terça-feira, março 14, 2017

Vídeo: Livro-minuto - Sabiá

Registro visual de um livro-minuto. Sabiá, homenagem à melodia de Hervé Cordovil e à minha vovó, Maria da Conceição Santos Medina, que sempre a cantava para mim.


segunda-feira, março 13, 2017

Leitura #5


Um tatu confuso e violento aprontando horrores na mata! Numa brincadeira fonética, a narrativa se desenvolve a partir das atividades nada razoáveis do tatu.

Tatu bobo
Ana Maria Machado
Ilustrações de Claudius
Editora Salamandra

sexta-feira, março 10, 2017

O pato, a morte e a tulipa - Quando a Vida grita: Raposa!

"Fazia tempo que o pato sentia que algo não ia bem". Assim Wolf Erlbruch inicia sua pungente e delicada narrativa. Sem meios-termos e subterfúgios, a trama de cara mostra a que veio, com um inusitado e desconcertante encontro. Lá está a morte, franca e direta, como ela sempre é quando chega.

Certamente o fim da vida é um tema difícil mesmo para adultos, sendo ainda mais espinhoso quando abordado na literatura infantil, geralmente sempre sob a mira de educadores, pedagogos e pais sempre preocupados. 

Por isso, não se pode negar a coragem e ousadia de Erlbruch na escolha do tema. E o autor logo se mostra à altura do desafio, apresentando a seus leitores aquela que talvez seja a morte mais simpática da história da literatura infantil universal. Com um jeito simples e cativante, sem perder a sua solene dignidade, a personagem é compreensiva e gentil, sem deixar de ser franca. Além disso, é impossível não se comover com o pato, inseguro diante do futuro incerto, sem contudo soar patético. 

Nisso está a maestria de Wolf Erlbruch, ao abordar um tema tão grandioso de forma simples e poética, repleta de afeto e sensibilidade. Enquanto passeia pelo enredo, o leitor como que é convidado a caminhar com o pato, vivenciar seus medos e dúvidas, compartilhar de sua coragem. 

Unindo simplicidade e pungência, beleza no traço e profundidade em seu texto, no diálogo e no enredo sutil e poético, O pato, a morte e a tulipa certamente será uma jornada tocante para aqueles que se aventurarem por suas páginas. Pois assim é a vida.


Ficha técnica
O pato, a morte e a tulipa.
Wolf Erlbruch
Ano: 2009
Páginas: 32
Editora: Cosacnaify
Página do livro no Skoob: https://www.skoob.com.br/o-pato-a-morte-e-a-tulipa-50636ed55578.html

quinta-feira, março 09, 2017

Leitura #4

A narrativa tradicional sem palavras, mas com muita expressividade.

Os Três Porquinhos
De Joseph Yacobs
Por Angelo Abu
Editora Mundo Mirim

quarta-feira, março 08, 2017

Sobre distâncias não ditas

Another Place, the Antony Gormley. Foto de Chris Howells.


Todo dia eu passo pela mesma praça a caminho do trabalho e a avisto de longe, quase sempre no mesmo banco. Ou então, sentada à beira da calçada, com sua sacola onde guarda todos os pertences de uma vida.
Por vezes, algumas pessoas estão com ela. Nesses momentos, ela é toda sorrisos, como a matriarca na cabeceira da mesa de família. Com gestos quase harmoniosos, ela parece exortar, motivar e acolher aqueles ao seu redor.
Noutras ocasiões, nem mesmo seu companheiro está com ela e nesses momentos a verdade me golpeia. Verdade chamada “abandono”. Ela está abandonada à própria sorte, mesmo quando não está sozinha.
E nesses momentos em que ninguém está com ela, eu a percebo lacônica, imersa em imobilidade, como se o próprio ar ao seu redor fosse de concreto.
Surpreende ela ser uma pessoa com um olhar tão doce. E apesar dos poucos dentes, ela sorri muito. Sempre diz como ama estar perto de uma biblioteca, declarando sem reservas seu amor por esse lugar.
Ela parece ser mais velha do que é, sua pele encarquilhada como que por vezes me lembra bronze castigado pelos anos, mas sempre móvel. O olhar meio caído como que suplica atenção e carinho.
Hoje eu atravessei a rua e me aproximei dela. Estava com o mesmo ar de desenganado abandono. Seu companheiro estava a seu lado e, diferente dela, sorria como se o mundo ao seu redor fosse uma ininterrupta apresentação de uma banda de rock.
Ela, porém, permanecia quieta e tristonha.
Nossos olhos se encontram. Ela fala tá tudo bem com você meu amor? E eu respondo tá sim. E com você? Ela diz não tô muito boa não. Por quê, pergunto eu. É que eu tô com uma doença que não tem cura. Surpreso e ao mesmo tempo mortificado, eu pergunto que doença é essa?
E ela responde: Saudade.

terça-feira, março 07, 2017

Leitura 3

Originalmente publicado no Instagram dia 3 de janeiro de 2017.

O que acontece quando dois irmãos de sexos diferentes passam de baixo do arco-íris? Confusão na certa!
Faca sem ponta, galinha sem pé
Ruth Rocha
Desenhos de Mariana Massarani
Editora Ática

Vídeo: Livro-minuto na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil

Boa noite! Este vídeo não foi lincado aqui antes e por isso compartilho agora com vocês. Trata-se do resultado de uma das realizações da oficina Livro-minuto, frequentemente oferecida na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil / Centro de Referência da Juventude. Na atividade, convido os participantes a produzirem livros a partir de dobraduras de papel, num exercício de escrita, ilustração e edição. Momento único em que todos damos à luz um pequeno livro, filho intelectual e físico. Quem quiser conhecer mais sobre essa oficina, basta entrar em contato comigo, a partir deste site ou dá página no Facebook.
E com vocês o vídeo!



segunda-feira, março 06, 2017

Segundo livro do ano!

Originalmente publicado no Instagram dia 2 de janeiro de 2017.



João é um jovem pé de feijão que deseja muito crescer e ficar bem forte. E para isso ele precisa de água. Mas o que fazer quando a terra está tão seca que chega a rachar? Como João conseguirá a água de que tanto precisa?

João Feijão
Sylvia Orthof
Ilustrações de Walter Ono
Editora Ática
#livros2017 #UmLivroPorDia #Biblioteca #planta #natureza

quarta-feira, março 01, 2017

Historias na Feira de Trocas do Point Barreiro

Texto originalmente publicado no Instagram no dia 26 de abril de 2016.





No dia 26 de março de 2016 tive o privilégio de contar histórias na Feira de Trocas do Point Barreiro. 
Cheguei ainda muito preocupado e inseguro. Afinal, seria a primeira vez numa apresentação para adultos sozinho.
Comecei com o texto que mais amo, "Uma ideia toda azul", da Marina Colasanti. Foi um momento mais tenso, pesado, embora o texto de Marina seja incrivelmente leve.
Em seguida, passei a narrar uma história da tradição oral chamada "A mulher sábia". Da sabedoria, fui para o humor, com "As trapalhadas do Zé Bocoió" e "A filha encantada do fazendeiro". Separei um tempinho para conversar com o público. Falei um pouco dos meus trabalhos. Em seguida, contei a história " Um herói diferente". Logo, a irreverência e o humor fez com que todos cantassem juntos a história do herói mais nojento do que se pode esperar. Todo mundo riu.
Mil agradecimentos à Sandra Lane, que tornou isso possível!

domingo, fevereiro 26, 2017

Primeiro livro do ano!

Originalmente publicado no Instagram dia 01/01/2017.
Uma coletânea de contos tradicionais, com o acréscimo de duas histórias autorais. São narrativas leves e bem humoradas, carregando na letra o mesmo jeito manhoso da oralidade do contador de histórias.
O contador de histórias
Roberto Carlos Ramos
Vários ilustradores
Editora Leitura

quinta-feira, fevereiro 23, 2017

Reavendo sonhos


Quem costuma aparecer esporadicamente por aqui deve perceber que costumo ser intermitente em minhas atualizações. São por vezes dias de diligentes postagens sucedidos por meses de silêncio. Resolvi dar um basta nisso. 
Quem me conhece sabe que o blog é uma parcela, por vezes pequena, de minha escrita. Sempre tive o desejo de tornar este espaço mais dinâmico, dialógico, com participações dos visitantes. Infelizmente, acho que ainda me falta confiança, mais do que diligência para dar novo fôlego a este que pretendia ser a plataforma de divulgação de meus trabalhos. Quem sabe, talvez, um dia.
Com uma razoável determinação que me atingiu hoje, resolvi então explicitar aqui algumas determinações que tenho praticado já neste ano que alcança o final de seu segundo mês de vida. 
Desde o dia primeiro, tenho utilizado o meu perfil no Instagram para atualizar fotos de capas dos livros que tenho lido. Publico com a hashtag #UmLivroPorDia. O objetivo é justamente ler pelo menos um livro infantil todo dia. Sabem como é, porém, a realidade diante do ideal. Estou perto de manter a meta, mas faltam dois livros para completar os 54 de hoje. 
Sim, eu deveria ter lido pelo menos 54 livros infantis em 2017! Espero que antes de meia noite eu já tenha conseguido esse intento.
Outro objetivo é retomar as visitas às escolas, tanto como escritor quanto como contador de histórias. Esse eu já comecei a cumprir. Tanto que agendei para contar histórias na UMEI Primeiro de Maio na segunda semana do próximo mês. E pretendo montar um diário dessas apresentações. 
Além disso, quero retornar com as resenhas semanais. Estou pensando seriamente em resenhar a trilogia da Fundação, de Isaac Asimov, mas não sei se estou à altura. E inclusive vou continuar resenhando livros infantis, como comecei a fazer em outros momentos.
Vou criar uma página aqui no blog para manter a lista atualizada dos livros que entrarão no desafio de leitura diária. O título será "Um Livro Por Dia em 2017". Se não gostarem, estou aberto a opiniões!
Por fim, quero retomar meus vídeos. Não será mais o quadro Vídeo de Terça. Acho que ser obrigado a postar vídeos toda terça-feira um pouco pesado, uma vez que estarei envolvido em tantas outras coisas.
Não posso deixar de contar que pretendo falar um pouco mais do meu trabalho como contador de histórias e mediador de leitura, apresentando pequenas pílulas de alegria em momentos preciosos com as crianças que eu tiver o privilégio de encontrar.
Bem, pessoal, creio que seja isso. Espero poder cumprir esse objetivo de deixar o blog um pouco mais animado, e conto com vocês, leitores, para me ajudarem com opiniões e sugestões para continuarmos guardando histórias ao compartilhá-las com todos que pudermos!

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Canto de um nunca mais

Quando criança
Ouvia ela cantar:
"Sabiá lá na gaiola
Fez um buraquinho
Voou..."
E de repente,

Numa tarde

Quem voou para longe
Foi o suspiro
Da minha avozinha.
E a gaiola, o corpo
Tão fraquinho e franzino
Que não mais conseguiu
Segurar uma alma
Desejosa em voar.
A menina chorosa
É minha alma

Que se espreme
E tenta lembrar

Das tardes
Quando ela cantava
E contava
De um sabiá
Que prometia voltar.

segunda-feira, janeiro 23, 2017

Preto

Foto: Pâmela Machado

Ele é muito, muito preto. Seus olhos âmbar como que suplicam carinho e atenção. Passo as mãos no pelo meio sedoso e meio áspero dele e meu coração sente uma pontada. Não posso levá-lo comigo, embora sinta como se ele já fosse meu.
Pretinho, meu pretinho. Um pedaço de noite, ou de lua nova, que caiu. E agora está diante de mim, querendo mais que atenção.
Tomo o delicado corpinho dele em meus braços e deixo que seu focinho úmido toque minha testa. Assim, nos comunicamos numa troca sinestésica, que começa com olhares e distância.  E sei que, para minha tristeza, é na distância que terminará.

terça-feira, janeiro 10, 2017

sexta-feira, dezembro 30, 2016

Como me despedi de Ted Mosby

Por muito tempo eu me privei do encerramento de How I met your mother. Levei a coisa mais para o lado pessoal do que o necessário. Havia assistido até a penúltima temporada com uma ex-namorada e de repente estava eu mais sozinho que o próprio Ted. Uma série que tem "encontro" em seu título e mais fala de desencontros do que qualquer outra coisa não seria a melhor opção para se assistir, a meu ver naquela época, durante um período de fossa.
E segui o caminho até o amor me mostrar que vida e televisão não são a mesma coisa, que essa "caixa de areia" tecnológica não precisa ser vista como o galho mais alto da árvore do quintal. Estava lá eu com a última temporada diante de mim, naquele que parecia ser o fim de semana legendário de um casamento igualmente legendário.
E percebi então que legendários somos nós, que fazemos a memória e a palavra persistirem no tempo. Nós somos o Ted, narradores e expectadores de nossas vidas. E foi impressionante perceber isso, como essa voz encorpada e esse rosto com um ar de sinceridade e leve melancolia me fizeram crer que era eu mesmo que vivia os dissabores de nosso querido Mosby.
E ao final, novamente fui pego de surpresa. Sim, foi com uma grande sensação de "desencontro" que a série terminou para mim. Mas o engraçado é que mesmo depois de sair do Netflix e ficar sozinho no escuro quente da madrugada de natal, constatei que a busca de Ted não havia se encerrado e que a série continuaria rodando em minha mente, com uma promessa de reencontro.
Depois de muito matutar, ponderei que talvez essa "mãe" tão perfeita e ideal, tão em sintonia com nosso amado arquiteto seja tal qual o edifício por ele construído: uma elaboração. Afinal, a memória pode ser benigna com aqueles que amamos, estejam eles ainda conosco ou não. E ao perceber que toda a narração não passava de um relato, senti a série tomar proporções lendárias, fabulosas, quase épicas. 
Então nos últimos momentos do derradeiro episódio,  quando não estava mais preso ao relato de Ted, um cálido toque de realidade. Afinal, por mais incrível que seja a memória, sabemos também que o instante importa. E muito.