Pouco tive do que era dele. Mais o que já era meu, o que recebi de sua herança. A imagem que dele tinha era uma difusa figura de cabelos brancos que assomava, sempre potente, como uma torre, como um símbolo.
E agora, ele não está mais presente. Eu ainda tento entender a sua falta maior. A última imagem continua forte em minha mente, seus olhos perscrutadores, repletos da docilidade de uma infância tardia, resgatada. Inquiria quem eu era e o que fazia ali. Enquanto silenciosamente eu tentava deixar claro que ele era o motivo de minha presença.
Acima de tudo, durante anos cultivei uma falta que agora se tornou definitiva. Conselhos, elogios, sorrisos, tudo obliterado pela distância. E mais uma vez faltaram palavras, mais uma vez. Como agora.
* Homenagem a meu avô paterno, Arthur.
Às vezes faltam palavras por conta da distância e por conta de repreendermos aquilo que há dentro de nós, mas apendi que às vezes, quando não há mais a quem falar, devemos mesmo assim falar e escutar o vento ao nosso redor.
ResponderExcluirEscutar o vento é uma coisa maravilhosa. Seus segredos e sussurros nos revelam muitas coisas que nos permitem alcançar novos significados sobre nós mesmos.
ExcluirQuando os nossos avós se vão levam muitas histórias com eles. Porém, herdamos outras dezenas também! Uma linda homenagem ao seu avô!
ResponderExcluirSim, é verdade! Sinto muita saudade, mas também é como se eles estivessem sempre comigo.
ExcluirAmor, que bonitas palavras, cheias de falta. É possível a falta ser tão cheia?
ResponderExcluirPor vezes a falta ocupa mais espaço e nos preenche mais que a presença! Te amo.
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