terça-feira, março 10, 2020

Vídeo: Uma historinha sem 1 sensentido - Ziraldo


Mais uma leitura feita. Desta vez, do Ziraldo. Quem me indicou este livro foi o Rodrigo Teixeira. Muito obrigado, meu caro!

Uma História sem 1 Sentido
Ziraldo
ISBN-13: 9788506056585
ISBN-10: 8506056586
Ano: 1994
Páginas: 24
Idioma: português
Editora: Melhoramentos

Perfil do livro no Skoob:

https://www.skoob.com.br/uma-historia-sem-1-sentido-266714ed299188.html

segunda-feira, março 09, 2020

Primeiro Vila Lê - E lá eu estarei



Na próxima semana, a partir do dia 10 de março, teremos início ao Vila Lê - Somos Livros Também. Idealizado, organizado e produzido por toda a equipe do Centro Cultural Vila Santa Rita, este evento conta com diversas atividades, dentre narrações de histórias, saraus, performances poéticas e exibição de filmes.

Confirmei minha participação no dia 10 de fevereiro, no encontro de contadoras e contadores de histórias. Comigo estarão o Rodrigo Teixeira, a Daiane de Aquino Simão e a Jéssica da Mota Menezes. Quem puder nos prestigiar e ouvir boas histórias, apareça, sem esquecer de manter ouvidos e corações abertos!

Confira a programação completa:




Segunda, 9 de março de 2020
19:30 - 21:30
Abertura com pocket show com Negras Autoras + Bate-papo com Lugar de Mulher + presença de uma pessoa da comunidade.
Terça, 10 de março de 2020
14:30 - 16:00
1° Histórias na Vila- Encontro de Contadores de histórias
19:30 - 21:00
Exibição do documentário Barreiridades
Quarta, 11 de março de 2020
09:00 - 10:00
Histórias da cozinha, bolos tradicionais mineiros, com Kênia Camilo
14:30 - 15:30
Monstros debaixo da casa- Inventário de assombrações, com Mateus Efrain
19:30 - 21:00
Exibição do filme “Liberdade ainda que tardia “, produção mineira do diretor Jelton Oliveira
Quinta, 12 de março de 2020
14:30 - 16:00
A poesia falada não vive presa na livraria” - Nívea Sabino Oficina integrante do projeto: Liquidificador: microfestival
Sexta, 13 de março de 2020
14:30 - 15:30
Gincana literária
19:30
Sarau de Encerramento

Um fio vermelho

Imagem: Pixabay

Agarro com força o fio. Lá no alto, outra parte de mim, mesmo que emprestada, anseia liberdade. Projeto na armação de taquara e papel uma existência encantada, tão minha, embora seja, para mim, impossível de controlar.

O fio tem cerol, alguns me advertem. Ignoro. Não porque seja daqueles intrépidos, alheios ao perigo. Creio que um misto de medo de decepcionar as outras crianças e descuido fazem com que eu segure o fio com força demais.

É assim que uma rajada de vento mais forte puxa pra longe a pipa e eu aumento a força, tentando reter a linha. Ela desliza na minha mão, quase sem doer.

Mais pelo choque, que pela dor, largo a linha. Pipa e carretel se vão, agora posse do vento.

Já sentindo um pouco órfão da brincadeira, olho para a palma da minha mão direita. Agora ela tinha um risco de lado a lado, oblíquo. Observava o risco vermelho, fascinado, como quem olha um labirinto de apenas um caminho. Aquele fio havia ficado em mim.

Não imaginava como esse fio iria doer fundo, mais tarde, naquele mesmo dia. E ainda dói hoje, ainda dói.

domingo, março 08, 2020

Um dia que é todo dia

Sou daqueles que sabem como um parabéns pode ser vazio, se não houver consciência e respeito.

Não queria, porém, passar por omisso. Afinal, num mundo de performance e personas, o silêncio também grita.

Fica difícil fazer as palavras deixarem o lugar comum. Qualquer tentativa pode soar pálida ou oportunista.

Afinal, este dia que finda marca uma luta que está longe de acabar, infelizmente. E essa luta é diária, contra toda forma de violência.

Que todos possamos, antes de qualquer coisa, lembrar. E que com nossa memória, possamos reviver os sacrifícios feitos, para que mais sacrifícios não precisem ocorrer.

Não é apenas um dia. É sempre.

Originalmente publicado no Facebook dia 8 de março de 2016.

sábado, março 07, 2020

Circunstâncias


É isso mesmo
não importa qual seja tua pergunta
constato que me consta
o asco que repulsa
meu desejo de responder
com a mesma coerência
que esperas de minhas palavras
Infeliz situação
Ficarás no desfavor
de minha sinceridade

sexta-feira, março 06, 2020

Fases da lua e outros segredos - A desconcertante sabedoria da infância

Por vezes somos surpreendidos pela perspicácia infantil. De nosso pedestal de pretensa autonomia, nós adultos costumamos manter nossa arrogância, nosso ar professoral, sempre prontos a dar mais uma lição nos pequenos, como se todos eles fossem nossos pupilos naturais.

Bem, nem sempre. Há aquelas pessoas que, com enorme amor e sensibilidade, prestam-se a apurar os ouvidos, sempre atentas à genialidade repleta de inocência que por vezes as crianças demonstram. Algumas mães e pais são assim.

E certamente assim foi Marilda Castanha, ao criar o belíssimo e bem-humorado Fases da lua e outros segredos, da editora Peirópolis. Elaborada a partir de diálogos pcorridos entre a autora e seus filhos, obra é composta por histórias curtas, primorosamente ilustradas, onde ligeiros diálogos mostram a sagacidade da mente infantil. 

Para capturar tão preciosos momentos, certamente foi preciso um olhar atento, repleto de sensibilidade. O mesmo olhar foi necessário para produzir as ilustrações que completam o livro. Ilustradora premiada, Marilda mais uma vez mostra que sua arte se faz tanto no traço, quanto na palavra.

Com maravilhsos desenhos e um texto leve e de uma beleza calcada na simplicidade, Fases da lua e outros segredos é um precioso registro do que o amor, a família e a infância podem gerar de melhor. Uma homenagem ao afeto, um gracioso convite ao encontro. 

Ficha Técnica 
Fases da Lua
e outros segredos
Marilda Castanha
ISBN-13: 9788575963456
ISBN-10: 8575963457
Ano: 2014 
Páginas: 48
Idioma: português
Editora: Peirópolis

quinta-feira, março 05, 2020

Sangramento



Beijo a face da Palavra
sangrenta e de ordinárias formas
letras vis
sujas
Da sofrida labuta do eu
inventado
Sangra de novo
mas não quero não vou
Pode ser um pesadelo cômico
mas é pesadelo
Sonho trágico
mas é trágico
Não quero saber de tuas sangrias
deixa-me, Poesia.

Poesia

É força
É fato
Energia vital
que arrebenta os recipientes da forma
Não à banana na poesia
Não à poesia de banana
banana para a poesia
Negue-se o ludo
o vaivém das palavras oceânicas
decante-se a arte
desencante-se a arte
Fragmente-se estilhace-se
cicie-se, silencie-se
E no final
matem todos os poetas.

quarta-feira, março 04, 2020

Contraponto 3

Era para ver
mas não viu
Quem foi que disse?
É o mulambo jogado na porta
Tira esse mulambo daí sô!
Só quero ver quando chegar
Se alguém vai ter algo a dizer

Sem talento para a vida

Ao sair do banheiro, o ambiente parecia outro. O grupo havia acabado de fazer um exercício. Ele achou que de fato havia acabado. Como estava apertado, correu para o banheiro.

Descobriu tarde demais que havia perdido talvez a parte mais importante da atividade, que era seu desfecho. Os colegas compartilhavam abraços entre si.

Agora, lá estava ele, com cara de tacho, olhando as pessoas se abraçando como velhas conhecidas, enquanto ele parecia um penetra em festa de aniversário. 

Lembrou-se da juventude, quando por vezes sentia um medo quase paralisante de pedir informações a pessoas na rua; ou quando era transferido de colégio e não conseguia perguntar aos novos colegas sobre as matérias e deveres.

Era como se aquele homem fosse novamente o mesmo menino que não conseguia conversar com ninguém e por isso mantia-se sozinho durante o recreio, refugiado na biblioteca.

Algumas pessoas do grupo chegaram a abordá-lo, para um abraço. Outras pareciam aliviadas por ele não estender os braços a elas. Ou sequer lhe dirigiram o olhar.

Ele pensou que o melhor seria lançar a timidez para o alto e reivindicar o seu abraço com cada integrante do grupo. Sua paralisia, porém, permaneceu. E o momento passou. Já era hora do lanche.

Afastado em um canto da sala, enquanto as pessoas comiam e conversavam, ponderou que no final a culpa fora toda sua, que se fechara para os colegas e não se deixara aproximar de fato. Afinal, um abraço é via de mão dupla. Constatando o próprio fracasso, mais uma vez ele se via como realmente era: alguém sem traquejo para o mundo, mais um de tantos sem o talento necessário para viver.

terça-feira, março 03, 2020

Violência

Dias mais alegres
e todas as inferências
que eles possam trazer

Desejo aspirado suspirado
suplicado ardentemente
almejado

Flores em um pasto
sol sereno
e riachos cantantes

Mas o que vejo?
Dá pra dizer?
Não! Quero esconder!

O que sou? Bicho-pensamento, boi mecânico
atropelo as flores e o campo
mancho as águas com meus “por quês?”

E sinto o esvair da vida... que desperdício
de um amanhecer
que nada mais tem pra banhar

As flores suicidas estão tão pálidas
no campo cinzento
em meio aos gritantes riachos de sangue.

Vídeo: Re-legião


Poema lido durante a Semana de Arte Contra a Barbárie BH, no URSAL bar. O texto do poema pode ser acessado aqui: http://www.oguardiaodehistorias.com.br/2019/07/re-legiao.html.

Imagens feitas pelo poeta Paulo Siuves.

segunda-feira, março 02, 2020

A cor do medo é

Faltou-me caneta para escrever
alguma poesia
mas, o que é poesia
senão o esboço pálido
de uma existência?
que passa
como as horas irregulares
da espera
de que o fim 
chegue lentamente
sem dor, sem pesar
pois tememos e com amargo desespero
que o cessar venha e,
como foice sobre o trigo,
nos ceife num momento

MATER

CANSADO ESTOU
DOS DIREITOS
PATERNOS
O PATER
QUE TOMA
USA E DEPOIS
DESCARTA
EVOCO
O PODER
DO VENTRE
DO SEIO
DO FEMININO
QUE SEJA
O TEMPO
DAS DEUSAS
QUE VENHA
ABAIXO O
MASCULINO
QUERO
O DIREITO
A UMA
MÁTRIA

domingo, março 01, 2020

Contraponto 2

Irônica criança
presa em seu caminho
vaga sem destino
ou no destino dos outros quer vagar
sem saber
sabe da sorte
a morte
da pureza
o início
do amálgama
do contraste de si mesma
mundo
não-mundo
e o enxergar lá dentro
Quer saber?
Nem eu!
Pelo menos tudo fica como está
mas...
de outro jeito