quarta-feira, maio 22, 2019

O escritor independente

Este é um relato sobre um evento antigo que me marcou profundamente.

Vou falar aqui sobre o encontro que ocorreu no sábado, dia 7 de fevereiro de 2015, na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte. Estiveram presentes seis pessoas que debateram o tema: "O Escritor Independente". Era um grupo heterogêneo. Havia pessoas no início de suas carreiras, bem como escritores já bastante experientes.

Para nortear as discussões, perguntei: quais são os desafios do escritor independente?
Divulgação? Distribuição? Dinheiro? Percebemos que por maiores que sejam esses desafios, eles vão se mostrar diferentes para cada pessoa. O perfil de cada escritora ou escritor é único, assim como a leitura que cada pessoa faz, sua vivência e percurso literário.

Assim, veio a mim a pergunta: O escritor precisa de um agente? José Carlos Aragão, um dos escritores mais experientes que conheço, disse que fez a escolha de ter uma agente literária. Dessa maneira, ele podia se dedicar integralmente à escrita, enquanto sua agente se preocupava com questões como divulgação, contato com editoras e participação em eventos.

Ao abordarmos o papel das editoras na carreira dos escritores, sejam eles independentes ou não, Ana Faria, autora de  vários livros, entre eles o romance Um ano bom, comentou que há vantagens e desvantagens, mas elas serão diferentes para cada pessoa.

Aragão então voltou a mencionar a função do agente. Ele recomendou que um escritor iniciante deve pesquisar os vários que têm sites e ler com atenção os serviços que eles prestam.

Aragão ressaltou que é importante também saber até onde deixar o agente opinar. Alguns interferem demais no texto de seus clientes. Isso pode incomodar algumas pessoas. Porém, os agentes literários possuem um leque de editoras de contato. Assim, um agente pode receber a encomenda de um livro, de acordo com um assunto "quente". Porém, ele advertiu que é sempre importante conferir a referência dos agentes entre os escritores que eles representam.

Ledinilson Moreira, autor de Portais, apontou que um escritor deve ter com clareza sobre aonde quer chegar. Afirmou que há escritores felizes por serem independentes.

Mencionei então a nossa vontade de divulgar nossos textos, alcançar nossos leitores diretamente. A angústia de ter logo um retorno pelo que escreve. Um dos caminhos seria publicar em blog, mas o resultado pode ser o contrário do esperado. Um blog precisa de constante atenção. Ele deve ser atualizado e divulgado. No fim, ele pode exigir muito trabalho, como um eterno bebê.

Aragão disse que o plágio é sempre uma possibilidade e, para não facilitar, não publica online.

Outro ponto importante que discutimos no encontro é a realidade de que o eixo Rio-SP ainda faz grande diferença. O que significa que em Minas, embora estejamos tão perto desse eixo, continuamos meio que isolados.

Por fim concluímos que o status de escritor independente é uma condição que fará parte do histórico da grande maioria daqueles que desejarem seguir carreira literária. Alguns de nós seremos sempre independentes. Isso, porém, não deve ser algo que desanime aqueles que ainda não se lançaram no ofício, ou estejam em seus primeiros passos.

Afinal, como a história do nosso país gosta de alardear, em alguns casos é "independência ou morte".

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