terça-feira, setembro 30, 2025

Flicar 2025 - Uma Festa de Afetos e Descobertas em Carmo da Mata


Em 2023, quando participei da Flicar – Festa Literária de Carmo da Mata – pela primeira vez, não imaginei que aquele seria o início de uma história que se entrelaça profundamente com meus projetos como escritor. Não poderia prever que as pessoas que havia conhecido na ocasião, Mírian Freitas, Hércules Tolêdo Corrêa, Pedro Gontijo, Servos Cardoso, Luiz Eduardo de Carvalho, dentre outras, fariam parte de meus afetos mais queridos. Assim como a Júnia Paixão, coordenadora e curadora da Flicar. Eu a tinha conhecido na Feira Urucum, realizada pela Impressões de Minas. Era início de 2023. A gente ficou vizinho de estande e foi então que eu soube da Flicar e me ofereci para participar da programação. 

Quando Júnia me convidou formalmente, confirmei na hora. Minha intuição estava certa: na Flicar de 2023 conheci pessoas muito especiais. Gente que prospera na literatura através do apoio mútuo, do fortalecimento de laços. Pessoas que não se limitam a eventos literários, mas buscam conexões reais. Assim foi também em 2024.

Neste ano, a Flicar aconteceu dos dias 18 a 21 de setembro. Cheguei na quinta, ainda, dia 18, à noite. Em Oliveira, conheci o Curumim, artista da palavra em Contagem. Seguimos de carro com o Júlio até Carmo da Mata. Quem nos recebeu lá foi a produtora, CinaraA programação do dia já havia encerrado. Porém, o pessoal ainda estava reunido, conversando calorosamente. Revi amigos queridos e preparei meu coração para o que viria.

Na sexta, aconteceu a programação na Escola Estadual J. Afonso Rodrigues. Foram oficinas literárias de prosa, poesia, rima e improviso. Eu não fazia parte dessa programação, mas me ofereci para contar histórias. A Júnia gostou da ideia e articulou minha participação. Compareci à tarde, me apresentando para uma turminha de 11 e 12 anos, acompanhado pela professora Roseli, responsável pela classe. Narrei para eles: “Uma questão de interpretação”, “O peixe maravilhoso” e “Miserinha”. Pediram mais. Que eu voltasse na segunda ou então na próxima sexta. Fiquei comovido e encantado. É sempre melhor que a gente saia de cena quando o público pede mais do que quando já estão enfadados da apresentação, dizia o meu maestro Marco Antônio Maia Drummond.

No sábado, estive na mediação da mesa “Literatura e Educação”, com a Lavínia Rocha e a Leida Reis. Foram 60 minutos testemunhando relatos inspiradores sobre o engajamento na sala de aula e na promoção da literatura. Lavínia é uma professora inspirada e inspiradora, além de escritora promissora e comprometida. Ela não se intimida diante das dificuldades estruturais que a educação no Brasil apresenta, mas enfrenta todo esse cenário com graça e criatividade. Já Leida demonstrou uma postura mais contida e sábia, pautada na experiência de quem escreve, edita e realiza eventos literários há nuitos anos. Apontou a necessidade de que educação e cultura andem sempre de mãos dadas, como parceiras.

Muitas outras mesas trouxeram palavras e reflexões impactantes e que irão reverberar em minha atuação tanto como escritor quanto como mediador de leitura. Destaco três em especial: A primeira foi a mesa “Entre o real e o imaginado: diálogo sobre a prosa contemporânea brasileira”, com a Ana Elisa Ribeiro, que sempre expande nossas mentes com suas palavras. A segunda,  "O poder da palavra: Literatura e transformação social", nos fez refletir sobre como as políticas públicas são fundamentais para o fortalecimento da leitura e da literatura no Brasil. A terceira foi "O tehêy e a narrativa do povo Pataxoop", com D. Liça Pataxoop, que nos impactou com suas palavras de sabedoria ancestral. Não posso, porém, deixar de falar da presença de Nívea Sabino e Curumim, que deram um show à parte, com suas palavras repletas de energia, algumas suaves como carícia, outras cobertas pelas farpas do protesto. E por falar em show, Cinara e banda não nos deixaram ficar parados com um bom samba e muita energia.

Domingo foi o fim da programação do evento, com música, sarau e uma apresentação belíssima de narração de histórias, com várias brincadeiras. Quem conduziu não poderia ser ninguém além de Vânia Ordones e Patrícia Oliveira

Assim, a programação oficial chegou ao fim. Porém, a gente sabe que a Flicar não acabou. Ela nunca acaba, mas continua reverberando em nós, em cada amizade nova, como o Mauro Donato e a Giovanna Soalheiro, e as já consolidadas, como a Mírian Freitas, a Thaís Campolina, o Servos Cardoso, a Ana Paula Dacota, o Pedro Gontijo e a Gil Kis.

Devo reforçar que é sempre uma grata experiência encontrar a Ana Elisa Ribeiro, uma das pessoas que mais admiro desde que conheci. Uma escritora genial e uma professora que trata o ensino como paixão. Suas falas são sempre inspiradoras e hipnóticas. Com ela, estavam algumas pessoas da pós-graduação do CEFET. Uma galera sempre animada e disposta a se envolver na promoção da literatura.

Ainda sobre reencontros, foi um prazer enorme rever Nívea Sabino e a Dalva Maria Soares, que esteve em uma mesa com o Henrique Rodrigues, do Instituto Caminhos da Palavra

O que mais dizer? Posso não ter mencionado todo mundo que encontrei lá. Só sei que são pessoas incríveis, generosas e envolvidas, como a Mara Senna e o seu companheiro, o Paulo. Lamentei muito não ter conseguido sentar com o Luiz Eduardo de Carvalho, para mais uma das nossas inspiradoras conversas. Um bate papo com o Edu é uma mentoria de escrita!

De tudo o que vivi, posso garantir que já estou com saudades e ansioso para a próxima Flicar. Com certeza, a Festa Literária de Carmo da Mata de 2026 seguirá a tradição, sendo ainda mais surpreendente que a deste ano. E tudo por causa da Júnia Paixão. A ela meu muito obrigado, sempre!



O que rolou na programação:


19 de setembro

17h - Mesa 1: “Cinco vozes mineiras: a pluralidade da nossa poesia”

Amanda Ribeiro, Ana Paula Dacota, Thaís Campolina, Mara Senna e Clara Valverde, com mediação de Carol Vasconcelos


18h - Mesa 2: “Entre o real e o imaginado: diálogo sobre a prosa contemporânea brasileira”

Ana Elisa Ribeiro, Maria Fernanda Elias Maglio e Mauro Donato, com mediação de Thaís Campolina


19h - Mesa 3: "Ofício do escritor: tecendo mundos com palavras"

Ricardo Ramos Filho e Aguinaldo Tadeu, com mediação de Luiz Eduardo Carvalho


20h - "Sarau Lítero musical: Versos em si", com Daniel Bicalho e Bruno Rodrigo


21h - Show voz e violão com Caju


20 de setembro

9h - Hora do Conto, com Denise Arantes e Daniel Bicalho


10h30 - Mesa 4: "O tehêy e a narrativa do povo Pataxoop"

D. Liça Pataxoop, mediação de Pedro Gontijo


14h - Mesa 5: "O poder da palavra: Literatura e transformação social"

Henrique Rodrigues e Dalva Maria Soares, com mediação de Mauro Donato


15h - Mesa 6: "Literatura e educação: quando os caminhos se encontram"

Lavínia Rocha e Leida Reis, com mediação de Samuel Medina


16h - Mesa 7: "Vozes em cena: Slam e a força da poesia falada"

Nívea Sabino e Curumim, com mediação de Giovanna Soalheiro


17h30 - Lançamento Poetizar: "Antologia Poetizar - Sarau"


19h - Show de Samba, com Cinara Gomes e banda


21 de setembro 

9h Apresentação musical com os alunos do CRAS e Sarau poético com o grupo Feliz Idade


10h - Manhã brincante com Vânia Ordones e Patrícia Oliveira


Algumas fotos pra deixar saudade:

 
















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