quarta-feira, agosto 22, 2018

Contando histórias de sabedoria e fé

Não me considero um homem religioso. Na verdade, costumo até ser um pouco ranzinza com demonstrações de fé, principalmente por causa do histórico da religião, principalmente a cristã. Além disso, tive meus percalços pessoais nos bancos de igrejas evangélicas. Por isso, costumo sempre ter uma visão bastante crítica em relação à influência das religiões na sociedade. 
É impossível negar, porém, que as religiões sempre tiveram sua contribuição para a sociedade, ainda que tal contribuição seja de qualidade questionável. E quando vamos falar de Tradição Popular, esta tem suas matizes de fervor religioso. E por vezes, as histórias que nos tomam ao começarmos a narrar para um público, podem muito bem mostrar facetas de fervor religioso. Sim, as histórias podem tomar a Palavra, deixando o narrador à sua mercê. Acredito que foi isso que aconteceu comigo.
No dia 9 de agosto deste ano, compareci à Escola Municipal Josefina Souza Lima para narrar histórias. Fui convidado pela amiga e colega de trabalho, Kátia Mourão, para participar das comemorações do dia dos Pais e também do Dia do Estudante.
Estava um pouco preocupado, pois não tinha conseguido tempo para me preparar. Eram por volta de 40 pessoas, entre estudantes da EJA e educadores. Sentia uma enorme responsabilidade, pois fazia tempo que não me apresentava sozinho. Estar diante do público amparado pelas amigas e amigos do Coletivo é sempre maravilhoso. Por isso, abandonar esse lugar de conforto era algo um pouco assustador.
Agora, porém, eu estava sozinho. Bem, apenas fisicamente, pois as vozes de tantas pessoas queridas andam comigo, como sempre andarão. E assim, contando com as presenças dessas vozes, eu estava mais firme para começar a apresentação.
Evocando o amigo Joca Monteiro, eu pedi "licença pra contar". Falei do que aprendi com ele, da importância do respeito, da gratidão pelas pessoas que estão diante de nós para nos ouvir. Reforcei o privilégio que temos ao poder falar em um país em que tantos são silenciados.
Comecei então com “As trapalhadas de Zé Bocoió”, que aprendi em um dos livros do grande Ricardo Azevedo. Em seguida, contei “Uma questão de interpretação”. Essa história eu aprendi com a Maria Célia Nunes, narradora de história de longa carreira em Belo Horizonte. Contei então uma história que escutei de minha mãe, quando ainda era adolescente, sobre um rei ateu e seu mordomo piedoso.
O público parecia apreciar, principalmente os mais velhos. Fiquei mais confiante. Continuei então com outra história de sabedoria. Desta vez era sobre um rei insatisfeito comprometido em arruinar o homem mais feliz de seu reino. Fui apresentado a essa história pelo amigo Rodrigo Teixeira, que por sua vez a conheceu por intermédio da Mestra Gislayne Matos.
Com essa história, terminei a apresentação. Agradeci, mais uma vez. Antes de ir pra casa, tive uma agradável surpresa: recebi um cartão e uma caixa de bombons. Fiquei profundamente agradecido.
A noite de 9 de agosto de 2018 foi especial. Nela, pude abrir meu coração. E minhas palavras foram acolhidas com carinho. Diante de tão caloroso público, foi como contar para preciosos amigos. E não deixou de ser isso. Afinal, minha amiga Kátia Mourão, que me convidou para ir à escola, estava entre as pessoas que me escutavam. Para ela e toda a equipe da Escola Municipal Josefina Souza Lima, bem como seus alunos, deixo meu muito obrigado!



domingo, agosto 19, 2018

Vídeo: Causo de caçador

Boa noite! Segue hoje um vídeo que fiz para um concurso de causos. Evidentemente, não fui selecionado, pois sequer tive resposta da minha classificação. Contudo, tenho esse causo bem guardado no coração, pois foi através do amigo Evando Pessoa, grande narrador, que o ouvi. Espero que apreciem!


quarta-feira, agosto 15, 2018

Fortalecendo Vínculos pela Palavra


No dia 18 de julho fomos ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Lagoa Santa para contar histórias. A oportunidade havia surgido quando a instituição fez uma visita ao Centro de Referência da Juventude e eu me ofereci para ir a Lagoa Santa contar histórias para as crianças e adolescentes. Deixei meu contato com a Ângela e posteriormente combinamos a visita.
No dia marcado, portanto, eu e Pâmela Machado, minha esposa, chegamos ao local e descobrimos um espaço muito bacana, repleto de verde, onde as crianças e adolescentes aprendem a mexer na terra, têm acesso à leitura, a outras formas de Cultura e ao esporte.
Enquanto esperávamos pela chegada de nossos ouvintes, fomos guiados pelo espaço. Conhecemos uma antiga fornalha de produção de cal, quase uma gruta mágica, perto de uma árvore centenária. Fomos também à biblioteca, que foi reformada. Por último conhecemos a sala de informática com vários computadores para uso dos jovens.
E porfalar em jovens, eles estavam chega do. Estivemos em roda, no refeitório, junto ao público. Perguntei quem gostava de ouvir histórias. Acho que umas três pessoas levantaram a mão. Disse então que estava naquele dia com eles para mostrar o gosto de ouvir e contar histórias.
Comecei a narrar "Anansi e a busca impossível". A atenção era total. Pâmela contou logo depois a história "O leão e o caçador". Fechei então com "As almas penadas". 
Foi prazeroso quando uma das crianças disse que na verdade eu era o Anansi.
Depois das apresentações, perguntei quem tinha gostado e todos levantaram as mãos. Fiquei deliciado. Fomos então convidados para um lanche e um gostoso bate papo com a equipe. Em seguida, fizemos um segundo passeio pelo lugar, conhecendo a horta e seus encantos.
Tínhamos que partir, por conta de outros compromissos, mas estávamos encantados com o lugar, a equipe e os jovens. Fomos totalmente cativados. Por isso, gostaria de deixar aqui meu mais sincero agradecimento à equipe do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Lagoa Santa:
Lavina Rodrigues - coordenadora
Angela Costa - Prof. De arte
Thaís - Assistente Social
Tamires Gomes - Psicóloga
Jaedenis Rodrigues - Prof. De Esporte
Thiago Matheus - Oficineiro de informática
Silvana - Voluntária
Que possamos nos encontrar mais vezes, com muitas outras histórias para contar!

quarta-feira, agosto 08, 2018

Lançamento do CD do Coletivo Narradores

Por vezes, a sensação do dia-a-dia não nos deixa perceber que estamos em constante mudança. Para nossos sentidos e nossa parca noção de tempo, estamos em fluxo contínuo, como que em uma eterna viagem. Pela janela do nosso corpo (nossa consciência e não nossos olhos) vamos como que observando tudo o que nos acontece ao redor, algumas vezes com mais atenção que outras. Assim, é como se o tempo fosse algo imutável. Contamos com a memória para nos dizer que o tempo passou e com o sonho para nos garantir que o futuro virá. Essas são nossas principais garantias. Por isso, se não formos atentos, achamos que, assim como o tempo, somos e sempre seremos os mesmos.
Mas então acontecimentos marcantes de repente nos lançam em outro patamar. Como ritos de passagem, esses eventos nos mostram o quanto amadurecemos, como estamos prontos para desafios que a princípio acreditávamos serem impossíveis para nós.
O lançamento do primeiro CD do Coletivo Narradores foi um desses acontecimentos, um poderoso rito de passagem para mim, inaugurando um novo contador de histórias, chamado Samuel Medina. Porém, não foi apenas o lançamento em si, mas todo o processo que culminou nesse maravilhoso espetáculo. Acontecido no contexto da Segunda Candeia - Encontro Internacional de Narração Artística, o lançamento foi um divisor de águas em minha vida, pois teve diversas etapas que foram gradativamente vencidas, cada uma nos impulsionando a um outro degrau e nos fazendo enxergar mais longe.
Tudo começou com um sonho. Com a proposta da amiga Aline Cântia e o entusiasmo do grupo, começamos a pensar em uma forma de concretizá-lo. Pensamos então em fazer um financiamento coletivo. Os amigos da Companhia Pé de Moleque, Juliana Daher e Isaac Luiz, que também fazem parte do Coletivo, ofereceram sua experiência com a campanha para a publicação e lançamento de seu livro-CD O mundo de dentro e o mundo de fora. Por conta da experiência de sucesso, eles sugeriram usarmos a plataforma Benfeitoria.
Construímos um projeto, enviamos para o site e aguardamos. Fomos aprovados e contamos com todo o apoio da excelente equipe da Plataforma.
Seguiram-se os dias do prazo para captação. Foi uma correria, um sufoco, mas a cada nova pessoa contatada, pudemos ver o prestígio do Coletivo, o apoio da comunidade de narradores de histórias e também de frequentadores dos eventos culturais da Grande BH. No Primeiro Encontrão de Contadores de Histórias de BH, organizado por  Beatriz Myhrra e Pierre André, pudemos ver quantas pessoas embarcaram conosco neste sonho.
O passo seguinte foi gravar as histórias. Contamos com a direção de Aline Cântia e o apoio técnico do Chicó do Céu, que magistralmente nos acompanharam, enquanto repetíamos nossas histórias infindáveis vezes para que justamente a melhor expressão fosse captada pelo microfone.
Enquanto isso, a campanha prosseguia. A cada nova contribuição, vibrávamos como se fosse a primeira e única. Foram tantas e tantos que abraçaram nossa causa. Seus nomes estão no mural da página do Coletivo Narradores no Facebook. E o apoio foi tamanho, que alcançamos a meta mínima e a ultrapassamos. 
Prosseguimos então para a etapa seguinte: preparar o espetáculo de lançamento. O Coletivo convidou a artista Liz Schrickte. Com seu olhar, sua sensibilidade e seu profissionalismo, ela foi construindo conosco uma apresentação que carregasse nossa alma. Foram dias desafiadores de ensaios no Espaço Pigmalião. O cronograma estava apertado, com a Candeia próxima. Nosso compromisso, porém, era de oferecer uma apresentação de qualidade, que fosse inesquecível não apenas para o público, mas para nós, também. E apenas estar no Espaço Pigmalião já era uma experiência estética ímpar, ensaiando em meio aos fascinantes bonecos que lá habitam.
Assim, chegamos à Segunda Candeia artisticamente mais robustos, confiantes. Estávamos prontos. E a própria Candeia nos encheu de potência.
Tivemos então o privilégio e a responsabilidade de encerrarmos as apresentações da Segunda Candeia. Estávamos cansados por conta do longo percurso, mas alegres, de uma alegria tamanha. Éramos como o rio da narrativa do amigo Carlos Barbosa, que abre o espetáculo. Viramos vapor. Sentimos medo, vimos coisas inesquecíveis. Mas por fim, diante de tão bela platéia, era como se estivéssemos por fim chegando ao mar. Com a plena certeza de quem somos.

terça-feira, agosto 07, 2018

Vídeo: O Cravo e a Rosa

Bom dia! Mais uma experiência musical. Hoje, compartilho com vocês uma das músicas mais românticas de nossa Tradição Popular. 

Até a próxima!

sexta-feira, agosto 03, 2018

Memória de um sonho de pásaros

Esta foi a noite dos sonhos vívidos... Sonhei que morava novamente com meu irmão João Emílio Medina, que ele tinha voltado a ter quatro anos. Morávamos em uma casa ainda em obras, embora não seja aquela de nosso passado real, que construímos ao longo dos anos. João me chamava para irmos ao andar de cima, ainda incompleto. Lá, ficávamos olhando o horizonte e tudo tinha um significado maravilhoso e quase secreto. Foi então que ele puxou a manga de minha camisa e apontou para um passarinho que pousava em uma árvore. Sacudi os braços e um bando deles surgiu dentre as folhagens. Até no sonho fiquei sem fôlego com o espetáculo da debandada dos passarinhos. Era como se as folhas secas dessa árvore, inconformadas, buscassem no azul um outro jeito de ser.

Belo Horizonte, 3 de agosto de 2013.

quarta-feira, agosto 01, 2018

Segunda Candeia: A chama brilha mais forte

Já falei neste blog sobre a Primeira Candeia - Mostra Internacional de Narração Artística. Tendo acontecido em maio de 2017, ela foi um divisor de águas nas vidas de muitas pessoas - inclusive na minha. Fui instigado, movido, iluminado nesse magnífico evento.
Não seria estranho, portanto, que eu aguardasse a próxima edição com tanta ansiedade. Estava sedento por aprender mais, conhecer e ouvir mais. E posso dizer com tranquilidade que minhas expectativas foram superadas.
A Segunda Candeia teve sua abertura oficial no dia 13 de junho deste ano. Novamente, o Sesc Palladium acolheu esse evento tão incrível, realizado pelo Instituto Cultural Abrapalavra, nas pessoas de Aline Cântia, Chicó do Céu e toda a equipe.
Tivemos um momento lindo quando duas grandes pilastras da narração de histórias foram chamadas ao palco - Gislayne Matos e Regina Machado - para receberem as devidas homenagens. Foi uma grande surpresa para as duas. Em seguida, teve início o grande espetáculo de abertura.
A poderosa voz do Sérgio Pererê me impactou e preparou para o fenômeno que seria o espetáculo "Era uma vez África", com o camaronês Boniface Ofogo. Minha atenção foi totalmente sequestrada pela presença forte e serena desse mago da memória.
No segundo dia, estive sorvendo os preciosos momentos de fala com Gislayne e Regina, que contaram com a mediação de Júlia Grillo. O tema da mesa era a narração de histórias como linguagem artística. Jamais esquecerei quando Gislayne disse que a arte, em sua origem, significa "fazer bem feito".
Na mesma noite, Regina Machado nos presentearia com o espetáculo "Contos da Lua Nova".
Alcançamos o terceiro dia. Nele, tivemos um encontro muito especial na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, entre os convidados da Candeia e as pessoas que participam do Encontro Semanal de Contadoras de Histórias. Contando com a abertura e mediação da narradora baiana Luciene Souza, esse bate papo esquadrinhou passados e memórias. Escutamos relatos de nascimentos de narradores e sobre o que os impulsiona.
Quando anoiteceu, Júlia Grillo apresentou a aula-espetáculo "A polpa e a semente e o desenho das histórias". Foi o momento de saborear o conhecimento e a sabedoria dessa narradora que, mesmo jovem, tem uma trajetória já extensa nos caminhos da narração oral.
Para encerrar a noite de forma sublime, tivemos o espetáculo "Foi Coisa de Saci". Nele, Josiane Geroldi levou um autêntico saci ao palco e mostrou que aprendeu muitos truques com esse diabinho perneta.
Quando chegou o dia 16 de junho, sábado, o sentimento de nostalgia já me dominava. Não queria que essa maravilhosa festa acabasse. Tínhamos apenas mais uma noite de espetáculo. E por isso, a nostalgia era invadida pela expectativa. Afinal, eu estava entre as pessoas que se apresentariam.
Um dos pontos mais altos do sábado foi o do escritor Ricardo Azevedo com os Contadores da Vila, um grupo de narradores ainda jovens, mas já dispostos a domar o bicho bravo que é a Palavra Oral. Foi maravilhoso ver a surpresa naqueles rostos jovens, ao verem seu grande ídolo se levantar e andar até o palco, para conversar com eles.
Vale destacar aqui a mediação matreira do amigo e companheiro de coletivo, Rodrigo Teixeira. Com seu estilo fanfarrão, ele deixou as crianças muito tranquilas no palco. Preciso destacar também o papel da Bárbara Amaral, amiga e colega no Coletivo Narradores. Apesar de não estar no palco, ela foi mencionada com respeito e admiração pelas crianças. É incontestável que, ao fundar e orientar o grupo Contadores da Vila, Bárbara é uma das grandes responsáveis pelo sucesso que esses jovens contadores de histórias já são.
Após esse encontro tão bom, Josiane Geroldi recebeu Boniface Ofogo e Giuliano Tierno para falarem sobre o tema: "Contador de histórias Contemporâneo, que profissional é esse?". Foi uma conversa séria, sobre ética e responsabilidade. Fiquei movido pela fala do Boniface Ofogo sobre a importância de conhecermos a linguagem, a poesia, a filosofia, para sermos narradores ainda melhores.
Ainda havia muito para acontecer. Fomos embalados pela voz serena e envolvente da Emile Andrade, com seu espetáculo "Histórias de muitos mundos".
No espetáculo seguinte, não pude estar presente, embora desejasse com toda a força, pois a Mestra Rosana Mont’Alverne e seu filho Eduardo Flores apresentariam "O buscador da verdade". Porém, eu precisava me aprontar, pois logo chegaria o momento do Coletivo Narradores. Fiquei escutando e pescando o que podia, com o coração dando pinotes de expectativa.
Assim, às 21h, começou o último espetáculo da Segunda Candeia: o lançamento do CD do Coletivo Narradores. Tive o privilégio de dividir o palco com minha esposa, Pâmela Machado, mais as amigas e amigos Alessandra Nogueira, Bárbara Amaral, Carlos Roberto Barbosa, Fernando Chagas, Gislayne Matos, Isaac Luiz, Juliana Daher, Nadja Calábria e Rodrigo Teixeira. Para além do palco, a direção sensível e competente de Aline Cântia e Liz Schrickte me deixou seguro e confiante.
Aquele momento estará marcado para sempre na memória. Não foi a primeira vez que eu subi num palco. Mas era como se fosse. Aconteceu um nascimento ali. O Samuel Medina, aquele narrador de histórias, pode dizer sem dúvida alguma que nasceu de novo.
Eu nasci de novo.
Ainda que a Candeia no Sesc Palladium estivesse encerrada, havia mais um momento especial para marcar esse lindo festival. No domingo, pela manhã, o Rancho da Cultura, no povoado de Pompéu, em Sabará, abria as portas para celebrar a Palavra e as Histórias.
Infelizmente, pude curtir apenas um pequenino pedaço dessa despedida. Por causa de um problema no transporte, chegamos em tempo de ver apenas a última apresentação, feita pelo gigante Boniface Ofogo.
A Candeia para mim foi mais que um Encontro. Mais que uma Mostra. É na verdade um acontecimento que ultrapassa o espaço e o tempo. Não foi possível cobrir toda a programação, apesar de meus esforços. Ainda assim, posso dizer que onde eu não estava fisicamente, meus pensamentos lá se encontravam. Da mesma forma que, apesar de o festival já estar encerrado oficialmente, em minha alma ele perdura.
Para mim, a Candeia fica brilhando, eternamente. Cada voz é uma luz dessa chama que me banhou e me queimou também. Estou incendiado, para sempre. Sou também parte dessa chama, parte dessa luz.