Pouco tive do que era dele. Mais o que já era meu, o que recebi de sua herança. A imagem que dele tinha era uma difusa figura de cabelos brancos que assomava, sempre potente, como uma torre, como um símbolo.
E agora, ele não está mais presente. Eu ainda tento entender a sua falta maior. A última imagem continua forte em minha mente, seus olhos perscrutadores, repletos da docilidade de uma infância tardia, resgatada. Inquiria quem eu era e o que fazia ali. Enquanto silenciosamente eu tentava deixar claro que ele era o motivo de minha presença.
Acima de tudo, durante anos cultivei uma falta que agora se tornou definitiva. Conselhos, elogios, sorrisos, tudo obliterado pela distância. E mais uma vez faltaram palavras, mais uma vez. Como agora.
* Homenagem a meu avô paterno, Arthur.
6 comentários:
Às vezes faltam palavras por conta da distância e por conta de repreendermos aquilo que há dentro de nós, mas apendi que às vezes, quando não há mais a quem falar, devemos mesmo assim falar e escutar o vento ao nosso redor.
Quando os nossos avós se vão levam muitas histórias com eles. Porém, herdamos outras dezenas também! Uma linda homenagem ao seu avô!
Sim, é verdade! Sinto muita saudade, mas também é como se eles estivessem sempre comigo.
Escutar o vento é uma coisa maravilhosa. Seus segredos e sussurros nos revelam muitas coisas que nos permitem alcançar novos significados sobre nós mesmos.
Amor, que bonitas palavras, cheias de falta. É possível a falta ser tão cheia?
Por vezes a falta ocupa mais espaço e nos preenche mais que a presença! Te amo.
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