É com essa ironia bem-humorada que o escritor Rodrigo Teixeira abre seu espaço literário, saudando com todo o escárnio possível esse símbolo do absurdo humano.
Conheci o Rodrigo Teixeira em um mutirão feito num centro cultural. Foi coisa engraçada, pois estávamos lá, um monte de gente, responsáveis por avaliar um depósito cheio de livros. E de repente alguém comenta comigo: Rodrigo Teixeira é contador de histórias. Curioso, fui averiguar qual era a do cara.
Foi o início de uma forte amizade. E assim lentamente fui descobrindo que Rodrigo Teixeira tece histórias, muitas suas. Fascinado por Kerouac, Ruffato, Cortázar e muitos outros, esse jovem escritor revela em seu blog sua busca incessante por uma literatura própria, visceral, desconstrutora. Com uma escrita sincera, confessional ele faz o mesmo que os grandes escritores, pois busca alcançar o máximo no dizer. E sua busca acaba por lançá-lo diante de uma muralha implacável: o mundo.
Ao acessar o blog Bom Dia, Mundo Cruel! o leitor perceberá que o espaço é antes de tudo um laboratório de criação literária. Assim, o estúdio do Rodrigo Teixeira assemelha-se também com a forma do monstro de Frankenstein, no bom sentido. Sua multiplicidade propicia ao leitor um passeio muito mais rico pelas páginas do blog. Num caráter sempre dialógico, Rodrigo busca manter sempre um canal com o leitor, num tom quase documental, como se quisesse mostrar-nos cada aspecto de seu crescimento literário, ainda que positivo ou negativo. Ainda assim, nem o próprio Rodrigo se leva a sério, conferindo ao texto uma leveza ímpar, ou melhor, uma grande agilidade o que considero ser uma das marcas de sua genialidade.
Para aqueles que primeiro se aventurarem nas postagens do blog, podemos traçar alguns caminhos básicos. Uma grande dica são os marcadores que Teixeira usa para organizar seus escritos. Em destaque, está o conjunto intitulado Crônicas da Casa Velha. Neles, um jovem chamado Ismael narra num tom quase niilista os percalços e misérias de um grupo de jovens que partilham uma mesma residência. As experiências que o narrador descreve muitas vezes ocorrem em ambientes boêmios, regados a muito álcool e certa dose de violência.
Outras seções vão se desdobrando no blog, como Quase literatura, Vida acidentada e semiótica de boteco. Ainda assim, já aviso aos leitores que não considerem estanques tais classificações. Rodrigo deixa difusas e indefinidas as fronteiras entre cada uma dessas categorias, de forma que a cada momento, o leitor pode se deparar com um texto que mude sua perspectiva sobre todo o blog e cada um dos textos nele contidos.
Bom Dia, Mundo Cruel! é muito mais que um blog literário, pois assume dimensões que ultrapassam suas fronteiras, tanto para fora quanto para dentro dos textos. Com seu texto ágil, consciente e irônico, Rodrigo Teixeira constrói não apenas um espaço com excelente literatura, mas também um arquivo sobre o processo de criação literária, uma jornada fascinante pelo implacável mundo das palavras.
É, fui lá ver e o cara é mesmo é um escritor.
ResponderExcluirÉ engraçado perceber que eu nunca tinha comentado esse texto. Então, anos mais tarde, fica aqui um agradecimento e um pedido de desculpas.
ResponderExcluirAcho que eu precisava deixar esse post nos favoritos, pra quando eu esquecer o que é meu blog, conseguir me lembrar pelas suas definições. :)