Este, apesar de ser um blog literário com tons de prosa confessional, pouco esclarece sobre o meu passado. Uso de vez em quando este espaço para me reinventar e muitas vezes pouco deixo além da cobertura da sombra. Contudo, há momentos que precisamos nos mostrar mais, principalmente quando no dia-a-dia, neste mundo medido a pó e concreto, pomos nossa cara diante de uma multidão, bem podendo levar tomates no lugar de rosas.
Disse algo semelhante hoje à tarde, diante de uma turma de uns quarenta ou mais estudantes do ensino médio. Mas estou me adiantando. Comecei prolixamente apenas para introduzir um relato mágico ocorrido hoje e assim revelar também um pouco de minha história como autor de O Medalhão e a Adaga.
A leitura despertou em mim o entusiasmo pelo poder das palavras. Ficava impressionado como um texto tinha o poder de se abrir em um infinito espaço onde podiam se encontrar o corriqueiro e o maravilhoso. Não era fascinado apenas pelo poder que a literatura exercia em mim, mas nessa capacidade imanente à palavra de evocar algo do vazio, da inexistência e fazer com que este algo seja, mesmo que ausente.
Com isso em mente, fui fisgado pela mágica da programação aos doze anos, com a descoberta da informática e de suas possibilidades. Assim como o texto literário, o código de programação, para mim, parecia também deter o poder de invocar objetos da inexistência. Fisgado, mergulhei no universo incipiente das Tecnologias da Informação.
Assim, matriculei-me no COTEMIG, colégio técnico importante aqui de Belo Horizonte. Foi no laboratório de computação, em uma aula sobre html, que eu imaginei e dei forma às primeiras montanhas de Gorgórdia, que fiz Bildan e Sheril darem seus primeiros passos, falarem suas primeiras palavras. O Medalhão e a Adaga era apenas um embrião, um projeto despretensioso chamado O Arqueiro. Estava em meados de 1998.
Meu objetivo era apenas concluir a tarefa, criando uma página com seus links e conteúdo. Não imaginava que, um ano depois esse conteúdo me fisgaria. Ao abrir um disquete perdido em uma gaveta de meu quarto, encontrei os arquivos usados na tarefa. Ao correr os olhos pelas palavras diante da tela, meu interesse foi crescendo até que eu decidi transpor o texto para o Word e seguir digitando, mergulhando nessas aventuras e devaneios. Uma narrativa a princípio ingênua que evoluiu e amadureceu comigo ao longo dos anos.
E finalmente hoje eu retornei ao COTEMIG. Diante de vários estudantes do primeiro e do segundo ano, apresentei um pouco de minha história, de como este livro nasceu. Foi um momento profundo, principalmente quando retornei à unidade Floresta, onde me formei. Encontrei ao menos um antigo professor, o Marcão. E tomado por uma enorme alegria, fui agraciado ainda mais quando percebi os olhares de interesse e os sorrisos empolgados de meus colegas de colégio.
Foi de fato um retorno mágico que se repetirá na próxima segunda. Não pude deixar de sentir uma profunda nostalgia ao me ver depois de quinze anos de volta às salas onde estudei. Mas essa nostalgia foi doce e cálida, repleta de realização.
Que curioso o modo como começou a desenvolver sua história. E foi na mesma época em que comecei a escrever, também. Lembro de iniciar minhas tentativas no ano de 1997, e um daqueles trabalhinhos virou o Abóbora púrpura. É muito divertido e interessante ler sobre os autores e seu modo de trabalho. Continue com os posts assim, por favor.^^
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