quarta-feira, agosto 08, 2018

Lançamento do CD do Coletivo Narradores

Por vezes, a sensação do dia-a-dia não nos deixa perceber que estamos em constante mudança. Para nossos sentidos e nossa parca noção de tempo, estamos em fluxo contínuo, como que em uma eterna viagem. Pela janela do nosso corpo (nossa consciência e não nossos olhos) vamos como que observando tudo o que nos acontece ao redor, algumas vezes com mais atenção que outras. Assim, é como se o tempo fosse algo imutável. Contamos com a memória para nos dizer que o tempo passou e com o sonho para nos garantir que o futuro virá. Essas são nossas principais garantias. Por isso, se não formos atentos, achamos que, assim como o tempo, somos e sempre seremos os mesmos.
Mas então acontecimentos marcantes de repente nos lançam em outro patamar. Como ritos de passagem, esses eventos nos mostram o quanto amadurecemos, como estamos prontos para desafios que a princípio acreditávamos serem impossíveis para nós.
O lançamento do primeiro CD do Coletivo Narradores foi um desses acontecimentos, um poderoso rito de passagem para mim, inaugurando um novo contador de histórias, chamado Samuel Medina. Porém, não foi apenas o lançamento em si, mas todo o processo que culminou nesse maravilhoso espetáculo. Acontecido no contexto da Segunda Candeia - Encontro Internacional de Narração Artística, o lançamento foi um divisor de águas em minha vida, pois teve diversas etapas que foram gradativamente vencidas, cada uma nos impulsionando a um outro degrau e nos fazendo enxergar mais longe.
Tudo começou com um sonho. Com a proposta da amiga Aline Cântia e o entusiasmo do grupo, começamos a pensar em uma forma de concretizá-lo. Pensamos então em fazer um financiamento coletivo. Os amigos da Companhia Pé de Moleque, Juliana Daher e Isaac Luiz, que também fazem parte do Coletivo, ofereceram sua experiência com a campanha para a publicação e lançamento de seu livro-CD O mundo de dentro e o mundo de fora. Por conta da experiência de sucesso, eles sugeriram usarmos a plataforma Benfeitoria.
Construímos um projeto, enviamos para o site e aguardamos. Fomos aprovados e contamos com todo o apoio da excelente equipe da Plataforma.
Seguiram-se os dias do prazo para captação. Foi uma correria, um sufoco, mas a cada nova pessoa contatada, pudemos ver o prestígio do Coletivo, o apoio da comunidade de narradores de histórias e também de frequentadores dos eventos culturais da Grande BH. No Primeiro Encontrão de Contadores de Histórias de BH, organizado por  Beatriz Myhrra e Pierre André, pudemos ver quantas pessoas embarcaram conosco neste sonho.
O passo seguinte foi gravar as histórias. Contamos com a direção de Aline Cântia e o apoio técnico do Chicó do Céu, que magistralmente nos acompanharam, enquanto repetíamos nossas histórias infindáveis vezes para que justamente a melhor expressão fosse captada pelo microfone.
Enquanto isso, a campanha prosseguia. A cada nova contribuição, vibrávamos como se fosse a primeira e única. Foram tantas e tantos que abraçaram nossa causa. Seus nomes estão no mural da página do Coletivo Narradores no Facebook. E o apoio foi tamanho, que alcançamos a meta mínima e a ultrapassamos. 
Prosseguimos então para a etapa seguinte: preparar o espetáculo de lançamento. O Coletivo convidou a artista Liz Schrickte. Com seu olhar, sua sensibilidade e seu profissionalismo, ela foi construindo conosco uma apresentação que carregasse nossa alma. Foram dias desafiadores de ensaios no Espaço Pigmalião. O cronograma estava apertado, com a Candeia próxima. Nosso compromisso, porém, era de oferecer uma apresentação de qualidade, que fosse inesquecível não apenas para o público, mas para nós, também. E apenas estar no Espaço Pigmalião já era uma experiência estética ímpar, ensaiando em meio aos fascinantes bonecos que lá habitam.
Assim, chegamos à Segunda Candeia artisticamente mais robustos, confiantes. Estávamos prontos. E a própria Candeia nos encheu de potência.
Tivemos então o privilégio e a responsabilidade de encerrarmos as apresentações da Segunda Candeia. Estávamos cansados por conta do longo percurso, mas alegres, de uma alegria tamanha. Éramos como o rio da narrativa do amigo Carlos Barbosa, que abre o espetáculo. Viramos vapor. Sentimos medo, vimos coisas inesquecíveis. Mas por fim, diante de tão bela platéia, era como se estivéssemos por fim chegando ao mar. Com a plena certeza de quem somos.

6 comentários:

  1. Parabéns, filho! Tenho orgulho de ser sua mãe. Obrigada!

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  2. Parabéns meu amigo Samuel!
    Tenho orgulho de voce! Você sempre foi e será um guerreiro vitorioso!

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  3. Legal demais! Toda produção coletiva, feita com paixão pelo que se faz, só pode ter um excelente resultado. Parabéns aos integrantes do Coletivo de Narradores!

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  4. Bacana demais! Tudo o que é coletivamente produzido, com paixão só pode ter um excelente resultado.Parabéns a todo o Coletivo de Narradores!

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