segunda-feira, setembro 02, 2013

A retirada - Parte V de V

Ir para A retirada - Parte IV de V


Logo pela manhã, Balgata acordou os demais energicamente. Seridath já estava de pé, pronto, do lado de fora da gruta. Não dormira de tanta euforia. Era primeira vez que ele meditara sobre os acontecimentos em Keraz. Pelo que acontecera na noite da batalha, ele era senhor de forças mais sombrias do que imaginava.
Nesse instante, Aldreth despontou da entrada da gruta. Os olhares de ambos se cruzaram e o arqueiro desviou rapidamente o seu, baixando a cabeça. Havia sido mandado por Balgata para buscar água. Seridath seguiu o outro com o olhar. Havia percebido algo naquele rosto amedrontado. Não sabia dizer ao certo, mas era um olhar diferente, quase desafiador. Seridath então lembrou-se de que somente o arqueiro sabia seu segredo. Seria seguro manter Aldreth vivo? Essa pergunta tornava-se uma sutil interrogação na mente do cavaleiro. Afinal, uma morte a mais não faria tanta diferença.
Com todas as bestas de Nibala! Vamos, bando de molengas! – gritava Balgata com os camponeses – Parecem mais lerdos que os zumbis que enfrentamos! Andando! Andando!
Seridath mantinha-se de costas para a entrada da gruta, enquanto sentia aquela estranha euforia permear seu corpo. Estava mais disposto do que nunca. Olhava as árvores e pedras ao redor, sentindo quase como se pudesse tocá-las, pegá-las, mesmo à distância. Desembainhou Lorguth e olhou para sua lâmina negra. Alguma coisa também havia acontecido com a espada. A bainha não comportava mais a lâmina que parecia ter crescido. A parte serrilhada também estava mais comprida e o gume, mais afiado. As duas esporas pareciam maiores e mais agudas. Lorguth mais uma vez provava o seu poder. Ela estava evoluindo e Seridath não percebera isso antes. Aquela arma magnífica desenvolvia-se lentamente, acompanhando o crescimento do seu senhor. O cavaleiro sentiu o orgulho inundar seu peito.
Quando teriam começado essas mudanças? O rapaz ponderou que, de alguma forma, a espada havia despertado na noite de batalha, quando o cavaleiro tomara a decisão de subjugar a lâmina negra.
Eu estou falando com você, seu idiota! – gritou Balgata, tentando chamar a atenção de Seridath.
O sombrio rapaz encarou o capitão, que manteve seu tom de desafio. Estava claro que Balgata já chegava a seu limite. Lorguth começou a vibrar nas mãos do cavaleiro, como se implorasse pelo sangue daquele homem insolente. Mas Seridath não queria pôr tudo a perder. Embainhou novamente sua maligna companheira, enquanto encarava Balgata.
O que quer? – perguntou.
Não tá vendo que estamos partindo?! Vá para a vanguarda, já que você gosta tanto de aparecer!
Seridath quase se arrependeu em ter embainhado sua espada. Mas seu sangue frio impediu que ele retrucasse e começasse uma nova disputa com o capitão. Os nervos afloravam naquele momento crítico. Uma briga com certeza iria selar o destino de todos, e Seridath ainda acreditava que poderia usá-los. Sem lançar outro olhar para Balgata, o rapaz cumpriu suas ordens, enquanto comandava os demais para abrirem caminho pelo interior do bosque. Lucan continuava desaparecido, talvez em algum lugar à frente, ninguém saberia ao certo. O capitão comandava a retaguarda. Seridath teve um mau pressentimento e observou-o, furtivamente. Viu num relance Balgata marchar ao lado de Aldreth.

No final do dia, o grupo já alcançava os limiares do bosque. A rota prosseguia em campo aberto, oferecendo mais perigo para os fugitivos. Balgata afirmava que mais uma noite de viagem e eles chegariam à cidadela fortificada de Arnoll. Bastava resistirem mais um pouco. Marcharam durante toda a noite. No início da madrugada, os guerreiros que formavam a vanguarda encontraram o corpo de Lucan estendido na campina. 

Continua...

Um comentário:

  1. Eu adoro...mas porque sempre tem que ter um continua? kkk brincadeira.
    Agora vou ter que ler os de antes para entender porque me perdi )= pois é,muito cabeça dura eu né rsrs.
    Abraço.
    Tamires C.
    http://de-tudo-e-um-pouco.blogspot.com.br/

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