leitores que pensem nos seus romances e os escrevam. E para quem mora em Belo Horizonte, deixo o convite de frequentar os encontros da Prosa Poética: Oficina de Escrita Criativa.

Atualizado em 14/09/2023, com contribuições do Augusto Borges.

4 comentários:

  1. Anônimo3:54 PM

    Parabéns Samuca, que belo conto. Como sempre você arrasou...

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  2. Anônimo7:10 AM

    Muito bom. Adorei. Katia Edilene

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  3. Escrever fragmentos é um exercício que tenho feito atualmente. Geralmente quando "conheço" uma/um personagem nova/o fico muito apegada e quero escrever apenas sobre esse universo, mas isso acaba me atrapalhando a participar de concursos de contos ou me dedicar a outros romances (já tenho alguns escritos, mas não publicados).

    Gostei de saber um pouco mais sobre os romances. Já sabia que não eram todos necessariamente histórias de amor, mas não tinha parado para pensar que a relação do nome era com o Romantismo.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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  4. Que interessante. A única experiência que tive com oficina de escrita criativa foi um pouco difícil, percebi a minha dificuldade de ter controle sobre o processo. De todo modo, se morasse em BH com certeza iria te prestigiar :)

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