quinta-feira, março 18, 2021

Live ao vivo no Instagram do Sesc Palladium

Neste próximo sábado, dia 20 de março, estarei no perfil do Instagram do Sesc Palladium para falar de Literatura. Vem comigo?



Dia Mundial da Poesia, com Samuel Medina

📍Data: 20 de março

📍Horário: 15h

📍Transmissão ao vivo aqui pelo Instagram: @sesc.palladium


quarta-feira, março 17, 2021

Vídeo: A Cidade Suspensa - Capítulo II

 


Olá a todas as pessoas que visitam este humilde espaço literário. Compartilho nesta quarta o vídeo da leitura do segundo capítulo do meu livro A Cidade Suspensa.

Até a semana que vem!

Um encontro com o Capeta do Vilarinho


Era um rapaz muito bonito. Seu cabelo crespo era bem curtinho, cortado à máquina. Sua pele negra tinha uma textura fascinante. Ele tinha uma voz ainda em transição, que variava do barítono ao tenor. Tinha um porte físico já proeminente. Um pouco baixo para a idade, reconheço. Mesmo com 15 anos, tinha a minha altura, embora eu fosse 3 anos mais novo.

Naquela noite, ele tinha uma confissão a fazer. Estava no baile em que o Capeta do Vilarinho apareceu. 

Contou que todo mundo parou de dançar quando ele chegou. Ninguém desconfiava que era um ser sobrenatural, é claro, mas atraiu os olhares com sua presença marcante. Até a música parecia ter parado. Ele foi para o centro da pista e começou a dançar.

Ninguém dançou o break como ele. Alguns, mais ousados, arriscaram acompanhar, mas logo desistiram, diante das manobras que ele fazia. O povo tinha voltado a dançar, tentando se distrair, mas logo tiveram que parar, fascinados com o movimento.

Em instantes, a roda estava formada. Todo mundo batia palmas. Era uma festa maior que a festa. Parecia que agora o baile tinha realmente começado. Ele dançou de tudo o que tocava. Mulheres e homens o desejavam. Queriam ser como ele, ser dele.

Nisso, a música parou por uns segundos. Era meia-noite. O dançarino sem querer deixou o boné cair. Ele se abaixou para pegá-lo. Foi quando todo mundo, até quem estava bem longe, viu o par de chifres despontando na cabeça dele. Ergueu-se com um sorriso zombeteiro, dentes pontudos e olhos vermelhos.

Um estouro de fumaça e um fedor de enxofre. Correria, gritos, gente se empurrando. Ninguém queria ficar na quadra coberta, nem mesmo o DJ.

Meu amigo encerrou o relato dizendo que, na noite em que encontrou o Capeta do Vilarinho, decidiu virar evangélico. 

Vinte e cinco anos depois de ouvir essa história, eu me pergunto por onde andará aquele rapaz bonito e reservado que, em um culto em minha casa, revelou ter sido testemunha ocular de uma das maiores lendas urbanas de Belo Horizonte. 


sexta-feira, março 12, 2021

Comida de fada: A infância roubada a pequenas mordidas


Uma menina esperta e imaginativa recebe o convite para se divertir entre as fadas. Parece o início de uma aventura mágica e maravilhosa. Ninguém desconfiaria que, na verdade, essa é a abertura de um conto macabro. 

Comida de fada, obra de Val Armanelli, faz justamente esse movimento. Apresentando uma protagonista que tem tudo da criança precoce na imaginação, mas ainda cheia da fantasia da infância, trata-se de uma história em quadrinhos que vai mostrar como o mundo das fadas pode ser frio e assustador.

A leitura de Comida de fada foi extremamente perturbadora. Talvez fossem as cores alegres e fortes, ou a profusão de guloseimas, ou a insidiosa referência ao filme O labirinto do fauno. Talvez o conjunto de todas essas coisas e outras mais fossem sussurrando para mim que algo extremamente distorcido e errado acontecia, enquanto a heroína era constantemente aliciada pelas pequeninas fadas a comer os doces de uma mesa farta, ainda que a menina estivesse sem fome.

Outro ponto que achei marcante na obra de Val Armanelli é o silêncio ensurdecedor. Ainda que as fadas falem o tempo todo, ainda que a menina responda, há uma total impossibilidade de comunicação. Talvez uma referência à terrível solidão infantil. Afinal, uma criança vive em um mundo de gigantes, sempre mais fortes, sempre impondo suas vontades. Torna-se então uma fina ironia que sejam as fadas, quase invisíveis de tão pequenas, a constantemente impor suas vontades durante a narrativa.

Com cores de contrastes marcantes e um ar enganosamente encantado, Comida de fada é uma viagem estética que mostra como sonhar pode ser perigoso e assustador.



Para quem deseja conferir o trabalho de Val Armanelli, Comida de fada está na reta final de sua campanha de financiamento. Para conhecer um pouco mais - e contribuir - basta acessar a página da HQ no Catarse.


Ficha Técnica:

Comida de fada

Val Armanelli

Edição Independente

quarta-feira, março 10, 2021

Vídeo: A Cidade Suspensa - Capítulo I

Compartilho aqui com vocês a leitura do meu livro A Cidade Suspensa - Capítulo I. 



Para ler online ou baixar o livro em pdf, basta acessar aqui: http://www.oguardiaodehistorias.com.br/p/a-cidade-suspensa.html.


Até a próxima semana!


Distopia sanitária


10 de março de 2041

São seis da manhã. Hoje acordei passando mal. Fui ao banheiro e peguei um teste rápido de Covid. Deu positivo. Felizmente, estou com sintomas fortes o bastante para não me considerarem uma pessoa assintomática. Depois que fizer a consulta online, terei um diagnóstico oficial. Será a vigésima terceira vez que pego covid.

Ontem, quando voltava do trabalho, prenderam uma assintomática no vagão em que eu estava. Não sei como descobriram, todo mundo estava de máscara.

Pra onde levam todos os assintomáticos? Li na Deep Web que eles vão parar em campos de testes para novas vacinas. Não sei se acredito nisso. Tem gente que diz que eles são extraditados. 

Tinha um rapaz assintomático no final da minha rua. Eu me lembro da noite que levaram ele. Foi horrível. Ele nunca mais voltou.

Estou com meu cartão covid em dia. Com sorte, vou ter vaga na UTI se piorar. Com sorte.

sexta-feira, março 05, 2021

O Aquário - O cárcere da loucura


 
Como o confinamento forçado pode afetar nossa mente? Esse impacto pode variar, de acordo com o nosso grau de conformidade? Diante de uma situação em que a nossa liberdade é suprimida, devemos nos conformar ou buscar uma saída? 

O Aquário, de Cornélia de Preux, conta a insólita experiência de uma família que acaba confinada em seu porão durante as férias. Constantin, o pai, havia declarado aos vizinhos que levaria a família para uma viagem às Ilhas Fiji. Sem dinheiro para manter a palavra, porém, ele acaba se trancando com a esposa e os três filhos no porão durante o período programado para a viagem.

Tem início então uma trama repleta de tensão. Tatiana, a mulher de Constantin, era a única que sabia do plano doentio do marido. Sem forças para enfrentá-lo, porém, ela acaba deixando que ele concretize o projeto. Os filhos, pegos de surpresa, haviam sonhado por meses com a paradisíaca viagem. Traídos, eles são transportados ao porão enquanto dormiam e acabam tendo que se resignar a uma prisão rígida, com uma programação inflexível, vítimas dos caprichos loucos de um pai que, da noite para o dia, torna-se seu carcereiro.

Não bastasse a decepção da viagem frustrada, as três crianças, Kevin, Violet e Vladmir, precisam participar de módulos em que terão que fingir estarem em Fiji, pois deverão manter a mentira após as férias. Pelo menos é isso que Constantin quer.

É interessante observar que a trama de Cornélia de Preux busca explorar o labirinto psíquico de Constantin e Tatiana, em especial desta. Durante a leitura, somos mergulhados no emaranhado de questionamentos e temores da mulher. De Constantin, experimentamos a insanidade e os sentimentos tenebrosos que cultiva contra Kevin, o filho mais velho, maior opositor ao projeto do pai.

O Aquário é uma obra-prima que acaba vindo de encontro ao tempo em que estamos. Forçados a um confinamento, vítimas de uma ameaça invisível, somos obrigados a criar estratégias de sobrevivência, buscando válvulas de escape para manter a nossa saúde emocional. Felizmente, contamos com momentos de fugidia liberdade, ao contrário das infelizes vítimas do romance de Cornélia de Preux. 


Deixo aqui meus agradecimentos ao José Vicente, coordenador do grupo de leitura coletiva Amigos Pra Valer, bem como para Maria Isabel Brant e Maurício Moura.

*Errata em 11/03/2021: Não havia agradecido à minha grande amiga, Kátia Mourão. Foi através dela que conheci esse grupo que tem me levado a outras sendas da leitura literária.


Ficha Técnica:


O Aquário

edição bilíngue

Tradução de Reto Melchior e Maurício Moura

Cornélia de Preux

ISBN-13: 9788569789062

ISBN-10: 8569789068

Ano: 2019 / Páginas: 248

Idioma: português

Editora: LF Publicações 


Perfil do Livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-aquario-11819567ed11819932.html

quarta-feira, março 03, 2021

Vídeo: O sumiço das leituras

Olás! Hoje eu compartilho um vídeo diferente. Nele, eu explico o sumiço da maioria das leituras que gravei para o canal.


Abraços e até semana que vem!

sexta-feira, fevereiro 26, 2021

Os possuídos e o amuleto sagrado - A Jornada do Herói no coração de Minas Gerais


Nós que somos amantes da literatura de fantasia estamos muito acostumados a narrativas épicas ambientadas em mundos distantes ou, pelo menos, em um cenário estrangeiro. Até mesmo escritores brasileiros se aventuram a criar narrativas fantásticas em solo norteamericano ou europeu, com nomes em estrangeiros e tudo o mais. Sendo assim, sempre é uma grata surpresa quando nos deparamos com uma narrativa que acontece aqui, em nossas terras. No meu caso, morador de Belo Horizonte, Minas Gerais, fiquei ainda mais feliz ao ter em mãos uma narrativa de fantasia bem escrita com um enredo que se desenrola principalmente em BH.

Romance de estreia de Armando Alves Neto, Os possuídos e o amuleto sagrado conta do jovem Pedro, um rapaz que se considera completamente normal. Dono de uma história incomum, porém, o rapaz acha que ter sido adotado por um velho caminhoneiro não seja nada demais. O que ele ignora são as circunstâncias da adoção. Na véspera de sua ida ao exército, para cumprir o alistamento militar obrigatório, o rapaz encontra uma estranha e bela mulher. A partir desse encontro, Pedro fica conhecendo um pouco mais sobre seu passado e descobre que precisa fugir de Brasília, onde mora.

Assim dá-se início a uma jornada que leva o jovem a Belo Horizonte e, posteriormente, a Lagoa Santa e à Serra do Cipó. Outra jornada, porém, acontece no interior do rapaz, ao descobrir o segredo sobre os possuídos e sua luta contra uma organização sinistra. Seu conhecimento vai se aprofundando, enquanto a trama ao seu redor vai se tornando complexa e ameaçadora. Ele não sabe em quem confiar, pois a única pessoa que realmente conhece havia ficado para trás, em Brasília.

Um ponto a se destacar em Os possuídos e o amuleto sagrado é seu texto, maduro e muito bem escrito. A leitura flui muito bem, com um estilo agradável de se ler, o que é fundamental em uma narrativa com doses de suspense e mistério. Destaco também que as cenas de ação são muito bem escritas, com uma qualidade visual impressionante. Assim, os trechos movimentados passam de forma ligeira, sem contudo o leitor se perder ao imaginar o que acontece. 

Outro elemento interessante na obra é a concepção das personagens. São muito bem descritas e construídas. Armando Alves Neto, porém, não carrega demais nessa construção, de forma que não há descrições excessivas e cansativas. As características e personalidades de cada pessoa vão se destacando ao longo da leitura, de forma bastante natural.

O enredo é também muito bem definido e desenvolvido. É possível perceber que a narrativa se baseou na Jornada do Herói, modelo que orienta a maioria das histórias heroicas, desde a saga de Harry Potter à trilogia O Senhor dos Anéis. Portanto, as revelações e desafios que Pedro terá à sua frente são escalares em um crescendo até um desfecho, que promete a continuação de desafios maiores ainda em volumes seguintes.

Decidi falar pouco sobre os possuídos do título. Essa decisão se dá porque acredito que seja algo muito agradável para cada leitora e leitor descobrir o significado dessa palavra através da leitura. Como moramos em um país cristão (infelizmente, estado laico é só para éticos), a palavra "possessão" é vista sempre com grande carga pejorativa. Desconstruir essa ideia é um exercício muito válido, tanto como experiência estética quanto como possibilidade de expansão de nossa visão de mundo.

Com um texto envolvente, um enredo instigante e ótimas personagens, Os possuídos e  o amuleto sagrado é uma fantástica jornada. Uma história digna de ser lida, compartilhada e sonhada. E que seja a primeira de muitas sobre as descobertas e dilemas de Pedro sobre Os possuídos e o amuleto sagrado.


Ficha Técnica

Os Possuídos e o Amuleto Sagrado 

A Saga dos Possuídos - Livro 1

Armando Alves Neto

ISBN-13: 9788581084671

ISBN-10: 8581084672

Ano: 2016 

Páginas: 422

Idioma: português

Editora: Giostri Editora


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/os-possuidos-e-o-amuleto-sagrado-342272ed383971.html

sexta-feira, fevereiro 19, 2021

As Mil e Uma Noites - Uma jornada de escuta e afeto



O afeto é algo poderoso. Desde o início desse distanciamento forçado, em que não nos foi possível realizar atividades presenciais, estivemos cultivando nossas relações através das conexões eletrônicas. Encerrados em nossas residências, por dias a fio sem colocar o pé fora de casa, passamos a usar as mídias sociais como forma de manter muitas de nossas relações interpessoais. 

Uma dessas iniciativas foi o grupo da Roda de Leitura da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH. Iniciativa do amigo Wander Ferreira, bibliotecário na BPIJ, os encontros virtuais começaram a acontecer semanalmente. Foi em um desses encontros que soube de uma preciosidade. Em um gesto de grande carinho e compromisso, minha amiga Áurea Lana Leite começou a ler As Mil e Uma Noites, na versão de Antoine Galland, para algumas pessoas, entre elas o próprio Wander e outra amiga, a Kátia Mourão. Ao ficar sabendo dessa notícia, pedi para participar.

Foi assim que teve início minha jornada por essa visão ocidentalizada de uma saga oriental. Digo isso porque Galland, renomado orientalista, fez uma tradução adaptada da obra islâmica, fazendo várias interferências no texto, que considerou violento e de moralidade questionável. Contudo, muito da beleza presente na obra original permaneceu na versão de Galland e foi por esses textos que eu viajei, através da voz da amiga Áurea.

Antes de tudo, preciso comentar da qualidade da voz da leitora. A cadência, o tom, o ar tranquilo, esses elementos auxiliaram na imersão da narrativa. Áurea foi uma narradora ímpar, como excelente contadora de histórias que é. Foi fundamental que a serenidade de sua voz fosse transmitida a nós, ouvintes. Senti-me acolhido por essa leitura. E não apenas isso. A cada novo dia, recebendo um novo áudio, percebia nesse gesto um enorme cuidado. 

E pela voz da Áurea pude literalmente viajar para longe do meu apartamento. Estive em vários pontos do oriente, desde a Bagdá de Haroun Al-Rachid, até os confins do mundo, em lugares mágicos e oníricos. Nessas histórias, pessoas comuns se misturavam a princesas e príncipes. A partir da narrativa de traição da antiga esposa de Shariar, Sherazade foi tecendo relatos de injustiças, jornadas de redenção, buscas pela riqueza e revezes do destino. 

Em um curso que fiz com a mestra Gislayne Matos, aprendi que Sherazade atua como uma grande mentora de Shariar, usando os contos como alegorias para que ele perceba a própria impiedade. E com esses olhos fui observando que de fato muitas mulheres são injustiçadas ao longo de tantas narrativas. E muitas delas reagem a essa injustiça com inteligência e habilidade. Assim, vamos aprendendo com as inúmeras personagens, com seus erros e acertos, sua humanidade.

Foram mais de 300 noites ouvindo com Áurea sobre tantas vidas e mortes. Alguém pode perguntar por que não foram 1001, como o título da obra anuncia. Em determinado momento, as noites pararam de ser contadas no texto. Assim, Áurea continuou a ler, contando as noites da leitura, desvinculadas das noites da narrativa. 

Algo que me incomodou bastante foi a visão pejorativa que o texto carrega contra África e o povo negro. São comentários que sempre colocam as pessoas negras em lugar de vilãs ou escravizadas. Ainda que seja reflexo de uma época e cultura, é importante problematizarmos essa faceta grave de um texto tão seminal.

Com diversas e maravilhosas histórias, As Mil e Uma Noites foi uma narrativa que me fez muito bem em um momento em que eu me sentia assustado e temeroso. A incerteza do mundo, as perversidades do presidente, as mortes sem sentido, tudo isso foi mitigado. Através da voz da Áurea, sentia-me acolhido e fui capaz de sonhar.


Ficha Técnica

As Mil e Uma Noites

Antoine Galland

ISBN-13: 9788520936870

ISBN-10: 8520936873

Ano: 2015 

Páginas: 1120

Idioma: português

Editora: Nova Fronteira


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/as-mil-e-uma-noites-445456ed504724.html

quarta-feira, fevereiro 17, 2021

sexta-feira, fevereiro 12, 2021

Histórias com Café - Aroma e sabor ao pé do ouvido


Quem é mineiro não dispensa um bom café. Aqui, nas terras de Minas, uma visita é sempre recebida com um cafezinho e, de preferência, acompanhado de um pão de queijo ou uma broa de fubá. Evidentemente, a combinação é mais que propícia para estimular uma boa prosa.

Foi nesse espírito que as contadoras de histórias Aline Cântia e Bárbara Amaral criaram o podcast "Histórias com Café". Surgido em 2020, no contexto adverso de distanciamentos forçados, isolamentos físicos e muito medo, veio como um respiro em meio a tanta angústia. As duas amigas se uniram para cultivar a Arte da Palavra com o que ela pode trazer de melhor: fazer sonhar e, ao mesmo tempo, refletir. A concepção contou também com a contribuição de Isabel Miranda. A produção é por conta do Chicó do Céu. 

Confesso que fui cativado por esse projeto mesmo antes de sua estreia. Em conversas com Aline e Bárbara, ao ser informado da iniciativa, fiquei logo ansioso para escutar. Afinal, há anos acompanho o trabalho delas. Tenho, inclusive, o privilégio de participar, com elas, do Coletivo Narradores. 

Muito se engana quem imaginar que apenas pela via do afeto e da familiaridade me tornei ouvinte desse podcast. Realmente, sou fã incondicional tanto da Aline quanto da Bárbara. Porém, ao acompanhar cada episódio que ia ao ar às terças-feiras, fiz um percurso pessoal de aprendizado e reflexão. Temas como o tempo, a solidão, o sagrado, o sonho, entre outros igualmente relevantes, são desfiados e analisados com muita sensibilidade. Cada episódio traz uma história que se liga ao tema de forma íntima, profunda e saborosa. O repertório atravessa diversas tradições e culturas, tendo como fonte figuras ilustres como Clarissa Pinkola Estés e Malba Tahan.

É importante ressaltar que em diversos episódios foram convidadas pessoas que enriqueceram ainda mais cada episódio, compartilhando histórias envolventes e refletindo sobre as mesmas. Também ressalto que a equipe de apoio desse projeto realiza um trabalho primoroso no aspecto técnico, com trilha sonora, identidade visual e divulgação nas mídias sociais.

Em 2020 foram 17 episódios. Se contarmos uma transmissão ao vivo pelo Instagram, chegaremos a 18 episódios repletos de sabedoria, afetos e muito, muito café. Nesta semana, dia 9 de fevereiro, tivemos o primeiro episódio de 2021, com o título Sobre Receber. A equipe cresceu, agora contando com as presenças de Ana Fonseca e Paula Libéria. E ao abordar esse tema tão importante, nossas amigas fazem questão de que as ouvintes a receber o que há de melhor em matéria de sensibilidade, cuidado e escuta.

Para escutar no Spotify:

https://open.spotify.com/show/3XyW13FNgxv5k8XEPxz0R7

Acompanhe os perfis nas mídias sociais:

https://instagram.com/historiascomcafe

https://facebook.com/podcasthistoriascomcafe

quarta-feira, fevereiro 10, 2021

Vídeo: O Jogo - Samuel Medina

 


Olás! Hoje eu trago uma música de minha autoria. É uma composição que fiz há mais de dez anos, mas somente hoje tomei coragem para compartilhar.


O Jogo

Vem contar todas aquelas histórias de luar
Vem falar sobre a magia revelada em cada olhar

Que rescende amor
Que afasta a dor
Leva o calor
Esta linda flor

De fogo...

Você pode confiar neste lindo jogo

O Amor.


Até semana que vem, com mais um vídeo!

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

O guia do mochileiro das galáxias - humor e criatividade na dose de uma dinamite pangalática


NÃO ENTRE EM PÂNICO. Acredito que essa frase é muito útil em inúmeras situações. Seja em momentos em que a gente descobre que perdeu as chaves de casa em uma sexta-feira depois daquela saideira do bar. Ou então ao descobrir que não viu aquele e-mail do chefe, enviado uma semana antes, mandando fazer aquela tarefa "pra ontem". Ou até mesmo em casos de inevitável demolição de um planeta para a construção de uma via expressa hiperespacial.

Essa é a frase de ordem estampada na capa do mais famoso e prestigiado guia de viagens do universo, O guia do mochileiro das galáxias. Não é por nada que ele também empresta o nome a um dos livros mais inventivos de nossos tempos. Escrito por Douglas Adams, o livro dá início a uma saga de cinco volumes narrando as desventurosas aventuras do inglês Arthur Dent, seu "parça" Ford Prefect, o mais humano dos alienígenas, dentre outras excêntricas personagens. Uma delas é Marvin, o robô maníaco-depressivo. Outra é Tricia Mcmillan, ou Trillian, a ousada astrofísica e companheira Zaphod Beeblebrox, um bon vivant totalmente caótico que, após alcançar o cargo de presidente da galáxia, orquestra um dos maiores roubos da história do universo.

Com tudo o que já foi dito, é possível ter uma leve ideia do que encontrar em O guia do mochileiro das galáxias. Antes de tudo, trata-se de uma narrativa repleta daquele humor crítico em que o mundo da ficção científica funciona como uma alegoria da contemporaneidade. Douglas Adams utiliza-se de conceitos complexos da astrofísica, da filosofia e até mesmo da literatura para tecer suas refinadas e deliciosas críticas.

Outro ponto interessante na narrativa é que Arthur Dent, improvável protagonista, surge para negar a jornada do herói. Como uma espécie de "Ulisses de araque", ele passa a maior parte do tempo sem fazer a mínima ideia do que está acontecendo. Claro, sua reação poderia ser proveniente do choque de ter o seu planeta natal transformado em vapor. Porém, muitos anos-luz serão percorridos até que o impossível herói dessa saga espacial terá o mínimo de noção do que está acontecendo e qual o seu papel no universo.

Não é preciso falar muito para atestar a maestria de Douglas Adams ao conceber sua "Odisseia Galáctica". O trabalho magnífico desse grande escritor é mundialmente conhecido. Porém, é sempre bom reafirmar a importância de um clássico como esse. Afinal, nele está contido um dos maiores mandamentos do Universo: NÃO ENTRE EM PÂNICO.


Ficha Técnica

O guia do mochileiro das galáxias

Douglas Adams

ISBN: 9788599296943

Editora: Sextante

Ano: 2010

Páginas: 156


Perfil do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-guia-do-mochileiro-das-galaxias-225ed344547.html

quarta-feira, fevereiro 03, 2021