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"Samuca não quer dar mais alegria pra gente."
Tomei um susto quando o rapaz se virou para mim falou isso. Afinal, como ele ia saber meu nome, já que nunca nos encontramos? Para ter certeza de que ele tinha dito essa frase, soltei um "Como?" meio distraído e o rapaz repetiu. Era isso mesmo. Mas fiquei intrigado. Como ele sabia meu nome?
O rapaz tinha parado de atravessar a avenida e me abordou no meio da travessia. Eu, atrasado, mesmo assim diminuí o ritmo e parei na calçada, do outro lado da Afonso Pena. O rapaz continuou falando, de modo confuso, sobre as declarações de que o Skank iria encerrar suas atividades.
Então era desse Samuel que ele falava. Liguei os pontos. Eu cantava uma música do Gilberto Gil, que foi adaptada pela banda Skank. Pelo visto, o rapaz havia identificado a música e decidiu me interpelar com um desabafo. Começou então a falar do Rock ser a forma suprema de música.
Ele me perdeu quando começou a falar mal do Funk. Não, não curto esse estilo musical, mas também detesto declarações taxativas e descontextualizadas. Pra mim, no final, qualquer coisa pode ser qualquer coisa. Porém, preferi manter a opinião só para mim.
No fim, eu me limitei a balançar a cabeça e encerrar a conversa, com um sorriso. Estava atrasado para o trabalho. Esses são os riscos de se cantar no meio da rua. Um dia a gente leva tombo. Noutro, encontra um crítico musical. Depois de me despedir, iniciei outra melodia, já pensando qual a próxima surpresa o acaso me reservará.
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